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O papel do Centro Paula Souza na Educação Profissional Paulista: as transições e rupturas na gestão das Escolas Técnicas Estaduais

5 O MODELO PEDAGÓGICO DE COMPETÊNCIA NA REFORMA DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL: implicações para a avaliação

6 A AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL NO ESTADO DE SÃO PAULO: o papel do Centro Paula Souza e a trajetória do Sistema de Avaliação

6.1 O papel do Centro Paula Souza na Educação Profissional Paulista: as transições e rupturas na gestão das Escolas Técnicas Estaduais

O Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza tem papel importantíssimo na história da educação profissional/tecnológica nacional, uma vez que é a maior rede pública de educação profissional da América Latina.

As discussões em torno da educação tecnológica iniciam-se em São Paulo em 1963 e se consubstanciam somente em 1969. Em 1968, sob a égide da reforma universitária consubstanciada pela Lei Federal 5540/68, o governo do Estado, pela Resolução nº 2001/68, criou um grupo de trabalho para estudar a viabilidade da oferta de cursos superiores de tecnologia no Estado de São Paulo.

Iniciativa possível em virtude da Lei Federal nº 5540/68, de 28 de novembro de 1968, nos termos dos Artigos 18 e 23, referendar implicitamente a possibilidade de oferecimento de faculdades e de cursos de tecnologia, visto que permitia a criação de cursos profissionais com modalidades e duração diferenciadas a fim de atender às demandas do mundo do trabalho. Tal estudo resulta no Relatório, citado pelo Parecer CNE/CP nº 29, de 03/12/2002, que propõe:

as faculdades de tecnologia, com programas de alto padrão acadêmico, poderão oferecer a mais ampla variedade de cursos, atendendo a um tempo às necessidades do mercado de trabalho e às diferentes aptidões e tendências dos estudantes, sem se circunscrever aos clássicos e reduzidos campos profissionais que ainda caracterizam a escola superior brasileira. (BRASIL. 2002).

Então, no efervescente contexto do Regime Militar, contemplando um suposto Milagre Econômico e diante das novas demandas do setor econômico-produtivo e da expansão industrial paulista que demandavam formação profissional, foi criado o Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza (CEETEPS ou CPS), mediante Decreto-Lei s/n de 6 de outubro de 1969, pelo Governador Roberto Costa de Abreu Sodré, no uso de suas atribuições e que por força do Ato Complementar nº 47/69, lhe conferia o Parágrafo Primeiro do Artigo 2º do Ato Institucional nº 5, de 13 de dezembro de 1968. O CPS é criado na condição de entidade autárquica, com personalidade jurídica e patrimônio próprio, com sede e foro na cidade de São Paulo vinculada administrativamente naquele momento à Secretaria de Estado dos Negócios da Educação, e financeiramente à Secretaria da Fazenda.

De acordo com o Artigo 2º desse Decreto, a criação dessa autarquia tinha por finalidade a articulação, a realização e o desenvolvimento da educação tecnológica, nos graus de ensino médio e superior, devendo para isso: I- incentivar ou ministrar cursos de especialidades correspondentes às necessidades e características dos membros de trabalho nacional e regional, promovendo experiências e novas modalidades educacionais, pedagógicas e didáticas, bem como o seu entrosamento com o trabalho; II- formar pessoal docente destinado ao ensino técnico, em seus vários ramos e graus, em cooperação com as universidades e institutos isolados de ensino superior que mantenham cursos correspondentes de graduação de professores; III- desenvolver outras atividades que possam contribuir para a consecução de seus objetivos. (SÃO PAULO. 1969). Não obstante, foi assim denominado somente em 10 de abril de 1971.

Em 1970 foi autorizada a instalação e o funcionamento dos primeiros Cursos de Tecnologia do Centro Estadual de Educação Tecnológica de São Paulo, expedidos pelo Conselho Estadual de Educação de São Paulo, através do Parecer CEE/SP nº 50/70, que enfatizava a relevância do tecnólogo. O referido Parecer afirmava que o tecnólogo preencheria uma lacuna existente entre o engenheiro e a mão de obra especializada, seria então, um elo ou forma de ligação do engenheiro e do cientista com o trabalhador especializado.Para tanto deveria saber resolver problemas específicos e de aplicação imediata ligados à vida industrial.

Cabe lembrar que foi considerada exitosa a iniciativa paulista no oferecimento da educação tecnológica pública pela FATEC de São Paulo, conforme mencionava o Parecer CFE nº 1.060/73, o qual explicitava que inequivocamente, a referida iniciativa estava gerando bons resultados. Em 1974 os Cursos Superiores de Tecnologia ministrados pela Faculdade de Tecnologia de São Paulo (FATEC/SP) são legalmente reconhecidos mediante o Decreto Federal nº 74.708/74.

