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8 META-AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM NOS CURSOS DE PÓS GRADUAÇÃO LATO SENSU A DISTÂNCIA NO SENAC/BA

8.2 AVALIAÇÃO INTERNA DA REDE SENAC

Foi identificado, durante a investigação sobre avaliação da aprendizagem dos cursos de Pós-graduação lato sensu a distância do SENAC/Ba, que a Rede SENAC, em âmbito nacional, já vem desenvolvido algumas ações de avaliação institucional, coordenada por uma Comissão de Avaliação, vinculada a um Sistema de Acompanhamento e Avaliação da Rede EAD SENAC. Nesse sentido, foi necessário um olhar cuidadoso sobre tais ações buscando como foco central a avaliação da aprendizagem dos referidos cursos.

A Comissão de Avaliação foi constituída em função de dispositivo da Lei nº10.861/2004, que criou o Sistema Nacional de Avaliação Superior (SINAES) e é composta por técnicos do CEAD, do Centro de Comunicação Corporativa, do Setor de Pesquisa do SENAC Nacional e por um aluno e tutor. A Comissão de Avaliação tem caráter formativo e visa o aperfeiçoamento da Rede EAD SENAC e dos cursos oferecidos pela Rede, e tem por objetivos “coordenar os processos internos de avaliação dos cursos de pós-graduação, sistematizar os dados e oferecer informações aos órgãos colegiados, à comunidade acadêmica e a comissão verificadora do MEC, quando for necessário.” (SENAC. DN, 2006b, p. 22).

O Sistema de Acompanhamento e Avaliação tem por objetivos acompanhar, assessorar e orientar tecnicamente os processos de ensino e aprendizagem em curso nos Departamentos Regionais, além de gerar mecanismos promotores das transformações identificadas como necessárias, resultantes do processo avaliativo. Tal sistema oferece evidências do estado de qualidade desenvolvido pela Rede em suas múltiplas dimensões. A avaliação envolve nesse processo o papel de orientar novas tomadas de decisão. Para tal, lança mão de variadas ferramentas: relatórios, análises de situações, indicadores de qualidade, análises de produtos e parâmetros. (SENAC. DN, 2006b) O Sistema de Acompanhamento e Avaliação possui três focos principais:

ƒ Realização do curso, onde se observa: organização e controle acadêmico-administrativo; projeto, execução do cronograma e alcance dos objetivos do curso; procedimentos de avaliação do processo de ensino e aprendizagem; metodologia de ensino; ambiente de aprendizagem; cumprimento das bases legais (legislação da pós-graduação lato sensu e da educação a distância); e utilização do material didático.

ƒ Atuação e desempenho acadêmico-profissional, com ênfase em: perfil e competências dos responsáveis pelos processos pedagógicos (tutores e coordenadores) e administrativo- gerencial (secretário escolar e gerente regional); e regime de trabalho e dedicação ao curso, incluindo interatividade e pronto atendimento ao aluno.

ƒ Atuação e desempenho discente, principalmente no que se refere a: perfil do aluno e competências construídas ao longo do processo pedagógico; qualidade e quantidade de egressos; análise dos resultados e produção do conhecimento (p. 21-22).

Dando ênfase ao foco “Atuação e desempenho discente”, a Comissão de Avaliação da Rede EAD SENAC desenvolveu algumas ações entre 2006 e 2008, em âmbito nacional, envolvendo os dois primeiros cursos de pós-graduação lato sensu a distância ― Especialização em Educação a Distância e Especialização em Educação Ambiental. A sistematização e análise dos dados foram realizadas por meio de procedimento estatístico em meio eletrônico (Sphinx) de apuração e consolidação. Segue uma breve descrição dessas ações e algumas considerações com base nos resultados apresentados.

