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Avaliação na legislação complementar da educação profissional: breves apontamentos

2 CONCEITUAÇÕES, NATUREZA E FINS DA AVALIAÇÃO: do campo das políticas públicas ao educacional

3 CONCEPÇÕES E PROPOSIÇÕES DA AVALIAÇÃO NA LEGISLAÇÃO FEDERAL

3.4 Avaliação na legislação complementar da educação profissional: breves apontamentos

O Decreto Federal 2208/97 (17/4/1997) ora revogado, regulamentava o § 2º do art. 36 e os Artigos 39 a 42 da atual LDB, especificando a sistemática de funcionamento da educação profissional, nos seus diversos níveis. Determinava no seu Artigo 5º que o ensino técnico tivesse organização curricular própria e independente do ensino médio (BRASIL. 1997).

O Ensino Técnico devia, nos termos desse Decreto, ser oferecido apenas de forma concomitante ou seqüencial ao ensino médio, excluindo-se a autorização legal para oferecimento de currículo integrado, o que será tratado no capítulo seguinte deste estudo. No presente tópico, registra-se apenas o que se refere à avaliação. Mesmo que tenha sido revogado o Decreto 2208/97, é interessante verificar se nele havia proposições diretas ou indiretas sobre avaliação.

Nos termos do seu Artigo 6ª determinava-se que a formulação dos currículos plenos dos cursos do ensino técnico deveria obedecer : a) às diretrizes curriculares nacionais, constantes de carga horária mínima do curso, conteúdos mínimos, habilidades e competências básicas, por área profissional; b) aos órgãos normativos do respectivo sistema de ensino que iriam complementar as diretrizes definidas nacionais, de forma a estabelecer seus currículos básicos, constantes de disciplinas,cargas horárias mínimas obrigatórias, conteúdos básicos, habilidades e competências, por área profissional.

O currículo básico não poderia ultrapassar setenta por cento da carga horária mínima obrigatória, ficando reservado um percentual mínimo de trinta por cento para que os estabelecimentos de ensino, independente de autorização prévia, escolhessem disciplinas, conteúdos, habilidades e competências específicas da sua organização curricular.

Este Decreto Federal 2208/97 mencionava a questão das habilidades e competências na educação profissional vinculadas à certificação profissional, o que remete à temática da avaliação de competências.

Nos termos do seu Artigo 8º determinava-se que os currículos do ensino técnico seriam estruturados em disciplinas, que poderiam ser agrupadas sob a forma de módulos. Por sua vez, o Parágrafo 4º desse mesmo Artigo determinava que o estabelecimento de ensino que conferiu o último certificado de qualificação profissional deveria expedir o diploma de técnico de nível médio, na habilitação profissional correspondente aos módulos cursados, desde que o interessado apresentasse o certificado de conclusão do ensino médio.

Neste aspecto, ainda que de forma não direta, pode-se observar a importante atuação do estabelecimento de ensino no tocante à avaliação de competências e respectivas certificação e diplomação profissional; sendo a diplomação esta última vinculada também à conclusão do ensino médio e respectivamente da habilitação profissional.Uma vez que o ensino técnico, nos termos do Decreto 2208/97, tinha organização curricular independente do ensino médio com matrículas distintas para ambos, isto demandava por parte dos estabelecimentos de ensino uma reestruturação organizacional nos expedientes da Secretaria

Escolar de forma a acompanhar a evolução acadêmica dos alunos matriculados nos cursos técnicos a fim de concomitantemente verificar a conclusão do ensino médio. Ainda que fosse incumbência do aluno a apresentação do certificado de conclusão do ensino médio para fins de diplomação no ensino técnico em última instância ficaria sob a responsabilidade do estabelecimento de ensino zelar pela rigorosa verificação de documentação escolar evitando- se a expedição irregular de diplomas para egressos do ensino técnico sem a devida comprovação de conclusão do ensino médio. Para aqueles que apenas concluíssem o ensino técnico seria concedido os certificados de qualificação profissional.

Isto posto, observa-se que o foco da avaliação, anteriormente era centrado no processo de ensino-aprendizagem, na relação professor-aluno mediado em última instância pela imprescindível atuação dos Conselhos de Classe.

A partir das disposições da LDB 9394/96 seguida da legislação complementar (Decreto Federal 2208/97, do Parecer CNE/CEB 16/99 e da Resolução CNE/CEB nº 4/99), a avaliação de rendimento na educação profissional é focada no domínio de competência e habilidades. Exige-se dos estabelecimentos de ensino repensar as práticas pedagógico- organizacionais no tocante à atuação dos Conselhos de Classe (ou de Séries/Módulos ou Ciclos) e das formas de acompanhamento da trajetória acadêmica dos alunos, inclusive para fins de registro acadêmico.

A Resolução CNE/CEB nº 4 instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Técnico. No espírito desta Resolução entende-se por diretrizes o conjunto articulado de princípios, critérios, definição de competências profissionais gerais do técnico por área profissional e procedimentos a serem observados pelos sistemas de ensino e pelas escolas na organização e no planejamento dos cursos de nível técnico.

