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ASSOCIAÇÃO DATA FUNDAÇÃO PERIÓDICO DATA Instituto Literário

Acadêmico 1846 (?) Ensaios Literários Associação Acadêmica Ensaio Filosófico

03/05/1850 Revista Mensal do Ensaio Filosófico Paulistano Sociedade o Ateneu Paulistano 07/09/1852 Ensaios Literários do Ateneu Paulistano Associação Arcádia Paulistana 1857 Arcádia Paulistana Associação culto à Ciência 11/08/1857 Memórias da Associação Culto à Ciência

Clube Científico 1858 Exercícios literários do Clube Científico, 1859. Sociedade Acadêmica Brasília 1859 Ensaio da Sociedade Brasília Associação Amor à Ciência 1859 Murmúrios Juvenis, 1859;

substituída pelo periódico Trabalhos Literários da Associação Amor à Ciência, 1860. Instituto Acadêmico Paulistano 1859 O Kaleidoscópio, 1860 Associação Acadêmica Recreio Instrutivo 1861 Revista da Associação Recreio Instrutivo, 1861. Associação Ensaio Acadêmico 1861 Anais do Ensaio Acadêmico, 1862. Instituto Científico 29/07/1862 Revista Mensal do

Instituto Científico, 1862. Associação Tributo às

Letras

1863 Revista da Associação

Tributo às Letras, 1863. Clube Radical Paulistano 1869 Radical Paulistano, 1869. Clube Constitucional

Acadêmico

1871 O Constitucional, 1871.

Fontes: GARMES, Hélder, op. cit.; FREITAS, Affonso A de. A Imprensa periódica de São Paulo,

op. cit., pp. 321-1136; ROCHA, Maria Aparecida dos Santos. Os rapazes do triângulo: a

participação política do estudante de Direito de São Paulo no Império. 1995. 203f . Unesp. Marilia

(SP).

33

As informações sobre estas associações estão muito dispersas necessitando um trabalho de garimpo para encontrar tanto os jornais como as referências sobre as mesmas. Alguns, como o

Clube Acadêmico, 1863 e o Clube Conservador, 1868, de existência duvidosa são citadas por

Havia ainda associações que nasceram fora da Academia, em colégios e instituições religiosas, que depois foram incorporadas pelos acadêmicos. Os periódicos Murmúrios Juvenis, estabelecido no Colégio Brasileiro. Quando seus membros entraram na Faculdade desapareceu este periódico e nasceu Trabalhos Literários da Associação Amor à Ciência (1860). As Memórias da Associação de Culto à Ciência (1857) também surgem fora da Academia, no Colégio Mamede de Freitas, e, posteriormente, a maioria de seus membros já estava estudando na Faculdade de Direito. Garmes lembra que a Episcopal Associação do Ensaio Filosófico, do Rio de Janeiro, que funcionava no Seminário Episcopal de São José da Ordem Seráfica, possivelmente mantinha algum tipo de relação com a Academia em São Paulo, mas o autor dispõe de poucas informações a respeito. 34

Este elo de ligação entre colégios e instituições religiosas, ao que tudo indica, apresenta-se, conforme Garnes, como “um fenômeno bastante revelador do caráter didático e formador inerente às associações”. Iniciada de forma espontânea entre os estudantes na década de 1840, transforma-se em componente curricular importante na década 1860. Sem dúvida, esta ponte com a Faculdade, aliada ao apoio de professores, como no caso do Instituto Acadêmico em 1859, revela a legitimidade que estas associações adquirem na década de 1860, influenciando efetivamente a formação intelectual e literária de seus associados.35

Apesar da importância dessas associações, não podemos deixar de mencionar outros periódicos literários independentes, isto é, sem vínculo com agremiações culturais como a Guayaná (1856) e a Revista Acadêmica de São Paulo (1859), ambas editadas e redigidas por José Vieira Couto Magalhães, também responsável por O Acadêmico do Sul (1857), material redigido pelo estudante Daniel Dias de Almeida, e pela Revista Dramática, 1860, dentre outros.36

34

GARMES, Hélder, op. cit., pp. 45-47.

35

Idem, ibidem, p.47-48.

36

A partir de finais da década de 1860, essas associações acadêmicas estudantis abraçam bandeiras do republicanismo e do abolicionismo e se proliferam até o final do Império. A criação do Clube Radical Paulistano, em 1869, é um exemplo desse novo tipo de associação.

É no interior dessas associações que se viabilizam espaços para discussões de caráter jurídico, literário, científico e filosófico das publicações lidas e ditadas por essa elite letrada.

Segundo Bruno, as associações eram numerosas no decorrer do século XIX e “tiveram importância considerável sobre o desenvolvimento da cidade, desenvolvendo o gosto pela literatura e pela criação de condições para o aparecimento dos livros de algumas figuras que se tornaram importantes na história literária do país.”37 Eram em sua maioria de caráter efêmero, momentâneo como era a vida de estudante.

É esta imprensa artesanal que, em tese, qualquer um podia fazer sem necessariamente ter uma redação estruturada ou mesmo endereço fixo. Neste período, predominavam periódicos de formato pequeno, com poucos anúncios, que se sustentava com números reduzidos de assinatura, muitas vezes, feitos para atender interesses momentâneos, com tiragem limitada e circulação incerta, com virulência na linguagem, de caráter político, literário, científico, recreativo, de variedades.

É nesse momento também que o embrião da chamada imprensa empresa, intitulada de “grande imprensa” tomará um grande impulso. Era organizada por bacharéis, publicado em formato maior (27 X 35), tinha circulação diária, como O

37

BRUNO, Ernani Silva. História e tradições da cidade de São Paulo. V. 2. São Paulo: Editora Hucitec/Prefeitura do Município de São Paulo, Secretaria Municipal de Cultura, 1984.p. 849.

