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4.1 A NÁLISE DOS RELATÓRIOS DE E STUDOS DE I MPACTE A MBIENTAL

4.1.6 EIA do Projeto de Conversão da Refinaria do Porto

O presente estudo refere-se ao Projeto de Conversão da Refinaria do Porto, a implementar no interior dos limites da atual Refinaria do Porto, localizada no concelho de Matosinhos.

A Refinaria do Porto constitui uma instalação industrial de processamento de petróleo bruto, sendo que o projeto de conversão tem por objetivo, melhorar o processo e aumentar a capacidade de produção.

A Refinaria do Porto apresenta características que a tornam um relevante caso de estudo, quer pelo enquadramento geográfico (proximidade à linha da Costa, ao Aeroporto Francisco Sá Carneiro e a outras instalações industriais e armazéns), que pelas tipologias e quantidades de substâncias manuseadas nos processos fabris. Para além disso, é uma instalação que tem muita informação disponível sobre a qualidade do ambiente envolvente, e sobre as condições atuais e futuras de exploração, o que permite um desenvolvimento significativo da Análise de Riscos.

Na Análise de Risco efetuada para o EIA desta instalação industrial foram consideradas as novas unidades processuais e novos tanques de armazenagem que apresentam maiores riscos de acidente com potenciais consequências para os trabalhadores, população e/ou ambiente e as reformulações destes equipamentos que possam conduzir a uma alteração do risco atual. A Análise de Riscos incide apenas no funcionamento da instalação fabril e não nos meios de expedição e importação de materiais.

A metodologia desenvolvida na elaboração da Análise de Riscos do EIA compreendeu as seguintes fases:

• Análise estatística do registo histórico de acidentes em refinarias;

• Análise do projeto para identificação das fontes de risco internas (associadas aos novos equipamentos e instalações e às substâncias) e externas;

• Análise Preliminar de Riscos, onde foram identificados e desenvolvidos os acidentes relevantes por fonte de risco. Para cada acidente foi determinada e categorizada a

A N Á L I S E D E R I S C O S E M E S T U D O S D E I M P A C T E A M B I E N T A L D E I N D U S T R I A S classes de probabilidade, sem fonte referenciada. Foi igualmente estabelecido o grau de severidade dos acidentes, tendo em conta critérios de avaliação definidos pela equipa que elabora o EIA (sem referência a fontes bibliográficas). Por fim, foi estabelecida a categoria de cada risco identificado, com base na matriz que relaciona a severidade e a probabilidade de ocorrência do risco. Ainda neste ponto, foi criada uma tabela que resume os perigos, as suas causas, as medidas de redução de perigo e a categoria do perigo. Por fim selecionaram os perigos que deveriam ser avaliados quantitativamente, justificando as opções tomadas;

• Avaliação da consequência de acidentes, com recurso ao programa PHAST. Neste capítulo, identificam os cenários de acidente considerados e as condições de simulação (pressupostos gerais, condições meteorológicas e condições processuais). No relatório principal é efetuada a apresentação e interpretação dos resultados das simulações, que incluem a dispersão da nuvem tóxica, a dispersão da nuvem de produtos inflamáveis e a distância a que se atingem os níveis de radiação térmica. Os outputs do programa para os cenários de acidente mais representativos são disponibilizados em anexo ao relatório de EIA. A avaliação quantitativa abrange a Situação Atual e a Situação Futura, no caso dos equipamentos e tanques que sofrem alterações, permitindo a verificação do impacte da implementação do projeto no risco ambiental das referidas unidades;

• Conclusões do estudo e indicação das medidas previstas no projeto no âmbito da análise de risco e prevenção.

Em fase de Avaliação do EIA o proponente apresenta ainda a Avaliação de Consequências de Cenários de Acidente a acrescer aos considerados na fase preliminar de EIA, em reposta a pedido de elementos por parte da CA.

Os cenários de acidente produzidos por acontecimentos iniciadores foram estimados a partir de Árvores de Acontecimentos. Os cenários estabelecidos para as unidades que sofrerão remodelação com a implementação do projeto são remodelados na fase de aditamento, para as condições definidas. Foram ainda acrescentados mais cenários, com base na Arvore de Acontecimentos.

