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Concepção de avaliação e seus pressupostos na visão dos profissionais

SEÇÃO 5. RESULTADOS DAS ANÁLISES REFERENTES ÀS CONCEPÇÕES

5.3 Concepção de avaliação e seus pressupostos na visão dos profissionais

Nessa categoria, utilizamos quatro questões abertas do questionário e alguns relatos que nos revelam o conceito dos profissionais sobre a avaliação na Educação Infantil, suas práticas avaliativas e as dificuldades oriundas no processo de avaliação.

Perguntamos:

Qual o conceito de “avaliação” na Educação Infantil, em sua opinião?

Responde PA:

A avaliação na Educação Infantil deve ser contínua, tendo em vista a aprendizagem da criança. No meu caso, como atuo na coordenação, a avaliação também ocorre em função do bom desenvolvimento da Instituição, assim a avaliação é realizada diariamente e tem muitos objetivos. É preciso avaliar o que ocorre de positivo e negativo no pedagógico e no setor administrativo.

Observamos que a coordenadora, ao conceituar a “avaliação”, evidencia que, devido à sua atribuição, a avaliação assume outras funções que vão além do caráter pedagógico. Essa afirmação está em consonância com os estudos de Vasconcellos (2002), que, ao se referir à coordenação, ressalta que

[...] a preocupação da coordenação é muito ampla, envolve questões de currículo, construção de conhecimento, aprendizagem, relações interpessoais, ética, disciplina, avaliação da aprendizagem, relacionamento com a comunidade, recursos didáticos, etc. (p.85). Acreditamos na importância de a avaliação ocorrer também sob a ótica da instituição, pois, para que haja um bom andamento da mesma, é necessário que tanto a coordenação como todo colegiado de professores trabalhem em conjunto, com objetivos em comum.

Conforme o documento Contribuições para a Política Nacional: a avaliação

em educação infantil a partir da avaliação de contexto (2015), a equipe gestora da

instituição também avalia e deve oferecer condições, principalmente, para que as professoras se dediquem ao planejamento, ao registro e à documentação das práticas realizadas.

Na fala da coordenadora, ela afirma que a avaliação “deve ser contínua”. Tal afirmação vem em consonância aos estudos de Freire (1984), Libâneo (1994), Hoffmann (2000, 2012, 2015), Vasconcelos (2003), Rabelo (1998) e (Hadji 2001),

quando sublinham que a avaliação deve ser permanente e processual. Quando a avaliação não é isolada e objetiva desenvolver a aprendizagem do aluno, temos, de acordo com Hadji (2001), uma prática avaliativa formativa. Essa prática transcende a ideia da avaliação tradicional, que, na maioria das vezes, é classificatória e não traz benefícios para a Educação Infantil.

Ao conceituar a “Avaliação”, a professora C reforça a importância da observação, mediação e intervenção.

Na minha opinião avaliar na educação infantil significa observar, mediar e intervir, ou seja, a observação permite ao professor perceber as facilidades e as dificuldades que a criança enfrenta no decorrer do seu desenvolvimento. Dessa forma, é possível o professor mediar ou intervir em algumas situações de aprendizagens, de comportamento e onde o aluno necessite.

Sabemos que a observação é extremamente importante no processo avaliativo realizado com crianças pequenas. É através do ato de observar que o professor fica atento às particularidades de cada criança. A observação das formas de expressão das crianças, de suas capacidades de concentração e envolvimento nas atividades “[...] é um instrumento de acompanhamento do trabalho que poderá ajudar na avaliação e no replanejamento da ação educativa.” (BRASIL,1998).

A observação crítica e criativa das atividades, das brincadeiras e interações das crianças, no cotidiano, está expressa nas DCNEI (2010) como instrumento de acompanhamento da avaliação. Portanto, realizar a observação é utilizar um dos mais relevantes instrumentos avaliativos. Oliveira (2012) assevera que o ato de observar, na Educação Infantil,

[e]xige colocar em ação um processo investigativo, pois se trata de um instrumento de pesquisa, não de confirmação de ideias pré- concebidas que serviriam apenas para trazer exemplos do ele já sabe. Ao contrário, ela se presta à pesquisa, a descobrir coisas novas. Observar exige mirar, reparar, notar, registrar, interpretar. Quando mais trabalhamos a observação, mais e melhor podemos observar. (p. 365).

Dessa forma, o ato de observar também deve ser planejado. Conforme os apontamentos de Hoffmann (2015), é preciso que essa observação não ocorra em tempos estanques ou delimitados, resultando em reflexão e ação.

