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GESTÃO PARTICIPATIVA: TENDÊNCIA DAS PRÁTICAS AVALIATIVAS NO PARADIGMA COMUNICACIONAL

4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E UM NOVO LOCUS AVALIATIVO

6 NEGOCIAÇÃO COMUNICATIVA: UMA PERSPECTIVA PARA AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

6.2 GESTÃO PARTICIPATIVA: TENDÊNCIA DAS PRÁTICAS AVALIATIVAS NO PARADIGMA COMUNICACIONAL

A gestão participativa no âmbito da avaliação da aprendizagem é um tipo de mobilização entre os sujeitos (avaliadores e avaliados) predispostos a contribuírem no processo de decisão sobre a ação avaliativa. Isso demanda uma predisposição à co-responsabilidade e co-laboração entre todos os sujeitos envolvidos desde a etapa do planejamento das políticas avaliativas (definição de temas geradores, modelo de avaliação, estratégias, instrumentos, dispositivos midiáticos, critérios de correção, prazos, resultados etc.), a sua implementação (execução e acompanhamento permanente das ações) e os resultados alcançados durante o percurso da ação e no final da ação (avaliação, auto-avaliação e meta-avaliação).

A gestão participativa no campo da avaliação da aprendizagem pode ser compreendida como sendo um dos princípios do processo pedagógico tendo como finalidade a co-laboração entre os sujeitos participantes (avaliadores e avaliados) na definição e organização das questões teóricas e práticas do processo avaliativo. A gestão participativa pode possibilitar, de uma forma ou de outra, um processo reflexivo entre os sujeitos sobre a epistemologia da avaliação, além de desencadear um processo criativo sobre a ação avaliativa.

A criatividade é um aspecto necessário à gestão participativa, pois o ato criador abrange a capacidade de compreender, de relacionar, ordenar e significar coisas através dos sentidos. Nessa busca de ordenações e de significados sobre a prática avaliativa na educação on-line, potencializa-se o aspecto motivacional para o processo de criação.“O homem cria, não apenas porque quer, ou porque gosta, e sim porque precisa; ele só pode crescer enquanto homem, coerentemente, ordenando, dando forma, criando.” (OSTROWER, 1996, p.10). Isso pode implicar não apenas numa mudança de comportamento frente à prática avaliativa, mas também numa mudança de concepção sobre as teorias de avaliação da aprendizagem.

Na perspectiva da gestão participativa (Figura 5) enquanto ato criador, é possível indagarmos sobre a intencionalidade que antecede a priori os sujeitos da comunicação e a predisposição à transformação da realidade. O ato intencional nesse tipo de gestão pressupõe existir uma mobilização interior, não necessariamente consciente, a favor de um processo de mudança seja da percepção de si mesmo, enquanto avaliador, seja da percepção que se faz dos

interesses institucionais, representado, de certo modo, pelo discurso do gestor pedagógico, assim como dos interesses dos aprendizes-avaliados. Nesse contexto, a ação comunicativa através do diálogo passa a ser uma possibilidade concreta na busca de consensos e acordos coletivos como uma possibilidade de tendência a favor da gestão participativa.

Figura 5 – Modelo de gestão da avaliação da aprendizagem

Na perspectiva de um espaço de interação e comunicação entre sujeitos sociais em um curso na modalidade a distância, assim como a avaliação pautada em um modelo comunicacional, onde o eixo central é a negociação, significa que a definição das políticas e práticas de avaliação da aprendizagem demandarão um modelo de gestão pedagógica pautado numa abordagem democrática e reflexiva sobre o fazer avaliativo, onde a co-participação faça parte da ação educativa, tendo o diálogo como eixo central do paradigma comunicacional.

Na gestão participativa o educador deixa de ocupar a função de centralizar as decisões sobre as políticas e práticas de avaliação e, através do processo dialógico, ele interage com os aprendizes no planejamento e intervenção da prática avaliativa. Juntos, eles escolhem possibilidades de recursos midiáticos, as melhores estratégias, os prazos, enfim, estabelecem um pacto sobre as políticas e práticas de avaliação, além da definição dos indicadores de qualidade sobre a produção dos trabalhos individuais e coletivos que serão construídos durante o percurso da ação. Esse acordo de certo modo precisa contemplar algumas normas e exigências da

Gestão participativa Gestor pedagógico Aprendizes Educador

instituição, por exemplo, prazos limites para a conclusão das atividades, e a comunicação formal necessitará ser no ambiente virtual de aprendizagem adotada pela instituição de ensino.

