• Nenhum resultado encontrado

4.2 Resumos das Análises dos Estados

4.2.8 Canadá

O Canadá enfrenta difíceis condições geopolíticas e estratégicas para afirmar sua sobe- rania. É o segundo país em extensão territorial, mas sua população é rarefeita, e o único vizi- nho terrestre, pouco menos extenso e muito mais populoso61, é a Superpotência. O país tam- bém fica entre os dois maiores arsenais nucleares e as duas maiores forças de submarinos nu- cleares do planeta – seu vizinho e a Rússia – o que tornam seu espaço aéreo e suas águas ju- risdicionais importantes para a defesa dos EUA.

61 Canadá: 9.984.670 km2 e 33.739.900 habitantes; EUA: 9,161,923km2 e 310.870.105 habitantes. (Ver

150 Pelo Tratado de Ogdesburg, de 1940, ambos os países reconheceram a natureza indivi- sível da defesa do continente norte-americano e, durante a Guerra Fria, construiu-se uma grande estrutura de defesa comum, cujo sistema mais conhecido é o de alarme antecipado de Defesa aérea (NORAD)62,havendo, além disso, estreitas ligações entre as estruturas de ades- tramento, planejamento de exercícios e apoio logístico das forças armadas dos dois países.

Assim, os interesses e problemas políticos do Canadá consistem em manter a sobera- nia e a Independência em relação aos EUA; em manter-se uma nação influente nos meios mi- litares globais por meio da ONU e da OTAN, apesar de se considerar abaixo do nível de po- tência média; e pretender voltar a essa condição.

O Canadá não possui problemas estratégicos – não vê qualquer ameaça ao país, embo- ra um de seus documentos de defesa estabeleça como requisito a capacidade de “resistir a um grande ataque terrorista”.

Suas políticas de Defesa consistem em estreitar já intensa parceria com os EUA; e em esforçar-se para participar da defesa coletiva do continente com eles, embora não tenha aderi- do ao sistema de defesa contra mísseis balísticos (o BMD). Além disso, embora não veja a- meaça a si próprio, o Canadá enfatiza a participação em ações de segurança coletiva no mun- do, por acreditar-se um potencial dependente delas, já que não possui e nunca possuirá popu- lação nem recursos suficientes para defender-se isoladamente; apoia a OTAN por acreditá-la, assim como os EUA, responsáveis pela estabilidade da Europa, que considera importante para sua segurança; e dá grande importância à patrulha naval e à fiscalização das águas de jurisdi- ção canadense, inclusive, com possibilidade de atritos com o vizinho.

O Canadá não vê qualquer inimigo potencial e prevê a atuação de seu Poder naval principalmente na Ásia-Pacífico, no Oriente Médio e no Caribe, em operações multilaterais.

Suas estratégias de defesa consistem em manter forças capacitadas e com prontidão adequada à participação em coalizões, e com grande interoperabilidade com as norte- americanas.

As estratégias navais que norteiam a preparação do Poder Naval canadense são as da postura do atacante no paradigma da Guerra de Litoral, consistindo em participar de interven- ções, em coalizão com marinhas mais poderosas.

No tocante aos submarinos, a marinha canadense opera, desde 1998, quatro conven- cionais britânicos da classe Upholder, renomeada classe Victoria, alienados ainda novos e a preço de ocasião, quando o Reino Unido resolveu operar apenas submarinos nucleares.

62 NORAD-organização binacional (EUA e Canadá) encarregada do controle e monitoramento dos espaços aero-

(CANADA, 2001, p.60§1 e p. 64§2; McKINLEY, 2000, “The Cost” §1). São unidades do mesmo porte do Scorpène, que será construído no Brasil, portanto bem maiores que os da classe Tupi.

Diferente da maioria das marinhas, a marinha canadense valoriza o emprego sistemáti- co dos submarinos em ações constabulares – fiscalizando águas jurisdicionais inclusive contra a pesca ilegal de outros países. Prevê também seu emprego em operações expedicionárias, por permitirem a realização de operações especiais e complementarem a proteção do grupo-tarefa que realiza a projeção, contra ações de negação do uso do mar por submarinos do Estado ata- cado. Esta forma de emprego é prevista por outras marinhas, como a espanhola, que explora a vantagem dos submarinos convencionais na operação em áreas costeiras e permite liberar para outras tarefas os nucleares de outros participantes da operação.

