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Breves Considerações sobre a Mediação, a Conciliação, a Mediação e o Comitê de Resolução de Disputas

2 A SOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS NO BRASIL

2.2 Importância de Métodos Alternativos de Solução de Controvérsias Frente ao Cenário Apresentado

2.2.1 Breves Considerações sobre a Mediação, a Conciliação, a Mediação e o Comitê de Resolução de Disputas

A crescente modernização da sociedade originou uma incessante demanda por produtos e serviços comercializáveis cada vez mais descartáveis, levando ao desejo de que estes sejam cada vez mais eficientes e de consumo rápido e fácil. Dessa forma, o serviço prestado pelo Judiciário de forma lenta e onerosa abre portas para os Métodos Extrajudiciais de Soluções de Controvérsias, os quais tendem a ser caracterizados por soluções moldadas sob medida para cada demanda, eivandose de celeridade, economia e eficiência.18

Os métodos alternativos ao Judiciário para solucionar controvérsias existentes são inúmeros, partindo desde previsões legais como de uma solução escolhida pelas partes conflitantes. No presente trabalho os meios extrajudiciais abordados brevemente serão a Mediação, a Conciliação, a Arbitragem e, mais profundamente, o Comitê de Resolução de Disputas.

2.2.1.1 A Mediação

A Mediação caracteriza-se por ser uma solução extrajudicial baseada na intervenção de um terceiro imparcial e neutro eleito pelas partes no caso de conflitos durante a relação, devendo conduzir essa demanda com sigilo e diligência, de forma a facilitar o diálogo entre os envolvidos e garantir-lhes a autoria da resolução dos conflitos, facilitando a aceitação e o contentamento com as soluções apresentadas

17 AZEVEDO, André Gomma de (Org.). Manual de mediação judicial. Publicado pelo Conselho Nacional de Justiça. Brasília, 2016. Disponível em: <http://www.cnj.jus.br/files/conteudo/arquivo/2016/07/ f247f5ce60df2774c59d6e2dddbfec54.pdf>. Acesso em 26 abr. 2019.

18 ALMEIDA, Tania. Século XXI: a mediação de conflitos e outros métodos não-adversariais de resolução de controvérsias. 2016. Disponível em: <http://www.mediare.com.br/seculo-xxi-a-mediacao-de-conflitos-e-outrosmetodos-nao-adversariais-de-resolucao-de-controversias>. Acesso em 22 abr. 2019.

nesse contexto. Dessa forma, as partes tem a titularidade da solução de seus conflitos, existindo uma participação efetiva e ativa destas.19

É importante frisar a necessidade do mediador ser um sujeito neutro, vez que nesse tipo de resolução as partes devem ter autonomia e participação efetiva na solução do conflito, chegando a uma decisão própria, e não a uma imposição.2021

A mediação busca propiciar aos envolvidos melhor compreensão da situação, eliminando as tensões e facilitando a confiança entre as partes. Cumpre mencionar que esse método de solução extrajudicial melhor se aplica às disputas em relações continuadas, que são aquelas em que mesmo após a solução do conflito, o negócio entre as partes se perpetuará, garantindo a preservação da comunicação e da própria relação.2223

Ademais, na mediação o escopo primordial é a facilitação do diálogo cooperativo, satisfazendo os interesses e as necessidades das partes envolvidas, e não a simples formulação de um acordo. O compromisso do mediador é o de possibilitar que as partes adquiram capacidade para solucionar suas próprias demandas de forma pacífica a medida que os conflitos forem surgindo, quadro comum nos contratos que perduram no tempo, alvo característico da mediação.24

19 ALMEIDA, Tania. Século XXI: a mediação de conflitos e outros métodos não-adversariais de resolução de controvérsias. 2016. Disponível em: <http://www.mediare.com.br/seculo-xxi-a-mediacao-de-conflitos-e-outrosmetodos-nao-adversariais-de-resolucao-de-controversias>. Acesso em 22 abr. 2019.

20 VALÉRIO, Marco A. Gumieri. Os meios alternativos de resolução de conflitos e a busca pela pacificação social. Revista de Direito Privado, vol. 69, setembro/2016. Disponível em: <http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/

documentacao_e_divulgacao/doc_biblioteca/bibli_servicos_produtos/bibli_boletim/bibli_bol_2006/RD Priv_n.

21 .01.PDF>. Acesso em 26 abr. 2019.

22 VALÉRIO, Marco A. Gumieri. Os meios alternativos de resolução de conflitos e a busca pela pacificação social. Revista de Direito Privado, vol. 69, setembro/2016. Disponível em: <http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/

documentacao_e_divulgacao/doc_biblioteca/bibli_servicos_produtos/bibli_boletim/bibli_bol_2006/RD Priv_n.

23 .01.PDF>. Acesso em 26 abr. 2019.

24 SILVA, Cristiano Alves da; BARBOSA, Oriana P. de Azevêdo. Os Métodos Consensuais de Solução de Conflitos no Âmbito do Novo Código de Processo Civil Brasileiro (Lei Nº 13.105/15. Disponível em: <https://www.tjdft.jus.br/ institucional/imprensa/artigos-discursos-e-entrevistas/artigos/2015/os- metodos-consensuais-de-solucao-de-conflitos-noambito-do-novo-codigo-de-processo-civil-brasileiro-lei-no-13-105-15-juiza-oriana-piske>. Acesso em 29 abr. 2019.