Essa postura reflexiva da ação parece estar presente quando a PC relata que “[...] a observação permite ao professor perceber as facilidades e as dificuldades que a criança

enfrenta no decorrer do seu desenvolvimento” e acrescenta que, dessa forma, é possível mediar e intervir.

A intervenção do professor é tomada por Bassedas, Huguet e Solé (1999) como um imprescindível componente da avaliação, pois é um momento no qual é possível modificar determinadas situações. Nesse mesmo sentido, Perrenoud (2000) realça a importância de intervir a partir das observações no processo da avaliação, realizando uma pedagogia diferenciada. Ao fazer a mediação, o professor é capaz de se posicionar em um estado de alerta que acompanha e estuda a história da criança, em seu processo de desenvolvimento.

Montoya (2009), referenciando Piaget, elucida que intervir junto a crianças em relação às questões de aprendizagem que ocorrem no cotidiano exige conhecer muito bem as especificidades dos problemas infantis. Os mecanismos de aprendizagem desenvolvidos pelas crianças ao longo do tempo visam à aprendizagem do real.

Do mesmo modo, Paulo Freire (2003) discorre sobre a necessidade da intervenção do professor, sendo necessário que o professor sempre se mobilize para que a aprendizagem ocorra. Segundo ele: “O educador ou educadora como um intelectual tem que intervir. Não pode ser um mero facilitador.” (2003, p. 177). Na avaliação mediadora, o professor torna-se capaz de compreender a criança, fornecendo indicações para mudanças nas práticas pedagógicas. Não há avaliação sem mediação e intervenção.

Percebemos, nas respostas a seguir, oriundas da mesma pergunta, que as professoras B, D e E também evidenciam que deve ser avaliado se a criança atendeu aos objetivos propostos.

Para a PB:

A avaliação é uma maneira de nós avaliarmos como professores, de observar se o objetivo proposto foi realizado. É o momento de avaliar as crianças, seus comportamentos, participações nas atividades diárias, desenvolvimento e observar o grau de aprendizagem de cada aluno. (grifo nosso).

Para a PD:

A avaliação é de fundamental importância na educação infantil, não para dar nota (como no ensino fundamental), mas para avaliar se a criança atendeu os objetivos propostos, para avaliar a participação nas atividades, a interação com o meio que as norteiam. A avaliação também é importante para que eu perceba como posso ajudar meus alunos a evoluírem. (grifo nosso).

A avaliação é uma maneira de nos avaliar, avaliar se os objetivos foram propostos e bem realizados. Devemos avaliar a criança em seu comportamento, na participação das atividades, observando sempre o grau de aprendizagem de cada aluno. (grifo nosso).

Preocupar-se com a avaliação, tendo em vista se a mesma atingiu os objetivos propostos do professor, vai ao encontro aos estudos de Didonet (2006), quando ressalta que o modelo de avaliação deve estar estreitamente articulado com os objetivos que se quer alcançar, ou seja, é preciso haver coerência entre avaliação e finalidades da Educação Infantil. Desse modo, é preciso que os objetivos sejam atentamente elaborados de acordo com a faixa etária da criança, respeitando sua especificidade e seu período de desenvolvimento.

Nesse mesmo sentido, Rosemberg (2001) explicita:

A avaliação constitui uma forma particular de pesquisa social que tem por finalidade determinar não apenas se os objetivos propostos foram atingidos (conceituação tradicional), mas também se os objetivos propostos respondem às necessidades dos participantes diretamente concernidos pela educação infantil: pais (especialmente as mães), profissionais e crianças. (ROSEMBERG, 2001, p. 23). Na perspectiva de Pontes (2001), para se realizar a avaliação, cabe ao professor investigar sobre a adequação dos conteúdos escolhidos, sobre o tempo e ritmo impostos ao trabalho, tanto quanto será imperioso investigar sobre as aquisições das crianças em vista de todo o processo vivido, na sua relação com os objetivos propostos. Em suma, os objetivos são importantes para o processo avaliativo, quando são bem elaborados, embora a avaliação não possa ficar restrita somente a eles.

Rabelo (1998) nos faz um alerta em relação à necessidade de avaliar essencialmente, verificando se os objetivos propostos foram alcançados. É preciso ter um certo cuidado para não colocar o aluno como aquele que deve sempre satisfazer as necessidades da escola, pois a escola também deve atender às necessidades do aluno.