Em janeiro de 1976 o Governo do Estado de São Paulo criou, mediante a Lei Estadual nº 952/76, a Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, transformando o Centro Estadual de Educação Tecnológica “Paula Souza”, nos termos do seu Artigo 15, em uma autarquia de regime especial vinculada e a ela associada.

Já na década de oitenta, na gestão de Franco Montoro, tendo como Secretário Estadual de Avaliação Paulo Tarso dos Santos (na Secretaria da Educação), foi constituído um importante canal de participação: o Fórum de Educação do Estado de São Paulo, tendo sido o Ensino Técnico em São Paulo o tema específico da II Sessão Pública, em novembro de 1983. Segundo a Profª Lourdes Marcelino Machado:

O documento base da Associação dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo – APEOESP- apontava para o Histórico do Movimento dos Professores das Escolas Técnicas.Documento: denúncia que discutia a transferência de seis escolas técnicas para o Centro Paula Souza, da UNESP, no apagar das luzes da gestão Ferreira Martins, e a seguir as propostas aprovadas em dois Encontros de Escolas Técnicas da rede pública do Estado de São Paulo.Em relação à administração das escolas, a reivindicação era a de criação de uma Coordenadoria do Ensino Profissionalizante. (MACHADO, L.M.1992a, p. 81).

No tocante ao Ensino Técnico Agrícola, em resposta às discussões, debates e reivindicações do Fórum foi criado posteriormente, em 1984, o Grupo Executivo de Trabalho do Ensino Agrícola (GEAGRI). No âmbito do Estado de São Paulo, em 1985 criou-se a Divisão de Supervisão e Apoio às Escolas Técnicas Estaduais (DISAETE), a ela cabendo a responsabilidade de administrar as escolas técnicas industriais e agrícolas, assim o fazendo até 1991 (SILVA, 2002).

Em 1991 tem início o quarto ciclo de evolução histórica do Ensino Técnico Agrícola, ou seja, constata-se sua quarta transferência compulsória, mediante Decreto, para uma nova Secretaria Estadual. O Decreto Estadual nº 34.032/91, de 22 de outubro, determina a transferência da Divisão de Supervisão e Apoio às Escolas Técnicas Estaduais (DISAETE), com as suas escolas, da Secretaria da Educação para a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico. Seu Artigo 1º determinava a transferência, a partir de 1º de

janeiro de 1992, com seus bens móveis, semoventes, máquinas e implementos agrícolas, direitos e obrigações, cargos e funções-atividades, da Secretaria da Educação para a Secretaria da Ciência e Tecnologia e Desenvolvimento Econômico, a Divisão de Supervisão e Apoio às Escolas Técnicas Estaduais com suas escolas, conforme Anexo integrante deste Decreto. (SÃO PAULO. Decreto nº 34.032, 1991).

O Artigo 2º do referido Decreto determina que a Divisão de Supervisão e Apoio às Escolas Técnicas Estaduais (DISAETE) passa a denominar-se Divisão Estadual de Ensino Tecnológico (DEETE), enquanto que seu Artigo 3º determina que “a administração de bens imóveis utilizados, atualmente, pelas Escolas Técnicas Estaduais constantes do Anexo que integra este decreto, fica transferida, a partir de 1º de janeiro de 1992, à Secretaria da Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico.” (SÃO PAULO. Decreto Estadual nº 34.032, 1991).

Em 1993 as Escolas Técnicas Estaduais foram novamente transferidas através do Decreto Estadual nº 37.735/93, agora para o Centro Estadual de Educação Tecnológica “Paula Souza”. (Silva, 2002). O Decreto nº 37.735, de 27/10/93, que institui esta transferência considerava dentre as justificativas a

importância de reunir em rede única as Escolas Técnicas Estaduais para fins de fixação de uma política de atuação com relação a esse ensino, conforme preceito constitucional; como também o fato do Centro Estadual de Educação Tecnológica “Paula Souza”- CEETEPS, autarquia de regime especial, vinculada e associada à Universidade Estadual Paulista “Júlio Mesquita Filho “- UNESP, ter sido criado pelo Decreto- lei de 6 de outubro de 1969, justamente com a finalidade de manter o ensino técnico e tecnológico.” (SÃO PAULO. 1993).

O artigo 1º do Decreto Estadual 37.735/93 determinava a transferência de todas as Escolas Técnicas Estaduais (tanto as Agrícolas, como as Industriais), a partir de primeiro de janeiro de 1994, conforme Anexos I e II do respectivo decreto, respectivamente, da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico e da Secretaria da Educação para o Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza –CEETEPS. (SÃO PAULO. 1993).

