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3.1 O cenário de realização da pesquisa

3.1.2 Breve histórico do Instituto Federal Minas Gerais

O IFMG é uma Instituição da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, criada pela Lei n. 11.892, de 29 de dezembro de 2008, caracterizando-se como uma autarquia formada pela incorporação da Escola Agrotécnica Federal de São João Evangelista, dos CEFET de Ouro Preto e de Bambuí e das Unidades descentralizadas de ensino (Uned) de Formiga e Congonhas, quepor força da Lei, passaram de forma automática,

67http://redefederal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=52&Itemid=2, acesso

20/07/2013.

68 XAVIER NETO, L. P. O processo de “ifetização” da Rede Federal de Educação Tecnológica: avanço

neoliberal e ações de resistência. In: SEMINÁRIO DO TRABALHO: Trabalho, economia e educação no Século

XXI. Marília: UNESP, 2008.

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AMORIM, M. O plano de expansão da rede federal de educação profissional e tecnológica: persistência da dualidade estrutural? In: CONGRESSO LUSO-BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO: Cultura

escolar, migrações e cidadania. Porto: Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do

independentemente de qualquer formalidade, à condição de campus da nova instituição. Os demais campi foram criados após 2009.

No Regimento Geral do IFMG encontram-se informações sobre a gestão da Instituição: a Reitoria é o órgão executivo superior responsável por planejar, administrar, gerir, coordenar e superintender as atividades do Instituto. É composta por um Reitor e cinco Pró-Reitores, que estão à frente das Pró-Reitorias70 de Administração (PROAD), de Planejamento e Orçamento (PROPLAN), de Ensino (PROEN), de Extensão (PROEX) e de Pesquisa, Inovação e Pós-Graduação (PROPIP). A Reitoria é sediada em Belo Horizonte e os Pró-Reitores, nomeados pelo Reitor71, são oriundos de diferentes campi do Instituto. Ainda segundo esse documento, a administração da instituição é realizada “por seus órgãos colegiados, pela Reitoria e pela Direção-Geral dos Campi, com apoio em uma estrutura organizacional que define a integração e a articulação dos diversos órgãos situados em cada nível” (IFMG, 2011, p. 2). O IFMG conta com órgãos colegiados superiores, como o Conselho Superior72 e Colégio de Dirigentes73, cujas composições e competências estão definidas no seu Estatuto. Existem também os colegiados destinados a apoiar a gestão administrativa e acadêmica, como o Conselho Acadêmico, em cada Campus; o Comitê de Ensino; o Comitê de Pesquisa, Inovação e Pós-Graduação; o Comitê de Extensão; o Comitê de Administração e Planejamento.

Subordinados a essa administração central estão os Campi do IFMG, que são administrados por Diretores-Gerais nomeados de acordo com o que determina o art. 13 da Lei n 11.892/2008. Cada campus tem o seu funcionamento e estrutura organizacional, de acordo com suas particularidades, definidos em Regimento Interno aprovado pelo Conselho Superior do Instituto.

Em uma instituição dessa magnitude e complexidade, há que se pensar nas formas de integração entre a Reitoria e os campi que compõem o instituto. A estrutura multicampi, característica dessa instituição, apresenta problemas decorrentes não apenas da distância física

70 São órgãos executivos que tem como objetivos planejar, organizar, coordenar, fomentar e controlar as

atividades relacionadas à sua área de atuação.

71 De acordo com a Lei 11.892/2008, art. 12, “os Reitores serão nomeados pelo Presidente da República, para

mandato de 4 (quatro) anos, permitida uma recondução, após processo de consulta à comunidade escolar do respectivo Instituto Federal [...].”

72 É o órgão máximo do IFMG, de caráter consultivo e deliberativo, tendo a seguinte composição: é presidido

pelo Reitor e conta com representações de Diretores-gerais dos Campi, docentes, discentes, técnicos administrativos, alunos egressos, representantes do MEC e da sociedade civil. As competências estão definidas no art. 8º do Estatuto do IFMG.