Hoffmann (2014b) destaca que, numa proposta construtivista da avaliação, os objetivos devem ser realizados no sentido máximo do desenvolvimento dos alunos, no seu sentido amplo, e alcançados por eles a partir das oportunidades que o meio lhes oferece. Dessa maneira, não podemos definir como objetivos aquilo que a criança ainda não tem maturidade para realizar.

Consideramos como de fundamental importância a circunstância de as professoras B e E relatarem que a avaliação serve para avaliar também o professor. Rever o que foi proposto ao aluno e se avaliar está diretamente relacionado às práticas

avaliativas formativas, ou seja, o professor é capaz de analisar e perceber, ao longo do processo, como seu trabalho está sendo realizado e se precisa melhorá-lo.

É nessa ótica que Haydt (2000) contempla a relação que há entre a avaliação da aprendizagem do aluno e a avaliação do próprio trabalho do professor, isto é, avaliando a aprendizagem e o desenvolvimento expresso no aluno, o professor avalia igualmente o que conseguiu ensinar.

Paulo Freire (1984) acredita que é necessário constantemente avaliar a própria prática. Para ele,

[...] avaliar a prática é analisar o que se faz, comparando os resultados obtidos com as finalidades que procuramos alcançar com a prática. A avaliação da prática revela acertos, erros e imprecisões. A avaliação corrige a prática, melhora a prática, aumenta a nossa eficiência. O trabalho de avaliar a prática jamais deixa de acompanhá-la. (p. 92).

Em síntese, ao avaliarmos nossa prática, estamos refletindo e melhorando nosso trabalho, através da tomada de consciência clara do nosso próprio papel de educador.

Observamos que as professoras B e E, ao conceituarem a avaliação, novamente apontaram que a mesma deve ser promovida tendo em vista o comportamento da criança. Ambas citaram:

É o momento de avaliar as crianças, seus comportamentos, participações nas atividades diárias, desenvolvimento e observar o grau de aprendizagem de cada aluno. (PB, grifo nosso).

Devemos avaliar a criança em seu comportamento, na participação das atividades, observando sempre o grau de aprendizagem de cada aluno”. (PE, grifo nosso).

Destacamos que a forma comportamental apresentada pela criança é um importante critério para as conhecermos, revelando ainda, na maioria das vezes, o que ela está sentindo, como age, em momentos alegres, tristes, prazerosos etc. Zabalza (1998) assevera que é preciso ter uma atenção privilegiada aos aspectos emocionais, pois eles são a base do desenvolvimento infantil que influencia no desenvolvimento psicomotor, social e cognitivo. Todavia, consideramos que é preciso haver um certo cuidado quando a avaliação é feita, tendo como foco as atitudes comportamentais da criança, para não as rotular.

É preciso estar atento às necessidades que a criança apresenta, através do comportamento, e não utilizar julgamentos oriundos de uma avaliação informal sem

intencionalidade. Estudos de Hoffmann (2014, 2015) dão conta de que não há como observar o desenvolvimento da criança com base no comportamento, numa escala classificatória. “Por mais que os professores tentem encaixar as crianças num rol padronizado de expectativas, encontrarão pela frente o inusitado, o inesperado, diferentes reações das crianças a cada situação vivida por elas.” (HOFFMANN, 2015, p. 46). Nesse sentido, cada criança apresenta um comportamento diferente diante de uma mesma situação, os comportamentos não são e não devem ser padronizados.

Na segunda pergunta, indagamos:

Você considera difícil avaliar crianças nessa faixa etária (3 anos)? O que poderia ser feito para o processo avaliativo se tornar mais eficaz?

Diferentemente das respostas das professoras, a coordenadora relatou que não considera difícil avaliar:

Eu trabalho com todas as idades. Não considero difícil avaliar no momento que vejo o progresso da criança, seus avanços, seu crescimento. Na maioria das vezes, as crianças entram na EMEI com apenas seis meses de idade e saem com quatro anos para irem para a pré-escola. Percebemos como ela se desenvolve e vamos acompanhando sua trajetória de vida. Sempre precisamos buscar caminhos para que a avaliação seja completa. (PA).

A coordenadora complementa a resposta, oralmente:

Eu conheço todas as crianças, o nome, onde moram, de quem são filhas, se já teve irmão que passou por nós, as dificuldades que conseguem superar... Isso é que torna gratificante o trabalho. Claro que algumas eu conheço mais que as outras, mas a cada a gente vai percebendo o jeitinho de cada uma, o que gosta, o que não gosta.