4.2.9 Índia

A Índia tem posição dominante sobre o menor dos grandes oceanos, que abriga os a- cessos à maior fonte de energia do planeta e, consequentemente, algumas de suas mais impor- tantes linhas de comunicações marítimas. O controle do Índico por potências ocidentais era considerado um grave problema para a segurança do país segundo um de seus dirigentes, o que fez com que os indianos desenvolvessem uma grande marinha durante a Guerra fria, bus- cando controlá-lo em certa medida, ainda que à sombra das superpotências, e com alguma proteção soviética. Com o fim da bipolaridade (1990) e a Guerra do Golfo (1991), a Índia perdeu a proteção soviética, o Índico Ocidental passou a ser muito frequentado pelos poderes navais ocidentais e, após a crise de Taiwan, em 1996, a China, velha inimiga terrestre, passou a desenvolver seu poder naval, o que também criava temores no lado Oriental.

A Índia, que detonara um artefato nuclear experimental em 1974, tornou-se efetiva- mente uma potência nuclear em 1998 e realizava movimentos de aproximação aos EUA não correspondidos, até que, a partir de 2005, conseguiu firmar pactos com o Governo Bush, que permitiram reduzir a ameaça estratégica ocidental.

Assim, seus interesses políticos consistem em evitar a ameaça das marinhas ocidentais no Índico; em manter a condição de potência regional nesse oceano; e em equilibrar a dissua- são nuclear com a China, a qual tem grande vantagem na perna marítima da tríade, por dispor de dois submarinos lançadores de mísseis balísticos, e prever dispor de cinco até 2014, en- quanto a Índia ainda não dispõe de nenhum. Além disso, a base chinesa para tais meios no sul do país (ilha de Hainam) constitui, a juízo indiano, um fator de desequilíbrio regional.

152 Seus problemas estratégicos consistem no aumento da presença da China no Índico, que, como também é grande importadora de petróleo do Oriente Médio, aí desenvolve a estra- tégia do “Colar de Pérolas”, construindo uma série de pontos de apoio para seus petroleiros e forças navais; no apoio paquistanês ao terrorismo que incursiona periodicamente na Índia; na ameaça nuclear e convencional do Paquistão; e no fato de ser muito dependente do petróleo importado, condição que vai se agravar no futuro.

Suas políticas de defesa consistem em manter a postura pró-Ocidente no Índico; em pressionar o Paquistão para reprimir o terrorismo; e em manter diálogo com a China. No que toca ao Poder Nuclear, são também declarados o emprego exclusivo em retaliação (“no first

use”) e a dissuasão mínima.

Seus inimigos potenciais são a China e o Paquistão. Suas áreas de atuação implicam a preparação do poder naval para teatros predominantemente amplos, compreendendo todo o Índico até proximidades da base indiana na Antártica e seus pontos focais de acesso, o Mar Vermelho, o Golfo Pérsico, o Mar do Sul da China e o pacífico Ocidental; mas considerável esforço deve ser despendido na preparação para operar nos Estreitos da Indonésia, o que cons- titui um teatro restrito importante, a fim de negar o acesso ao Índico de unidades chinesas em caso de conflito.

Suas estratégias de defesa consistem em dar a máxima prioridade à segurança da ener- gia, muito mais traduzida pela proteção ao tráfego marítimo de petróleo que pela proteção às plataformas, dado que a produção nacional hoje é de apenas 23% do consumo, devendo bai- xar a 5% em quinze anos; e em buscar o equilíbrio estratégico com a China no Índico, seja contra-arrestando sua estratégia do “Colar de Pérolas” por meio da disputa de influências jun- to aos Estados da região, seja desenvolvendo a perna marítima da tríade nuclear.

As estratégias navais que norteiam a preparação do poder naval indiano têm duas ver- tentes. Uma é a busca do equilíbrio estratégico nuclear no Índico, e consiste no desenvolvi- mento de um submarino lançador de mísseis balísticos. A outra se situa no campo da Guerra Naval tradicional e consiste em maximizar a capacidade de controlar áreas marítimas nesse oceano, para dar segurança às linhas de comunicações marítimas, principalmente as que tra- zem energia, mas também as do comércio de outras mercadorias; preparando-se, para obter e manter tal controle, para projetar poder na região e para negar o acesso ao Índico de unidades hostis.

