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BANHO TURCO DE JOÃO MOUTINHO HOMEM INVISÍVEL DA ARMADA LUSA João Moutinho: Uma noite de sonho!”

3.1. Linhas mestres da investigação

3.1.1. Breve história do futebol e os media

Tal como já foi referido anteriormente, o texto jornalístico, com especial destaque para os jornais desportivos, afigura-se como fonte ideal para a recolha de um corpus que se quer autêntico e dinâmico.

Convém aqui, a nosso ver, tecer algumas breves considerações acerca da relação entre o desporto e o jornalismo desportivo.

Nos séculos XVIII e XIX o termo desporto99 descrevia a prática de um conjunto de exercícios físicos específicos, prática essa que foi, a partir da Inglaterra, conquistando popularidade em toda a Europa, pois a ideia de mens sana in corpore sano100 era cada vez mais aceite e seguida. Elemento inovador desta prática desportiva era o princípio da competição, com o objectivo de alcançar vitórias e recordes. Na Inglaterra tornou-se parte integrante do currículo das Public Schools, frequentadas por jovens da alta burguesia e da nobreza; daí o seu inicial cunho elitista. Sucessivamente, emergiram inúmeros clubes desportivos possibilitando a

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Der Begriff Sport entlehnt sich dem spätlateinischen Wort disportare, was so viel heißt, wie sich zerstreuen, vergnügen. Das Wort fand über die französische Sprache "se de(s) porter" (Erholung, Zerstreuung) den Weg ins Englische ("to disport") und später auch ins Deutsche (1828). Es fand sich erstmals 1440 in der heute gebräuchlichen Kurzfassung „sport“. Mit diesem Wort wurden damals Vergnügung, Spass, Zerstreuung, körperliche Erholung sowie faires Verhalten zum Ausdruck gebracht. Später kam noch die Bedeutung als Sammelbegriff für die Leibesübungen hinzu. (In: http://de.inforapid.org/index.php5?search=Geschichte%20des%20Sports [Consult. 11.12.2010]) 100

"Uma mente sã num corpo são é uma famosa citação latina, derivada da Sátira X do poeta romano Juvenal. A conotação satírica da frase, no sentido de que seria bom ter também uma mente sã num corpo são, é uma interpretação mais recente daquilo que Juvenal pretendeu exprimir. A intenção original do autor foi lembrar àqueles dentre os cidadãos romanos que faziam orações tolas que tudo que se deveria pedir numa oração era saúde física e espiritual. Com o tempo, a frase passou a ter uma gama de sentidos. Pode ser entendida como uma afirmação de que somente um corpo são pode produzir ou sustentar uma mente sã. Seu uso mais generalizado expressa o conceito de um equilíbrio saudável no modo de vida de uma pessoa. (In http://dbpedia.org/page/Mens_ sana_in_corpore_sano [Consult. 11.12.2010])

142 proliferação do desporto como actividade complementar à actividade profissional, i.e. o desporto passou a ser a actividade privilegiada dos tempos livres, na procura de encontrar um equilíbrio entre o dever e o lazer. Este desporto não possuía qualquer cunho político, tal como acontecia com a ginástica, praticada nas escolas públicas e colectividades, principalmente pelas classes sociais mais baixas, fundamentalmente orientada para a exaltação de um espírito nacionalista. Com a crescente industrialização da Inglaterra e, seguidamente da Europa, também a popularidade do desporto cresceu, pois partilhavam os mesmos princípios da competitividade, da concorrência e do sucesso/vitória. Tanto a indústria como o desporto apelavam à capacidade de racionalização do esforço, à especialização e ao aperfeiçoamento técnico. Ambos os domínios acompanhavam a mudança cultural, marcada pelo Calvinismo e Puritanismo, exaltando o sucesso individual resultante do esforço e da dedicação, o espírito competitivo orientado para a melhoria dos resultados, assim como o capitalismo, como propulsor de riqueza individual e colectiva (sendo a pratica desportiva encarada como investimento pessoal para a obtenção de sucesso) e como valor de salvação moral e social. Acrescente-se, ainda, a paixão competitiva por parte dos britânicos, o que motivou a organização de torneios e campeonatos patrocinados pela nobreza. Durante o século XIX assistiu-se à necessária regulamentação das diferentes modalidades desportivas a nível global, a fim de possibilitar campeonatos e competições internacionais. A realização dos primeiros Jogos Olímpicos da era Moderna em 1896, movida por Pierre de Coubertin101, reflectia não somente a necessidade de uniformização das regras das diferentes modalidades desportivas, mas principalmente o desejo de união dos povos de todo o mundo - Völkerverständigung - em torno de um grande evento desportivo. Pode-se assim concluir que este novo conceito de desporto enaltece três aspectos fundamentais:

a) o treino intenso e a dedicação ao desporto e desenvolvimento do espírito competitivo para a consequente obtenção de vitórias e recordes em torneios e campeonatos; b) o respeito pelas regas de cada modalidade, a nível mundial, reflectindo assim uma

normalização e uniformização global, seguida por todos os atletas.

c) a internacionalização do desporto, que se reflecte nos grandes eventos desportivos internacionais (tal como os Jogos Olímpicos) e que dá origem aos conceitos de universalidade, fraternidade e igualdade do desporto.