Constitucional (1853), o que era inédito para o período em questão, pois os mais assíduos circulavam não mais que duas ou três vezes por semana.

No entanto, somente com a fundação de O Correio Paulistano (1854), podemos localizar a origem da imprensa diária ou da chamada grande imprensa paulista, por ser considerado o primeiro jornal diário da Província. Na segunda metade do século XIX e durante o século XX, tornar-se-ia regular e estável. Na esteira deste, viriam outros como O Diário de São Paulo (1865), A Província de São Paulo, 1875, O Diário Popular (1884), A Platéia (1888).38

O grande diferencial deste tipo de imprensa destaca Cruz, estava na separação de propriedade e direção de redação. No caso de O Correio Paulistano e, posteriormente, do Diário de São Paulo, nada menos que Pedro Taques de Almeida Alvim estava à frente da redação. Outra inovação trazida pela imprensa diária foi a incorporação de novas técnicas de impressão: do prelo de madeira à máquina a vapor e, por conseqüência, essa imprensa também seria espaço para a experimentação de gêneros e narrativas, em um novo formato e número de páginas. 39

Neste período, a imprensa diária se afirma e se destaca de outras publicações, procurando novidades e diferenciais tanto no conteúdo como na apresentação. O Diário de São Paulo (1865), por exemplo, foi o primeiro jornal diário a intercalar ilustrações e caricaturas em suas colunas, compostas pelo litógrafo Henrique Schroeder40 e, talvez, um dos primeiros jornais denominados

38

CRUZ, Heloisa Faria. A imprensa paulistana: do primeiro jornal aos anos 50. In: PORTA, Paula (org.). História da cidade São Paulo: a cidade no império 1823-1889. São Paulo: Editora Paz e Terra, 2004, p. 359.

39

Idem, ibidem, p. 359.

40

Henrich Emanoel Abrecht Schroeder (conhecido como Henrique Schroeder): nascido em

Bremem, Alemanha, a 22/05/1840 falecido em São Paulo a 13/09/1876. Famoso ourives-abridor foi o primeiro proprietário da Casa de Banhos Sereia Paulista que a estabeleceu em São Paulo, meados da década de 1860. Foi um dos fundadores e proprietários do Diário de São Paulo em

1865, publicou inúmeros desenhos litográficos e a primeira caricatura em um jornal diário. Era

proprietário da tipografia e litografia Alemã Henrique Schroeder que imprimia o Diabo Coxo. Fontes:. Correio Paulistano, “nota de falecimento”, em 13/09/1876; SIRIANI, Silvia Cristina

Souvestre, O Que será o mundo no ano 3000?

Para Cruz, estes jornais estavam na sua maioria “ligados aos interesses econômicos em desenvolvimento na Província, pois a fundação e manutenção destes jornais sinalizavam a descoberta da imprensa como um instrumento político de construção da hegemonia social.” 41 Tinha como grandes articuladores os liberais e conservadores (monarquistas e/ou republicanos), que desde o primeiro Reinado, já utilizavam a imprensa como instrumento de disputas políticas, mas adequavam seus discursos na propagada, buscando “neutralidade e imparcialidade”, abrindo espaço para outras demandas e incorporando em suas colunas os novos conteúdos, já mais suavizados com as novas formas de linguagem calcada no cotidiano urbano e nas necessidades deste público crescente.

Temas como “parcialidade/imparcialidade”, “imprensa livre”, “diversidade de opiniões” passam a ocupar os editoriais destes grupos jornalísticos em detrimento de uma imprensa partidária do Primeiro Reinado, da Regência e de grande parte do Segundo Reinado. 42

Contudo, o advento da imprensa livre, “aberta à discussão de todos as opiniões e de todos os pleitos”, como proclama O Correio Paulistano (1854), trazem à discussão grandes discordâncias intelectuais entre proprietários e redatores no cumprimento de suas promessas, gerando freqüentes mudanças no comando e na redação como ocorreu, por exemplo, com O Diário de São Paulo, durante sua existência, em 1865.

Lambert. Uma São Paulo alemã. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 2003, p 154; Registro de estrangeiros 1840-1842, Arquivo Nacional, Rio de Janeiro, p. 136

41

CRUZ, Heloisa Faria. A imprensa paulistana:... op. cit., p. 359.

42

Assim, conforme afirma Cruz, “o movimento de afirmação da imprensa diária paulista processa-se no interior de um movimento mais amplo de expansão dos materiais impressos e, em particular do periodismo” que se acentua, particularmente, nas últimas décadas do século XIX: “(...) a imprensa acompanha o próprio rítimo de desenvolvimento da cidade”.43

Analisando a imprensa nesse período, verificamos que os fundadores e redatores dessas publicações eram homens da Faculdade de Direito que exerceriam múltiplas atividades na sociedade brasileira naquele momento e em boa parte do século XX. Eram os futuros viscondes, barões, senadores do Império, presidentes de províncias, administradores, juízes, escritores, jornalistas, como Carneiro de Capôs, Couto de Magalhães, Rangel Pestana, Cerqueira César, Fagundes Varela, entre outros. 44

Estas publicações eram de conteúdos variados: político, literário, variedades, humorístico, de curta permanência, mantidos à custa de um restrito círculo de assinantes, que “realizavam entre si permanente diálogo, constituindo- se único público uns para os outros. Divididos nas correntes e tendências literárias, as elites oriundas da Academia fazia da imprensa seu espaço de discussão”. 45

43

Ibidem, p. 360

44

CRUZ, Heloisa de Faria. São Paulo em Papel e tinta periodismo e vida urbana – 1890-1915. São Paulo: Educ/Fapesp, 2000. p. 53

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