No tocante a submarinos, a atual força indiana é convencional, com exceção do Ari-

classe Akula-II63, arrendado à Rússia por dez anos. Seus 16 SC consistem de duas unidades antigas, da classe Foxtrot (em vias de desativação), dez da classe Kilo, ambas de procedência russa, e quatro S-209, semelhantes aos da classe Tupi, de projeto alemão, mas construídos na Índia. Os da classe Kilo estão sendo modernizados na Rússia, com a instalação de mísseis

Klub-S, para emprego contra alvos em terra, com cerca de 270 km de alcance.

Ao contrário do Chacra, o Arihant é um submarino lançador de mísseis balísticos, que lançará o míssil indiano Sagarika de 700 km de alcance, e mesmo o Chacra, apesar de ser um SNA com capacidade de lançar mísseis de cruzeiro, terá emprego estratégico, pelos dados da marinha indiana.

A doutrina indiana atual não menciona os submarinos nucleares de ataque (SNA) nem cogita de qualquer emprego para tal tipo de submarino, mas a ideia de desenvolver uma des- sas unidades foi a que norteou o início do projeto de desenvolvimento do submarino nuclear nos anos 1970, e assim continuava nos anos 1980, quando um SNA russo foi arrendado. A motivação para desenvolver um SLMB apareceu por ocasião dos testes nucleares realizados em 1998, quando a Índia se declarou potência nuclear. Tais testes foram seguidos de testes semelhantes do Paquistão, que também se declarou potência nuclear, e ganhou mais força com a notícia, em 2008, da existência da base chinesa de submarinos nucleares na ilha de Hainam.

Apesar disso, pelo sítio da GlobalSecurity.Org a Índia disporá, em 2020, de três SLMB e cinco SNA, todos de construção doméstica, e mais 26 SC. (INDIAN, 2011)

Quanto aos submarinos convencionais (SC), a doutrina de 2004 e a estratégia de 2007 prevêem que uma campanha submarina deve integrar ações desses meios com esforços de vi- gilância e interdição naval por aeronaves. (INDIAN, 2004, p.76§2; ÍNDIA, 2007, p.19§2) As- sim, é lícito supor que, em face da localização das bases aéreas e de veículos aéreos não- tripulados (VANT), um dos principais empregos dos SC indianos será compor, com os veto- res aéreos, esquemas estratégicos de negação do uso do mar na região dos estreitos da Indoné- sia, contra unidades navais da China, e na costa do Paquistão, bem como patrulhas na sensível área das plataformas petrolíferas da costa oeste, próximo a Mumbai.

63 Pelo Jane’s, o SNA a ser arrendado à Índia é o Nerpa (K152). Ele terá, na Índia, o mesmo nome do SNA Char-

154 4.2.10 Rússia

Além de uma terrível crise econômica, o fim da União Soviética acarretou a fragmen- tação do país, da qual resultaram situações estratégicas bastante diferentes e piores que as an- teriores, como a perda do controle de boa parte do Báltico em consequência do desmembra- mento dos Estados Bálticos e da perda do controle político sobre a Polônia e a antiga Alema- nha Oriental. Tais fatos acarretaram considerável enfraquecimento do Poder Militar, mas a partir de 2000, os líderes russos viram sinais de recuperação econômica e começaram, na me- dida do possível, a reconstruir o sistema de Defesa.

Assim, os interesses políticos da Rússia consistem no impedimento de agressões ou pressões militares ao país e seus aliados; em assegurar a unidade e a coesão nacionais; na ma- nutenção do sistema de Relações Internacionais baseado no Direito Internacional; na manu- tenção do atual regime do sistema internacional que considera as armas nucleares empregá- veis apenas para dissuasão, com um limiar tão alto para a motivação de seu uso pelos Estados que as torna não-utilizáveis nos conflitos atuais; e em resgatar a reputação da Rússia como po- tência naval.

Os problemas estratégicos consistem na ameaça do terrorismo internacional; na proli- feração das armas nucleares, de outras armas de destruição em massa e de seus sistemas de lançamento, por atores estatais e não estatais; nas organizações nacionalistas e separatistas; na inferioridade ante o Ocidente em capacidade militar convencional; no monitoramento da pos- sível motivação do Ocidente para reduzir o limiar nuclear; na cobiça internacional por recur- sos naturais existentes na Zona Econômica Exclusiva (ZEE) e na plataforma continental, basi- camente petróleo e gás; e na insuficiência do Poder naval.