73 É o órgão de apoio ao processo decisório da Reitoria, de caráter consultivo, possuindo a seguinte composição:

o Reitor, como Presidente, os Pró-reitores e os Diretores-Gerais dos Campi. As competências estão definidas no art. 10 do Estatuto do IFMG.

entre os campi e desses com a Reitoria, mas, sobretudo, de gestão dos processos de trabalho que neles se realizam. Essa gestão deve buscar uma identidade na diversidade das realidades sociais, educacionais e econômicas de cada campi, incluindo os arranjos produtivos locais que são um dos elementos balizadores para a oferta de cursos pelo Instituto.

Um dos desafios que se apresenta aos Institutos Federais é buscar elos que viabilizem uma unidade entre os campi, uma vez que todos são regidos por regulamentações e orientações emanadas do órgão central que é a Reitoria do Instituto. A relação entre as pró- reitorias e as diretorias sistêmicas nos campi, a integração que possibilite compatibilizar as demandas de cada um com as orientações gerais de regulamentos do Instituto, aos quais os documentos normativos dos campi devem se subordinar, demandam muitas vezes trabalhos de comissões. Essas comissões são constituídas de profissionais de uma pró-reitoria e profissionais de cada um dos campi para discussões e definições de processos unificados de trabalho que viabilizem tal integração. No caso do IFMG, busca-se por meio de um projeto denominado Conecta, integrar as ações por meio de processos informatizados. De acordo com Informativo divulgado pelo Instituto, tal projeto contempla a implantação do ERP (Enterprise Resource Planning”: Gerenciador de recursos empresariais planejados), um Sistema de Gestão Integrada com o objetivo de formar um banco de dados integrados para consolidar as informações e facilitar o gerenciamento de todas as atividades nos mais diversos setores.

Os ERPs são vários sistemas de informação que integram muitos dados (a maioria deles) de uma organização em um único sistema. Trocando em miúdos, pode-se dizer que os ERPs são um conjunto de softwares desenvolvidos para integrar os diversos departamentos de uma instituição ou empresa. Isso acaba possibilitando a automação e o armazenamento de muitas informações relacionadas à instituição74.

As informações desse documento mostram ainda que o IFMG é a primeira instituição do Brasil, em âmbito federal de educação, a profissionalizar a gestão do ensino através de uma ferramenta profissional de software e serviços. Tal projeto foi escolhido para a organização da gestão por meio da tecnologia e da padronização de processos, dando prioridade às áreas educacional e administrativa. Inclui variados serviços para controle informatizado de setores como secretaria acadêmica, bibliotecas, processo seletivo, almoxarifado, patrimônio, contabilidade, planejamento, pesquisa, extensão e vários outros75. O Projeto Conecta IFMG, concretizando a implantação do ERP, começou a ser desenvolvido a partir de 2011 e contará com diversas etapas ao longo de quatro anos até a implantação em todos os campi do Instituto. O Sistema de Planejamento Participativo (SISPLAN) é outra

74 http://www.cefetop.edu.br/Especial%20Conecta.pdf, acesso em 03/04/2013.

ferramenta que busca a integração dentro do IFMG, que permite que todos os campi do IFMG construam seu planejamento de forma conjunta, organizada e descentralizada.

A pesquisa de doutorado realizada por AMORIM (2013) com gestores dos IF mineiros mostra que, entre as principais dificuldades para a organização em Institutos Federais destacam-se: quadro reduzido de funcionários (professores e técnicos), construção de uma identidade institucional conforme o modelo definido para os IF, elaboração dos documentos regulatórios (Estatuto, PDI, Regimentos, regulamentos) e interação entre os

campi (AMORIM, 2013, p.183). Constata-se, portanto, a complexidade desse processo de

implantação dos IF que ainda está em curso no Brasil e apresenta diversos problemas.

