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5.1 – NOVOS ESPAÇOS DE SOCIABILIDADE DA ELITE PAULISTANA

No documento BRÁS CIRO GALLOTTA SÃO PAULO APRENDE A RIR (páginas 178-194)

Além dessas percepções sociais em relação a este espaço (re) constituído, a introdução de elementos símbolos de civilidade e “modernidade” compõem aos poucos um novo cenário urbano, percebido e experimentado pelos humoristas e cronistas do período, juntamente com antigas práticas socias provincianas.

Na verdade, o filtro humorístico é capaz de perceber e de representar como eram a convivência, a apropriação, a incorporação desses novos elementos na vida quotidiana do paulistano. A cidade ganhava novos personagens e novos serviços, como a instalação da Casa de banhos Sereia Paulista, 1860 (?),

27

CAMPOS, Eudes. op. cit., p. 202-213. Neste trabalho, o autor detalha bem os pontos da cidade que sofreram algum tipo de intervenção urbana.

Símbolo de civilidade burguesa, a instalação da Casa de Banhos Sereia Paulista28 vai se incorpora no cenário urbano da cidade e se torna um ponto de referência para cronistas, que flanam pelas ruas de São Paulo como sugere este texto do Diabo Coxo:

Paremos um pouco para admirarmos aquela graciosa tabuleta afixada na fachada desta casa de banhos. Não achas que é impossível resistir à magia de tão linda sereia? ... Melhor idéia não poderia ter o proprietário para atrair a concorrência do público. 29

Agostini também não perdeu a oportunidade e representou o que teria sido um banho no dia de abertura da casa (Figura 6.19).

Como podemos observar, há um certo estranhamento por parte de seus usuários no ato de se banhar, explorado por Agostini nesta ilustração. Santos lembra bem que “nossos primeiros balneários, além de banhos frios, quentes e de chuva (o primeiro e o segundo tomados em banheiras e o último proporcionado por um “magnífico regador”, que nada mais era senão um precursor dos chuveiros)”.30

Ora, este estranhamento sugerido por Agostini demonstra um choque entre novas práticas de higiene, que fazia parte da junção do ideário burguês de cidade higiênica e eficiente com antigos hábitos provincianos. Daí o susto, a surpresa das pessoas em relação ao “chuveiro” e à atitude desajeitada na banheira (figura 5.19).

28

Sereia Paulista ou Banhos da Sereia originalmente de propriedade do alemão Henrique

Shroeder em meados da década de 1860. Em 1871, foi adquirida por José Fischer. A casa “localizava-se na Rua São Bento, 01, em frente ao mosteiro de mesmo nome”. Cf. SIRIANI,Silvia Cristina Lambert.. Uma São Paulo Alemã. Imprensa oficial do Estado. 2003 p. 154; “Sereia Paulista ou Banhos da Sereia do húngaro Fisher, no Largo São Bento, ficou famosa também pelos seus bifes e pelos seus vinhos estrangeiros, pois era igualmente restaurante e ponto de reunião”. Cf. BRUNO, Ernani da Silva. História e tradição da Cidade São Paulo. Volume 3. São Paulo: Hucitec/ Prefeitura do Município de São Paulo, 1984. p. 1123.

29

Diabo Coxo, S2, nº 10, 1865, p. 03,

30

SANTOS, Délio Freire dos. Introdução – Primórdios da imprensa caricata paulistana: o Cabrião.

Cabrião: semanário humorístico editado por Ângelo Agostini, Américo de Capôs e Antonio Manoel

dos Reis – 1866-1867. Edição fac-similar. São Paulo: Imprensa oficial do Estado/Arquivo do Estado, 1982, p. xli.

Figura 5.19 – Cenas de banhos, DC, S2, N. 10, 1865, p. 04.

Neste mesmo, ano o “Sr. Segismundo das Flores” em uma de suas andanças pela cidade relata em suas cartas de um Roceiro ao seu “compadre” uma das novidades dos “tais progresso” na capital: as casas de banhos. A narrativa se inicia com a dificuldade do “Sr. Segismundo” de lidar com o desconhecido. Sem falar do constrangimento de entrar em casa alheia para tomar banho.

A comadre não é capaz de vir meter-se nestas casas, e faz bem; o que significa andar a gente se lavando em casa alheia! Mas, não pense o compadre e que essa lavagem é em refeitório geral, como jantar e almoço. Eu experimentei porque o dito capitão disse que era uma vergonha eu estar meio cidadão, e não tomar um banho avianado. Que remédio?

Um francês da França, pintor de casas, e que discutiu aqui a grave questão do pudim e da galheta, é o boleteiro, ou porteiro da maça (sic) que vende o boleto com uma senhora, que parecia-me estrangeira, por ter cabelo de milho verde. Embotiram-me um boleto por três patacas e dois vinténs. Sem boleto ninguém enxerga a água moderna.