A resposta apresentada por PA revela que a mesma demonstra conhecer as crianças e suas famílias. Sabemos que, devido ao grande número de crianças, não é possível conhecer todas de maneira igualitária, contudo, pelas observações diárias in

loco, pudemos constatar que a coordenadora sabe o nome das crianças, reconhece em

qual turma a mesma se encontra, e conhece a maioria das famílias. As crianças também a reconhecem, a chamam pelo nome e demonstram ter uma boa interação.

A mesma relata que considera gratificante observar o desenvolvimento da criança, atribuindo esse fator à função avaliativa.

Quando a criança apresenta um bom desenvolvimento, na instituição escolar, concluímos que foi propiciado um ambiente com propostas construtivistas, através de experiências, trocas interpessoais e conteúdos culturais, que, interagindo com o processo de maturação biológica, permitiram à criança atingir capacidades cada vez mais elaboradas.

As professoras opinaram que consideram difícil realizar a avaliação e pontuaram alguns fatores que poderiam contribuir para o processo avaliativo se tornar mais eficaz.

Duas professoras enfatizaram a necessidade de haver um roteiro norteador para realizarem a avaliação, e uma delas novamente se reportou à necessidade de haver cursos de formação que abordem essa temática.

Considero difícil realizar a avaliação, seria mais eficaz o trabalho, se houvesse um relatório específico a esta faixa etária para podermos avaliar com mais facilidade e qualidade cada aluno. (PB, grifo nosso).

Considero difícil avaliar crianças pequenas. Temos que avaliar conforme o desenvolvimento das habilidades da criança. Se houvesse um roteiro específico para poder avaliar, nos ajudaria. Mesmo assim, acredito que é muito difícil avaliar uma criança pequena. (PE, grifo nosso).

É um pouco difícil avaliar na Educação Infantil. Se tivéssemos mais apoio, cursos voltados para a avaliação e algum material que nos desse uma base, saberíamos melhor como avaliar. (PD, grifo nosso).

Avaliar na Educação Infantil é um desafio, por se tratar de uma questão relativamente nova, dotada de particularidades. Guimarães, Cardona e Oliveira (2014) entendem que o trabalho de avaliação na Educação Infantil é particularmente difícil e alvo de várias ambiguidades, as quais começam por se verificar na forma de conceber seu papel e finalidades. Trata-se de uma questão que não é nova em outros níveis de ensino, mas é relativamente nova com crianças pequenas.

Luckesi (2005) explica que a avaliação se torna mais difícil, quando pressupõe o ato de examinar e classificar, porém, se torna mais fácil, do ponto de vista de avaliar no sentido de diagnosticar e intervir em favor da melhoria dos resultados. Desse modo, consideramos que, para avaliar, é preciso conhecer a finalidade da Educação Infantil e adotar práticas avaliativas mediadoras e formativas que favorecerão todo o processo avaliativo.

Nas respostas de PB e PE, há o destaque de que um roteiro norteador ajudaria a realizar uma avaliação com mais qualidade. Entretanto, para avaliar com qualidade, consideramos primordial primeiramente compreender que os processos de desenvolvimento e aprendizagem infantil são interdependentes. De acordo com Kramer (2000), a escola, além de seu caráter socializador, deve constituir-se em um espaço de experiências e interações. A qualidade das aprendizagens que serão experimentadas pela criança dependerá significativamente da riqueza das atividades e trocas que vivencia na escola. Assim, aos professores cabe planejar os mais variados instrumentos de mediação entre as crianças e o mundo, de forma a oferecer inúmeras possibilidades de desenvolvimento, reorganizando seu modo de agir e pensar.

Percebemos, nas repostas das professoras, que há um sentimento de angústia devido ao fato de as mesmas não possuírem um roteiro norteador para concretizar a avaliação. Esses roteiros também são chamados de fichas de avaliação e devem ser formulados pelo professor, não obstante, é necessário que apresentem questões pertinentes ao desenvolvimento e aprendizagem da criança, tendo em vista suas individualidades.

Para Kramer (2003), a avaliação efetivada por meio desse instrumento só se torna produtiva desde que o mesmo esteja vinculado aos demais instrumentos avaliativos, de sorte que não se reduza ao registro descontextualizado do cotidiano das crianças e, consequentemente, do trabalho pedagógico implementado pelo professor e pela instituição.