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Pierre de Frédy (Paris, 1 de Janeiro de 1863 — Genebra, 2 de Setembro de 1937), mais conhecido pelo seu título nobiliárquico de Barão de Coubertin, foi um pedagogo e historiador francês, tendo ficado para a história como o fundador dos Jogos Olímpicos da era moderna. (In: http://dictionary.sensagent.com/Pierre_de_Coubertin/pt-pt/ [Consult. 12.12.2010])

143 O desporto, albergando um vasto leque de modalidades, tinha conquistado o mundo, tornando-se uma actividade de massas. Para além do número de praticantes das modalidades desportivas, assistiu-se igualmente a uma explosão em termos de adeptos e simpatizantes, ou seja, um aumento significativo do número de não-praticantes, simples espectadores dos eventos desportivos. Este fenómeno atraiu rapidamente a atenção dos meios de comunicação, devido ao facto de dominar uma parte significativa da vida individual e social. A publicação de notícias desportivas afigurava-se como fonte de rendimento económico acrescida, pois perspectivava o alargamento do público leitor apaixonado ou interessado pelo desporto. O desporto como espectáculo tinha de ser noticiado e divulgado, o que, por sua vez, contribuiu ainda mais para a sua massificação. Gradualmente foram sendo criadas as condições para a integração da notícia desportiva nos diversos jornais – por exemplo: formação de jornalistas especializados nos diferentes desportos e presença de jornalistas nas competições desportivas - culminado na criação da subcategoria do jornalismo desportivo e o advento das secções, suplementos (Sportteil der Tageszeitung), jornais (Sportzeitung) e revistas (Sportzeitschrift) exclusivamente desportivas. Na Alemanha, a institucionalização da imprensa desportiva deu-se apenas no final do século XIX, enquanto na Inglaterra, o Morning Herald já publicava em 1821 o seu suplemento desportivo. Em 1878 surgiu em Viena o “Allgemeine Sportzeitung”, o jornal desportivo europeu de língua alemã mais antigo e o primeiro a abranger todas as modalidades desportivas.

Durante a primeira guerra mundial a não realização de encontros desportivos provocou uma diminuição dramática na produção de textos da imprensa desportiva. Porém, durante a República de Weimar (1919-1933), o jornalismo desportivo ressurgiu com o restabelecimento das competições desportivas. Contudo, o desporto passou então a assumir, para além do estatuto de entretenimento público, uma função marcadamente política. A derrota da Alemanha na primeira guerra mundial e as respectivas consequências sociopolíticas deixaram feridas profundas no orgulho nacional.

”Generell sollte man aber bedenken, in welcher politischen Situation die Weimarer Republik entstanden ist. Durch wirtschaftlichen Ruin, hohe Anzahl der Gefallenen im Krieg, den Versailler Vertrag und immer wieder aufkommende innerpolitische Krisen hatte die junge Republik einen schweren Einstand. Ihr Scheitern war fast abzusehen. Diese Ereignisse beeinflussten auch die Entwicklung des Sports. Aufgrund dieser Schwierigkeiten sollten vielleicht die positiven Ansätze des Sports besonders betont werden. Denn anders als sonst, breitete sich der Sport nicht (allein) von ,,oben" aus. Er fand seine Faszination und Ausbreitung im Volk.“ (Ernst, 2001:10)

144 O sentimento generalizado de derrota e humilhação internacional era escamoteado pelas conquistas desportivas. O espírito de competição saudável entre nações, de acordo com a filosofia olímpica defendida por Coubertin, parecia ter sido substituído pela necessidade de afirmação nacional.

