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A (o) assistente social é a (o) profissional liberal que atua em vários campos do saber, áreas e políticas setoriais, dentre as quais: assistência social, educação, previdência, sócio-jurídico, criança e adolescente, questão agrária, recursos humanos, empresas, ONG’s, sindicatos, conselhos de políticas setoriais, movimentos sociais e saúde dentre outros.

Para desvendar o perfil socioeconômico das (os) assistentes sociais, buscaram-se dados quantitativos e subjetivos desses profissionais que atuam nas unidades hospitalares da RMN, os quais totalizavam em 2010, 126 (cento e vinte e seis) profissionais distribuídos conforme o quadro 3.

Quadro 3 – Número de assistentes sociais nos hospitais da SESAP na RMN

Unidade hospitalar – Rede Estadual profissionais Total de Hospital Doutor José Pedro Bezerra – Santa Catarina (Pronto-Socorro

e maternidade) 17

Hospital Central Coronel Pedro Germano – da Polícia Militar

(maternidade e pediátrico) 08

Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel (urgências e emergências) 35 Hospital Giselda Trigueiro (doenças infecto contagiosas) 15 Hospital Deoclécio Marques de Lucena (referência em traumato-

ortopedia) 17

Hospital João Machado (psiquiatria) 13

Hospital Materno Maria Alice Fernandes (maternidade e pediátrico) 14 Hospital Regional Alfredo Mesquita Filho (Macaíba/RN) 03 Hospital Estadual Dr. Ruy Pereira dos Santos (Programa de Atenção

aos Diabéticos (PRAD) – alta complexidade). (SESAP, 2011). 04

TOTAL 126

Fonte: RN (2011b)

trabalhador, pois as condições, a organização do trabalho e o tipo de tecnologia modelam os trabalhadores, impondo uma representação diferente de um grupo a outro. (ABEN, 2006).

Apresentam-se a seguir, informações que caracterizam o perfil socioeconômico, através de dados (primários) coletados junto a 66 (sessenta e seis) profissionais, no tocante à faixa etária (idade), sexo, estado civil (situação conjugal), número de filhos, religião, etnia, orientação sexual e lazer.

No que se refere à faixa etária das (os) profissionais, 36,9% possuem idade entre 41 a 50 anos, 35,4% com mais de 50 anos, 16,9% entre 31 e 40 anos e 10,8% na faixa etária entre 21 e 30 anos de idade, correspondendo as quantidades do gráfico 1. Essa informação mostra que houve um acréscimo no grupo da faixa etária entre 41 e 59 anos, se compararmos com os dados do perfil profissional elaborado pelo CFESS em 2004.

Gráfico 1 – Faixa etária dos assistentes sociais na RMN

Fonte: Câmara (2012).

Confirmou-se ainda, a tendência histórica da profissão com a predominância do sexo feminino entre a categoria das (os) assistentes sociais, onde na RMN se conta, entre os sujeitos partícipes da pesquisa, com apenas com 1,5% assistentes sociais do gênero masculino e 98,5% do feminino como mostra o gráfico 2.

Gráfico 2 – Gênero/Sexo dos assistentes sociais na RMN

Fonte: Câmara (2012). 7 11 24 23 0 5 10 15 20 25 30 de 21 a 30

anos de 31 a 40 anos de 41 a 50 anos mais de 50 anos

IDADE 0 10 20 30 40 50 60 70 Sexo Masculino Feminino

Sobre a situação conjugal das (os) assistentes sociais, revelou-se que 53% são casadas (os), 30,3% solteiras (os), 12,1% separadas (os) /divorciadas (os) e 4,5% com companheiro (a).

Essa informação pode revelar que provavelmente são profissionais que possuem outras jornadas no âmbito particular. Possuindo famílias, onde a maioria, 49,2% tem de um a dois filhos, 38,5% nenhum filho e 12,3% possuem de três a quatro filhos.

Sobre a opção religiosa, 57,6% são da religião católica, 24,2% são protestante/evangélica, 12,1% espírita, e 4,5 não seguem nenhuma religião. Dentre essas religiões verificamos que 72,7% são praticantes e 24,2% afirmaram não serem praticantes da sua religião. Demonstrando assim, que continua existindo a diversidade religiosa entre as (os) profissionais conforme tendência da população brasileira, onde a religião católica, ainda se mantém majoritária segundo censo do IBGE de 2010.

