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SEÇÃO 3. A AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL NO BRASIL: O QUE NOS

3.3 Terceiro grupo: Instrumentos avaliativos

Neste agrupamento, objetivamos introduzir as produções que versam sobre a utilização de um instrumento avaliativo específico.

Ramires (2008), ao escrever sua Tese, denominada A construção do portfólio

de avaliação em uma Escola de Educação Infantil de São Paulo: Um relato crítico,

teve por finalidade compreender, descrever e analisar criticamente o processo de construção de portfólios de avaliação das crianças, em uma Escola Municipal de Educação Infantil de São Paulo.

Sua pesquisa constatou alterações tanto nos papéis desempenhados pelos diferentes atores, quanto nas práticas educativas, incidindo sobre as potencialidades e desafios implicados na adoção do portfólio de avaliação, concebido como procedimento que favorece o desenvolvimento das crianças e o aprimoramento da prática pedagógica.

Com esse mesmo enfoque, a Dissertação Avaliação em Educação Infantil:

concepções de professoras sobre o papel do portfólio, escrita por Lusardo (2007), teve

como objetivo investigar a compreensão de professoras acerca do papel do portfólio, no processo de avaliação das crianças que frequentam as classes de Educação Infantil.

Através dos resultados, considerou que o portfólio envolve a participação da criança, da família e do professor e contribui para a avaliação da aprendizagem, desde que esteja embasado na avaliação formativa e mediadora. Tal instrumento de registro relaciona-se com as concepções do professor sobre avaliação, aprendizagem, criança e infância, as quais interferem na construção do portfólio e nas ações docentes com a educação das crianças.

Ainda com essa mesma temática, Raizer (2007) elabora sua Dissertação

Portfólio na Educação Infantil: desvelando possibilidades para a avaliação formativa, tendo como objetivo compreender e mapear as possibilidades de os

portfólios avaliativos serem desenvolvidos com um sentido e um significado formativos.

Os resultados evidenciaram que o portfólio avaliativo constitui uma excelente ferramenta para a consecução de uma avaliação formativa, pois favorece apreciação longitudinal da aprendizagem e desenvolvimento do educando; possibilita o acompanhamento progressivo e contínuo da criança na apropriação do saber; auxilia na identificação de problemas ou dificuldades, quando de sua ocorrência; fornece indicadores que facilitam a retomada e o redirecionamento da prática pedagógica; além de permitir que professores e educandos autoavaliem sua progressão.

Através das três produções, o portfólio se constitui em um instrumento benéfico no processo avaliativo. Parente (2004) se refere ao portfólio como um conjunto de práticas diversificadas, integradas no processo de ensino-aprendizagem, as quais procuram contribuir para que os alunos se apropriem melhor das aprendizagens curriculares, por meio de uma atitude de valorização da participação em todas as fases do processo educativo.

De acordo com Lazzari (2013), o documento com o percurso trilhado pelas crianças dá ao educador informações preciosas sobre ensino e aprendizagem, além do acompanhamento simultâneo das progressões e dos desafios enfrentados por eles.

Dessa forma, segundo a autora, para fazer o registro das aprendizagens, é preciso que o educador tenha claro o que quer revelar, por quê, para quê e de que forma irá organizar as informações para que o leitor compreenda as etapas e as singularidades deste processo. “O registro da história da criança, no processo avaliativo, não pode significar apenas memória como função bancária, ou seja, há que se pensar no significado desse registro para além da coleta de dados ou informação.” (HOFFMANN, (2015, p. 65).

Com a adoção do portfólio, os professores tentam construir muitas oportunidades, ao longo do ano, para que crianças e professores possam apreciar o trabalho realizado a partir de informações que vão sendo obtidas, para introduzir mudanças no processo de ensino e aprendizagem. A utilização da avaliação é importante para providenciar feedback aos alunos e professores no decurso do processo de ensino e aprendizagem. (PARENTE, 2004).

