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SEÇÃO 4. CAMINHOS PERCORRIDOS NA PESQUISA E PROCEDIMENTOS

4.1 Tipo de Pesquisa

Buscando compreender as concepções sobre avaliação das professoras e coordenadora de crianças do agrupamento maternal, assim como os instrumentos avaliativos, contribuições e impactos dos mesmos nas práticas educativas a serem desenvolvidas, optamos em efetuar uma pesquisa qualitativa, na modalidade estudo de caso.

A pesquisa qualitativa, na concepção de Triviños (1987), trabalha os dados buscando seu significado, e tem como base a percepção do fenômeno dentro do seu contexto. A descrição qualitativa procura captar não só a aparência do fenômeno como também sua essência, explicando sua origem, relações e mudanças, e tentando intuir as consequências.

Bogdan e Biklen (2003) afirmam que a pesquisa qualitativa envolve cinco características básicas: ambiente natural, dados descritivos, preocupação com o processo, preocupação com o significado e processo de análise indutivo. Já para Barbier (2002), a abordagem qualitativa procura se concentrar numa investigação social e histórica, a qual possibilita ao pesquisador interagir com o indivíduo ou com o grupo que está sendo investigado.

Nesse mesmo enfoque, Minayo (1996, p. 10) assevera que o método qualitativo é “[a]quele capaz de incorporar a questão do significado e da intencionalidade como inerentes aos atos, às relações, e às estruturas sociais, sendo essas últimas tomadas tanto no seu advento quanto na sua transformação, como construções humanas significativas.”

Assim, na pesquisa qualitativa, há um trabalho intensivo de campo, onde os dados coletados são predominantemente descritivos e a preocupação com o processo acaba tendo maior valor que o produto. Desse modo, ao realizar a pesquisa, demo-nos conta de que tudo o que ocorria era importante e significativo, sendo necessário ser valorizado e registrado. A oportunidade da investigação in loco favoreceu a aproximação do pesquisador com as pesquisadas e também com todo o ambiente.

Pretendendo investigar o objeto de estudo profundamente, partimos para o estudo de caso. De acordo com André (1984), os estudos de caso procuram retratar a realidade de forma completa e profunda. Pretendem revelar a multiplicidade de dimensões presentes em uma dada situação, focalizando-a como um todo, mas sem

deixar de enfatizar os detalhes, as circunstâncias específicas que favorecem uma maior apreensão desse todo.

Acrescenta a autora:

Os estudos de caso buscam a descoberta. Mesmo que o investigador parta de uns pressupostos que orientam a coleta inicial de dados, ele estará constantemente atento a elementos que podem emergir como importantes durante o estudo, aspectos não previstos, dimensões não estabelecidas a priori. A compreensão do objeto se efetua a partir dos dados e função deles. (ANDRÉ, 1984, p. 52).

Nesse sentido, Yin (1989, p. 23) assinala que "[...] o estudo de caso é uma inquirição empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de um contexto da vida real quando a fronteira entre o fenômeno e o contexto não é claramente evidente e onde múltiplas fontes de evidência são utilizadas."

Conforme os apontamentos de Gil (2007), um estudo de caso pode ser caracterizado como um estudo de uma entidade bem definida como um programa, uma instituição e outros. Visa, dessa forma, a reconhecer em profundidade o porquê de uma situação que se supõe ser única, em muitos aspectos, procurando descobrir o que há de essencial. “O pesquisador não pretende intervir sobre o objeto a ser estudado, mas revelá-lo tal como ele o percebe.” (GIL, 2007, p. 54).

4.1.1 Escolha da instituição pesquisada

Para compreender e retratar como ocorre o processo de avaliação na Educação Infantil, foi escolhida uma instituição municipal de Educação Infantil na cidade de Dracena/SP, devido aos seguintes critérios: a aceitação da instituição, das professoras e da coordenadora em colaborar com a realização da pesquisa, mediante a apresentação dos objetivos da investigação; localização geográfica da instituição; estrutura da instituição no formato do Programa PROINFÂNCIA e, principalmente, pelo fato de as professoras afirmarem em conversa informal que buscam conhecer e pautar suas práticas educativas a partir de vários contextos e também através do processo avaliativo realizado com as crianças.

A Escola Municipal de Educação Infantil é uma unidade construída no âmbito do Programa Nacional de Reestruturação e Aparelhagem da Rede Escolar Pública de Educação Infantil (PROINFÂNCIA). Trata-se de um programa de assistência financeira ao Distrito Federal e aos municípios para a construção, reforma e aquisição de equipamentos e mobiliário para creches e pré-escolas públicas da Educação Infantil.