“Der Internationalismus ließ sich nicht ohne weiteres mit dem nationalen Gedanken in Deutschland vereinen. Viele Sportler fühlten sich durch die Niederlage im Krieg gedemütigt und sahen daher keine Möglichkeit, sich mit diesen Nationen sportlich und vor allem auch friedlich zu messen (...) Die Parole ,,Sport ist Kampf" traf genau in das nationale und militärische Herz der Deutschen. Die überflüssigen englischen Elemente des Sports galt es auszusondern. Übermäßiges Rekordstreben und Personenkult sind in der Deutschen Interpretation nicht maßgebend. Das Streben nach Vollendung soll auf alle Lebensbereiche übertragen werden können. Das Ziel ist das beste zum Wohl des ganzen deutschen Volkes.“ (Ernst, 2001:8-9)

Esta interpretação da função do desporto torna a motivação nacionalista e militarista subjacente bastante clara. Não é, desta forma, de estranhar que se tenha assistido a um desenvolvimento do aproveitamento do desporto como exaltação nacionalista, protagonizada e amplamente difundida pelo Terceiro Reich. O desporto tornou-se uma arma política, o jornalismo desportivo isento foi substituído pela propaganda nacionalista. A instrumentalização do desporto por parte da política tornou-se evidente aquando dos Jogos Olímpicos de 1936 em Berlim que decorreram inteiramente sob o signo do nacional-fascismo alemão, e a partir de então, considera-se que o desporto nunca mais voltou à isenção inicialmente almejada. Lembremo-nos da tragédia de Munique aquando dos Jogos Olímpicos de 1972, dos diferentes boicotes aos Jogos Olímpicos de Moscovo em 1980 e de Los Angeles em 1884, ou da polémica em torno do campeonato do mundo de futebol em 1978 na Argentina102, ou mesmo da exaltação nacional por parte dos antigos países de leste, para lá da cortina vermelha, por um lado e dos Estados Unidos e seus aliados por outro, durante o período da guerra fria.

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“Ao som dos tropéis militares, o Mundial de 1978 coroou a Argentina como campeã do Mundo, dando finalmente o troféu que faltava à última potência do futebol mundial ainda sem título. Há dois anos que a Junta Militar do general Videla assumiu o poder numa Argentina submetida à lei marcial e na qual os direitos humanos são quotidianamente desrespeitados. Em Buenos Aires, as viúvas e as mães dos desaparecidos marcham em romaria até à Plaza de Mayo e, um pouco por todas as capitais da Europa Central multiplicam-se as manifestações apelando ao boicote do Mundial sem que isso, no entanto, tenha quaisquer resultados práticos. No dia 1 de Junho, Alemanha Ocidental e Polónia inauguram a X Edição do Campeonato do Mundo de Futebol com um 0-0 aflitivo. Pelas bancadas do estádio do River Plate, as fardas dos militares davam ao futebol a nota de opressão que o país vivia. Decalcado do modelo estreado em 1974, o Mundial argentino viveu longamente mergulhado num corrupio de críticas e acusações quanto à manipulação dos grupos orquestrada pela organização. (In: http://www.fpf.pt/portal/ page/portal/PORTAL_FUTEBOL/SELECCOES/CLUBE_PORTUGAL/HISTORIA/HISTORIA_MUNDIAIS/ARGENTINA_78 [Consult. 12.12.2010])

145 Considera-se, então, que o desporto, como parte integrante da sociedade, é e continuará a ser um veículo de identidade nacional e consequente afirmação internacional. Os seus intervenientes começam a ser admirados e idolatrados não somente pelas suas qualidades como profissionais das diferentes áreas do desporto, mas também por serem representantes ou mesmo heróis da nação. Esta tendência aponta para a existência de duas outras formas de instrumentalização do desporto profundamente relacionadas: a economia e os media. Existe uma relação triangular entre o desporto, os media e a economia, caracterizada por uma dinâmica de influência e dependência mútuas.

Hoje, mais do que nunca, o desporto é também um negócio que movimenta milhões, i.e. um vasto número de pessoas, dinheiro, interesses, ideologias e até valores sociais e morais, e só conseguirá atingir os seus objectivos se devidamente divulgado e publicitado. É neste enquadramento que reside o poder dos media: torna o mero evento desportivo num espectáculo desportivo e económico de massas103. Assiste-se, assim, a uma transição a que Hoffmann-Riem (1988) chamou: “Vom Ritual zum Medienspektakel”104. No caso específico do futebol, centro das nossas investigações, a sua comercialização por parte das diferentes organizações desportivas e consequente divulgação de todas as vertentes ligadas a este desporto por via da imprensa desportiva, estações radiofónicas e televisivas, é um sector significativo da actividade económica. Um grande número de variáveis torna os media e o futebol mutuamente atractivos: O desporto de audiências e as audiências do desporto influenciam-se e potenciam-se. Não é, porém, intenção deste estudo aprofundar a tríade desporto-economia-media, mas sim centrar as atenções nas manifestações linguísticas por parte dos media escritos relativamente ao evento futebolístico.