Em 1995, por força da Resolução Unesp-63, de 30/08/1995, publicada em 31/08/1995, que altera dispositivos do Regimento Geral da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, ficam determinadas as condições de vinculação do Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza. Conforme Artigo 60-A, o Centro Paula Souza tem por finalidade a articulação, a realização e o desenvolvimento do conhecimento tecnológico, nos níveis superior e médio do ensino, da pesquisa e da extensão de serviços à comunidade e suas

formas de atuação constam em seu Regimento. O Artigo 60-B determina que a organização do CEETEPS obedeceria às diretrizes: I- planejamento da instituição visando a atender às necessidades técnicas e tecnológicas nacionais; II- integração entre seus órgãos e unidades de ensino de modo a garantir unidades de ação institucional; III- estruturação de ensino, de modo a garantir unidade de ação institucional; IV- integração dos cursos de nível superior e médio afins, quando no mesmo Campus, com vistas à racionalização do uso de recursos humanos e materiais;V- integração das atividades de ensino, pesquisa e extensão de serviços à comunidade; VI- descentralização administrativa; VII- participação do corpo docente, do corpo discente e do corpo técnico-administrativo nos órgãos colegiados; VIII- unidade de patrimônio e administração (SÃO PAULO. 1995).

Destaca-se a orientação de integração das atividades de ensino, pesquisa e extensão, bem como a descentralização administrativa condizente com a condição de autarquia em regime especial, porém circunstanciada na questão financeira, visto que a descentralização configurava-se apenas no plano administrativo. Ainda conforme o Artigo 60- C, o Centro Paula Souza constituir-se-á por Unidades de Ensino Superior (denominadas de Faculdades de Tecnologia-FATECs), Unidades de Ensino Médio (denominadas de Escolas Técnicas Estaduais-ETEs), e Unidades Especiais que poderão organizar-se em campus.

O Centro Paula Souza (CEETEPS) acabou se constituindo no mais importante pólo formador de técnicos e tecnólogos no Estado de São Paulo, constituindo pública a gênese destes cursos.

Em 2001 o Centro Paula Souza no Estado de São Paulo contava com: a) 64 Escolas Técnicas Estaduais - ETEs (cursos técnicos nas áreas industrial e de serviços); b) 35 Escolas Técnicas Agrícolas Estaduais- ETAEs (cursos técnicos na área agrícola), cuja denominação foi alterada também para ETE ( Escola Técnica Estadual) , conforme Decreto Estadual nº 44.500/99; c) 09 Faculdades de Tecnologia - FATEC’s (cursos superiores de tecnologia); d) 12 Classes descentralizadas em convênio com prefeituras municipais (cursos médio e técnicos dos diversos setores produtivos). No total, são 108 Unidades de Ensino e 12 Classes Descentralizadas distribuídas em 94 municípios paulistas.

Atualmente (até o dia 14/01/2008) o Centro Paula Souza administra 171 Unidades de Ensino, sendo (138) Escolas Técnicas Estaduais (ETEs) e (33) Faculdades de Tecnologia (Fatecs) localizadas em cento e dezesseis (116) cidades paulistas que atendem a mais de cento e vinte mil alunos. Ocorre durante os anos de 2001 a 2008 um processo de expansão do CPS com crescimento do número de Escolas Técnicas Estaduais.

As Escolas Técnicas Estaduais atendem mais de 100 mil estudantes nos níveis de ensino Médio e Técnico, para os setores Industrial, Agropecuário e de Serviços, com mais de 78 habilitações profissionais. Nas FATECs mais de 20 mil alunos estão distribuídos em 31 cursos Superiores de Graduação, totalizando nesta data trinta e três (33) Faculdades de Tecnologia, com previsão de implantação para o primeiro semestre de 2008 de cinco novas Unidades nos municípios de Araçatuba, Capão Bonito, Jaboticabal, Piracicaba e Sertãozinho. Ocorre ainda o plano de expansão das ETEs e FATECs com previsão para implantação de novas Unidades no ano de 2008.

A Administração Central é constituída por: Presidente Interino do Conselho Deliberativo; Diretora Superintendente; Vice-diretor Superintendente; Chefe de Gabinete; Assessor de Programação e Controle de Obras; Assessor para Assuntos de Educação Superior; Assessora de Avaliação Institucional; Assessora de Pós-graduação e Pesquisa; Procuradora Jurídica; Coordenador de Ensino Profissional Básico; Coordenador de Ensino Técnico; Coordenador de Recursos Humanos; Coordenador de Administração.

No ano de 2006 foi reestruturado novo o Regimento Comum das Escolas Técnicas Estaduais de forma a atualizar as mudanças advindas deste decênio de publicação da nova LDB 9394/96.

Após esta explanação, cabe-nos revisitar no tópico seguinte o contexto, as etapas e proposições do Sistema de Avaliação Institucional do Centro Paula Souza.

6.2 O Sistema de Avaliação Institucional das Escolas Técnicas Estaduais

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