Observa-se a estreita vinculação religiosa na intervenção profissional, haja vista a prática da caridade na gênese do Serviço Social. Não se pode entender que existe uma neutralidade do trabalhador que enquanto ser humano, com seus valores e princípios éticos e morais envida em sua intervenção profissional o reconhecimento dos usuários e colegas e trabalho ações voltadas para os parâmetros da Política nacional de humanização frente às condições de saúde dos demandantes dos serviços no cotidiano profissional enquanto partícipe do processo socioeconômico.

Sobre a pertença étnico-racial, 53,1% se identificam com a cor branca, 43,8% parda, e 3,1% negra. Portanto, esse índice mostra uma mudança no perfil étnico, onde aumentaram-se os profissionais de cor parda e diminuíram-se os de cor negra, gráfico 3, retratando a mudança com relação aos índices apresentados no perfil de 2004.

Gráfico 3 – Pertença étnico-racial dos assistentes sociais na RMN

Fonte: Câmara (2012).

O perfil profissional da (o) assistente social mostra a especificidade do sujeito, com características que o definem enquanto ser humano partícipe da sociedade brasileira sujeita às mudanças sociais e demográficas no Brasil. O Censo 2010 do IBGE,

registrou modificações nas características gerais da população, como, por exemplo, a aceleração do processo de envelhecimento populacional, redução na taxa de fecundidade e a reestruturação da pirâmide etária. A investigação sobre cor ou raça revelou que mais da metade da população declarou-se parda ou preta. (IBGE, 2010).

Assim, depreendemos a necessidade do estudo sobre o perfil profissional de assistentes sociais relacionado a formação da sociedade brasileira, observando a historicidade da formação sócio-histórica e política desta, com reconhecimento e consciência político-econômica da classe trabalhadora para delimitação característica desta categoria profissional também assalariada.

Sobre a orientação sexual, 95,3% afirmaram ser heterossexual, 1,6% homossexual, 1,6% bissexual e 1,4% não responderam. Demonstrando a predominância do relacionamento heterossexual na categoria profissional.

Perguntamos ainda, se na vida das (os) assistentes sociais havia tempo para lazer no dia-a-dia, 93,8% das (os) assistentes sociais informaram que sim e 6,2% responderam não possuir lazer em sua rotina de vida. Depreende-se assim, que o lazer é essencial aos seres humanos dando significado à vida de qualquer sujeito.

Dentre as principais atividades de lazer praticadas destacam-se: caminhadas, viagens, atividades religiosas, jantar fora, ir a barzinho e restaurantes, pedalar, uso da internet, ir a shows e teatros esporadicamente, tocar violão, ir à

34 28 4 Branca parda negra

academia e assistir a jogos de futebol. Tais atividades na rotina destes profissionais possuem papel fundamental no processo saúde-doença, uma vez que uma vida sem lazer, certamente ocasionaria problemas de saúde advindos dos desgastes físicos e emocionais devido ao estresse do dia a dia.

Obtivemos ainda, indicadores sobre as relações de trabalho, observando aspectos sobre a renda familiar e/ou Rendimento único (em salários mínimos), quantidade de vínculo empregatício, tempo de trabalho no serviço público na área de saúde, turno de trabalho no serviço público, carga horária semanal de trabalho, o exercício profissional em função de chefia/coordenação/gerência e formação/capacitação profissional a título de educação permanente, especializações delimitando os tipos das especializações e participações em capacitações.

Sobre a Renda familiar, 44,6% recebem de 7 a 9 S/M, 26,2% recebem acima de 10 S/M, 21,5% recebem de 4 a 6 S/M e 7,7% percebem até 3 S/M, conforme gráfico 4 quantifica.

Gráfico 4 – Renda familiar da (o) assistente social na RMN

5 14 29 17 0 5 10 15 20 25 30 35 Até 3 S/M De 4 a 6 S/M De 7 a 9 S/M Acima de 10 S/M Renda Familiar Fonte: Câmara (2012).

Assim, quanto ao rendimento familiar podemos correlacionar a predominância dos que percebem de 7 (sete) a 9 (nove) salários mínimos (S/M)53 com o tempo de serviço e vínculos empregatícios. Sendo estes 66,7% profissionais que possuem apenas um vínculo empregatício, 28,8% possuem dois vínculos e 4,5% informaram não possuir nenhum vínculo empregatício54. 64,6% informaram

estar atuando no serviço público de saúde a mais de 16 anos, 26,2% estão a menos de 5 anos, 4,6% de 11 a 15 anos e 4,6% de 5 a 10 anos. Este fato mostra um índice

53 De acordo com o decreto nº. 7.655 de 23 de dezembro de 2011, o valor do Salário Mínimo no

Brasil no ano de 2012 é de R$ 622,00.

de previsão para futuras aposentadorias necessitando a pasta do governo se preparar para novos provimentos de vagas a fim da manutenção dos campos de trabalho para o Serviço Social nas unidades hospitalares da rede estadual.