Na paisagem mediática, a televisão ocupa, pelo facto de constituir um meio audiovisual, a posição dominante tendo relegado a rádio para segundo plano, neste momento vocacionada para a divulgação de notícias variadas ligadas ao desporto. Concomitantemente, a imprensa desportiva tem conseguido manter e cativar o interesse do público leitor ao enriquecer as suas publicações com uma grande variedade de artigos que ultrapassam amplamente o mero relato (escrito) do confronto, uma vez que publica as entrevistas, as opiniões, os comentários, as análises dos intervenientes e dos especialistas da área, as críticas

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"Als Massenkommunikation bezeichnet man in der Kommunikationswissenschaft einen Kommunikationstyp bzw. eine Kommunikationsform, "bei der Aussagen offentlich (also ohne begrenzte und personell definierte Empfangerschaft), durch technische Verbreitungsmittel (Medien), indirekt (also bei raumlicher oder zeitlicher oder raumzeitlicher Distanz den Kommunikationspartnern) und einseitig (also ohne Rollenwechsel zwischen Aussagenden und Aufnehmenden) an ein disperses Publikum [...] gegeben werden". (Maletzke, 1963 in: http://www.bender-verlag.de/lexikon/lexikon.php?begriff=Massenkommunikation [Consult. 13.12.2010])

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Hoffmann-Riem, W., „Sport – Vom Ritual zum Medienspektakel“ in Hoffmann-Riem, W. (Ed.) Neue

146 e as diversas avaliações, etc. Ocupa-se do antes, do durante e do depois do confronto, escreve sobre jogadores, treinadores, árbitros, adeptos, em suma, todos os que vivem o futebol. É neste universo que a linguagem futebolística mais floresce.

Em suma, a televisão privilegia a imagem, relegando para segundo plano os aspectos linguísticos, ao passo que a imprensa privilegia o suporte escrito, atribuindo à imagem (fotografia) uma função de complementaridade. Daí que a análise da linguagem futebolística da imprensa se afigura como a mais indicada e significativa devido à sua riqueza e criatividade105.

Com o domínio da era digital, os jornais desportivos reconheceram que, para manter o seu estatuto de meio de comunicação de massas, cativando as novas gerações de leitores, paralelamente às edições de papel tinham de disponibilizar edições on-line gratuitamente disponíveis a todos os leitores com acesso a um computador com ligação à internet. Assim, os jornais conseguem alcançar um número de leitores ainda maior, e cada vez mais diversificado, um dos principais objectivos dos media de massas. Os jornalistas e comentadores têm, obviamente, consciência deste facto106 que é, naturalmente, tido em conta aquando da criação e consequente publicação dos seus variados artigos. É cada vez mais reconhecida a tendência de uma política de orientação para o público leitor – Publikumsorientiertheit107 – por parte dos media, principalmente devido a razões económicas. Existe uma grande oferta de jornais desportivos em concorrência directa, consequentemente, as redacções dos diversos jornais procuram, através de estratégias diversas, atrair o maior número de leitores possível. Assiste- se, assim, a uma redefinição de prioridades quanto à informação a transmitir: o conteúdo e

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Heine, Claudi, Hünnemeyer (1991a:31) distinguem três tipos de criatividade: universal, comunal e individual. A primeira é comum a todos os homens, independentemente da cultura (por exemplo: a utilização de partes do corpo para conceptualizar espaço). A terceira é relativa ao indivíduo. No presente estudo, debruçamo-nos sobretudo sobre o segundo tipo, que se relaciona com aspectos sociais, culturais e políticos de uma determinada sociedade, seus grupos étnicos, suas comunidades linguísticas, etc. A criatividade comunal abrange a maneira como uma comunidade específica explora o domínio de objectos concretos para conceptualizar outros domínios.

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Um recente estudo estatístico publicado na internet pela Statista (“deutsches Statistikunternehmen im Internet, ein weltweites Statistik-Portal, das statistische Daten verschiedener Institute und Quellen professionell bündelt.“) demonstou que em 2009, na população alemã, entre os 14 e os 69 anos de idade, 29% não se interessa pelo desporto, 40% tem interesse pelo desporto e 31% interessam-se muito pelo desporto. (Fonte: http://de.statista.com/statistik/diagramm/studie/106024/umfrage/interesse-sport/) O mesmo organismo concluiu num outro estudo de 2010 que 49% da população alemã pratica, pelo menos uma vez por semana, algum tipo de desporto. (Fonte: http://de.statista.com/statistik/daten/studie/164271/umfrage/anteil-der-sporttreibenden-nach- land/ [Consult. 13.12.2010])