Foi verificado para esses acidentes, novamente através da aplicação do modelo PHAST, o alcance das isolinhas de risco de sobrepressão e de radiação térmica, seguindo os valores

A N Á L I S E D E R I S C O S E M E S T U D O S D E I M P A C T E A M B I E N T A L D E I N D U S T R I A S recomendados pela APA. Foram igualmente traçadas as isolinhas de concentração de substâncias inflamáveis.

De referir que as condições meteorológicas variaram face às consideradas nas primeiras simulações.

A CA solicitou ainda a Análise de Riscos com vista à Avaliação dos Efeitos Ambientais. O proponente, através da equipa técnica respondeu com o cálculo de um índice de dano ambiental (escala de 1 a 20, com ordem crescente de gravidade), sobre o ambiente (atmosfera, a superfície da água, a massa da água, o fundo da água, o litoral e o solo) pelo meio da fórmula:

Gravidade sobre o ambiente (envolvente natural) = quantidade + 2 x perigosidade + extensão + qualidade do meio

A metodologia aplicada fundamenta-se na metodologia proposta pela norma UNE 150008 EX – Análise e Avaliação do Risco Ambiental, agora revogada pela Norma 150008:2008, onde se pretende avaliar o perigo de causar danos ao ambiente, às pessoas e aos bens materiais, como consequência do dano ao ambiente.

A qualidade do meio é classificada de 1 a 4, tendo em conta a vulnerabilidade da envolvente (caracterizada com base nas informações existentes) e a existência de mecanismos de contenção disponíveis na instalação, como bacias de retenção e contenção e redes de drenagem.

A metodologia de cálculo do índice de gravidade sobre os fatores ambientais que constituem o ecossistema, baseada na Norma Espanhola, é devidamente explicada, sendo importante referir que:

• Os parâmetros tidos em conta na avaliação dos efeitos sobre o ambiente (quantidade e perigosidade das substâncias, extensão do impacte do acidente e qualidade ambiental da envolvente) permitem determinar o efeito da penetração no meio, da substância alheia ao mesmo, que tenha um potencial de gerar danos no ecossistema, devido às suas características fisico-químicas (temperatura, densidade, solubilidade, Entre outras) ou às suas características toxicológicas (DL501 na água e ar, ecotoxicidade, entre outras).

• A Análise das Consequências Ambientais foi realizada a partir dos efeitos agudos adversos nos sistemas naturais pela presença de substâncias que possam ter um impacto

A N Á L I S E D E R I S C O S E M E S T U D O S D E I M P A C T E A M B I E N T A L D E I N D U S T R I A S negativo sobre o ambiente. A modelação da dispersão das substâncias nos meios recetores água, ar e solos para a não foi realizada, dada a complexidade da tarefa.

• A avaliação das consequências realiza-se de forma quantitativa a partir de índices, com exceção da qualidade do meio, que é efetuada de forma qualitativa por um grupo de especialistas. O índice é calculado através da fórmula:

"#$ = %#$+ & ('#$+ )

Onde,

d= quantidade (q), extensão (e) e perigosidade (p);

M= fator ambiental (atmosfera, superfície da água, massa da água, fundo da água litoral solo;

A e B = fatores de ajuste;

X=variável que descreve o efeito sobre o meio (DL50, por exemplo);

f= fator que condiciona o efeito da variável (por exemplo, a bioacumulação).

• São indicadas as variáveis e os fatores correspondentes considerados na avaliação dos índices de perigosidade, extensão e quantidade para cada fator ambiental.

Em fase de avaliação do EIA é ainda apresentado o estudo de diagnóstico sobre a situação ambiental do subsolo e da eficácia das medidas preventivas e de controlo a nível do solo e águas subterrâneas existentes na Refinaria, que constitui uma síntese da informação recolhida pela Galp Energia (proponente).

O projeto de conversão da Refinaria do Porto teve decisão favorável condicionada na DIA emitida.