• Nenhum resultado encontrado

A partir da experiência profissional no Hospital Regional Deoclécio Marques de Lucena (HRDML) no município de Parnamirim, Região Metropolitana de Natal (LIMA, 2011).

(RMN) e da observação das condições de saúde das (os) profissionais de Serviço Social no referido hospital e interrogando acerca das reflexões que culminaram na elaboração dos Parâmetros de atuação de assistentes sociais na Política de saúde.

Diante desta inquietação, nos propusemos desvelar e aprofundar conhecimentos sobre as atribuições profissionais, espaço sócio-ocupacional, condições de trabalho e o processo saúde-doença das (os) assistentes sociais que atuam nas unidades hospitalares públicas de saúde da RMN, da qual sou partícipe como servidora pública na Secretaria de Estado da Saúde Pública (SESAP) do RN.

A experiência do trabalho no ambiente hospitalar50 permitiu observar que os profissionais de saúde são submetidos a um processo de adoecimento ocasionado pelo desgaste físico e mental gerado pela sobrecarga de trabalho presente nas rotinas dos plantões51. No cotidiano da vida hospitalar identificamos profissionais com depressão, problemas de pressão alta, muitas vezes ocasionados por tensões presentes no cotidiano e até mesmo pela rotina de vida que não possibilita atividades físicas que poderiam propiciar uma melhor qualidade de vida e de saúde para trabalhadores que atuam junto ao processo saúde-doença dos usuários do SUS na sua intervenção profissional.

A observação realizada no espaço sócio-ocupacional nos hospitais permitiram o acesso a relatos de contaminação em ambientes de trabalho, sobre a insegurança no atendimento e insatisfações dos usuários para com os serviços prestados, responsabilizando o Serviço Social pela ineficiência do Estado nas ‘soluções’ das queixas e demandas apresentadas na imediaticidade.

Tal situação mostra as dificuldades interrelacionais com os demandados no cotidiano profissional, os quais requisitam a mediação junto a outros profissionais, principalmente médicos, a fim de efetivar o comparecimento ao consultório para atendimento e assistência aos pacientes dentre outros aspectos/conflitos. Solicitações que não dependem exclusivamente do contato do profissional de Serviço Social.

Para tanto, segundo Guerra (2009) destaca-se a necessidade da

50 Experiência profissional no HRDML, no Hospital Estadual Dr. Ruy Pereira dos Santos, Pronto

Socorro Clóvis Sarinho e no Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel.

51 O artigo 21 da Lei complementar nº. 333, de 29 de junho e 2006, institui a jornada de trabalho de

doze horas diárias completas em regime de plantão, para os servidores ocupantes dos cargos do Grupo Ocupacional Saúde Pública, da Secretaria de Estado da Saúde Pública, que desenvolvam suas atividades funcionais em unidades de saúde que funcionem em regime de vinte e quatro horas ininterruptas de trabalho. (RN, 2006b).

compreensão do significado social e histórico da profissão, de suas determinações constitutivas e de seu papel na contemporaneidade. Reconhecer que a lógica do sistema capitalista exigem respostas imediatas, emergencialmente, permeadas dos antagonismos presentes nas contradições do sistema capitalista no mundo do trabalho. Portanto, é fundamental identificar a contradição. Exige a adoção de um referencial teórico-metodológico que ultrapasse a imediaticidade da vida cotidiana, a aparência e as fragmentações da realidade social em que atua.

Assim, destacamos a importância do conhecimento do trabalho e as condições desse trabalho,52 sabendo que esse, na saúde, se materializa através da flexibilização, precarização com admissão do Serviço Social como especialização do trabalho coletivo, e sua prática de atuação se dá na concretização de um processo de trabalho no enfrentamento às inúmeras expressões da questão social.

Diante do exposto, questionam-se os fatores determinantes que podem implicar ou contribuir para o sofrimento no/do trabalho. Analisando numa perspectiva de construção social do adoecimento aos profissionais de Serviço Social, a partir do processo de trabalho desenvolvido nos serviços públicos de saúde, sabendo que não é específico desta profissão, mas que possui particularidades, as quais se destacam correlacionadas às atribuições e funções no exercício profissional nesses espaços sócio-ocupacionais. Os desmontes dos direitos sociais visualizados nas expressões da questão social a favor da ‘flexibilização’ da relações trabalhistas, revelam desigualdades e/ou explorações inseridas no trabalho a partir das transformações no mundo do trabalho nos serviços de saúde.

Assim, encontra-se novo desafio aos assistentes sociais, segundo Fávero (2009) de saber como trabalhar nos serviços de saúde comprometido com o projeto profissional, cuja defesa se pauta na bandeira da justiça social equitativa diante do autoritarismo, do desrespeito aos direitos, da má vontade, da banalização da vida humana e da violência conjuntural e estrutural na saúde pública brasileira.

As respostas necessitam ser buscadas e construídas a partir dos espaços políticos, profissional e institucional de trabalho, sistematizando metodologias de

52 Condições de trabalho representadas pelo conjunto de fatores - exigências, organização,

execução, remuneração e ambiente do trabalho – capaz de determinar a conduta do trabalhador. A isso, o indivíduo responde com a execução de uma atividade ou conduta passível de ser analisada sob diferentes aspectos: perceptivos, motores e cognitivos. Satisfação, conforto, carga de trabalho, fadiga, estresse, doenças e acidentes são as consequências dessa resposta individual sobre o estado físico, mental e psicológico do trabalhador. As condições de trabalho marcam o corpo do

intervenção concretas sobre a realidade, mesmo diante de espaços sócioocupacionais vinculados a instituições que primam pelo apego a ritos, normas fixas e burocracias, mas caminhando em direção à ruptura das ações conservadoras, estabelecendo uma relação com a profissão tendo presente que quem produz a prática são os sujeitos sociais dela participantes cujos legitimadores são exatamente os usuários e não os mandantes e /ou contratantes da prática profissional.