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4. LEGISLAÇÃO AMBIENTAL E OS RECURSOS NATURAIS

4.5. Os Recursos naturais

4.5.2. Solos

4.5.2.1. Indicadores de qualidade do Solo

4.5.2.1.2. Atributos químicos dos solos

O estudo dos atributos químicos dos solos é imprescindível para que se possa saber como está o nível de fornecimento dos nutrientes essenciais ao crescimento e desenvolvimento das espécies vegetais cultivadas.

Aproximadamente 70% dos solos cultivados no Brasil apresentam algum tipo de limitação séria de produção, e, muitas vezes, há confusão entre solos férteis com solos produtivos. Como diferenciá-los? Um Solo fértil é aquele que contém todos os nutrientes em quantidades suficientes e balanceadas em formas assimiláveis; possui boas características físicas, microbiológicas e livre de elementos tóxicos. Entretanto, é importante destacar que um solo fértil não é necessariamente produtivo, mas todo solo produtivo é um solo fértil, pois há outros fatores que contribuem diretamente para que se alcance uma boa produtividade, tais como: umidade, níveis de infestação de insetos e/ou doenças, entre outros. Enquanto que um solo produtivo é um solo fértil, situado em regiões com condições favoráveis de clima, declividade, pedregosidade, compactação, entre outras (CAMARGOS, 2005).

Vários são os atributos químicos dos solos imprescindíveis para avaliar seu nível de fertilidade entre eles destacam-se: potencial hidrogeniônico (pH), alumínio (Al), cálcio (Ca),

magnésio (Mg), hidrogênio (H), fósforo (P), potássio (K), carbono (C), matéria orgânica (MO), soma de bases (S), capacidade de troca catiônica (CTC)48, saturação por bases (V = 100.S/T)49, saturação por alumínio [m = 100.Al/(S + Al)]. Van Raij (1991), recomenda o uso de classes de fertilidade do solo para se conhecer como está as condições químicas deste recurso natural (Tabela 5), cujo valor variará em conformidade com cada espécie cultivada.

Tabela 5. Classes de fertilidade do solo.

Onde: P - Fósforo (mg dm-3); Al - Alumínio (mmol dm-3); K - Potássio (mmol dm-3); Ca – Cálcio (Cmol dm3); Mg - Magnésio (Cmol dm-3); V% - Saturação por bases (%) e M.O - Matéria

Orgânica (g dm-3).

Fonte: Van Raij (1991).

pH do solo

O emprego do pH é importante, pois seus níveis estão relacionados diretamente à degradação dos solos, tendo em vista que afeta a população microbiana, a disponibilidade de nutriente às plantas, bem como a decomposição de matéria orgânica. A presença de matéria orgânica melhora a estabilidade de agregados e diminui a compactação do solo, pois, permite maior permeabilidade do solo, como também aumenta a CTC, amplia a atividade biológica e a disponibilidade de nutrientes para as plantas.

Saturação por bases

Entre os atributos, destaca-se a saturação por bases, que representa a soma das bases trocáveis (Ca, Mg, K e Na ), porque representa as bases trocáveis em porcentagem de capacidade de troca de cátions no solo, considerado indicador químico do solo importante, pois, congrega os resultados químicos decorrentes das bases trocáveis e os íons H+ e Al+3

48 CTC representa a soma total de cátions trocáveis (cálcio, magnésio e potássio) pode absorver a um pH

especifico (CURI, 1993).

49 S = ∑ [Ca2+ + Mg2+ + K+ + Na+]; T = ∑ [Ca2+ + Mg2+ + K+ + (Na+) + Al3+]

Classes P Al3+ K+ Ca2+ Mg2+ pH V M.O

Muito baixo 0 – 2 0 5 0,0– 0,7 - - até 4,3 0 – 25 - Baixo 3 – 5 6 -12 0,8 – 1,5 0 – 3 0 – 4 4,4-5,0 26 -50 < 15 Médio 6– 10 13 – 30 1,6-3,0 4 -7 5 -8 5,1-5,5 51 -70 15–25 Alto 10–20 31 – 60 3,1-6,0 > 7 > 8 5,6-6,0 71 -90 > 25 Muito alto > 20 > 60 > 6,0 - - > 6,0 > 90 -

(LOPES e GUILHERME, 1992). Para Ronquim (2010, p, 13), “[...] o critério mais seguro para recomendar a dose de calcário é aquele em que se procura elevar a percentagem de saturação por bases (V%) a um valor adequado para a cultura dos solos tropicais.”