Hoffmann (2000) adverte que algumas fichas de avaliação se tornam classificatórias e não dão margem a discussões, por não se fundamentar em “[...] concepções de sociedade, de educação, de criança, de trabalho docente e de desenvolvimento infantil” (p. 12-13) e por não contribuírem para o desenvolvimento global da criança e reflexão do trabalho do professor. A autora explica que Piaget, para entender o pensamento das crianças, propunha aos pesquisadores que não seguissem roteiros de perguntas prontas; ele sugeria que os professores ajustassem suas perguntas às hipóteses e aos resultados que cada criança gradativamente alcançava, para acompanhar verdadeiramente seu raciocínio. Desse modo, o mesmo se torna interessante para o processo avaliativo com crianças pequenas.

Ainda conforme Hoffmann (2000, 2014), algumas fichas se tornam classificatórias quando se restringem a responder ao final de um semestre (periodicidade mais frequente na pré-escola) os comportamentos que a criança

apresentou, utilizando-se, para isso, de listagens uniformes de comportamentos a serem classificados com base em escalas comparativas, tais como: atingiu, atingiu parcialmente, não atingiu; muitas vezes, poucas vezes, não apresentou; muito bom, bom, fraco; entre outras.

A rigor, Hoffmann (2000, 2015) critica essa visão moralista e disciplinadora em que as crianças são julgadas a partir de um modelo ideal de criança obediente, atenta, organizada, caridosa, querida e outros qualificativos, que resultam em comparações e classificações das atitudes.

A última resposta dessa questão, da professora C, nos apresenta um fato muito comum que ocorre nas instituições: o número de crianças em relação ao espaço físico. Assim ela se expressa:

Torna-se difícil realizar a avaliação devido ao fato de haver muita quantidade de aluno por professor. O espaço físico se torna inadequado quando não é respeitado a quantidade de criança que cabe dentro da EMEI. Deveria haver uma fiscalização maior em relação a quantidade de alunos por sala para que haja qualidade. É preciso adequar o espaço físico respeitando a quantidade de todas as salas. Dessa forma, podemos avaliar melhor o desenvolvimento da criança.

Destacamos que a EMEI pesquisada é uma instituição construída nos moldes do PROINFÂNCIA, portanto, as salas são amplas e arejadas, apresentam espaços privilegiados para interação e materiais de qualidade. No entanto, a professora descreve que a quantidade de crianças que utilizam a sala é muito alta, pois esta é dividida com mais uma turma de Maternal.

A professora relatou informalmente que, embora ela realize várias atividades em outros espaços, as duas turmas ficam juntas, em muitos momentos, dificultando a realização das atividades. Quando as duas turmas estão juntas, a sala fica composta por 28 crianças.

Concordamos que realmente se torna dificultoso realizar o acompanhamento individual, em uma sala numerosa. Acompanhar as crianças para realizar a avaliação é muito mais complexo do que fazer companhia ou estar junto delas. É preciso permanecer atento às manifestações de cada uma, refletindo sobre suas ações e reações, “sentindo”, percebendo seus diferentes jeitos de ser e de aprender, respeitando-as em suas particularidades, em sua singularidade (HOFFMANN, 2015).

Sabemos que a estrutura física não é fator condicionante para que a aprendizagem ocorra, no entanto, não há como negar que um espaço inadequado

dificulta as possibilidades de haver um ensino de qualidade e, consequentemente, uma avaliação satisfatória.

Concluímos que é emergencial que as instituições (re)organizem suas práticas, tendo em vista a importância de oferecer espaços que atendam às necessidades da criança e do professor, para que a aprendizagem aconteça. Se estamos nos pautando em atividades construtivistas, precisamos que o meio no qual a criança se encontra favoreça as atividades desafiadoras em um espaço adequado.

Perguntamos também:

Quais as maiores dificuldades encontradas no processo de avaliação da sua turma?

Para a professora C, são muitas as dificuldades encontradas, porque novamente se reportou à quantidade de alunos por sala, citando ainda a quantidade de alunos por professor.

São muitas as dificuldades que enfrentamos, uma delas (como já citei) é em relação a realizar a avaliação em um espaço físico inadequado constituído por duas turmas de maternal onde ficam muitas crianças. Atrapalha muito dividir a sala com outro professor, na realização das atividades pedagógicas e recreativas fica complicado. Existe momentos que precisamos ficar sozinhos com nossa turma. (PC).

Outra dificuldade é avaliar o comportamento da criança e dar a devolutiva para os pais, pois muitos não querem e não aceitam o que propomos para eles. Alguns até aceitam e ajudam o professor. Outro problema é a quantidade de aluno por professor. (PC).

Os espaços na instituição são construídos e organizados para atender às