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2 O PROJETO DE EDUCAÇÃO MUSICAL DA UFC

5.1 APRESENTAÇÃO DOS DADOS COLETADOS POR ATIVIDADES REALIZADAS

5.1.5 Auto-Avaliação e Avaliação da disciplina Violão II

A Avaliação Progressiva III foi uma Auto-avaliação realizada pelos próprios discentes, baseada na premissa que os estudantes possuem inteligência equivalente a do professor (RANCIÈRE, 2015). Nos pareceu, após todo o investimento no desenvolvimento da autonomia dos estudantes durante o semestre, que o instrumento da autoavaliação seria mais coerente e que este reforçaria a necessidade desta mesma autonomia de maneira a colocar os estudantes como protagonistas da própria formação. Buscamos ainda com essa estratégia verificar, a partir da perspectiva dos estudantes, como ocorreu o desenvolvimento da disciplina.

“Prezada(o) Estudante,

Nossa Avaliação Progressiva III consistirá em uma auto-avaliação [nota de rodapé 1]. Com este recurso, esperamos compreender se os objetivos da disciplina foram alcançados a partir do critério mais rígido de todos: o critério do próprio estudante.

- Descreva como e o quê você aprendeu na disciplina de Prática Instrumental Violão II 2016.2.

- Justifique e atribua-se uma nota[nota de rodapé 2] entre 0 e 10. Este valor será sua nota da APIII.”

Nota de rodapé 1: Como acordado no início do semestre, as informações deste documento poderão ser utilizadas na Pesquisa de Doutorado sobre Aprendizagem Compartilhada. O anonimato do estudante será preservado.

Nota de rodapé 2: Conforme o Regimento da UFC, disponível em www.ufc.br"

Algumas respostas configuraram-se como análises sobre a aprendizagem compartilhada durante o semestre.

No decorrer desse semestre nós tivemos contato com a aprendizagem compartilhada e acredito que de uma maneira geral a turma toda gostou e se adaptou bem pois a metodologia deixa todos bem à vontade para compartilhar seus saberes tanto quanto para tirar dúvidas, a aprendizagem compartilhada mostra que de uma maneira ou de outra, tanto aluno quanto professor são aprendizes. As duplas que vínhamos formando em sala me auxiliaram muito com as pequenas dúvidas, principalmente no repertório de acompanhamento, já no repertório coletivo com a divisão das vozes a turma se mistura um pouco mais, particularmente o medo e/ou a vergonha de não saber algo diminuiu, até mesmo o temor da avaliação diminuiu. Resumindo um pouco eu aprendi a ler algumas escalas maiores e menores, ligados ascendentes e descendentes, repertório de acompanhamento e coletivo e, principalmente as inversões, onde eu tive mais dificuldades. Como eu aprendi? Aprendi não tendo medo de não saber. (Estudante 05- 30jan17)

No decorrer do semestre o professor realizou atividades de aprendizagem compartilhada, como exemplo, uma das avaliações parciais. Eu fiz a avaliação junto com um de meus colegas. O primeiro desafio que eu encontrei foi que por eu ser iniciante e ele um avançado, eu tinha medo e timidez por não saber de algumas coisas. Porém eu criei coragem e fazia o que eu sabia e o que eu não sabia ele me ensinava numa boa. Depois descobri que ele tinha dificuldade que eu não tinha e também ajudei ele. Foi uma atividade muito boa. (Estudante 31 - 30jan17)

Foi comum, como era de se esperar, a descrição mais simples e direta dos conteúdos abordados em resposta à pergunta “O que aprendeu”.

Na disciplina de prática instrumental II os estudos foram baseados na técnica, nos acordes, na cadência e no repertório de acompanhamento. Durante o estudo de técnica foram trabalhados os arpejos do 1 ao 12, as escalas maiores, escalas menores naturais e melódicas, assim como os ligados ascendentes e descendentes. No estudo dos acordes, foram trabalhados os acordes X7M, X7, Xm7, Xm7(b5) e Xº e as inversões na III (1ª inversão), V (2ª inversão) e VII (3ª inversão). Foi trabalhado também as cadências, utilizando os acordes estudados e aplicados nas músicas do repertório. Já no repertório de acompanhamento, foram trabalhadas as músicas ’Tô’ de Tom Zé, além de ‘De mais ninguém’, ‘Cajueiro Velho’, ’Trem das Onze’, ‘O samba da minha terra’, ‘Maracangalha’ e ’Não deixe o samba morrer’. Todos os trabalhos foram executados de forma dinâmica e priorizando a aprendizagem de todos, inclusive com atividades em duplas e em grupos. Em relação a auto- avaliação, posso afirmar que, a parte teórica foi satisfatória, porém, preciso me dedicar mais na execução. Portanto, visando uma evolução, considero uma nota 9,0 como justa. (Estudante 04 - 30jan17)

Um estudante demonstrou dificuldades em atribuir uma nota a si mesmo.