Quanto à carga horária de intervenção profissional em regime de plantão55,

65,6% atuam com 40horas/semanais executadas através de plantões de 12h ou 24horas totalizando no mês a 144h devido ao plano de cargos, carreiras e salários da SESAP. Seguido de 18% com carga de 60horas/semanal e 16,4% com 30horas semanais com destaque para unidade que disponibiliza o serviço social apenas durante o turno diurno.

Fora informado ainda, que 66,7% trabalham em duas unidades de serviço, e 33,3% em mais de três unidades de serviço. Com predominância de 61,5% atuando no turno de trabalho num regime de plantão com escalas de 24horas, 35,4% no turno diurno e 3,1% no noturno. Os plantões de 24h favorecerem aos profissionais que possuem outro vínculo de trabalho, necessitando de horário para execução de serviços em outras instituições.

Ressalta-se que os plantões de 24horas ininterruptos e os noturnos podem gerar interferências no processo saúde-doença, uma vez que os profissionais se submentem a esse tipo de jornada de trabalho recebem apenas como compensação adicional noturno56, subsídio financeiro que complementa a renda familiar como se fosse rendimento fixo.

Com relação à função de chefia, coordenação, gerência no exercício profissional nas unidades hospitalares da RMN, 81,5% não exercem ou exerceram tais funções, enquanto que 18,5% assumem a função de chefia e/ou coordenação de setor/divisão de Serviço Social na atual conjuntura. Ressalta-se que as atribuições profissionais destes serão estudadas posteriormente no eixo de atuação profissional privativa das (os) assistentes sociais.

plantões a serem executados nas unidades hospitalares. Portanto, sem nenhuma garantia trabalhista.

55 Conforme jornada de trabalho instituída na Lei Complementar nº. 333 de 29 de junho de 2006 (RN,

2006b). Essa a nosso ver já necessita de alterações haja vista a realidade na qual se encontra o serviço público de saúde no RN. A jornada especial de trabalho na saúde do RN é um regime de trabalho em que o serviço é prestado durante 12horas e/ou 24horas ininterruptamente, de acordo com o regime adotado de trabalho. O exercício profissional da (o) assistente social através de escala de plantão nas unidades de saúde através de atividades realizadas com os usuários, familiares, acompanhantes e outros profissionais que demandam sua intervenção na prestação de orientações diversas (previdenciária, documentação, realização de exames, aconselhamento dentre outras), encaminhamentos internos e externos e esclarecimentos quanto as normas internas e burocracias à efetivação do direito à saúde.

Para atualização profissional/formação permanente, 46% das (os) assistentes sociais tem feito especializações, 47% em cursos de curta duração, assim como participação em eventos, e 7% fizeram ou estão concluindo mestrado acadêmico. Esse menor percentual de formação permanente/titulação pode ser analisado junto a não valorização no atual Plano de Cargos, Carreiras e Salários da Saúde (PCCS) no RN57 que não estimula maior qualificação profissional no serviço de saúde.

Apenas 33,3% participam de capacitações coletivas envolvendo a participação de todas as (os) profissionais, enquanto que 66,7% não participam de capacitações, em que todas (os) tenham o privilegio de se fazerem presentes, desmotivando as (os) profissionais, pois são realizados rodízios para as capacitações.

No tocante às informações sobre a utilização dos instrumentais de trabalho e legislação específica da profissão que norteiam a intervenção na área da saúde, destaca-se a percepção das (os) profissionais que compreendem a linguagem como um instrumental de garantia/efetivação do direito dos usuários demandantes dos serviços de saúde, onde essa pesquisa mostra que 78,9% das (os) assistentes sociais consideram o uso da linguagem como instrumento de trabalho necessário que viabiliza a intervenção profissional podendo assegurar a efetivação dos direitos relativos à saúde dos usuários e dos próprios trabalhadores. Entretanto, 21,1% destacaram que somente o uso desse instrumental não permite a mediação necessária às respostas das demandas postas no cotidiano profissional, devido a relativa autonomia dos assistentes sociais nos serviços de saúde dentre outros interesses fundamentados na acumulação do capital.

Os dados apontados buscaram caracterizar o perfil profissional de assistentes sociais na RMN, sujeitos participantes neste estudo, assim como informações pertinentes às relações de trabalho e fatores da qualificação profissional desses trabalhadores.

dos trabalhadores do período noturno um acréscimo no valor total do salário que se deve perceber.