A Dissertação A linguagem lúdica no registro avaliativo do educador de

infância, escrita por Santos (2008), visou a compreender sobre como avaliar a criança,

no momento em que aprende brincando. A proposta foi discutir a infância, a criança, a Educação Infantil e a melhor forma de proceder ao registro de seus avanços, pautando-se em um olhar teórico que considere a criança como um ser em sua totalidade.

Através dos fundamentos da avaliação, a ludicidade requer mudanças de estratégias por parte dos educadores, tornando-os cada vez mais disponíveis perante a criança, refletindo e agindo constantemente sobre a ampliação de seu repertório docente na construção do ser, vivendo plenamente a condição humana.

Outra Dissertação, tendo como foco o registro, foi escrita por Amanda Cristina Teagno Lopes Marques, intitulada A construção de práticas de registro e

documentação no cotidiano do trabalho pedagógico da Educação Infantil. A pesquisa

elucida que o registro e a documentação pedagógica possibilitam a construção de memória e a reflexão sobre as práticas, a visibilidade do trabalho pedagógico, a comunicação e a aproximação das famílias. O registro e a documentação são aspectos inerentes a um projeto pedagógico para a infância e devem ser valorizados pelas políticas públicas, com base nas considerações reais de cada contexto.

A investigação também aponta que os registros de práticas podem ser considerados materiais autobiográficos contextualizados em um cenário de valorização das experiências como espaço de saberes e de formação contínua, sendo igualmente empregados como instrumento de avaliação.

Costa (2006), através da Dissertação A interação professor-criança na

Educação Infantil: Contribuições para o processo de auto avaliação na formação docente, propôs-se avaliar a criança através do processo de interação professor/criança

no tempo da brincadeira livre, buscando perceber no professor o aperfeiçoamento de qualidade que amplia as possibilidades de desenvolvimento e aprendizagens da criança. A pesquisa mostrou que a interação professor/aluno se inicia em sala, mesmo quando a criança ainda não está presente pela preparação do ambiente. Não existem formas pré-determinadas, mas verdadeiras ações capazes de criar zonas de desenvolvimento proximal e situações de aprendizagem.

Nessa perspectiva, Kishimoto (2010) denuncia que a pouca qualidade da Educação Infantil pode estar relacionada com a oposição que algumas pessoas estabelecem entre o brincar livre e o dirigido. Com a brincadeira, a criança “[...] experimenta o poder de explorar o mundo dos objetos, das pessoas, da natureza e da cultura, para compreendê-lo e expressá-lo por meio de variadas linguagens. Mas é no plano da imaginação que o brincar se destaca pela mobilização dos significados.” (KISHIMOTO, 2010, p.1).

Cristina Aparecida Colasanto (2007), em sua Dissertação A linguagem dos

relatórios: uma proposta de avaliação para a Educação Infantil, teve por objetivo

analisar tipos de relatórios de avaliação, utilizados em Educação Infantil, visando a compreender de que forma a linguagem que os organiza contribui para o processo de ensino-aprendizagem.

Para a autora, por meio da linguagem, os relatórios de avaliação podem incluir não só a criança e o professor, pela descrição e argumentação sobre o processo de ensino-aprendizagem, mas também os familiares das crianças, no entendimento da

linguagem materializada no relatório. A linguagem argumentativa organiza-se pelos seus aspectos dialógicos, pois, ao escrever um relatório, recuperam-se diferentes vozes que compõem o discurso escolar, a fim de dar um sentido argumentativo aos dados apresentados.

Os relatórios realizados pelos professores são imprescindíveis para avaliação. Assim, ao realizar registros, o professor utiliza um instrumento de aperfeiçoamento do trabalho diário, representando as experiências através de palavras, que podem ser lidas e analisadas. O registro diário de suas observações, impressões, ideias e outros elementos pode compor um rico material de reflexão e ajuda para o planejamento educativo (BRASIL,1998 v.1).