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4.6 Análise diacrônica do Brasil (entre a PDN-1996 e a PDN-2005)

4.6.2 Situação Final

A situação final pode ser sintetizada na forma abaixo:

Os interesses políticos consistem na segurança do País; na integração do entorno estra- tégico (países da América do Sul e África), com ênfase às entidades da região – MERCOSUL, Comunidade Andina de Nações, Comunidade Sulamericana de Nações, Organização do Tra- tado de Cooperação Amazônica, Zona de paz e Cooperação do Atlântico Sul (ZPCAS) e Co- munidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) (BRASIL, 2005 itens 1.4, 3.1, 3.3 e 3.4); numa ordem internacional baseada na democracia, no multilateralismo, na cooperação, na proscrição das armas de Destruição em massa (ADM) e no Direito Internacional (DI) (BRASIL, 2005 item 4.7); e no aumento da presença brasileira no Atlântico Sul, inclusive nos países lindeiros da África. (BRASIL, 2005 itens 3.1, 3.3, 4.9, 7(VI e XX); BRASIL, 2011a)

182 Os problemas estratégicos consistem na grande inferioridade tecnológica face aos paí- ses desenvolvidos (BRASIL, 2005, item 2.5); nas ameaças difusas impostas pela progressiva rarefação mundial de água doce, energia, biodiversidade e outros recursos naturais, bem como por disputas sobre questões ambientais, áreas marítimas e domínio espacial; na ameaça de a- tores não-estatais, como terrorismo, crimes transnacionais, etc; e ameaças decorrentes de ins- tabilidades regionais. (BRASIL, 2005, itens 2.1, 2.4, 2.6, 3.4 e 3.5). Cabe notar que o País deixou de ser dependente de petróleo importado em 2006 (E=0) (DIAS, 2008, slide 9).

As políticas de Defesa consistem em tratar como prioritárias para a defesa as áreas vi- tais de maior concentração de poder político e econômico e, complementarmente, a Amazônia e o Atlântico Sul; em aumentar a presença militar e civil na Amazônia; em exercer vigilância e defesa da área de jurisdição brasileira (AJB) e manter a segurança das linhas de comunica- ções marítimas (LCM) no Atlântico Sul; em exercer controle sobre o espaço aéreo; em reduzir a vulnerabilidade no espaço cibernético (BRASIL, 2005, itens 4.3, 6.12, 6.13, 6.14, 6.15 e 6.19); em manter forças estratégicas de pronto emprego para a solução de conflitos e salva- guarda de bens, pessoas e recursos nacionais no exterior; em dispor de capacidade de projeção de poder, visando à eventual participação em operações determinadas ou autorizadas pelo Conselho de Segurança da ONU; em aperfeiçoar processos de gerenciamento de crises políti- co-estratégicas; em participar de missões de paz e ações humanitárias (BRASIL, 2005, item 7.1, diretrizes I, II, XXIII, VIII e XXV); e em considerar o emprego das forças armadas na Garantia da Lei e da Ordem como externo à Defesa Nacional. (BRASIL, 2005, item 6.22)

O Brasil continua não sendo potência nuclear (A=0), não praticando política interven- cionista (B=0) nem participando de aliança com os EUA que os envolvam em sua defesa na- cional (C=0).

O Brasil continua não possuindo inimigos potenciais muito poderosos (D=0), embora admita a “natureza difusa das atuais ameaças”, sua indeterminação e imprevisibilidade; e sua área de atuação naval é a América do Sul e o Atlântico Sul, incluindo os países lindeiros da África, continuando a ser um teatro totalmente amplo (H=0 e I=1), e, secundariamente, o Ca- ribe e o Pacífico Sul-Oriental, ou seja, os países sulamericanos lindeiros do Pacífico. (BRASIL, 2005, itens 3.1, 6.8; BRASIL, 2008, p.36; MOURA NETO, 2010, p. 461§2; BRASIL, 2009a) Sua fronteira marítima continua grande (G=1) e suas águas jurisdicionais guardam reservas de óleo e gás agora estimadas em 26.365,9 bilhões barris de óleo equivalen- te (boe), o que, para um consumo diário de 2,78 milhões de boe, equivale a 26.365,9/2,78/365,25= 25,96 anos, o que mantém sua classificação como de grande importân- cia (F=1).

As estratégias de Defesa consistem em buscar a capacidade de dissuasão imediata ca- paz de conter forças hostis fora dos limites jurisdicionais e a de monitorar e controlar os espa- ços aéreo e marítimo, de modo a prover a presença de forças como adequado para exercer tal dissuasão quando e onde necessário. (BRASIL, 2008, p.4 itens 1, 2 e 3) Consistem também em estruturar o potencial estratégico em torno de capacidades (BRASIL, 2008, p.8 inciso 16), em estruturar a defesa naval dando a primeira prioridade à negação do uso do mar, a segunda ao controle de áreas marítimas, e a terceira, à projeção de poder (BRASIL, 2008, p.12§ 1; BRASIL, 2009b, p.1112§4); em considerar como objetivos a defesa pró-ativa das plataformas petrolíferas; a defesa pró-ativa das instalações navais e portuárias e ilhas oceânicas; a pronti- dão para responder a qualquer ameaça às linhas de comunicações marítimas; e a participação em operações internacionais de paz. (BRASIL, 2008, p.9 item 19; p.12 § 4 a 8)

As estratégias navais consistem, em primeiro lugar, em impedir ataques ao Continente desde a “fronteira leste”, por meio da negação do uso do mar em termos estratégicos, realiza- da por ações de controle de áreas marítimas com meios navais (inclusive SC e SNA), aerona- vais e aéreos; mas em situação de grande inferioridade, reduzir-se a ações de negação do uso do mar propriamente dita, por SC, SNA e meios aéreos, com maior intensidade próximo ao li- toral brasileiro (BRASIL, 2008, item 1§2, 7e 8; PEREIRA, 2010, slides 36, 37 e 38) e a ativos importantes no mar.

Consistirão também em manter abertas e seguras as rotas marítimas de interesse do Brasil, incluindo as de acesso à Antártica (BRASIL, 2008, p.12 item 1§3; PEREIRA, 2010, s- lide 36); em controlar as áreas marítimas de acesso ao País, principalmente na faixa Santos- Vitória e na região da foz do Amazonas (BRASIL, 2008, p.12§9); e em dispor de capacidade de projeção de poder focada em ações no interesse do controle de áreas marítimas. (PEREIRA, 2010, slides 37 e 49)

Desta forma, as estratégias marítimas classificam o País como AOTR.

A força de submarinos terá foco na negação do uso do mar a meios e forças navais e contará com 6 SNA e 15 SC, com possibilidade de lançar torpedos, minas e mísseis, apoiados (como os meios das demais forças) por um sistema de monitoramento, o SisGAAz. Os SC cumprirão tarefas que obriguem maior aproximação à costa (op. especiais, p.ex.) e os SNA, as mais exigentes em reposicionamento e perseguição para atacar objetivos navais (BRASIL, 2008, p.13 item 3; MONTEIRO,2010, slides 17, 18 e 19; MOURA NETO, 2010, p. 460, alí- neas a) e b))71.

71 A idéia é dispor de 15 SC; os atuais SC, que estão sendo modernizados, provavelmente não estarão ativos

184 As situações inicial e final são resumidas na tabela 4.4, observando-se que a “final” se- rá considerada como sendo a do Brasil nas comparações a seguir.

Tabela 4.4 – Dados diacrônicos do Brasil