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5.1 F ASE DE C ONSTRUÇÃO E DE E XPLORAÇÃO

5.1.2 Caracterização do projeto nas fases de construção e exploração

A caracterização do projeto deve conter a sua descrição, a identificação e quantificação das substâncias perigosas que irão ser manuseadas e armazenadas, a identificação das fontes de risco internas e externas e a identificação das medidas de contenção e prevenção de acidentes graves previstas para a fase de construção e exploração.

5.1.2.1 Descrição do projeto

Na Fase de Construção importa reunir as seguintes informações acerca do plano de obras:

• Cronograma de operações;

• Alterações à topografia da zona de intervenção;

• Localização futura das pilhas de terra, percursos de passagem de camiões e veículos não rodoviários, zonas de desmatação;

• Localização do estaleiro;

• Natureza e localização de trabalhos que ocorram até 50 metros de uma área ambiental sensível;

• Caso a intervenção seja efetuada numa instalação fabril, deve ser descrita a natureza e localização dos trabalhos que irão decorrer junto a fontes de risco internas dos processos industriais já implementados.

M E T O D O L O G I A P R O P O S T A P A R A A A N Á L I S E D E R I S C O S N O E I A Na Fase de Exploração, a descrição do projeto tem de cingir-se unicamente à apresentação das características do mesmo, que possam ser relevantes em termos de riscos ambientais durante o funcionamento da atividade. No caso de o projeto ser inserido numa unidade industrial já em funcionamento, deve ser identificada a área ocupada e a sua localização face às restantes unidades processuais e devem ser indicadas quais as alterações aos processos esperadas com a implementação do projeto.

5.1.2.2 Inventário das substâncias perigosas

Um dos fatores mais relevantes em termos de risco ambiental, para a população e património é a natureza, o estado físico e a quantidade de matérias utilizadas na unidade industrial ao longo do ciclo processual, e que se podem encontrar presentes na forma de matéria- prima, substâncias auxiliares, produtos intermédios ou acabados. Assim, é relevante fazer um Inventário das Substâncias Perigosas nas fases de construção e exploração do projeto. Este exercício permitirá perceber se, durante a exploração, a instalação se encontra abrangida pelo Decreto-Lei nº 254/2007, e nesse caso, se se encontra acima do limite inferior ou superior de perigosidade estabelecido.

A identificação dos produtos a utilizar no processo industrial ou no decorrer das obras e quantidades associadas, assim como os locais e condições de armazenamento são elementos que devem fazer parte do conhecimento do avaliador de riscos em fase de EIA.

5.1.2.3 Análise estatística do registo histórico de acidentes industriais

Neste ponto pretende-se que a equipa técnica reúna os eventos ocorridos em instalações similares ou na própria instalação, se esta já se encontrar em funcionamento.

Esta análise estatística permite perceber o modo de distribuição das causas de acidentes nas instalações industriais similares e estabelecer probabilidades de ocorrência de uma forma muito mais fundamentada.

Para tal pode consultar bases de dados internacionais como:

Major Hazards Incident Data Service (MHIDAS), pertencente ao Executivo de

M E T O D O L O G I A P R O P O S T A P A R A A A N Á L I S E D E R I S C O S N O E I A base de dados não está atualizada, podendo ainda assim constituir uma fonte de informação relevante.

Accidental Release Information Program (ARIP). Este programa envolve a análise

de questionários efetuados a instalações fabris que sofreram libertações de quantidades significativas de substâncias perigosas. A base de dados é pública e abrange o período de 1986 a 1999.

The International Disaster Database (EM-DAT) - Center of Research on the

Epidemiology of Disasters. É uma base de dados de acesso ao público, e apresenta

os acidentes ocorridos por região, natureza do acidente e tipologia. Disponibiliza informação relativa ao impacte na população humana (número de mortes e/ou de pessoas afetadas) e a estimativa dos prejuízos a nível económico.

US Chemical Safety Board (CSB). É uma agência independente de investigação de

acidentes químicos ocorridos nos Estados Unidos, com o objetivo de proteger trabalhadores, a população e o ambiente. O público tem acesso livre e pode pesquisar o processo de investigação levado a cabo pela entidade para uma lista considerável de acidentes (permite pesquisa avançada, por tipologia de acidentes e cidade), sendo apresentada a descrição do acidente e o estado da investigação.

Major Accident Reporting System - eMARS. Contém eventos de acidente químicos

reportados para o MAHB (Major Accident Hazards Bureau) da Comissão Europeia, no âmbito da Diretiva Seveso, desde 1982. Os países que reportam para esta entidade são os estados membro da União Europeia e os países pertencentes à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

Failure and ACcidents Technical information System – FACTS, é uma base de

dados de mais de 24500 acidentes industriais envolvendo materiais perigosos, que ocorreram em todo o mundo nos últimos 90 anos. A manutenção e exploração da base de dados é efetuada pela parceria Unified Industrial & Harbour Fire

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5.1.2.4 Identificação das fontes de risco internas e externas

Para o estabelecimento das fontes internas de risco da exploração da instalação industrial deve analisar-se detalhadamente o processo industrial, nomeadamente os modos de transporte e manuseamento de matérias-primas, as unidades de armazenamento de substâncias perigosas, a existência de catalisadores, de unidades de vapor a alta pressão e de bombas e compressores, os pontos de Eletricidade de Alta Voltagem e o processo de gestão de resíduos industriais.

As fontes de risco da fase de construção devem abranger todas as atividades de armazenagem e manuseamento de combustíveis e de óleos (lubrificantes e de outra natureza).

O estabelecimento das fontes externas de risco é comum para as fases de construção e exploração, sabendo que se deve analisar a envolvente, no que diz respeito a outras unidades industriais, vias de tráfego, portos marítimos, aeroportos e terminais logísticos. Deve também conhecer-se a zona ao nível da ocorrência de desastres naturais como inundações, sismos, erosão, entre outros.

5.1.2.5 Identificação das medidas de contenção e prevenção de acidentes graves

Neste ponto devem ser identificadas todas as medidas de contenção e prevenção dos acidentes graves no projeto industrial previstas, como bacias de retenção, redes de drenagem, impermeabilização dos solos, válvulas de segurança, detetores de nível, pressão e temperatura, meios de combate a incêndios, sistema de paragem de emergência, entre outras.

Caso o projeto seja instalado numa fábrica já em funcionamento o Plano de Emergência Interno constitui uma fonte de informação muito relevante em termos das medidas de segurança e de atuação previstas em caso de acidentes industriais.

Ainda neste ponto deve ser indicada como medida de recomendação, a aplicação de um sistema de gestão de riscos (independentemente da instalação ser abrangida pelo Decreto-Lei nº 254/2007), para que haja uma contínua verificação das condições de segurança e prevenção de acidentes graves.

O desenvolvimento deste ponto depende do nível de informação disponível acerca do projeto em estudo aquando a realização do EIA.

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