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Capitulo5 Perspectivas biológicas da personalidade

No documento Da Teoria Clássica à Pesquisa Moderna (páginas 164-167)

O neurotransmissor scrotonina também parece estar relacionado com a impulsivi­ dade. Por exemplo, há correlação inversa entre impulsividade e nível de serotonina nos macacos africanos ou vervet (Cercopithecus aethiops) (Fairbanks, Melega, Jorgensen fr Kaplan, 2001). Além do mais. a impulsividade do macaco pode ser sensivelmente alterada pela droga fluoxetina (Prozac), que bloqueia a reabsorção da serotonina no cérebro, acen­ tuando. portanto, o humor. A propósito, como você poderia dizer que um macaco africano é impulsivo? (Ele não vai se submeter a um teste de Rorschach). No caso dos macacos ca­ tivos. coloque um macaco intruso na fronteira do território do macaco sujeito da expe­ riência. Em seguida, codifique as reações. Os macacos impulsivos temerariamente atacam o macaco intruso, farejam-no e tentam tocá-lo (Fairbanks. 2001). Os macacos africanos cautelosos e não-impulsivos, por sua vez, ficam na retaguarda e observam o macaco intru­ so durante algum tempo.

O cérebro humano tem duas metades distintas — o hemisfério esquerdo e o hemisfé­ rio direito. Um método promissor de abordar as diferenças biológicas na personalidade fo­ caliza as diferenças individuais na atividade hemisférica, ou seja. diferenças relativas de ati­ vação no cérebro entre os hemisférios cerebrais direito c esquerdo (Davidson & Fox. 1989). Embora os dois hemisférios comuniquem-se entre si intensamente, cada um tem es­ truturas e funções próprias. Há motivo para acreditar que o hemisfério anterior esquerdo desempenha papel fundamental na emoção positiva, mas a ativação do hemisfério anterior direito parece ser significativa da

emoção negativa (Glick, 1985). Essa especialização de funções de diferentes áreas do cérebro não deveria ser confundida com a outrora popular pseudociência da frenologia (veja a Figura 5.2).

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Figura 5.2

Diagrama frenológico do cérebro, idealizado p o r Gall. As experiências para relacionar a personalidade com o cérebro têm uma longa história, em grande parte, em abordagens que posteriormente foram

desacreditadas. Esse diagrama mostra as áreas no cérebro em que Gall. um teórico da

frenologia. acreditava que se situavam traços da personalidade. Os frenologistas observavam a forma, o tamanho e as

irregularidades na |>arte externa do crânio das pessoas e

relacionavam esses dados com as caracieríMicas psicológicas.

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As ondas cerebrais alia que, segundo o que se conhece, estão inversamente relaciona­ das com a ativação cerebral podem ser medidas por eletroencefalograma. Qual a importân­ cia disso para a personalidade? A idéia por trás é uma ativação relativamente maior do he­ misfério direito estar associada com reações mais intensas de medo e aflição em uma situação estressante; os indivíduos cujo hemisfério direito é mais ativo são mais propensos a reagir muito emocionalmente a um estímulo negativo. Embora a evidência fundamentada nesses estudos feitos por eletroencefalograma seja necessariamente fraca, essas abordagens podem oferecer insights importantes à medida que as técnicas 'on-line"’ de escaneamento do cérebro tornarem-se mais acessíveis às pesquisas (Haier. 1998).

Se determinados aspectos da personalidade fossem de fato baseados no temperamen­ to biologicamente induzido, poderíamos presumir diferenças como essas em todas as cul­ turas. Na verdade, a dimensão introversão-extroversão aparentemente se manifesta no m undo inteiro (Eysenck, 1990). O que também é interessante é a descoberta feita por es­ tudos sobre o desenvolvimento do cérebro e a atividade cerebral em que o cérebro atinge a

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Teorias da personalidade

Personalidades

Atletas de nascença?Venus e Serena Williams

famosas

Nos últimos anos, o m u n ­ do do tênis fem inino foi sacudido pela rápida as­ censão de duas espantosas jogadoras. Venus e Serena Williams, irmãs, com apenas quinze meses de di­ ferença de nascimento, são em vários aspectos uma dupla improvável de estrelas do tênis. Elas são notavelmente diferentes, em muitos sentidos, das adversárias cujo nível é semelhante ao delas no circuito de ténis feminino profissional. Venus e Serena são afro-amcricanas. oriundas de um meio desfavorável, que estão tentando chegar ao topo cm um esporte tradicionalmente praticado por pessoas de classes sociais mais ricas. Elas são ex­ travagantes e espalhafatosas em sua maneira de ser e vestir num esjiortc em que o comportamen­ to contido e decoroso — tanto por parte dos joga­ dores quanto dos torcedores — é tradicional. Venus e Serena tornaram-se profissionais preco- ccmentc, ambas aos 14 anos, sem participação nos torneios juvenis — trampolim usual do cir­ cuito profissional feminino. Todavia, o sucesso delas tem sido fenomenal. Fm 1999. Serena, a mais nova. ganhou o torneio no aberto dos Esta­ dos Unidos (U S O pen), tomando-se a primeira m ulher afro americana a vencer o Grand Slam. no decurso de quarenta anos. Venus. a mais ve­ lha, ganhou o torneio de Wimbledon mais de uma vez e sua primeira vitória no aberto dos Esta­

