• Nenhum resultado encontrado

Avaliação do Minicurso conforme dados sistematizados nos questionários

5 UMA PROPOSTA DE MINICURSO PARA PROFESSORES E PLANETARISTAS

5.1 UMA EXPERIÊNCIA PILOTO

5.2.2. Implementação da Proposta

5.2.2.5. Avaliação do Minicurso conforme dados sistematizados nos questionários

Como já foi citado anteriormente na última seção, um dos momentos do terceiro encontro foi destinado à aplicação de um questionário de avaliação do Minicurso junto aos participantes. O questionário (APÊNDICE H) contava com quatro questões

discursivas, sendo elas: 1. O que você destacaria como aprendizado(s) adquirido(s) no minicurso que passará a considerar no planejamento de suas atividades? 2. Que momento(s) e/ou atividade(s) do minicurso mais contribuíram para sua aprendizagem? Comente sua resposta. 3. Você diria que as contribuições que esperava do minicurso foram atendidas? Comente brevemente. 4. De modo geral, que críticas ou sugestões você daria para melhorar o minicurso?

Para a primeira questão obtivemos três categorias de respostas, conforme as dimensões do Minicurso ressaltadas pelo participante em seus aprendizados para a docência: aspectos relacionados às pesquisas sobre representações dos alunos (5 participantes); dimensões metodológicas (5 participantes); e aprendizados conceituais (2 participantes).

As respostas dos cinco participantes que se enquadram na primeira categoria estão ilustradas na Tabela 15:

Tabela 15 – Respostas que ressaltam como aprendizados adquiridos aspectos associados às

pesquisas apresentadas no Minicurso.

Participantes Respostas

P5

“Sim. Com certeza a preocupação sobre os conceitos basilares que um aluno possui são importantes. Podemos destacar os seguintes itens: a preocupação de obter dados que verifiquem a compreensão geral (sobre Astronomia) dos alunos; compreender pressupostos e maneiras de encarar a natureza; perceber, junto com

o aluno (auxiliando-o) que existe visões "micro, meso e macro" do universo e do que está a sua volta (que faz deste universo)”.

P7

“A organização das ideias difere de sujeito para sujeito, sendo assim faz-se necessária a demonstração de diferentes maneiras interpretativas das atividades e

também a validade do conhecimento prévio do estudante”.

P8

“Dentre todo o aprendizado, destaco o que foi adquirido em relação as pesquisas realizadas com crianças e adultos (apresentadas em slides) e também as nossas

próprias pesquisas sobre a visão das pessoas em relação ao universo (questionários)”.

P10

“A noção que as pessoas tem foi o principal ponto. Como as pessoas compreendem a astronomia, como elas aceitam isso pode facilitar como posso

abordar com elas”. P12

“Principalmente, a noção da subjetividade entre as capacidades de compreensão e aprendizado. Particularmente, é preciso entender que cada ser-humano tem uma forma peculiar de assimilar o que o rodeia, logo, como alguém que se dispõe a levar conhecimento aos outros, é necessário ser sensível a tais características”.

Na segunda categoria estão as respostas de outros cinco participantes associadas a questões metodológicas que envolviam diretamente as atividades realizadas ao longo do Minicurso. O destaque para essa categoria foi a realização de

atividades práticas e ao ar livre ressaltada por P2, P3 e P11, conforme pode ser observado na transcrição de suas respostas na Tabela 16.

Tabela 16 – Aprendizados destacados pelos participantes associados a questões metodológicas

Participantes Respostas

P2

“As práticas que foram desenvolvidas utilizando o espaço cotidiano, e os instrumentos, no caso, o sistema solar feito com materiais simples e de baixo

custo que podem ser pelos alunos”.

P3 “Novas construções sobre elementos que formam o espaço sideral. Me deu um novo "gás" para desenvolver aulas práticas, produzindo modelos”. P4 “Aprimorar sempre que possível as noções de como podemos nos orientar

espacialmente”.

P6

“Devido ao conhecimento que tive contato ao longo da graduação em física e com o planetário já conhecia as atividades propostas, o que acrescentou foram pontos que devem ser discutidos como a diferença entre planeta e estrela, organização

do sistema planetário (não importa a posição de aproximação do sistema, vai passar pela orbita de um planeta). Outro ponto foi partir da visão de mundo

topocêntrica no estudo do sistema solar”.