Depois de adquirido “o boleto”, segue desconfiado para seu destino. Já havia sido vítima do incidente da Inglesa e estava ressabiado com esse “negócios de novas inovações” . Mesmo assim ele prossegue:

(...) depois que levei o boleo (sic) de ferro, entrei, ou para melhor dizer, empurram-me para dentro de um quartinho parecido com cela de frade. É realmente chibante (sic); Mas, passei por bastantes amarguras por não ter deixado comigo um guia dos tais banhos novos. Veja lá.

A surpresa, as primeiras descrições dos objetos que compõe o ritual do banho são agora narradas pelo Sr. Segismundo:

Há um caixão enorme de pedra e cal, parecido com nossas formas de guardar açúcar no engenho. Chegando perto dela levei um enorme susto. Era fria como geada. Há dois canudosamarelos ou 2 chafarizes de mola. Tudo ali é de mola. Puz-me (sic) no tal caixão, que aqui os estudantes chamam de banheira de mármore; (trecho

ilegível). No primeiro da água fervendo (?) dei dois pulos de cotia,

gritei aqui El Rei e apareceu-me o dono da casa. Fiquei furioso, disse que era caso de puchar a faca e fui tratando de vestir-me, pois estava como se fosse nos jardins de Adão e Eva.

Sr. Viana, pensando que tinha havido alguma locomotiva fora do trilho do banho, acudio logo, e ainda em cima sustentou com aquáticos argumentos que o culpado de eu ficar pelado como leitão, fui eu próprio, por ter descido ao paraíso de Adão sem ter aberto o chafariz 2 que é o tal encanamento ou a torneira de água fria. Então, houvesse, compadre, um subscrito em cada canudo, declarando qual era o wagon fervendo.

Furioso com o susto passado o Sr.. Segismundo declara:

São os tais progressos; em tudo há molas, ferros, canudos, vapores e o diabo que os carregue. É um perigo compadre!! Quiseram meter-me medo de novo na tal cumbuca, encherão a tal tina de pedra, veio sabão e toalha, mas fui dispensando tudo e declarando que tenho em casa boas gamellas (sic) e água morna sem molas, tudo por menos de dez tostões.31

Diante deste estranhamento as “novas invenções”, afirma Segismundo, “Chamaram-me então de regressista, adivinharam, pois regressei logo para casa.”

Neste relato o Sr. Segismundo se depara com mais um artefato técnico que ele denomina “tais progressos” que é a novidade do banho da caldeira que lhe causa muito mais estranheza e desconfiança do que o já conhecido “banho de chuva” da qual já havia experimentado e gostado. Conforme ele relata ainda nesta narrativa:

O Sr. Viana inventou também uns banhos, que chamam banhos de chuva, gostei desta lembrança: já que ninguém se pode queixar da seca por que está nas mãos de nosso banhador chover quanto se queira.32

31

O roceiro na capital, Diário de São Paulo, Ano 1, n.51, 01.10.1865, p.02.

32

Para o cronista, a cidade de São Paulo conserva muitos aspectos rurais e quando as novidades da civilização burguesa, urbana começam a serem introduzidas no quotidiano, os choques culturais são inevitáveis. O desconhecido provoca desconfiança, dúvidas e torna-se engrado as reações. Os desencontros desses indivíduos que nunca tiveram contato com um chuveiro e uma banheira, ao fazer aos olhos dos humoristas, ficam cômicos. Isto, nas palavras do Sr. Segismundo, “é a cara do progresso” nesse momento.

Por meio deste personagem, Pedro Taques cria um personagem caipira que nada mais é que o próprio paulistano vivenciando essas novidades tecnológicas, que se incorporam no dia-a-dia das pessoas, criando e recriando, valores, hábitos, costumes... próprio de uma cidade em metamorfose. São sinais de novos tempos....

Em outro momento, este novo hábito provoca também medo de se afogar na banheira, preferindo o usuário o velho costume de tomar banho de bacia e chaleira (figura 5.20)

Figura 5.20 – A incorporação de novos hábitos de higiene, Cabrião, n. 27,

Aqui fica nítido este processo de dificuldade de incorporação, pois havia resistência aos novos hábitos higiênicos introduzidos no quotidiano dos paulistanos.