2.2.1.2 A Conciliação

A conciliação, por sua vez, objetiva a formação de um termo de compromisso produzido pelas partes e assumido por ambas em comum acordo, sob a supervisão de um terceiro imparcial, o conciliador, que tem o papel de conduzir as tratativas e facilitar o diálogo, propiciando aos envolvidos um acordo justo e claro. Dessa forma, a conciliação se apresenta como um método de solução de conflitos extrajudicial bem interessante, uma vez que as partes são orientadas para uma solução consensual, tendo estas participação ativa na resolução do conflito e ao mesmo tempo supervisão de um terceiro imparcial com conhecimento notórios, técnico e jurídico, especialmente quando esse acordo acontece na esfera judicial, preliminar ao procedimento judicial.25

O acordo formado em conciliação pode ser tanto em sede judicial, depois de ajuizado o processo mas preliminar ao procedimento judicial (audiência de conciliação), ou anterior ao ajuizamento processual, em comum acordo das partes na esfera particular26, ambos métodos considerados extrajudicial de solução de conflitos.

Havendo acordo entre as partes, ambas se comprometem em cumpri-lo por meio da assinatura do termo de compromisso, o qual poderá (nos casos em que for realizada exclusivamente na esfera particular) ou deverá (nos casos em que for realizada em sede de audiência de conciliação) ser homologado por um juiz de direito, obtendo essa autocomposição força de título judicial, nos termos do artigo 515, II e III do Código de Processo Civil.27 Pode-se concluir que esse método é de grande valia para as partes, pois estas chegarão a uma decisão conjunta, participando ativamente da solução e minimizando os seus gastos.

Diferentemente da mediação, a conciliação se aplica para casos menos complexos e, por isso, apresentam soluções mais céleres. Ademais, na conciliação, o

25 TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL. Conciliação. Disponível em: <https://www.tjdft.jus.br/ institucional/imprensa/direito-facil-1/conciliacao>. Acesso em 26 abr. 2019

26 TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL. Conciliação. Disponível em: <https://www.tjdft.jus.br/ institucional/imprensa/direito-facil-1/conciliacao>. Acesso em 26 abr. 2019

27 BRASIL. Código de Processo Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/ L13105.htm>. Acesso em: 12 abr. 2019.

conciliador mantém um papel mais ativo ao conduzir as partes, diferentemente do mediador que precisa ser, além de imparcial, neutro.28

2.2.1.3 A Arbitragem

A Arbitragem tem por objeto uma solução extrajudicial emanada por profissional, em regra um advogado, com largo conhecimento no assunto pactuado, objetivando celeridade, economia e sigilo na resolução do conflito que envolvam direitos patrimoniais disponíveis. Nesse método, o profissional decidirá sobre a demanda, diferente do profissional imparcial e neutro presente na conciliação e na mediação, obtendo a nomenclatura de juiz arbitral.29

O juiz arbitral é considerado o juiz de fato e de direito da demanda a ele submetida, mesmo pressupondo sua eleição pelas partes. Há entendimento no sentido de que a convenção arbitral tem igual extensão e eficácia da via jurisdicional, justificando a desnecessidade de ratificação das suas decisões pelo Poder Judiciário, respeitadas as disposições da Lei da Arbitragem.30

Feitas essas considerações, fica claro que os métodos alternativos ao Judiciário para solução de conflitos são meios mais sustentáveis para as partes e para o próprio sistema judicial, de tal forma que suas soluções se apresentam em contextos de celeridade, economia e praticidade. Desses meios, os mais semelhantes ao judiciário são a arbitragem e a conciliação realizada depois do ajuizamento da demanda e antes do seu efetivo enfrentamento pelo órgão jurisdicional.

28 CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Mediação e Conciliação: qual a diferença? Disponível em: <http:// www.cnj.jus.br/programas-e-acoes/conciliacao-e-mediacao-portal-da-conciliacao>. Acesso em 26 abr. 2019.

29 SILVA, Cristiano Alves da; BARBOSA, Oriana P. de Azevêdo. Os Métodos Consensuais de Solução de Conflitos no Âmbito do Novo Código de Processo Civil Brasileiro (Lei Nº 13.105/15. Disponível em: <https://www.tjdft.jus.br/ institucional/imprensa/artigos-discursos-e-entrevistas/artigos/2015/os- metodos-consensuais-de-solucao-de-conflitos-noambito-do-novo-codigo-de-processo-civil-brasileiro-lei-no-13-105-15-juiza-oriana-piske>. Acesso em 29 abr. 2019.

30 GUIMARÃES, José de Freitas. Os Direitos Fundamentais e os Métodos Alternativos de Composição de Conflitos Individuais e Coletivos do Trabalho Diante da Cultura da Judicialização. Disponível em: <https://www.unimep.br/ phpg/bibdig/pdfs/docs/07122016_100539_josedefreitasguimaraes_ok.pdf>. Acesso em 29 abr. 2019.