P11

“A construção de conceitos seguindo o padrão de lógica que a turma lhe apresenta. Realização de mais atividades ao ar livre”.

E a terceira categoria de respostas para essa primeira questão foi composta por dois participantes os quais destacaram como principais aprendizados conteúdos conceituais adquiridos ao longo do Minicurso. O participante P1 destacou a noção de dimensão do Universo e a colocação das estrelas em seu lugar correto em relação à Terra; e P9 afirmou ter aprendido a se localizar melhor e que desenvolverá atividades em que os alunos possam alcançar esse mesmo objetivo.

Contudo, ainda que tenhamos elaborado essa separação por categorias, percebe-se mais de uma dimensão do Minicurso sendo destacada nas falas de alguns participantes. Por exemplo, P6 ressalta uma dimensão metodológica quando fala “pontos que devem ser discutidos” se referindo a uma orientação a ser tomada quando for desenvolver suas atividades, mas também aparecem em sua fala dimensões conceituais que podem ter feito parte desse aprendizado, como a diferença entre planeta e estrela, organização do sistema planetário e a “visão de mundo topocêntrica”. Da mesma forma, a fala de P9 é enunciada de modo a valorizar o procedimento que ele aprendeu para si, mas ao mesmo tempo ele sinaliza que irá implementar atividades com os alunos, explicitando um aprendizado metodológico também. E a fala de P11 que aponta com maior ênfase os dados encontrados nas

pesquisas, mas também ressalta os conceitos de micro, meso e macroespaço relacionada a uma dimensão conceitual. Desse modo, destacamos que os aprendizados sobre conteúdos conceituais estão ainda mais presentes, se considerados indiretamente, nas falas, do que quantificamos inicialmente na elaboração das categorias.

A partir das respostas a essa primeira questão consideramos que os resultados alcançados com o Minicurso foram bem positivos tendo em vista nosso objetivo geral de proporcionar subsídios teóricos e metodológicos para as práticas educativas dos participantes, e em particular, que eles passassem a considerar as representações dos sujeitos sobre os diferentes conceitos da Astronomia em suas aulas.

Para a análise da segunda questão, na qual se perguntou sobre que momentos e/ou atividades do Minicurso mais contribuíram para sua aprendizagem, sistematizamos as respostas encontradas observando quais eram as atividades e/ou momentos mais ressaltados, conforme é apresentado na Tabela 17.

Tabela 17 – Frequência com que determinada atividade foi ressaltada entre os participantes por

propiciar a aprendizagem.

Atividades e/ou momentos ressaltados Participantes que as ressaltaram

Quantidade de respostas que foram ressaltadas

Discussões sobre os estudos apresentados P2, P5, P9, P10 4

As trocas de experiências P7, P8, P11, P12 4

Atividade Globo Paralelo Local P1, P2, P6, P8 4 Atividade Registro Coletivo do Horizonte Local P2, P6, P8 3 Atividade com as Peças do Sistema Solar P1, P2, P5 3

Observação no Telescópio P2, P3 2

Discussões em grupo P4, P7 2

Sessão de planetário P2 1

Dentre os momentos ressaltados pelos participantes, os mais frequentes foram aqueles referentes às discussões sobre os estudos apresentados acerca das representações sobre a forma da Terra e o Universo de estudantes e às trocas de experiências suscitadas durante todo o Minicurso. Sobre este primeiro, uma das participantes (P2) afirma, inclusive, repensar sua prática docente com a reflexão proporcionada a partir dessas discussões: “[...] A parte teórica foi abordada de forma simples, os estudos apresentados, me fez refletir as abordagens que trabalho em sala que posso melhorar [...]”.

A ênfase dada pelos participantes a esses momentos se mostra muito satisfatória em nossa avaliação, uma vez que, dentre os nossos objetivos com o Minicurso, buscávamos proporcionar reflexões aos participantes sobre suas práticas educativas a medida em que conheceriam e discutiriam as representações encontradas na literatura e em nosso estudo as quais fundamentaram toda a presente dissertação, além de visarmos favorecer trocas de experiências entre os sujeitos, advindas tanto dos espaços formais como dos não formais de Educação em Astronomia.

