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A indústria corresponde ao chamado setor secundário, que, juntamente com a Agricultura, Silvicultura e Pescas (setor primário) e os Serviços (setor terciário), compõem a atividade económica.

O setor secundário da atividade económica é dividido em quatro setores de atividade industrial, segundo a Classificação Económica de Atividades (CAE):

• Indústria Extrativa;

• Indústria da Transformação;

• Indústria da Eletricidade, gás, vapor, água quente e fria e ar frio.

• Indústria da Construção Civil

A indústria transformadora, para a qual o presente Guia está direcionado, representa um elevado número de atividades industriais como a indústria da Alimentação, Bebidas e Tabaco, Têxteis, Vestuário e Couro, Madeira e Cortiça, Papel, pasta e cartão, Edição e Impressão, Produtos Petrolíferos, Produtos Químicos, Produtos Farmacêuticos, Produtos de borracha e matérias plásticas, e de outros produtos minerais não metálicos (vidro, porcelana, entre outros), Metalurgia de Base; Produtos Metálicos, Máquinas e Material de Transporte.

A indústria da Eletricidade, gás, vapor, água quente e fria e ar frio, inclui um subsetor específico da produção de eletricidade de origem térmica, como sejam as Centrais Térmicas (Central de ciclo combinado ou simples, cogeração e trigeração).

3.1.1 Evolução da Indústria em Portugal

Portugal sofreu uma tardia industrialização relativamente a outros países Europeus (Aguiar e Martins, 2004). O crescimento industrial no século XX em Portugal revela, como na maior parte dos países desenvolvidos, um aumento contínuo, mas não constante, da produtividade, com fases de crescimento bem distintas entre si e coincidentes com as transformações institucionais que mais marcadamente influenciaram a economia. Os ciclos de crescimento separam nitidamente uma primeira fase de fraco crescimento, até ao início dos anos 50, da fase posterior de grande dinamismo e modernização industrial, com destaque para as indústrias

R I S C O A M B I E N T A L N O S E T O R I N D U S T R I A L 80, durante o qual as indústrias de bens de consumo, com forte peso na estrutura industrial, asseguraram um crescimento mínimo da produtividade num quadro de fortes quebras nas indústrias de bens intermédios e de equipamento. Os últimos quinze anos do século traduzem-se num novo ciclo dinâmico, com alguns setores modernos da indústria transformadora a recuperarem a liderança, mas já com uma clara tendência de desindustrialização, isto é, de perda de peso da indústria em favor dos serviços na atividade económica e na ocupação da população ativa.

As duas fases mais dinâmicas do crescimento da produtividade industrial, 1951-1973 e 1985-2000, coincidiram em grande parte com avanços institucionais no sentido da abertura e integração externas, que se revelaram fundamentais para que a produção industrial se tornasse cada vez mais transacionável internacionalmente.

A comparação internacional, com ênfase na Europa, relativiza em grande medida a evolução da produtividade industrial portuguesa, mesmo na fase de maior dinamismo da industrialização - anos 50-60.

3.1.2 Distribuição geográfica da indústria transformadora e de produção de eletricidade de origem térmica em Portugal

A parte continental do país está dividida, em termos administrativos, em 275 concelhos, agrupados em 18 distritos, que por sua vez são distribuídos por 5 Regiões: Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve.

A população distribui-se de uma forma pouco uniforme, com as zonas litorais a Norte de Setúbal e algarvia a apresentarem valores elevados de densidade populacional, ao contrário do que acontece com o interior e todo o Alentejo.

As áreas industriais acompanham, grosso modo, a densidade populacional. As áreas mais industrializadas concentram-se no Porto e envolvente (com prolongamento a Braga e Aveiro), Lisboa e Setúbal, sendo ainda de destacar Santarém e Leiria. No interior e Sul a industrialização é praticamente irrelevante, à exceção de algumas sedes de distrito e concelhos com forte especialização intra-setorial (Ferreira, 2000).

Verifica-se de facto, uma tendência para a concentração geográfica de determinados setores industriais, por tradição histórica, ou dependência de recursos naturais específicos da área de implantação.