No Artigo 4º dessa Resolução são estabelecidos como princípios norteadores do ensino técnico os enunciados no artigo 3.º da LDB comuns ao ensino técnico e ensino médio: 1ª) independência e articulação com o ensino médio; 2ª) respeito aos valores estéticos, políticos e éticos; 3ª) flexibilidade, interdisciplinaridade e contextualização (BRASIL. 1999b). Além dos referidos princípios a Resolução CNE/CEB 4/99, acrescenta aos anteriores quatro novos princípios específicos da educação profissional: I) desenvolvimento de competências para a laborabilidade; II) identidade dos perfis profissionais de conclusão de curso; III) atualização permanente dos cursos e currículos; IV) autonomia da escola em seu projeto pedagógico, totalizando oito princípios que norteiam a educação profissional e determinando que a educação profissional, integrada às diferentes formas de educação, ao trabalho, à ciência

e à tecnologia, objetiva garantir ao cidadão o direito ao permanente desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva e social.

Nos termos do Artigo 11º dessa mesma Resolução é facultado o aproveitamento de conhecimentos e experiências anteriores desde que diretamente relacionados com o perfil profissional de conclusão da respectiva qualificação ou habilitação profissional. Nisto a avaliação é posta como meio indispensável, especialmente para aproveitamento de experiências anteriores adquiridas no trabalho ou por outros meios informais; em cursos de educação profissional de nível básico.

Compete às escolas expedir e registrar, sob sua responsabilidade, os diplomas de técnico, para fins de validade nacional, desde que seus planos de curso estejam inseridos no cadastro nacional de cursos de educação profissional de nível técnico.

Deve-se esclarecer que por força do Artigo 13 dessa mesma Resolução compete ao Ministério da Educação a criação e organização do cadastro nacional de cursos de educação profissional de nível técnico para registro e divulgação em âmbito nacional.

A partir de então, todos os diplomas devem explicitar o correspondente título de técnico na respectiva habilitação profissional, mencionando a área à qual a mesma se vincula; assim como os certificados de qualificação e de especialização profissional devem explicitar o título da ocupação certificada. Os históricos escolares devem explicitar as competências definidas no perfil profissional de conclusão do curso.

Fato importante a partir da publicação desta Resolução, nos termos do seu Artigo 15º, é incumbência determinada ao Ministério da Educação, para promover, em regime de colaboração com os sistemas de ensino, o processo nacional de avaliação da educação profissional de nível técnico, garantida a divulgação dos resultados.

De acordo com seu artigo 16º da Resolução CNE/CEB 1/05, o Ministério da Educação conjuntamente com os demais órgãos federais das áreas pertinentes, ouvido o Conselho Nacional de Educação, organizará um sistema nacional de certificação profissional baseado em competências.

Em 23 de julho de 2004 expede-se o Decreto Federal nº 5.154 (publicado no D.O.U. de 26.7.2004) que revoga o Decreto Federal 2208/97 e regulamenta o Parágrafo 2º do Artigo 36 e os Artigos 39 a 41 da LDB 9.394/96 .

Este Decreto não dispõe sobre a avaliação, especificamente, mas revogando o Decreto anterior determina alterações nas formas de organização e oferecimento da educação profissional.

Com relação à educação profissional técnica de nível médio (ensino técnico), determina o Artigo 6º do Decreto Federal, em vigor, nº 5154/04, que os cursos e programas quando estruturados e organizados em etapas com terminalidade, incluirão saídas intermediárias, que possibilitarão a obtenção de certificados de qualificação para o trabalho após sua conclusão com aproveitamento. Deve-se acrescentar que essas etapas deverão estar articuladas entre si, compondo os itinerários formativos e os respectivos perfis profissionais de conclusão.

Esclarece-se que a avaliação de competência na educação profissional permanece vigente mesmo com a revogação e alteração da legislação complementar (revogado o Decreto Federal 2208/97). Por isso as reflexões e pesquisas mais dedicadas às metodologias de avaliação na educação profissional tornam-se no contexto da educação profissional algo imprescindível, visto que ela condiciona os fluxos de saída e de certificação profissional.

Na trajetória normativa ocorre seqüencialmente a publicação da Resolução nº 1, de 3 de fevereiro de 2005, expedida pelo Conselho Nacional de Educação/Câmara de Educação Básica, que atualiza as Diretrizes Curriculares Nacionais definidas pelo Conselho Nacional de Educação para o Ensino Médio e para a Educação Profissional Técnica de nível médio em observância às disposições do Decreto nº 5.154/2004.

Esta Resolução dispõe no seu Artigo 3º sobre a alteração da nomenclatura dos cursos e programas de Educação Profissional, a saber: I. “Educação Profissional de nível básico” passa a denominar- se “formação inicial e continuada de trabalhadores”; II. “Educação Profissional de nível técnico” passa a denominar-se “Educação Profissional Técnica de nível médio”; II. “Educação Profissional de nível tecnológico” passa a denominar- se “Educação Profissional Tecnológica, de graduação e de pós-graduação”. (BRASIL. 2005).

A presente Resolução não versa sobre a avaliação, visto que especifica apenas a nova nomenclatura e as formas de oferecimento da educação profissional adequadas às determinações do Decreto Federal 5.154/04, mantendo-se válidas as orientações do Parecer CNE/CEB 16/99 e as disposições contidas na Resolução nº CNE/CEB 4/99, a ser abordada mais detidamente no capítulo seguinte.

4 AS POLÍTICAS DE REFORMA DO ENSINO TÉCNICO PÓS-LDB

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