Deve-se também ressaltar que, aliado a isto, a casa de banho público Sereia Paulista era um ponto de referência dos paulistanos, que poderiam durante o verão se refrescar, apesar dos altos preços, conforme ironicamente indica o Cabrião no anúncio de 23/12/1866:

Sereia – O proprietário da Sereia Paulista, homem eminentemente

inimigo do verão e incansável antagonista do calor, abriu há tempos, na Rua São Bento, uma casa onde se encontra refrigério para o corpo e para lama. Por 1$500 rs banha-se o corpo em um oceano de água aromatizada, e afoga-se aos calores do espírito com um sorvete. O estabelecimento, que tem seus ares de paraíso, funciona há muito pelo lado dos banhos, mas agora, que o calor principia a fazer das suas, a sorveteira trabalha com afinco para refrescar os bons paulistas, que sempre serão recebidos ali com especial contentamento do proprietário. O Cabrião apóia a lembrança, e recomenda aos quentes de corpo e de espírito a freqüência daquela casa refrigerante. Ali são recebidos sem distinção tanto protestantes, como católicos, jesuítas e ateus. Todos são iguais perante a tabela de preços. 33

Entretanto, mais que um ponto onde os paulistanos poderiam se refrescar, a casa de banho se coloca como um espaço de sociabilidade da elite paulistana, principalmente de políticos. 34 A ponto de O Cabrião, ironicamente, afirmar que a Assembléia havia se mudado para lá.

33

O Cabrião, n.13, 23/12/1866, p. 99.

34

Além de políticos, Ernani da Silva Bruno acrescenta que em “(...) 1876 havia locais na cidade que tinham se tornado pontos de reunião boêmia, como a Serei Paulista, a Stadt Coblez e o Hotel Planet”, p. 1149, v.3, História das tradições da cidade de São Paulo.

Figura 5.21 – Encontro de deputados na Sereia Paulista, Cabrião, n. 34,

20/05/1867, p. 271

A inauguração do Teatro São José em 1864 movimenta a cidade de São Paulo. Alguns se preparavam para assistir a primeira encenação com um binóculo, aludindo a pouca visibilidade que os espectadores tinham do palco, conforme caricatura (figura 5.22).

Em outro momento, este movimento na cidade aparece na agitação do comércio de flores em torno do teatro para as saudações dos espetáculos teatrais, conforme podemos observar no desenho abaixo. (figura 5.23)

Mesmo com este aludido problema técnico, a primeira impressão do cronista “Cleofas” foi boa, tanto no que diz respeito ao espaço físico quanto à atuação dos atores.

O Espaço é curto. A sala é bonita segundo as regras da acústica dramática – porém não sei se falta de tímpanos – ou abundância de buracos torna-a surda – mesmo muito surda. Depois de estarmos na sala, não metemo-nos na crítica do edifício, vemos desenrolar-se ante nós um mundo todo de ilusões agradáveis. São os panos, panos não, são quadros que devemos ao pincel do Sr. João Caetano Ribeiro. (...) Depois de levantar-se o primeiro quadro vemos os artistas dramáticos; são todos, inteligentes, mestres, gênios, semi-deuses, e o que mais é [são] infalíveis como o Papa. (...)35

Posteriormente, após assistir a Dama das Camélias, inicia-se uma série de críticas às atuações dos atores, particularmente à do Sr. Cardoso Lopez, “um galã” ruim, que será por diversas vezes satirizado pela sua aparência, principalmente pelo seu nariz grande, destacado nas chacotas do Diabo Coxo.

Figura 5.24 – Comprimento de um artista, DC, S1, N. 03, 1864, p. 06.

35

Nestes trajetos de civilidades, não só o teatro movimenta a vida cultural da cidade. Artistas, como Ferreira Costa, “o jovem rabequista,” encantam o Diabo Coxo, conforme expressa neste texto:

Artista distinto e simpático é o que todos sabem: inteligência profunda, ainda no verdor dos anos. Quando tirou os primeiros acordes de seu instrumento, um perfume suave espalhou-se pela amplidão do Edifício, um silencioso religioso sucedeu à impressão que a sua tenra idade produzira, e a multidão queria compreender a linguagem divina da poesia musical, - sufocava gemidos quando ouvia gemer, - sorria bem baixinho, quando as vibrações das cordas pareciam sorrir.(...) Em quanto a inimitável rebeca do simpático português traduzia as primeiras páginas históricas da sua vida artística, cai-lhe do alto da cabeça – “la mêche fatidique” – como auréola divina , e ardia-lhe na fronte o facho do gênio.36

Outro artista a despertar elogios pelo Diabo Coxo era Emílio Lago, que também daria um concerto e que escutava atentamente o “jovem Rabequista” na platéia. As palavras do Diabo Coxo definiam Emílio Lago como “modesto e timorato. Deixa com abandono correr as mãos pelo teclado, e as harmonias que arranca do piano atesta uma inteligência fértil, uma alma ardente, um coração cheio de sentimento” 37 (figura 5.25).

Percebe-se que, tanto nos desenhos como nas crônicas humorísticas, há uma tentativa de demonstrar ao leitor que a vida teatral, representações importadas de “companhias dramáticas insípidas” com atores cuja atuação como a de Lopez Cardoso, gerava uma série de chacotas38. Ou a presença de artistas, cujas apresentações comprovam tratar-se de “um artista de alma” como a de Emílio Lago, seria merecedora de ser apreciada.