As políticas de Defesa incluem a manutenção de uma robusta capacidade de dissuasão nuclear, sendo imperativa a capacidade de suplantar o sistema de defesa contra mísseis balís- ticos dos EUA (o BMD), a fim de compensar a inferioridade convencional; o emprego da dis- suasão nuclear mesmo contra ameaças não-nucleares; em reequipar e modernizar as forças armadas; e em manter diálogo com a OTAN.

Os inimigos potenciais consistem nos EUA e na OTAN. As áreas de interesse da Rús- sia consistem na Europa Centro-oriental, Estados Bálticos, Grécia e toda a Ásia, prevendo-se portanto, para atuação do Poder naval russo, o Báltico, o Mediterrâneo, o Mar Negro, o Índi- co, o Pacífico, e o Ártico, compreendendo, assim, teatros restritos e amplos.

As estratégias de defesa buscam sustar ameaças por meio da Inteligência para revelar ameaças iniciais, da dissuasão nuclear geral e na Dissuasão convencional geral e imediata, nesta incluindo um sistema de mobilização nacional e um dispositivo de defesa do território.

As estratégias navais que servem de base à preparação do poder naval russo contém duas vertentes. Uma é a manutenção de uma dissuasão nuclear eficaz, e inclui a construção dos novos SLMB pelo projeto “Borey”, cuja primeira unidade (“Yuri Dogolruki”) já foi lan- çada, e do novo míssil estratégico “Bulava”, que está entrando em serviço e será por ele lan- çado, capaz de suplantar o sistema de defesa anti mísseis dos EUA.

A outra vertente é típica da postura do atacado na Guerra de Litoral e consiste em re- construir o Poder Naval de modo a defender o território e águas jurisdicionais a partir do mar, com prioridade às faixas mais próximas à costa. Assim, o “núcleo duro” está sendo recompos- to, com a construção de uma nova classe de submarinos convencionais (classe “Lada”), e de uma nova classe de SNA (projeto “Yassen”); os meios de superfície estão sendo renovados com prioridade a corvetas de emprego costeiro, mas bem armadas e equipadas; e planeja-se, a seguir, a construção de novos meios para operação mais distante e, posteriormente, dos oceâ- nicos, prolongando-se a vida a dos meios existentes por meio de reparos, enquanto não houver recursos para a construção dos novos.

Também pode ser creditado à estratégia naval o reinício, em 2007, dos voos de escla- recimento sobre as áreas marítimas, relacionados com a maior atenção que passou a ser dada às reservas de petróleo e gás da plataforma continental e à delimitação das áreas marítimas ju- risdicionais.

No que toca aos submarinos, a marinha russa conta com 15 SLMB, 25 SNA e 21 SC e as previsões para o futuro (2020-2025) são desencontradas, mas depreende-se que os SLMB passarão a ser 12 (da nova classe “Borei” e da classe Delta IV) (GOREMBURG, 2010, §5), que os SNA serão 21 (PROJECT 885, 2011), e os SC, 23 (GOREMBURG, 2010, § “Diesel

Submarines”). Os SLMB são empregados na dissuasão nuclear permanecendo, segundo ana-

listas norte-americanos, nos “bastiões” – santuários em águas litorâneas fortemente protegidos com medidas antissubmarino, contra SNA incursores que os pretendam destruir. Os SNA e SC podem ser empregados na proteção desses bastiões, mas podem ter emprego nos dispositi- vos de defesa do território, como acima exposto, ou em ações ocasionais, inclusive ofensivas. Segundo uma autoridade da marinha russa, seus submarinos podem operar indepen- dentemente ou integrados a forças navais, realizar ataques concentrados, inclusive com armas nucleares sobre alvos navais, como forças-tarefa nucleadas em navios-aeródromos, outros grupamentos navais ou comboios, combater com êxito qualquer outro submarino, lançar e re-

156 colher destacamentos de operações especiais e muitas outras tarefas. Destaque é dado à sua maciça capacidade de minagem, que tem valiosas aplicações táticas, operacionais e estratégi- cas.