Para Silva (2006), o educador na sala de aula on-line deve assumir as funções de promover, ensejar, predispor, urdir, arquitetar teias; construir junto com os aprendizes uma rede e não uma rota. Para isso, o educador precisará caminhar junto com o aprendiz. Nessa caminhada será necessário: a) compreender o contexto sociocultural do aprendiz; b) identificar saberes significativos; c) considerar as questões epistemológicas envolvidas no processo e d) compreender que as questões sobre as práticas avaliativas acontecem no próprio cenário educativo (p.32).

O modo como o educador realiza seu trabalho, seleciona as estratégias de ensino, organiza o conteúdo, utiliza as tecnologias interativas e as práticas educativas e avaliativas, assim como estabelece as relações do conhecimento com o contexto histórico e social dos aprendizes, denuncia a natureza da concepção educacional e suas implicações associadas a determinadas tendências pedagógicas e funções sociais. Partindo do pressuposto de uma prática avaliativa pautada na gestão participativa, o educador estará criando uma ambiente favorável à cultura da avaliação como próprio objeto de aprendizagem, promovendo uma ruptura de concepção de educação tradicional para uma educação transformadora e emancipatória.

A postura do aprendiz na gestão participativa, no que se refere às práticas avaliativas na educação a distância, também faz a diferença no processo de avaliação, pois ele pode ocupar a função de estar sendo avaliado (seu desempenho) e ao mesmo tempo pode contribuir ocupando a função de avaliador (avaliando o modelo de avaliação, o seu próprio desempenho, o processo, o curso, os educadores etc.). A contribuição do aprendiz não fica exclusivamente relacionada ao planejamento participativo sobre as políticas de avaliação, ela extrapola para uma intervenção permanente durante o percurso da ação.

É fundamental a colaboração dos aprendizes nas negociações sobre o processo de avaliação, pois as suas escolhas e convicções podem gerar um campo de discussão e debate que é necessário para o avanço das negociações e acordos entre educadores, gestores pedagógicos e aprendizes. Esse campo, que é ao mesmo tempo técnico, político e pedagógico, colocará em evidência a diversidade de interesses e estilos de aprendizagem, a concepção de educação, o modelo de avaliação, além das questões multiculturais e tecnológicas dos participantes. A

proposta do modelo de gestão da avaliação da aprendizagem à luz da gestão participativa reforça a autonomia e co-responsabilidade dos aprendizes na construção e gestão do conhecimento.

A opção por um modelo de gestão pautado na co-participação dos sujeitos sociais já caracteriza uma posição política da instituição sobre o processo de avaliação da aprendizagem em prol de uma nova cultura de avaliação. Nesse contexto, o gestor pedagógico precisará ter competência comunicativa e de negociação para mediar os diferes interesses (instituição de ensino, educadores e aprendizes) e, atrelado a eles, o cumprimento da legislação vigente sobre a avaliação da aprendizagem na modalidade a distância. A flexibilização do planejamento participativo será um aspecto de grande relevância na construção de um conjunto de políticas e práticas da instituição de ensino. Buscar harmonizar a diversidade, criando espaços de coerência e tolerância durante as discussões e implementação das práticas avaliativas, será um grande desafio para o gestor pedagógico.

A gestão pedagógica do processo de avaliação da aprendizagem na educação a distância pautado em um modelo de avaliação numa perspectiva comunicacional traduz, necessariamente, uma inter-relação entre os aprendizes, o educador e o gestor pedagógico (Figura 6). Trata-se de uma gestão com a participação ativa, através do diálogo permanente, na busca do entendimento sobre possíveis políticas e práticas de avaliação da aprendizagem. É importante ressaltar que os sujeitos envolvidos na gestão participativa podem assumir papéis de avaliados e, simultaneamente, avaliadores, que vai depender do objeto ou fenômeno que está sendo avaliado. A participação ativa de todos é tão importante quanto necessária para que se configure um espaço democrático na tomada de decisão, através do jogo de negociação e argumentação com propósito de minimizar as tensões e as divergências de interesses no que se refere à avaliação entre a universidade, o mercado e a sociedade.