Professor, queria só agradecer pelo aprendizado e destacar já que sou repetente nessa disciplina, vou deixar para você, Professor, dizer minha nota pelo que você viu meu rendimento, participação em sala. Eu quero ir para o violão III. Obrigado. (Estudante 03 - 30jan17)

Expliquei ao estudante que não poderia atribuir nenhuma nota em uma auto- avaliação, a não ser que fosse uma avaliação minha. Ele retornou com a folha e atribuiu a sua própria nota.

Alguns estudantes fizeram uma descrição geral da disciplina ressaltando a contribuição desta para a sua própria formação.

A disciplina de violão II, assim como a de violão I, foi como um divisor de águas no meu jeito de tocar. Mesmo tocando violão há mais de 10 anos, sendo autodidata, ter uma orientação para organizar os estudos no instrumento é algo sensacional, além do fato de adquirir uma metodologia de ensino, o que me torna muito mais capacitado para lecionar. As aulas expositivas, o material de apoio, a metodologia, o acompanhamento do professor e as dinâmicas em grupo fazem a disciplina de violão II ser bastante proveitosa, sendo também essencial para o aprendizado de outras matérias de outras disciplinas. (Estudante 13 - 30jan17)

A melhor surpresa positiva se deu na avaliação em dupla, de forma compartilhada eu e meu colega conseguimos nos sair muito bem através da ajuda mútua, foi genial! (…) Sentimos então que a prática instrumental nunca esteve tão harmoniosa com a sensação de coletividade. Vejo quanto tive um progresso positivo em minha prática instrumental fora da universidade, tanto em aspectos técnicos referente ao violão como valores de vida como a ajuda mútua e a coletividade. (Estudante 15 - 30jan17) É claro que nem tudo eu consegui absorver porque se trata de um processo e tudo parece estar clareando na minha cabeça. No primeiro semestre eu pensei que não conseguiria porque passei com dificuldade, mas com a metodologia do professor, eu melhorei e muito, tanto que eu consigo ajudar meus colegas a entender o que antes era impossível na minha cabeça. Como disse não fui excepcional, tive minhas dificuldades, não estou com a velocidade ideal, tão pouco sou a melhor da sala, sou uma aluna normal mas com um diferencial: dessa vez eu sei o potencial que tenho e quero atingir perfeição no próximo semestre. (Estudante 28 - 30jan17)

Também ocorreram avaliações da ação do Professor.

Foram muitos conteúdos trabalhados de maneira mais didática do que das primeiras aulas que tive com o mesmo professor anos atrás e embora esteja ciente de que isso não se trata de uma avaliação do docente, me sinto na obrigação de dizer que o professor ouviu seus alunos e seu trabalho cresceu muito com isso. (Estudante 02 - 30jan17)

Para mim o aprendizado mais importante foi na relação aluno/professor. Defendo sempre que o professor tem que ser ‘amigo’ do estudante; ele precisa ganhar o estudante para poder incentivá-lo em seus estudos. Além, de claro, ter o conhecimento e saber repassá-lo bem. Mais uma vez sou surpreendido, como na APII, com um método de avaliação fora do tradicional. E isso só aumenta minha admiração com sua metodologia de ensino. (…) Reforço ainda que, dentre toda minha vida acadêmica, se lembrar que minha primeira faculdade eu concluí em 2003, nunca encontrei melhor metodologia de ensino, onde o professor é extremamente aberto para ouvir e compartilhar com os alunos os objetivos da disciplina. (Estudante 06 - 30jan17)

A didática do professor dessa vez contribuiu bastante (Estudante 12 - 30jan17), [comparando com a mesma disciplina no ano anterior, quando o referido estudante reprovou na primeira vez].