A frequência com que apareceram nas respostas dos participantes as atividades Globo Paralelo Local, Registro Coletivo do Horizonte Local e as interações com a manipulação das Peças móveis do Sistema Solar, também merece destaque nosso. As atividades do Registro do Horizonte Local e do Globo Paralelo Local, ambas realizadas no primeiro encontro, são de grande importância para nós uma vez que essas atividades, realizadas de forma associada, buscam proporcionar uma passagem mais sólida entre as perspectivas topocêntrica e geocêntrica, sendo esse um dos momentos que consideramos ser mais significativos para o alcance de alguns dos nossos objetivos para o Minicurso. E a manipulação das Peças móveis do Sistema Solar apresenta também importante papel na nossa proposta, uma vez que se busca conectar a visão espacial trabalhada nas atividades anteriores às perspectivas heliocêntrica e acêntrica a partir da caracterização do Universo de acordo com a visão científica atual.

Um caso específico, também nos chamou a atenção. Além das trocas de experiências, P11 ressaltou como grande aprendizado as discussões sobre micro, meso, macro e megaespaço ocorridas no primeiro encontro do Minicurso, que consideramos ser uma importante observação tendo em vista a discussão central sobre “situar-se no espaço” que permeou todo o Minicurso.

Alguns aspectos nos provocaram reflexões. Com exceção da Esfera Celeste de Vidro, todas as atividades estruturantes do Minicurso foram ressaltadas como significativas para o aprendizado dos participantes. Fato que precisa ser melhor investigado, dado o potencial da atividade, mas que inicialmente fazemos a reflexão de em uma outra edição do Minicurso destinarmos um tempo maior para as interações com esse objeto. Além disso, houve pouca ressalva à sessão do planetário, que acreditamos ser em razão de a grande maioria dos participantes já conhecerem outros

planetários ou até mesmo já terem participado de sessões do Planetário Barca dos Céus, mas também é um resultado a se investigar melhor posteriormente.

No que diz respeito ao Minicurso ter alcançado as contribuições que os participantes esperavam, pergunta três do questionário de avaliação, todas as respostas foram positivas, sendo ressaltadas diferentes contribuições por cada participante, com destaques para o aprendizado e reformulação de alguns conceitos e para a reflexão sobre o ensino-aprendizagem em Astronomia. Além disso, observamos ainda que três dos participantes (P2, P3, e P10) afirmaram que as contribuições do Minicurso foram além do esperado, como pode ser observado na Tabela 18.

Tabela 18 – Respostas sobre o Minicurso ter alcançado as contribuições que esperavam

Participantes Respostas

P1

“Sim. O curso me proporcionou a desconstrução de informações que estavam fixadas no meu cérebro à decadas, e me despertou a curiosidade de buscar mais

sobre o tema”.

P2 “O minicurso me surpreendeu, foi além do que eu esperava. Com certeza, minhas aulas referentes ao tema serão bem diferentes com esse aprendizado”. P3 “Com certeza. Foi além da expectativa. Tempo "curtinho". Para o próximo,

montarmos um modelo”.

P4

“Sim, todo aprendizado é válido e quando este amplia ou retificam algumas de suas ideias é muito bom. Corrigi alguns conceitos, ou melhor, agora conseguirei

expressar de forma mais precisa alguns conceitos. Ex: galáxias”.

P5

“Sim. Compreensões gerais sintetizam muito o contexto geral da Astronomia. Fazendo um sobrevôo sobre informações tão interessantes promovem uma

melhor compreensão da realidade, exige certa capacidade de abstração, percepção que nem todos pensam da mesma maneira em relação ao Universo e que nem todos tem a mesma percepção de que "o estar aqui" é estar no universo”.

P6

“Foram atendidas, eu esperava revisar o que já conhecia e aprender novas informações ou detalhes/pontos de vista que tinham passados desapercebidos no

meu estudo”.

P7

“Sim. Novas percepções foram compreendidas por mim e que repassarei em sala de aula. A voz de colegas mais experientes também era uma coisa muito

esperada por mim e que foi atendida”.

P8 “Sim. Conhecer a situação da educação em Astronomia em uma visão real, passada pela Mestranda e por todo o grupo foi enriquecedor”.

P9 “Sim. Tinha a esperança de conseguir adquirir artifícios para solucionar meu deficit na questão da minha localização no espaço, como também aprender métodos

para aplicar este conhecimento as pessoas”. P10 “Sim. Favoreceu aprender mais que o esperado”.

P11

“Sim, acredito que o título do minicurso em conjunto do que foi apresentado e discutido foi bem concreto e de significado aprendizado”.

P12

“Esperava que o minicurso expandisse a minha sede por conhecimento, momentaneamente, estou saciado!”