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“(...)Dies bedeutet, dass der Journalismus, wie auch andere Systeme, seine Operationen am Publikum orientierenmuss. Was in anderen gesellscaftlichen Sektoren mit Begriffen wie Kundenorientierung, Wählerorientierung, Klientenorientierung, Studentenorientierung als Prozess beschrieben ist, trifft auch für Journalismus zu und firmiert als Publikumsorientierung. Aus der Perspektive des Publikums bietet gerade der aktuelle Nachrichtenjournalismus eine Chance, sich über zahlreiche gesellschaftliche Bereiche, die – wie Sport, Politik, Wirtschaft – ebenfalls auf ein Publikum als Leistungsempfänger angewiesen sind, zu informieren. In der Journalismusforschung wird diese Leistung als Vermittlung gesellschaftlich relevanter Informationen beschrieben.“ (In: Jornalistik Journal, „Das Publikum im Blick, Die veränderte Publikumsorientierung des Journalismus seit 1990“, Bernd Blöbaum, Sophie Bonk, Anne Karthaus & Annika Kutscha, http://journalistik- journal.lookingintomedia.com/?p=441, 14.04.2010 [Consult. 13.12.2010])

147 pertinência da notícia são aspectos tão importantes e significativos como a forma como a mesma é transmitida. Os artigos devem ser tanto informativos e factuais como apelativos e interessantes, sendo que a criatividade linguística se afigura como instrumento ideal para atrair as atenções dos leitores mediante a construção de imagens metafóricas de elevado impacto junto dum público diversificado. Esta construção dinâmica de significados é um produto da relação sinergética entre o futebol, a sociedade e a cultura, conforme apontado pelo organismo alemão abaixo referenciado:

“Der Fußball in Deutschland hat vielfältige Bezüge (...) Er ist ein wichtiger Bestandteil der Alltagskultur im Land und Integrationsfaktor quer durch alle sozialen Milieus, er prägt die deutsche Geschichte und zahllose Biografien, er ist Spiegel und Brennpunkt für kulturelle, politische, ökonomische, soziale Entwicklungen – ein Phänomen, schillernd und komplex wie kaum ein anderes.“ (Deutsche Akademie für Fussball-Kultur, 2004:2)108

Diferentes eventos desportivos, como, por exemplo jogos de futebol, ao nível local ou nacional, são considerados eventos culturais. Este facto torna-se ainda mais evidente aquando dos campeonatos internacionais com equipas participantes oriundas dos quatro cantos do mundo. Para além da competição desportiva, assiste-se a um encontro de nações e culturas, o país anfitrião aproveita a mediatização do evento para promoção e divulgação da sua história e de manifestações culturais locais:

“Die Welt ist zwar kein Fußball, aber im Fußball findet sich doch eine ganze Menge Welt109. Und der eigentliche Gottesdienst findet schon längst in den großen Fußballarenen rund um den Globus statt. Mit Ornamenten und Insignien geschmückte Anhänger pilgern in die modernen Gotteshäuser, stimmen feierliche Gesänge an und geraten in ekstatische Verzückung, wenn ihre Götter einen Sieg davontragen. Sogar Papst Johannes Paul II. hat die Zeichen der Zeit erkannt und ist Ehrenmitglied beim F.C. Barcelona und bei Schalke 04.“ (Richard Steiger , Fussball – Mehr als nur ein Spiel, Wissen Media Verlag)110

Por sua vez, os jornais desportivos apoiam-se nesse conhecimento partilhado, reflectindo a experiência vivida, cultural e histórica dos seus leitores/falantes (Geeraerts, 2006b:5):

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In: http://www.fussball-kultur.org/fileadmin/redaktion/pdfs/DE_KozeptAkademie.pdf [Consult. 14.12.2010] 109

“Die Welt ist zwar kein Fußball, aber im Fußball, das ist kein Geheimnis, findet sich eine ganze Menge Welt“ Ror Wolf; Pseudónimo: Raoul Tranchirer (* 29. Junho 1932 em Saalfeld/Saale, Thüringen), escritor alemão (In: http://www.spiegel.de/sport/fussball/0,1518,295277,00.html [Consult. 14.12.2010])

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In http://www.wissen.de/wde/generator/wissen/ressorts/sport/fussball/index,page=1307370.html [Consult. 14.12.2010]

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“(...) we also have a cultural and social identity, and our language may reveal that identity, i.e. languages may reveal that identity, i.e. languages may embody the historical and cultural experience of groups of speakers (and individuals).”