No processo de classificação dos solos, a saturação por bases é o parâmetro utilizado para identificar se o solo é fértil ou eutrófico (V > 50%), ou se o solo apresenta baixa fertilidade ou distrófico (V < 50%) (LOPES e GUILHERME, 1992; IBGE, 2007; RONQUIM, 2010).

Capacidade de troca de cátions

Onde o valor T significa a Capacidade de Troca de Cátions (CTC), potencial do solo a pH, 7,0, ou seja, define a quantidade de cátions que são adsorvidos a pH 7,050. De acordo com Lopes e Guilherme (1992), na correção do solo, é o nível da CTC que deve ser atingido, caso a calagem deste solo for realizada para elevar o pH a 7,0. Dessa forma, ocorreria a máxima liberação de cargas negativas a pH 7,0 para serem ocupadas pelos cátions. Se a maior parte da CTC do solo estiver ocupada por cátions essenciais (Ca2+, Mg2+ e K+), pode-se dizer

que esse é um solo bom para a nutrição das plantas (RONQUIM, 2010). Entretanto, a CTC efetiva do solo é diferente da CTC do solo a pH 7,0, tendo em vista que a CTC efetiva inclui o hidrogênio (H+), muito fortemente ligado ao oxigênio nos radicais orgânicos e sesquióxidos de alumínio e ferro.

Para avaliação dos principais atributos químicos dos solos, para fins de avaliação da fertilidade, pode-se utilizar o empregado no Estado de Minas Gerais (LOPES e GUILHERME, 1992). Entre eles encontra-se a Saturação por Bases (V%), para identificação de solos férteis (Quadro 3).

Matéria orgânica

A matéria orgânica tem sido sugerida como atributo chave da qualidade do solo tendo em vista sua sensibilidade às modificações provocadas pelos diferentes manejos dos solos, ser fonte primária de nutrientes às plantas, influencia a infiltração da água nos solos, retenção de água, susceptibilidade à erosão (DORAN e PARKIN, 1994; MIELNICZUK, 1999;

50 Adsorção é o processo pelo qual ânions e cátions são retidos na superfície dos coloides dos solos por

CONCEIÇÃO, et al., 2005). Ela ainda atua sobre vários outros atributos como porosidade do solo, RMSP, ciclagem de nutrientes, complexidade de elementos tóxicos e estruturação do solo (CONCEIÇÃO et al., 2005).

Quadro 3. Classes de saturação por bases para identificação da fertilidade do solo.

Muito Baixo Baixo Médio Bom Muito Bom

< 20% ≥ 20% e < 40% ≥ 40% e < 60% ≥ 60% e < 80% ≥ 80% Fonte: Lopes e Guilherme (1992).

Conforme Ronquim (2010), o húmus, produto final da transformação da matéria orgânica, trará mais benefícios, uma vez que aumenta a CTC, proporciona maior retenção de umidade e mineralização mais lenta, ou seja, a liberação dos nutrientes para as plantas é realizada gradualmente. Entre os diversos tipos de substâncias orgânicas, somente o húmus consegue influir nas propriedades químicas do solo.

As atividades agropecuárias manejadas inadequadamente podem contribuir para a diminuição do estoque de matéria orgânica do solo, tanto em área tropicais como subtropicais (BAYER e MIELNICZUK, 1999; FREIXO et al., 2002). De acordo com MIELNICZUK et al. (2003), a manutenção da produção agrícola ao longo dos tempos depende da matéria orgânica que é fundamental para a sustentabilidade dos sistemas de produção agrícola. Segundo Galvão et al. (2005), produtividade das atividades agropecuárias, geridas pela agricultura familiar, requer solos que haja boa mineralização da matéria orgânica, para que haja liberação de nutrientes orgânicos indispensáveis às culturas. No entanto, esse material imprescindível, normalmente é carreado pelas águas da chuva, por intermédio do processo erosivo dos solos, provocando perda expressiva da matéria orgânica. De acordo com Franzluebbers (2002), a matéria orgânica consiste em um bom indicador da qualidade do solo, em virtude dos processos físicos, químicos e biológicos que ocorrem no solo estarem relacionados diretamente com esse atributo. Além do mais, a matéria orgânica é eficiente no monitoramento temporal das mudanças da qualidade do solo.