Por fim, como última pergunta do questionário de avaliação, foi pedido aos participantes que elencassem críticas e/ou sugestões, de modo geral, para melhoria do Minicurso. Dentre as sugestões apontadas, dois participantes indicaram que gostariam de mais informações técnicas (P5) ou “conteúdos de forma teórica e conceitual” (P7) para terem como registro, e outros dois (P6 e P11) sugeriram mais comentários e esclarecimentos sobre alguns componentes do Universo, como citado por P11 sobre nebulosas, buracos negros, tipos de estrelas, entre outros. Outra sugestão apontada, por três participantes (P3, P6 e P12), foi a possibilidade de, em uma segunda edição do Minicurso, serem realizados quatro encontros ao invés de três, tendo em vista que as proposições desenvolvidas mostravam potencial para mais tempo de discussão.

De fato, gostaríamos de ter explorado com mais detalhes as dimensões e constituições dos componentes do Sistema Solar e do Universo como sugerido pelos participantes P5, P6, P7 e P11, englobando mais informações sobre os cinturões de asteroides, os planetas-anões, os cometas, e a Nuvem de Oort, no caso do Sistema Solar, além de alguns aspectos sobre nebulosas, buracos negros e galáxias numa perspectiva mais geral, conforme constam nos slides do segundo encontro no Apêndice J. Contudo, não foi possível desenvolvermos esse momento, em vista do grande número de interações e questionamentos surgidos tanto no momento da exploração da Esfera Celeste de Vidro (inclusive enquanto abordada na perspectiva topocêntrica, no formato do Planetário de Pobre), como durante a manipulação das peças ilustrativas do Sistema Solar, que demandaram um pouco mais do tempo planejado, mas que também proporcionaram aprendizados. Avaliamos também que o segundo encontro foi repleto de novas informações e atividades práticas, as quais exigiam dos participantes um período razoável de tempo para serem compreendidas de forma satisfatória. E tendo em vista a importância das atividades realizadas nesse dia, acreditamos que o acréscimo de mais um encontro para o Minicurso (4 horas) possa suprir essa necessidade em edições futuras, como sugerido pelos participantes P3, P6 e P12.

Além dessas sugestões, um dos participantes (P1) afirmou ainda que gostaria de um momento maior à noite para observar o céu, e outro (P9), que além de um tempo maior destinado a observações noturna e diurna, gostaria de montar experimentos durante o Minicurso. Outro participante (P10) também sugeriu “dividir melhor os espaços de discussão”. Entendemos que essa última fala se refere particularmente ao momento em que fizemos a atividade e discussões da organização do Sistema Solar, desde a manipulação das peças, passando pelas escalas de distâncias, e pela relação entre Sistema Solar, galáxias, a Via Láctea e o Universo. Pensamos que todas essas sugestões são pertinentes e devem ser consideradas no planejamento e desenvolvimento de uma segunda edição do Minicurso.

Os demais participantes (P2, P4 e P8) não apresentaram sugestões ou críticas, traçaram elogios, com destaques, por alguns deles, para as contribuições da coordenadora durante o Minicurso e enfatizaram a motivação para que houvesse uma continuação de cursos de formação de professores em Astronomia. Esse aspecto, em particular, foi também enfatizado na fala deles, durante o Minicurso. As respostas desses participantes são ilustradas na Tabela 19, a seguir.

Tabela 19 – Sugestões e/ou críticas dos participantes ao Minicurso como um todo

Participantes Respostas

P2

“Nada a sugerir e criticar. Apenas gostaria de agradecer e parabenizar em especial a você Bruna e a professora Auta pelo trabalho desenvolvido durante a elaboração da sua dissertação que com certeza terá uma grande contribuição para

alunos, professores e interessados pelo tema, e aos demais que de forma direta e indireta contribuiram para a realização do minicurso. Ressalto a professora Auta

importância e orientação dos envolvidos (equipe)”.

P4 “Não tenho críticas, deixo os parabéns e que os minicursos na área de astronomia voltados para professores continuem”.

P8 “O Minicurso foi muito bom, com muita interatividade, dinâmico, com ótimas atividades. Dificil sugerir algo que foi tão completo. Parabéns!l”.