A distribuição dos submarinos prioriza a esquadra do norte e, em segundo lugar, a do Pacífico, o que é coerente com a localização dos “bastiões” da Guerra Fria, os mares de Ba- rents e Okhotsk. Apenas os submarinos convencionais são também alocados às esquadras do Báltico (3 unidades) e do Mar Negro (2 unidades), mares fechados, o que é coerente com seu emprego na negação do uso do único acesso, para facilitar seu controle.

4.2.11 Espanha

Desde 1953, a Espanha possui acordos bilaterais com os EUA, de ajuda militar em troca de bases no território, reduzidas atualmente à base naval de Rota e à base aérea de Mo- rón, ambas próximas a Cádiz, na entrada atlântica do estreito de Gibraltar. O país sofreu con- siderável isolamento no tempo do Ditador Francisco Franco por ter apoiado o Nazismo duran- te a Segunda Guerra Mundial, mas após a morte desse governante, em 1975, passou por um período de transição para a Democracia, implantando a Monarquia parlamentarista e buscan- do integração à comunidade ocidental com a filiação à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) em 1982 e à União Européia (UE) em 1986. A partir daí, tem envidado esfor- ços de participação para aumentar seu nível político nessas duas entidades.

Seus interesses e problemas políticos consistem em lutar para que a U.E. seja um ator capaz de decisão e ação militar autônoma; em reconhecer que, embora a OTAN ainda seja a espinha dorsal da defesa europeia, o objetivo de ter a Europa defendida por europeus não a- meaça as relações atlânticas, apoiando uma reforma dessa organização que lhe dê maior capa- cidade militar e abertura frente aos novos desafios globais, como o terrorismo; a recuperação da soberania sobre Gibraltar; e a dificuldade de obter ajuda da OTAN, de que é membro, ou dos EUA, com quem tem acordos bilaterais, num possível conflito com o Marrocos pelos en- claves espanhóis de Ceuta e Melila, porque estes ficam fora da área coberta pelo Tratado do Atlântico Norte, e porque o Marrocos também é aliado dos EUA.

Seus problemas estratégicos consistem na ameaça terrorista global; na proliferação das armas de destruição em massa; na possibilidade de ações contra a integridade territorial nas ilhas (Canárias e Baleares) e nos territórios de Ceuta e Melila; na ameaça, em caso de confli- to, às linhas de comunicações de energia e de outros recursos básicos que passam por Gibral-

tar; na limitação da soberania por ações navais britânicas a partir de Gibraltar, a pequena co- lônia do Reino Unido que controla o estreito; e na dependência total de petróleo importado.

As políticas de defesa consistem no estrito respeito à Lei Internacional durante as a- ções externas e no reconhecimento da ONU como responsável para assegurar a Paz e a segu- rança internacionais; na realização de ações externas exclusivamente para atender aos com- promissos da OTAN, UE e OSCE64, por decisão da ONU e com o consentimento do Parla- mento; numa postura defensiva baseada em dissuasão, prevenção e, em último caso, resposta militar; e no reconhecimento de que existe uma consciência coletiva favorecendo intervenções pela comunidade internacional sob os auspícios da ONU, OTAN, ou coalizões de seus mem- bros, principalmente contra o terrorismo.

O inimigo potencial é o Marrocos, onde se situam os enclaves de Ceuta e Melila. As áreas de atuação espanhola abrangem o “espaço euroatlântico”, o Mediterrâneo, em especial o Magreb, a Ibero-América, o Oriente Médio, a África subsaariana (em especial a Guiné Equa- torial, ex-colônia), mas a Europa é a área prioritária; implicando teatros amplos e restritos pa- ra a atuação do Poder Naval.

As estratégias de defesa consistem na preparação para as “tarefas defensivas” – o im- pedimento de agressões ao Estado ou respostas a elas, por meio de dissuasão imediata proati- va e coerção, com eventual projeção de poder em locais distantes, implicando ênfase à Inteli- gência; para as “tarefas de cooperação internacional” – atendimento de obrigações da Aliança – disponibilidade para auxiliar um dos membros da Aliança que seja agredido e, após os aten- tados de 2001, a capacidade de atuar onde e quando mais apropriado em termos multinacio- nais, incluindo intervenções por imperativos morais e para imposição da paz.

As estratégias navais que norteiam o preparo do Poder Naval se dividem entre as tra- dicionais e as da Guerra de Litoral, na postura de atacante. As primeiras consistem em manter a capacidade de controlar as áreas marítimas sob jurisdição espanhola e as de interesse do país