Em 2006, a Comissão de Avaliação realizou uma “Avaliação dos Cursos de Pós-graduação lato sensu a distância da Rede EAD SENAC”. (SENAC. DN, 2006a). O estudo envolveu:

ƒ Parte I - Discentes (caracterização dos discentes, classificação econômica dos discentes, perfil profissional dos discentes, avaliação da política de divulgação, caracterização de aspectos do SENAC, caracterização de recursos e mecanismos e considerações finais); ƒ Parte II - Docentes (caracterização dos docentes, classificação econômica dos docentes, perfil profissional dos docentes, política de divulgação, caracterização de recursos e mecanismos);

ƒ Parte III - Gerentes (caracterização dos gerentes, breve perfil dos departamentos regionais, gestão compartilhada dos cursos da pós-graduação a distância);

ƒ Parte IV - Comunicação & Marketing (política de divulgação, sugestões de divulgação). Dentre outros resultados dessa ação avaliativa realizada pela Comissão de Avaliação destacaremos, exclusivamente, a dimensão da avaliação da aprendizagem. Esse tema foi investigado como fazendo parte da “caracterização de recursos e mecanismos” na percepção do Discente (Parte I) e na percepção do Docente (Parte II). A avaliação envolveu, somente, a expectativa relacionada à avaliação presencial, com a possibilidade de escolher sim ou não, apresentando o seguinte resultado: 67,35% dos discentes que responderam a essa questão (total de 389)23 consideram que a avaliação correspondeu ao esperado, enquanto 32,65% discordaram de tal afirmação. Os discentes que discordaram sobre a satisfação com a avaliação da aprendizagem apontaram as dificuldades como sendo: as questões foram mal formuladas (44,09%); outro motivo (37,80%); o modelo objetivo confundiu (25,20%) e não abordou todo o conteúdo estudado (10,24%) (SENAC. DN, 2006a, p.38-39).

Em relação à avaliação presencial, na percepção do docente, o estudo apresentou que 63 docentes do total de 81 manifestaram sua opinião afirmando que a avaliação realizada atendeu às suas exigências (69,84%), enquanto 30,16% não consideram o modelo adequado. Os docentes que manifestaram insatisfação com a avaliação presencial apontaram que o modelo objetivo não avalia por completo o processo de construção do conhecimento (84,21%); outro motivo (21,05%); e não abordou todo o conteúdo estudado (10,53%) (SENAC. DN, 2006a, p.71).

Em 2007, a Comissão de Avaliação realizou uma pesquisa, de abrangência nacional, com objetivo de delinear o “Perfil do aluno dos cursos a distância do SENAC” envolvendo os alunos

23 Essa amostra envolve todos os discentes dos cursos de especialização em Educação Ambiental e especialização em Educação a Distância da Rede SENAC.

matriculados em cursos de educação a distância no período de 2004 a 2005 (SENAC. DN, 2007). O estudo envolveu as dimensões:

ƒ Caracterização dos discentes de EAD; ƒ Classificação econômica dos discentes; ƒ Perfil profissional dos discentes; ƒ O aluno de EAD e a TI;

ƒ Características de recursos e mecanismos;

Apesar dos resultados dessa ação avaliativa serem bastante amplos, destacaremos mais uma vez, exclusivamente, a dimensão da “Avaliação da aprendizagem” investigada pela Comissão de Avaliação da Rede EAD SENAC como fazendo parte da “caracterização de recursos e mecanismos”. Dessa vez foi investigada a distribuição de discentes segundo a forma da avaliação, distribuição de discentes segundo o número de avaliações presenciais e a distribuição de discentes segundo o local de avaliação.

Em relação à forma de avaliação nos cursos a distância, foi constatado que, do total de 1.403 respondentes, 30,43% dos discentes informaram que foram avaliados presencialmente e 26,80% foram a distância, enquanto 27,87% afirmaram que foram avaliados a distância e presencialmente. A investigação identificou um percentual expressivo (14,90%) de discentes que não informou. Quando ao número de avaliações presenciais realizadas, dos 839 respondentes, foi constatado que 36,83% dos discentes fizeram mais de três avaliações; 29,20% realizaram apenas uma; 19,19% informaram que fizeram duas avaliações ao longo do curso; e 14,78% foram avaliados presencialmente três vezes. Do total de respondentes (853) que informaram sobre o local de avaliação, 73,27% fizeram na unidade escolar do SENAC e 26,73% fora da unidade escolar do SENAC (SENAC. DN, 2007, p. 58-59).