R I S C O A M B I E N T A L N O S E T O R I N D U S T R I A L As indústrias da alimentação, bebidas e tabaco são as que apresentam um padrão de distribuição mais disperso, embora condicionado pelos principais centros urbanos litorais. As conservas de peixe localizam-se junto dos principais portos de pesca e as conservas de produtos ligados à agricultura concentram-se em zonas rurais.

As indústrias têxteis, de vestuário e couro são também um grupo muito heterogéneo. Os lanifícios dominam na zona da Serra da Estrela e Lousã; os têxteis de algodão e fibras localizam- se sobretudo no eixo industrial Porto-Guimarães; a confeção de vestuário nas zonas suburbanas do Porto e Lisboa; os curtumes em Alcanena e Minde e áreas industriais junto ao Porto e a indústria do calçado está fortemente implementada nos concelhos de São João da Madeira, Santa Maria da Feira e Oliveira de Azeméis.

As serrações de madeira surgem dispersas junto aos aglomerados florestais do Norte e Centro do país, enquanto o mobiliário se encontra sobretudo em concelhos do Norte (Paços Ferreira, Gondomar, etc). A transformação da cortiça está implantada sobretudo na margem Sul do Tejo, embora haja grandes instalações industriais do ramo na zona de Santa Maria da Feira.

A indústria química e derivados encontra-se sobretudo localizada na zona do Porto e Lisboa, mas também nalguns núcleos da zona Oeste. O complexo petroquímico, de Sines, e o complexo químico, de Estarreja, evidenciam-se como polos especializados deste setor.

Os produtos minerais não metálicos encontram-se no distrito de Leiria (vidro e cimento), Lisboa-Setúbal e Algarve (porcelanas, olarias e faianças).

As metalurgias de base encontram-se junto ao estuário do Tejo e no Porto, estendendo-se para Sul deste.

As indústrias metalomecânicas concentram-se sobretudo nas áreas mais industrializadas de Lisboa – Setúbal e Porto-Aveiro. Os produtos metálicos têm peso significativo em Guimarães e Alcobaça (cutelaria), Marinha Grande e áreas junto ao porto (ferramentas manuais), Águeda, Gaia, Matosinhos e Lisboa (ferragens). A indústria das máquinas elétricas localiza-se preferencialmente em Braga e na zona metropolitana de Lisboa.

A indústria de pasta de papel tinha, em 2010, 10 unidades a nível nacional (DGAE, 2010), que se localizam em Viana do Castelo, Aveiro, Figueira da Foz, Setúbal, Constância e Vila Velha de Rodão (Celpa, 2012).

R I S C O A M B I E N T A L N O S E T O R I N D U S T R I A L A Indústria Naval é constituída por empresas de dimensão muito diversificada, ou seja, por estaleiros de pequena e média dimensão e por um reduzido número de unidades de grande dimensão, todos eles localizados, naturalmente, no litoral. Os estaleiros de grande dimensão são apenas dois, um localizado na região Norte (Viana do Castelo), com atividade na construção e na reparação naval, e o outro na península de Setúbal, atuando apenas na área da reparação (DGAE, 2009).

No que diz respeito ao setor industrial da produção de eletricidade de origem térmica as centrais termoelétricas mais antigas atualmente em funcionamento operam nos concelhos de Abrantes (Central Termoelétrica do Pego – 1993), Carregado (Central Termoelétrica do Ribatejo -2004), Setúbal (Central de Produção Elétrica – 1979), Sines (Central de Produção Elétrica – 1985) e Silves (Central Termoelétrica de Tunes – 1973). Mais recentemente houve a instalação de unidades a gás natural, nomeadamente as Centrais de Ciclo Combinado em Tapada do Outeiro e Lares e as Centrais de Cogeração do Carriço (Pombal), da Fisigen (Barreiro), da Energin (Póvoa de Santa Iria) e da Soporgen (Figueira da Foz). A partir de 1999 começaram a ser instaladas centrais de biomassa, com a mais antiga a operar em Mortágua, e as mais recentes a operarem em Rodão (2007), Constância (2009), Figueira da Foz (2009).

3.2 DESCRIÇÃO DAS FONTES DE RISCO, DOS PERIGOS E RISCOS ASSOCIADOS À ATIVIDADE