Outro fator que não pode ser desconsiderado é que o IFMG é formado por instituições pré-existentes, cada qual com uma história e identidade já consolidadas e por novos campi que são construídos em municípios onde ainda não havia uma escola federal de EPT. Estes enfrentam, no início de sua implantação, problemas de diferentes ordens, relacionadas à estrutura física, laboratórios, quadro de pessoal, entre outros76. Nesse contexto, se por um lado processos que são possíveis de serem realizados em escolas pequenas (novos

campi) com um número reduzido de alunos e servidores, esses nem sempre são pertinentes

aos campi mais antigos, com mais de dois mil alunos. Por outro lado, a experiência no trabalho com a EPT presente nos campi oriundos de CEFETs facilita a atuação em tarefas já rotineiras, que são novidades para os novos campi. A necessidade de compatibilizar a padronização de processos respeitando a diversidade de situações presentes em cada um dos seus campi é também um enorme desafio para os Institutos, o que não ocorre sem conflitos de diferentes ordens. Os desafios, portanto, não se apresentam apenas no que concerne ao fato de a Reitoria se localizar em cidade distinta dos campi e esses serem distantes uns dos outros e da sede da Reitoria do Instituto, mas também por serem portadores de condições de funcionamento, características e culturas diferenciadas (AMORIM, 2013). Esses desafios constituem-se em questões que merecem a atenção dos gestores, tanto da Reitoria quanto dos

campi que compõem a instituição, no sentido de construir estratégias que contribuam para

minimizar as dificuldades enfrentadas.

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Notícia veiculada recentemente (2013) na mídia informa que um relatório do TCU publicado após auditoria realizada entre agosto de 2011 e abril de 2012 em IF do país aponta que os Institutos Federais apresentam déficit de cerca de oito mil professores e problemas de evasão e infraestrutura de funcionamento. Disponível em <http://educacao.uol.com.br/noticias/2013/04/07>, acesso em 11/08/2013.

Um dos documentos que regulamenta o trabalho do Instituto é seu Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI)77. De acordo com esse documento, o IFMG tem o compromisso com a valorização do aprendizado através do desenvolvimento de habilidades e competências e da geração de conhecimentos humanísticos, científicos e tecnológicos. Procura promover junto ao corpo discente amplo domínio das atividades intelectuais, culturais e práticas laborais, como instrumento de conquista da cidadania e de adaptação ao mercado de trabalho, preparando-os para agir com autonomia e responsabilidade. Para isso, desenvolve as bases tecnológicas em laboratórios de ensino e produção, enquanto também trabalha as bases instrumentais e científicas, na convivência diária e através de atividades de lazer, esportivas, artísticas e culturais (PDI 2009).

Dados da Pró-reitoria de Ensino do IFMG, de 201178, informavam que o número de alunos matriculados nos cursos do IFMG apresentou um crescimento expressivo: passou de 6.630 em 2009 para 9.218 em 2011. Outro dado relevante é o número de cursos oferecidos em 2011: 80 cursos, divididos entre 44 técnicos, 26 superiores, 4 de formação inicial continuada de trabalhadores e 6 cursos técnicos a distância, um acréscimo de 23 cursos em relação a 2009, quando eram 57 no total.79 O crescimento do IFMG pode ser constatado também pelo crescente número de vagas oferecidas a cada ano nos vestibulares. Segundo a Copeves, no primeiro semestre de 2012, foram oferecidas 2.956 vagas divididas em 66 cursos80, o que demonstra um aumento de 29,6% no número de vagas em relação à 2010/1, quando houve o primeiro vestibular unificado do Instituto. Esse crescimento reflete a expansão do IFMG no estado: na época de sua criação em 2008, eram cinco campi. Em 2011, esse número dobra, pois passaram a fazer parte do Instituto em 2010 os campi de Betim, Ouro Branco, Governador Valadares, Ribeirão das Neves e Sabará. Com a expansão anunciada pelo MEC, está prevista a criação de mais dois campi em 2013: Ibirité e Santa Luzia. O mapa abaixo permite a visualização da configuração do IFMG após a conclusão dessa etapa da expansão.

