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SEÇÃO 5. RESULTADOS DAS ANÁLISES REFERENTES ÀS CONCEPÇÕES

5.5 A avaliação no cotidiano da Educação Infantil

5.5.3 Atividades desenvolvidas com as crianças

As professoras trabalham com diversos tipos de atividades, algumas permanentes, outras sequenciadas e outras referentes aos Projetos didáticos. Dentro da

rotina diária, essas atividades são realizadas por intermédio da exploração de vários espaços, sejam coletivas, sejam individuais.

As atividades coletivas são aquelas relacionadas com o grupo todo, como roda de conversa, cantar, dramatizações, pintar em conjunto em um papel grande, enquanto as atividades individuais são basicamente às atividades de trabalho com material de elaboração plástica (barro, massinha, pintura) e com papel e lápis. Essas atividades podem feitas com todas as crianças, mas cada uma tem sua produção própria (BASSEDAS; HUGUET; SOLÉ, 1999).

Através da sequência da observação, vimos que as atividades propostas às crianças eram bem diversificadas, contendo brincadeiras, jogos, músicas, passeios, confecção de cartazes, colagem, pinturas, contato com a escrita e outros. Cabe evidenciar que pudemos acompanhar as atividades provenientes do projeto “Xô dengue” e destacamos vários momentos importantes para o desenvolvimento e a aprendizagem. Com efeito, como ponto relevante, o Projeto contou com a participação da família em vários momentos. Essa participação foi proposta para os pais em reunião e, além ter favorecido a interação da família na construção do aprendizado da criança, proporcionou o sentimento de responsabilidade sobre a participação no Projeto.

As professoras pediram para as famílias que fizessem em casa cartazes ou maquetes sobre a dengue; os pais, por sua vez, ficariam livres para elaborar esses materiais, os quais deveriam ser feitos com a ajuda da criança, no final de semana.

Na segunda-feira, as crianças adentram a EMEI com os cartazes e maquetes trazidos pelos pais. Apenas 4 crianças de uma turma e 2 da outra turma não trouxeram, porém, os pais disseram que ainda fariam. As professoras fazem um momento de apreciação dos cartazes e maquetes, ensaiam a leitura e explicam o significado de cada um, juntamente com as crianças. Em seguida, as outras turmas da instituição são convidadas a fazer a apreciação. Frisamos que, no dia posterior, cada criança já sabia falar quem era o dono do cartaz.

Figura 5- Cartazes e maquetes Figura 6- Cartazes e portfólios

Fonte: Elaborada pela autora (2015) Fonte: Elaborada pela autora (2015)

A Professora B relatou que gosta muito de trabalhar em parceria com as famílias, porém, a mesma se queixou de que, quando a criança vai para a pré-escola, os pais as informam que tudo é diferente e eles não são convidados a participar das atividades. Sambrano (2006) assinala que a Educação Infantil é considerada o espaço institucional onde “[...] privilegia-se e concretiza-se o estabelecimento de uma inter- relação com a família, justificada pela idade das crianças e ênfase no desenvolvimento integral das mesmas, o que inclui o espaço emocional e afetivo.” (p.149). Acreditamos que essa parceria não pode ser rompida na pré-escola, pois esta também faz parte da Educação Infantil, tendo, por sua vez, a mesma finalidade.

Citaremos também um outro momento muito importante no Projeto, que foi o dia da “passeata da dengue”. Após as crianças aprenderem sobre a dengue com os familiares, professores, agentes de saúde19 e através de suas experiências, realizaram uma passeata nas ruas próximas à instituição, para informar os moradores sobre o mosquito transmissor da doença e sobre sua prevenção.

Essa atividade foi muito bem elaborada pela equipe da instituição, em parceria com a Secretaria de Saúde. As outras turmas da EMEI também participaram da passeata. À frente da passeata foi colocado um carro de som avisando para as pessoas atenderem as crianças, em seguida as crianças mostravam os cartazes feitos por elas, professoras e famílias. Na volta da passeata, as crianças entregavam os folhetos explicativos para os moradores, cantando a música referente ao projeto. A cada parada, com auxílio das professoras e coordenadora, explicavam os sintomas da doença.

19 O Agente Comunitário de Saúde é o profissional responsável por atuar na promoção e prevenção na saúde, mapeando e encaminhando as pessoas ao serviço de saúde. Participa com as equipes de saúde e a comunidade da elaboração, programação, avaliação e reprogramação do plano de ação local de saúde.

Figura 7- Passeata pelo bairro Figura 8- Passeata pelo bairro 2

Fonte: Elaborada pela autora (2015) Fonte: Elaborada pela autora (2015)

Destacamos que, nessa atividade, as crianças puderam vivenciar de maneira concreta o aprendizado e explanar o que aprenderam com seus pares. Ao voltar para a EMEI, as crianças estavam tão eufóricas que foi preciso fazer uma nova roda de conversa para acalmá-las. Na roda de conversa, todos queriam contar como foi a passeata, na qual a presença dos “agentes de saúde” foi muito significativa, porque as crianças ficaram tão entusiasmadas na roda de conversa que os profissionais resolveram ficar um pouco mais para ouvi-las. Embora não discorramos sobre as outras atividades do Projeto, evidenciamos que as crianças, através da mediação das professoras, desenharam, colaram, pintaram, coletaram materiais com água parada, fizeram atividades recreativas etc.

O ensino como atividade compartilhada é uma atividade conjunta que assegura à criança “[...] ir construindo progressivamente o mundo que a envolve, com seus objetos e pessoas, os seus sistemas de comunicação, as suas pautas e valores e etc., além de ir conhecendo a si mesma.” (BASSEDAS; HUGUET; SOLÉ, 1999, p. 135). Com efeito, nenhum descobrimento é solitário, mas uma construção que o indivíduo realiza mediante a sua atividade mental, a criança desenvolve-se fundamentalmente através da exploração direta e observável sobre os objetos e pessoas.” (BASSEDAS; HUGUET; SOLÉ, 1999).

Em síntese, quando as professoras oferecem atividades desafiadoras, de cujo processo de construção as crianças podem opinar e participar ativamente, consideramos que elas estão realizando um acompanhamento com a intenção de favorecer o máximo possível o desenvolvimento do aprendiz. Hoffmann (2015)

ressalta que a finalidade essencial da avaliação se explicita, justamente, em saber o porquê de acompanhar a criança, refletindo sobre sua necessidade e interesse.