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5.1 F ASE DE C ONSTRUÇÃO E DE E XPLORAÇÃO

5.1.1 Caracterização Ambiental

O enquadramento geográfico da instalação pode definir a vulnerabilidade do meio aos riscos industriais e o grau de desenvolvimento que o estudo terá de atingir, no que diz respeito à Avaliação Quantitativa de Riscos.

A área para análise da envolvente da indústria deve corresponder à área potencial de afetação da atividade em análise (construção ou exploração da unidade industrial) e ser definida de modo a que abranja as zonas povoadas, recetores e fontes de risco mais relevantes.

5.1.1.1 Fase de Construção

A profundidade da caracterização ambiental na fase de construção deve corresponder à dimensão prevista da obra. Naturalmente há obras que necessitam de uma avaliação mais aprofundada, quer pelo período de tempo em que vão decorrer os trabalhos, quer pelo perímetro da zona de intervenção. Assim, tendo por base a dimensão temporal e espacial da obra, deve ser efetuada a análise dos seguintes pontos:

• Mapeamento dos tipos de solo e potencial de erosão;

• Dados climáticos (pode ser usada informação recolhida para a fase de exploração);

• Topografia e características geográficas naturais;

• Mapa da vegetação existente na zona de intervenção;

• Identificação das fontes de águas pluviais limpas e contaminadas.

5.1.1.2 Fase de Exploração

Na área de afetação da atividade industrial devem ser analisados detalhadamente os seguintes domínios (a equipa não tem de seguir a terminologia indicada, desde que abranja as áreas solicitadas):

Ocupação do solo

Em termos da ocupação do solo, considera-se relevante verificar a densidade populacional das povoações na envolvente próxima. Considera-se uma zona particularmente sensível no que diz respeito a esta variável, povoações com mais de 500 hab.km-2 que correspondam, portanto, a

M E T O D O L O G I A P R O P O S T A P A R A A A N Á L I S E D E R I S C O S N O E I A aglomerações, de acordo com a definição do Decreto-Lei nº 102/2010, de 23 de Setembro, relativo à avaliação e gestão da qualidade do ar ambiente2.

Atualmente, a informação relativa à densidade populacional, por região administrativa, município ou freguesia, pode ser consultada no Instituto Nacional de Estatística, que apresenta os resultados dos censos de 2011 relativamente à população residente.

Na presente data, as densidades populacionais disponíveis para 2011, têm um carácter provisório e indicam que atualmente 15% das freguesias em Portugal Continental têm mais de 500 hab.km2 (627 num universo de 4050).

Convém igualmente avaliar se a envolvente é uma zona de exploração agrícola intensiva. Sempre que possível deve recorrer-se aos dados do uso do solo disponíveis gratuitamente através do ficheiro Corine Land Cover 20063 (este é o ficheiro mais recente, disponível atualmente) e cruzar essa informação com a recolha de dados da prospeção local.

O mapa CLC 2006 apresenta cinco classes de uso do solo, entre as quais as zonas agrícolas (as restantes são: zonas artificializadas, zona florestais e semi-naturais, zonas húmidas, corpos de água).

Meteorologia

As condições meteorológicas de entrada nos softwares de risco ambiental devem representar as condições mais frequentes, estabelecidas com base na Normal Climatológica4 da região.

Contudo, devem igualmente ser consideradas as condições meteorológicas críticas à evolução dos riscos ambientais, definidas consoante o tipo de acidente a avaliar e a posição da instalação face aos recetores sensíveis identificados.

2

Segundo o Decreto-Lei nº 102/2010, aglomeração é uma zona que tenha uma densidade superior a 500 hab.km-2 e que o número de habitantes se situe entre

os 50000 e os 250000.

3

A Agência Portuguesa do Ambiente disponibiliza gratuitamente o produto cartográfico referido, gerado no âmbito do GMES Land FTSP para Portugal Continental.

4

A Normal Climatológica de uma região, corresponde a um período de 30 anos. Conforme convencionado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), o clima é caracterizado pelos valores médios dos vários elementos climáticos num período de 30 anos, designando-se valor normal de um elemento climático o valor médio correspondente a um número de anos suficientemente longo para se admitir que ele representa o valor predominante daquele elemento no local considerado (Instituto de Meteorologia, 2012).

M E T O D O L O G I A P R O P O S T A P A R A A A N Á L I S E D E R I S C O S N O E I A

Hidrogeologia

Neste ponto deve proceder-se à identificação das massas de água superficiais e subterrâneas.

Considera-se como sistema aquífero um domínio espacial, limitado em superfície e em profundidade, no qual existe um ou vários aquíferos, relacionados ou não entre si, mas que constitui uma unidade prática para a investigação ou exploração. Um aquífero é uma unidade geológica que contém água e que a pode ceder em quantidades economicamente aproveitáveis. (SNIRH, 2013).

No que diz respeito às águas superficiais, convém identificar se a área do estudo abrange alguma das 236 bacias hidrográficas existentes a nível nacional (SNIRH, 2013).

Geologia

A constituição e características dos solos como a permeabilidade são aspetos a verificar e documentar.

Aspetos Ecológicos

Como aspetos ecológicos relevantes consideram-se as espécies de fauna e flora existentes na envolvente.

Assim, convém verificar se na área de afetação do projeto existem zonas pertencentes à

Rede Nacional de Áreas Protegidas.

O processo de criação de Áreas Protegidas é atualmente regulado pelo Decreto-Lei n.º 142/2008, de 24 de julho. A classificação de uma Área Protegida (AP) visa conceder-lhe um estatuto legal de proteção adequado à manutenção da biodiversidade e dos serviços dos ecossistemas e do património geológico, bem como à valorização da paisagem (ICNF, 2013).

As tipologias existentes são Parque nacional, Parque natural, Reserva natural, Paisagem protegida e Monumento natural e podem ser de âmbito nacional, regional ou local, com exceção do “Parque Nacional”, que só pode ser atribuído a AP de âmbito nacional.

Atualmente existem cinquenta áreas protegidas das quais, trinta e oito de âmbito nacional, onze de âmbito local e regional e uma de âmbito privado. As áreas identificadas pelo Instituro da

M E T O D O L O G I A P R O P O S T A P A R A A A N Á L I S E D E R I S C O S N O E I A Conservação da Natureza e das Florestas, I.P. devem ser tidas em linha de conta na verificação da sensibilidade do meio recetor, em termos de recursos naturais.

Ainda neste ponto deve ser verificado, junto do fator ambiental fauna e flora, se há espécies

animais e vegetais autóctones em ameaça, que mereçam um cuidado e observação especial.

Caso existam, mesmo que a área de afetação não abranja nenhuma zona de proteção especial mas que albergue espécies sensíveis, deverá avançar-se para um estudo ecológico, nas condições de normal funcionamento.

De realçar que os pontos da Caracterização do Ambiente enumerados anteriormente devem ser desenvolvidos em coordenação com os fatores ambientais avaliados no EIA.

Sempre que possível a caracterização deve ser feita com recurso a mapas e gráficos, que facilitem a visualização e perceção do leitor.