Trazendo agora nossas próprias considerações sobre o Minicurso, a partir das falas dos participantes aqui destacadas e mesmo com as adequações de tempo que se fizeram necessárias no decorrer dos encontros, consideramos que a proposta se mostrou bastante produtiva. Foram muitos momentos marcados por excelentes interações e trocas de experiências entre os envolvidos, que permitiram o alcance de nossos objetivos de forma prazerosa. A colaboração dos monitores integrantes da

equipe do Planetário Barca dos Céus também foi de grande importância para o sucesso das atividades propostas.

Ressaltamos alguns pontos positivos encontrados na avaliação dos participantes que estão relacionados com nossos referenciais teóricos evidenciando sua importância na abordagem em que trabalhamos. Foram eles: a aceitação e valorização das pesquisas sobre representações, ressaltadas na fala dos participantes como aprendizados que passarão a considerar em suas práticas educativas; e a percepção da integração entre as perspectivas local e global, também valorizada em suas falas, ao destacarem as atividades de Registro coletivo do horizonte local e o Globo paralelo. Além disso, algumas sugestões serão consideradas em nossas práticas futuras como uma maior duração para o Minicurso em outras edições e a realização da atividade Globo paralelo com a utilização de vários globos terrestres em pequenos grupos.

Também gostaríamos de destacar o contato com a secretaria de Parnamirim- RN que incentivou a participação de seus professores, os quais mostraram grande interesse e motivação durante todo o Minicurso, sendo ainda reforçado o convite, no último encontro, para realizarmos outras edições voltadas para os demais professores vinculados à secretaria.

Assim, finalizamos o Minicurso com o desejo de realizarmos futuras novas edições e de continuarmos na busca por subsídios teóricos e metodológicos que possam proporcionar um ensino de Astronomia cada vez melhor, levando em consideração as especificidades das áreas que se propõe ensinar e dos sujeitos envolvidos nesse contexto.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente dissertação se insere em um contexto específico que valoriza a Educação em Astronomia, não só por considerarmos ser intrinsecamente motivadora, provocando nas pessoas grande curiosidade e deslumbramento e fazendo-lhes atribuir significado aos conteúdos discutidos em sala de aula, ao vivenciarem os fenômenos astronômicos em seu cotidiano. Valoriza-a, também, por considerarmos promissora de uma formação humana e solidária voltada para o social e o ambiental, ao poder de desencadear emoções e sentimentos relacionados a questionamentos existenciais que participam diretamente da construção de nossa consciência e identidade, como afirmam Jafelice (2010) e Camino (2011).

Contudo, alguns desafios e obstáculos devem ser superados para a efetivação do ensino da Astronomia. Dentre eles, focalizamos, particularmente, a existência e propagação de representações sobre temas de Astronomia que não condizem com os modelos científicos vigentes. Levando em consideração essa problemática e na tentativa de valorização da articulação entre práticas de educação formal e não formal como estratégia para fortalecer a Educação em Astronomia, consideramos que os espaços não formais, em especial os planetários, possam contribuir de forma significativa no apoio ao ensino formal de temas dessa área, além de desempenharem importante papel na divulgação e popularização da Astronomia.

Visando contribuir com a formação de professores e planetaristas, numa perspectiva de parceria entre espaços formais e não formais de Educação em Astronomia, realizamos uma investigação acerca das representações sobre a forma da Terra e as estruturas do Universo de uma turma do 6º ano do Ensino Fundamental, antes e depois de uma visita ao Planetário Barca dos Céus. Acreditamos que a representação do planeta Terra e dos demais astros e estruturas que compõem o Universo, compreendendo a sua forma e dimensão no espaço, sejam essenciais para a aprendizagem de muitos temas abordados nos espaços formais e não-formais de Educação em Astronomia e, por isso, torna-se fundamental que os profissionais atuantes nesses espaços as conheçam e reflitam sobre. Desse modo, com base nos resultados encontrados nessa investigação e no aporte teórico que norteia a presente dissertação, elaboramos uma proposta de Minicurso para professores da Educação Básica e planetaristas.

Em relação ao estudo desenvolvido junto aos alunos do Ensino Fundamental, através das respostas a questionários e de entrevista semiestruturada, utilizados como instrumentos de coleta de dados, percebemos que inicialmente grande parte dos sujeitos representaram a Terra esfericamente, mas não levaram em consideração essa esfericidade na disposição das pessoas sobre o planeta, uma vez que as desenharam dentro do contorno externo da Terra, e adotaram também, nessa disposição, uma direção absoluta única para as direções “embaixo e em cima”, no