36 Diabo Coxo, S1, n. 05, 1864, p. 06 37 Diabo Coxo, S1, n. 05, 1864, p. 06 38

Figura 5.25 – Ironias ao maior piano da província. DC, S1, n. 05, 1864, p. 05.

Estes conhecidos símbolos da civilidade burguesa escondem, na verdade, a precariedade de uma cidade provinciana que acolhe e tenta se adaptar ao cotidiano das pessoas. Este processo gerou uma série de narrativas humorísticas desse momento. É como querer ser o que não é e, neste gesto, torna-se ridículo, engraçado aos olhos dos humoristas.

Na composição deste grande mosaico que compõe o imaginário urbano e social dos humoristas, chama a atenção à forma como a livraria e papelaria Garraux, conhecida como Casa Garraux39, havia se estabelecido no local, antes da publicação do Cabrião, sendo concebida no contexto de todos estes sinais de civilidade burguesa e de cosmopolitismo urbano.

39

A Casa Garraux, foi fundada em 1860 pelo francês Anatole Luis Garraux, que voltou para Europa em 1876, passando assim o estabelecimento nas mãos de diversos proprietários. Inicialmente ficava na Rua da Imperatriz esquina com o Largo da Sé, onde depois esteve o Café Girondino. Era uma importante loja que vendia livros, brinquedos, vinhos franceses e os mais variados objetos. Cf. AMARAL, Antonio Barreto. Dicionário de História de São Paulo. São Paulo: Governo do Estado São Paulo, 1980. Coleção Paulistica, V.XIX, p. 120 e 209-210.

Além de peça-chave neste contexto de transformação da cidade, ela representa também um espaço importante na formação e na consolidação da elite letrada da faculdade de Direito. Veio justamente para suprimir a demanda por estabelecimentos comerciais do gênero que, na época, eram quase inexistentes. Agostini percebeu e exprimiu isto em seu desenho, que compondo assim é mais um elemento de defesa da cidade civilizada, pois apóia a entrada de valores culturais burgueses, uma vez que a livraria se apresentava como receptora e divulgadora desses valores na paulicéia.

Figura 5.26 – Os representantes da civilização estão chegando, Cabrião, n. 25,

24/031867, p. 196.

Outro fato inédito surgido dentro deste contexto de inovações na vida cultural dos paulistanos e de civilidade burguesa foi a presença do fotógrafo

conforme podemos observar na caricatura de Agostini.

Este, segundo Boris, em 1862, já havia realizado uma série de vistas da capital e, juntamente com Carneiro & Smith, abria uma filial aqui em São Paulo, iniciando, assim, sua carreira como fotógrafo.

Em seus registros vê-se uma cidade acanhada, cujo casario repetia modelos dos tempos coloniais. Edificações modestas predominante de taipa e de pedra. As ruas e praças públicas refletiam o traçado urbano irregular, indícios das antigas trilhas ou caminhos de tropeiros. Trata-se de vistas que registram uma cidade, cuja aparência pouco diferia daquela do princípio do século XIX e, neste sentido, revestiam-se da maior importância sob o aspecto histórico- iconográfico. 40

Mesmo sendo a fotografia para São Paulo de alcance restrito, a sua introdução no quotidiano colocava-a em sintonia com que havia de mais moderno em registro icnográfico do momento. Isto, por si só, representava para Agostini um impacto cultural e civilizador muito importante dentro deste contexto de transição e de transformações urbanas que se processava na cidade.

Diante disso, os choques culturais entre as antigas atividades sociais, os costumes e as atividades “modernas,” como as que mencionamos, eram inevitáveis, próprios de um momento de transição: uma cidade colonial provinciana passava a ser uma cidade que emergia da riqueza do café, trazendo consigo também uma elite que se identificava com valores cosmopolitas europeus.

Estas experiências geraram narrativas que tendiam a elogiar as intervenções urbanas e, consequentemente, sua necessidade e eficácia, ou a desconfiar, provocando certos desgostos ou até mesmo demonstrando a

40

KOSSOY, Boris. Luzes e sombras da metrópole: um século de fotografias em São Paulo (1850- 1950) BORIS, In: PORTA, Paula (org.) História da cidade São Paulo. V. 2 – a cidade no Império 1823-1889. São Paulo: Paz e Terra, 2004. p. 394.

espaço social. Era estratégico e fundamental para nossas elites eliminar estas marcas culturais e sociais provincianas, sinônimo do atraso, e construir uma nova imagem para a cidade, sintonizada com os valores burgueses. Os das relações dessas novidades e da racionalidade burguesa com os antigos valores que Agostini e seus interlocutores construíram suas percepções sociais.

No documento BRÁS CIRO GALLOTTA SÃO PAULO APRENDE A RIR (páginas 178-194)