77 Plano de Desenvolvimento Institucional 2009-2013. Em agosto de 2013 iniciou-se a mobilização da instituição

para reformulação do PDI para o período 2014-2018.

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Crescimento a passos largos: em dois anos, vagas aumentaram em 50%. Disponível em: www.ifmg.edu.br, acesso em 13/06/2011.

79 Quase um ano depois, o Informativo IFMG Especial apresentou outro grande acréscimo nesses números: 90

cursos técnicos, 33 cursos superiores e 4 cursos de pós-graduação, totalizando 127 cursos no Instituto. IFMG Especial. www.ifmg.edu.br, publicado em 01/06/2012, acesso em 01/06/2012).

80 O IFMG realiza um vestibular em cada semestre. O número de cursos oferecidos varia de um vestibular para

outro, sendo que o vestibular do meio do ano oferece, como é o caso citado, um número menor de vagas em comparação com o vestibular do final, que oferece vagas também para os cursos integrados.

FIGURA 2 - Localização da Reitoria e Campi do IFMG Fonte: www.ifmg.edu.br, acesso em 23/09/2012.

Fazem parte do IFMG, além dos campi, as Unidades Conveniadas81 de Arcos, Bom Despacho, João Monlevade, Oliveira, Piumhí e Pompéu. O Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) forma ainda que a Instituição adota a verticalização do ensino, conforme preconizado pela Lei de criação dos IF e busca atender as demandas regionais, tendo como um dos seus princípios a otimização da infraestrutura física, dos quadros de pessoal e dos recursos de gestão. Na oferta dos cursos de qualificação, técnico, de graduação e pós- graduação, considera-se a política educacional nacional vigente, no que se refere aos preceitos do desenvolvimento socioeconômico local e regional bem como os preceitos da verticalização do ensino na proposta curricular dos cursos. Essa abordagem pedagógica da oferta de ensino do IFMG também se concretiza na identificação e na escolha das bases e eixos tecnológicos dos cursos oferecidos de acordo com as demandas e com as potencialidades de desenvolvimento da região de abrangência dos campi. Busca-se, dessa forma, que o ensino oferecido seja o propulsor do desenvolvimento e da inclusão social (PDI IFMG, 2009).

Na composição do quadro de docentes do IFMG, registrava-se em 2011 um total de 48182 professores, sendo que 380 professores são mestres e doutores83. Uma das razões apontadas pela Pró-reitoria de Pesquisa da Instituição para o acréscimo já constatado de mestres e doutores, de 200 em 2009 para 380 em 2011, é a realização de concursos públicos nos últimos dois anos, por meio dos quais muitos professores já qualificados passaram a fazer parte do corpo docente. Em relação ao perfil dos alunos que buscam o IFMG para desenvolver seus estudos, dados da Copeves84 mostram que a qualidade do ensino foi a razão

81 A Unidade conveniada constitui-se a partir de uma parceria entre o IFMG e um município por meio de um

convênio para oferta de cursos técnicos durante um determinado período.

82 Dados da Diretoria de Gestão de Pessoas do IFMG, em 2011. 83

Informativo Eletrônico da Reitoria do IFMG de 13/06/2011. www.ifmg.edu.br, acesso em 20/06/11.

84Informativo Eletrônico da Reitoria do IFMG de 01/08/2011. Dados levantados pela Copeves por meio das

respostas a um questionário socioeconômico cultural feito pelos candidatos ao Vestibular e Exame de Seleção, no momento da inscrição. Legenda R. Reitoria 1. Campus Bambuí 2. Campus Betim 3. Campus Congonhas 4. Campus Formiga

5. Campus Governador Valadares 6. Campus Ibirité (em implantação) 7. Campus Ouro Branco

8. Campus Ouro Preto 9. Campus Ribeirão das Neves 10. Campus Sabará

11. Campus Santa Luzia (em implantação) 12. Campus São João Evangelista

apontada por mais de 68% dos estudantes que se candidataram às vagas oferecidas no Vestibular e Exame de Seleção 2011/2. O segundo motivo apontado foi o ensino gratuito.