A inauguração dessa unidade escolar foi muito aguardada pela população, haja vista que se tratava da primeira unidade do Proinfância na cidade, estando localizada entre dois bairros populosos e três bairros novos.

A iniciativa de se construir uma nova creche se deu devido ao fato de haver, nos anos 2000, muita procura de vagas para a Educação Infantil na cidade e as creches não conseguirem atender às demandas.

Com o apoio da Secretaria Municipal de Educação, a maioria das Instituições da cidade teve que aumentar suas dependências, a fim de acolher o gradativo número de crianças que aguardavam vagas e, mesmo com esse feito, não era possível atender a todos, pois a cada dia a procura de vagas era maior.

O tipo de construção pelo qual a cidade optou foi a denominada “B”. De acordo com o FNDE, o Projeto Padrão Tipo “B”, desenvolvido para o Programa PROINFÂNCIA, tem capacidade de atendimento de até 224 crianças, em dois turnos (matutino e vespertino), e 112 crianças, em período integral.

As escolas de Educação Infantil são destinadas a crianças na faixa etária de 0 a 5 anos e 11 meses, distribuídos da seguinte forma: Creche - para crianças de 0 até 4 anos de idade, onde o FNDE discrimina: Creche I – 0 até 18 meses; Creche II – 18 meses até 3 anos; Creche III – 3 anos até 4 anos e Pré-escola – para crianças de 4 até 5 anos e 11 meses.

No caso da EMEI pesquisada, não foram introduzidas salas de pré-escola, pois havia duas escolas de Ensino Fundamental localizadas bem próximas, que atendiam às respectivas salas.

A estrutura física da instituição e o partido arquitetônico adotado (Tipo B) foram baseados nas necessidades de desenvolvimento da criança, tanto no aspecto físico, psicológico, como no intelectual e social. Atualmente, a EMEI investigada atende a 320 crianças, as quais não residem apenas nos bairros próximos onde está localizada (como no início em sua inauguração), mas são crianças residentes nos diversos bairros da cidade. Por sua localização ser um pouco afastada, as crianças dos bairros longínquos utilizam veículo ou transporte contratado pelas famílias.

De acordo com o Projeto Político-Pedagógico (P.P.P.) da Instituição, os pais e responsáveis das crianças que frequentam a EMEI pertencem a todas as classes sociais, predominando a classe média, e possuem algo em comum: em geral, são pessoas que buscam uma educação de qualidade.

De modo geral, são pessoas que dão valor a outras habilidades, além das cognitivas, procurando uma educação crítica e significativa voltada para a formação da criança, que cultive valores baseados na solidariedade e no bem coletivo. Desejam que seus filhos possam vivenciar um aprendizado sem sofrimento e sem imposição ideológica, o qual propicie a cada aluno a descoberta de seus potenciais (PPP DA INSTITUIÇÃO).

O horário de funcionamento ocorre em período integral, iniciando-se às 7h e findando às 18h. As crianças são divididas por turmas, conforme a faixa etária. As turmas são separadas por agrupamentos definidos por idade e nomeadas de: Berçário I e II, para crianças de 4 meses a 2 anos, e Maternal I e II, para crianças de 2 a 3 anos. São 8 turmas de Berçário I, 5 turmas de Berçário II, 7 turmas de Maternal I e 5 turmas de Maternal II. Para melhor compreensão das turmas, segue um quadro com sua distribuição.

Quadro 6- Distribuição das turmas por faixa etária

FAIXA ETÁRIA TURMA TURNO

DE 4 MESES A 10 MESES BERÇÁRIO I

A, B, C, D

INTEGRAL DE 11 MESES A 1 ANO E 6 MESES BERÇÁRIO I

F, G, H

INTEGRAL DE 1 ANO E SETE MESES A 2 ANOS BERÇÁRIO II

A, B

INTEGRAL DE 2 ANOS A 2 ANOS E 6 MESES BERÇÁRIO II

C, D, F

INTEGRAL DE 2 ANOS E SETE MESES A 3

ANOS

MATERNAL I A, B, C, D, E, F, G

INTEGRAL DE 3 ANOS A 3 ANOS E 11 MESES MATERNAL II

A, B, C, D, E

INTEGRAL Fonte: Projeto Político-Pedagógico da Instituição