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3.1 EaD PARA SURDOS

3.1.1 Avatares, Aplicativos Web e Softwares

Existe uma série de tradutores automáticos de Português-Libras criados por desenvolvedores brasileiros. Apresento, aqui, quatro tipos de avatares: Rybená (GRUPO ICTS, 2017), Hand Talk (2017), ProDeaf (2017) e VLibras (BRASIL, 2017c)8. Todos eles são de empresas diferentes – alguns gratuitos, e outros privados –, no qual é preciso pagar para desbloquear algumas funcionalidades. Alguns desses tradutores automáticos podem ser baixados pelo usuário no seu celular ou tablet na forma de aplicativo. Também é possível instalar um software no seu computador ou notebook. Além disso, alguns sites apresentam esses avatares.

Sobre os avatares de tradução automatizada, estes permitem traduzir os textos da língua portuguesa para a Libras, e também alguns aplicativos permitem receber a voz em língua portuguesa, traduzindo para a Libras. Esses programas não permitem a recepção de voz em uma língua estrangeira e também não traduzem para outras línguas de sinais de outros países. O objetivo desses avatares é auxiliar pessoas que não sabem a língua de sinais para que possam utilizar o tradutor automático para se comunicar com o surdo. Contudo, não há a possibilidade de o surdo sinalizar para o avatar e este traduzir a mensagem para a língua portuguesa escrita ou oral. Em uma pesquisa sobre o aplicativo

8 Ressalto que o ano de 2017 foi citado por ser o ano em que acessei os sites das empresas. Considerando a

volatilidade das informações em portais eletrônicos, fez-se necessário esse recorte histórico para demarcar a época em que os textos estavam disponíveis nesses ambientes.

de tradução automatizada em Libras com sujeitos surdos sobre o contexto linguístico em língua de sinais, Corrêa et al. (2014, p. 5-6, grifo nosso) apontam que

Os sujeitos ainda expressam fragilidades ou desvantagens das ferramentas do ponto de vista linguístico. As fragilidades apontadas pelos sujeitos foram a presença de sinais regionalizados, típicos de regiões específicas do País; a ausência do parâmetro referente à expressão facial no avatar, uma vez que esse é fundamental para a compreensão da Libras; as traduções fora de contexto, confusas ou em desacordo com a estrutura gramatical da Libras e o vocabulário de sinais restrito, o que implica a realização do Português sinalizado (datilologia) o fato de que o sujeito surdo precisa ter conhecimento básico de Língua Portuguesa para fazer uso do aplicativo, o que é um impedimento uma vez que parte dos surdos não é alfabetizada em Língua Portuguesa.

As pessoas que não são fluentes em língua de sinais não percebem a qualidade dos tradutores automáticos, achando que este é acessível e facilita a comunicação com os surdos por meio do uso do aplicativo. Vejamos um depoimento colocado no sítio eletrônico de uma dessas ferramentas:

Figura 16 – Depoimento de um usuário do tradutor automático

Fonte: Sítio eletrônico do aplicativo ProDeaf (2017, on-line).

Em seu depoimento, o cliente menciona pontos positivos do uso de avatar. Todavia, não se pode dizer que a ferramenta está “100% madura”, pois faltam investigações sobre os resultados do uso de avatar. Não há garantia de qualidade dessa tradução automática, estando de acordo com os contextos nas línguas orais. Certamente é confortável para a pessoa ouvinte, que digita uma palavra e obtém sua tradução para a língua de sinais. Com esse movimento, as pessoas podem construir um vocabulário/sinalário de uma segunda língua; porém, ainda existem outros entraves, como sinais regionais de outros estados e dialetos.

Vejamos, a seguir, um pouco da história dos quatro avatares que foram criados pelos brasileiros. Os textos apresentados foram feitos pelos próprios responsáveis pela criação dos tradutores automáticos:

Quadro 1 – Avatares de tradução automática Os Avatares

Rybená (2006) Figura 17 – Rybená

Fonte: Sítio eletrônico do Rybená (GRUPO

ICTS, 2017, on-line).

“[...] é capaz de traduzir, de forma imediata, textos do português para a Língua Brasileira de Sinais e de converter português escrito para voz falada no Brasil.” (GRUPO ICTS, 2017, on-line). O software Rybená figura em

caixas eletrônicos, televisores, dentro de aeroportos para mostrar informações sobre os voos, cursos EaD, bibliotecas virtuais e outras

aplicações.

VLibras (2010) Figura 18 – VLibras

Fonte: Sítio eletrônico do VLibras (BRASIL, 2017c, on-line).

“[...] um conjunto de ferramentas computacionais de código aberto, responsável

por traduzir conteúdos digitais (texto, áudio e vídeo) para a Língua Brasileira de Sinais - Libras, tornando computadores, dispositivos

móveis e plataformas Web acessíveis para pessoas surdas.” (BRASIL, 2017c, on-line). O VLibras é um projeto financiado pelo governo federal, por isso é o único desses recursos que não possui limitações no uso gratuito, sendo

considerado um software livre. Prodeaf (2010)

Figura 19 – ProDeaf para Smartphone

Fonte: Sítio eletrônico do ProDeaf (2017, on- line).

“[...] é um software de tradução de texto e voz na língua portuguesa para Libras – a língua brasileira de sinais, com o objetivo de realizar

a comunicação entre surdos e ouvintes.” (PRODEAF, 2017, on-line). O aplicativo é

aceito na Web, dispositivos móveis e computadores pessoais.

Figura 20 – ProDeaf para PC

Fonte: Sítio eletrônico do ProDeaf (2017, on- line).

Handtalk (2012) Figura 21 – Handtalk

Fonte: Sítio eletrônico do Handtalk (2017, on- line).

“Tradução digital e automática para Língua de Sinais, utilizada pela comunidade surda. A solução oferece ferramentas complementares

ao trabalho do intérprete para auxiliar a comunicação entre surdos e ouvintes.” (HANDTALK, 2017, on-line). O avatar da ferramenta permite traduzir textos escritos em

língua de sinais. Também converte entradas de voz para o português escrito e para a

Libras.

Fonte: Elaborado pela autora

Não se pode dizer que existem avatares melhores ou piores. Acredito que os profissionais e desenvolvedores que criaram essas ferramentas tinham o objetivo de melhorar as questões de acessibilidade e ajudar as outras pessoas com ou sem deficiência que não sabem a língua de sinais e facilitar comunicação para a pessoa surda (pacientes, clientes e colegas). Assim, uma análise dos aplicativos no que se refere ao uso em ambiente EaD, como o que fizemos aqui, seria oportuno para melhor exploração dessa temática.