dos Unidos foi cm 2000. Em 2001, ambas as irmãs ganharam a partida semifinal do aberto dos Esta­ dos Unidos c, em seguida, passaram para as finais, jogando uma contra a outra e sabendo que o títu­

lo ficaria na família. Essa partida final (vencida por Venus) mostrou que elas estão dispostas e prontas para competir entre si — apesar de for­ marem uma equipe bem coordenada quando jo ­ gam em dupla. Juntas, Serena e Venus ganharam várias vezes títulos de duplas: no aberto dos Esta­ dos Unidos, no aberto da França (Roland Garros) c no torneio de Wimbledon, bem como a medalha de ouro de duplas femininas nos Jogos O lím p ia ».

Elas se parecem m uito uma com a outra em vários aspectos — isso talvez não seja nenhuma surpresa, visto que compartilham da mesma he­ rança genética sendo irmãs por parte de pai e mãe. Ambas são altas e musculosas, ambas têm expressões faciais semelhantes e ambas têm a for­ ça, a velocidade, o vigor, a agilidade e a coordena­ ção que lhes permitiram tornar-se excelentes atle­ tas. Além disso. Venus e Serena passaram muitos anos juntas, treinando intensamente e no circuito de competição. Mas talvez você nunca tenha o u ­ vido falar de Yctundc. Isha ou l.yndrca Williams. Elas são as outras irmãs na família Williams, as fi­ lhas mais velhas dos pais de Venus e Serena, que não têm nenhum envolvimento com o ténis ou com outro esporte profissional. São geneticamen­ te semelhantes a Venus e Serena, da mesma forma

quantidade máxima de conexões sinópticas e o maior nível de atividade metabólica por volta dos 3 ou 4 anos o que vem apoiar, portanto, a observação psicanalítica de que a base da personalidade é formada em torno dessa idade. Entretanto, o cérebro pode, até certo ponto, alterar sua organização posteriormente na vida (Thompson, 1993).

Capitulo 5 Perspectivas biológicas da personalidade

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Gêmeos: uma possível fonte de dados_________________

Estudando os gêmeos, é provável que possamos detectar influências biológicas sistemáti­ cas sobre a personalidade. Hoje, a pesquisa sobre gêmeos de fato está entre as áreas de pesqui­ sa mais ativas no estudo sobre os aspectos biológicos da personalidade. Vários estudos sur­ preendentes compararam gêmeos idênticos com gêmeos fraternos. Os gêmeos idênticos compartilham da mesma constituição genética, enquanto os fraternos (que se desenvolvem cm diferentes ovos fertilizados) têm uma superposição genética comparável a irmãos co­

que as estrelas do tênis são entre si. Conclui-se que provavelmente há mais fatores relacionados com o sucesso de Vénus e Serena do que os genes e o ambiente familiar. É bem possível que tenham herdado mais traços coniributivos para uma car­ reira atlética bem-sucedida do que suas irmãs mais velhas, mas é provável também que haja uma característica mais forte a ser depreendida da influência do ambiente.

Na realidade, dizem os repórteres que Richard Williams, pai de Venus e Serena, pôs na cabeça que suas filhas mais novas iriam tornar-se estrelas do tênis quando crescessem — ele decidiu isso an­ tes mesmo de elas terem nascido. E. como técnico c treinador das filhas, cie criou a dieta alimentar de treinamento e as expôs a experiências, quando ainda eram muito pequenas, que permitissem a realização de seus sonhos. Não há dúvida de que, se as então jovens garotas não tivessem o talento atlético, inteligência e temperamento necessários, o sonho de Richard Williams nunca teria se reali­ zado. Mas seu planejamento, supervisão c apoio foram também fatores essenciais para o sucesso de ambas — fatores que diferenciaram Venus e Serena de suas irmãs mais velhas, que não tive­ ram as mesmas oportunidades ou não foram sub­ metidas às mesmas pressões. Talvez as irmãs mais velhas tivessem o mesmo talento atlético que Venus e Serena herdaram, mas tenha lhes faltado o estímulo ambiental apropriado que possibilita­ ria desenvolver esse talento. Em certo sentido, os

grandes atletas nascem grandes atletas e em se­ guida são produzidos. As capacidades e predispo­ sições dos atletas célebres têm um componente genético, mas fatores ambientais adequados são igualmente necessários.

Quando dois membros da mesma família são surpreendentemente bem-sucedidos no mesmo domínio, é prováwl que tanto as similaridades hereditárias quanto o ambiente familiar comum sejam responsáveis por isso. Venus e Serena

Williams são irmãs, excelentes atletas e duas das celebridades do mundo do tênis.

No documento Da Teoria Clássica à Pesquisa Moderna (páginas 164-167)