Apesar de ter demonstrado um avançado no número de questões sobre avaliação da aprendizagem, ainda assim continua insuficiente o número de questões, pois só envolveu perguntas sobre a forma de avaliação ser presencial e/ou a distância, a quantidade de avaliações presenciais (um, duas, três ou mais de três) e o local da realização da prova presencial (dentro ou fora da unidade escolar do SENAC). Nesse sentido, outros aspectos deveriam ter sido contemplados, tais como: tipo de avaliação; a qualidade dos instrumentos; estratégias;

procedimentos; critérios de correção; feedback, auto-avaliação; Trabalho Final de Curso (TCC) etc., além dos aspectos relacionados ao modelo de avaliação a distância e sua consonância com o modelo de ensino e aprendizagem.

Dando continuidade ao processo interno de avaliação da Rede SENAC, em 2008 a Comissão de Avaliação da Rede EAD Senac realizou mais uma pesquisa, dessa vez sobre o “Acompanhamento de Egressos da Rede EAD Senac de pós-graduação 2005/2006” ― envolvendo os dois primeiros cursos de pós-graduação lato sensu a distância – Especialização em Educação a Distância e Especialização em Educação Ambiental. O estudo envolveu os 836 discentes concluintes de 2005, hoje egressos da Instituição (SENAC. DN, 2008a). O estudo envolveu as dimensões:

ƒ Caracterização dos egressos;

ƒ Egressos e o mundo do trabalho (laborabilidade e promoção socioprofissional); ƒ Satisfação dos egressos com o SENAC.

Embora essa ação avaliativa não tenha envolvido aspectos relacionados diretamente com a avaliação da aprendizagem, entretanto, dentre outros resultados apresentados, o estudo evidenciou que cerca de 90% dos egressos classificaram entre muito satisfatório (44,58%) e satisfatório (43,65%) os conhecimentos adquiridos durante o curso de especialização na atuação profissional. Outro aspecto abordado são os benefícios advindos com a conclusão do curso, e os resultados mais significativos são: novos conhecimentos (56,04%); incorporação de princípios e valores à vida social/pessoal/profissional (56,04%); melhoria do desempenho profissional (50,77%); realização pessoal (50,77%) e aumento de chances no mercado de trabalho (41,80%)24 (SENAC. DN, 2008a, p. 37-37). A relação desses resultados, principalmente, sobre o reconhecimento de “novos conhecimentos” e “incorporação de princípios e valores à vida social/pessoal/profissional” como benefícios adquiridos no curso, de certa forma, tem uma relação direta com a auto-avaliação de desempenho e auto-regulação em relação aos objetivos e resultados alcançados no curso de pós-graduação lato sensu a distância.

A existência de uma Comissão de Avaliação da Rede EAD SENAC é uma iniciativa política favorável à cultura da Avaliação em uma instituição de ensino, assim como as três

grandes ações avaliativas resumidamente apresentadas sinalizam uma prática social e pedagógica importante para a gestão e aprimoramento da ação educativa. É importante ressaltar que o desenvolvimento dessas pesquisas avaliativas, a emissão de documentos oficiais com os resultados e sua distribuição gratuita implica, necessariamente, uma abertura para o diálogo e uma apreciação crítica com a comunidade interna e externa a Rede EAD SENAC sobre as escolhas teórico-metodológicas utilizadas, os resultados obtidos e suas possíveis implicações.

Entretanto, dois aspectos devem ser ressaltados dessas ações avaliativas: o primeiro se refere aos resultados obtidos e como eles serão utilizados pelos Departamentos Regionais para as possíveis tomadas de decisão. O segundo está relacionado à necessidade de uma avaliação da própria avaliação realizada pela Comissão de Avaliação, ou seja, uma meta-avaliação, envolvendo uma equipe de avaliadores externos com propósito de buscar o aprimoramento das ações de pesquisa da própria Comissão de Avaliação e seus processos investigativos, além de promover a auto-avaliação e auto-regulação por parte dos sujeitos envolvidos.

8.3 AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM NOS CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO