Os seres humanos são vistos prinripalmcntc em termos religiosos c filosóficos.
Charcot c Janct estudam a histena e a hipnose; são consuliados por Frciid.
d é c a d a d e 1880
A atenção se volta cada voz mais para a evolução c o funcionamento do cérebro; comparações entre os seres humanos c os outros animais.
Freud dese nvolve conceitos sobro i<i. ego. superego, sexualidade reprimida (libido) c análbc d m M>nhns.
1 8 9 0 1 9 1 0 Período de mudanças industriais c tecnológicas; era vitoriana de famílias patriarcais,
respeitabilidade e submissão religiosa Os neo-analistas começam a romper
suas relações com Freud; há discussões sobre impulsos e mecanismos dc dclesa e é proposto o instinto «k morte.
1910 -1 93 0 Tecnologia c industrialização crescentes; grandes exércitos espcdalmcnic treinados; Primeira Guerra Mundial, 1914-1918: surgimento «lo behavvorisvno na psicologia americana.
Freud escajia dos nazistas, na Áustria, c morre, na Inglaterra
d é c a d a d e 50
Depressão económica, agitação social, propaganda política, crescimento da psiquiatria nos Estados Unidos. As idéias psicanalíticas influenciam várias
teorias sobre impulso, motivação. apego, conflito, amnésia, doença e muito mais
d é c a d a d c 2 0 à d e 40
As idéias de Freud aparecem na arte, na literatura, nos filmes, na medicina, na comédia e em toda a cultura ocidental As abordagens psicanalíticas clássicas
lonodoxas) scparam-sc da psicologia da personalidade prcvalcnte.
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A psicanálise toma-se um instrumento mais clinico e média», com menor interesse direto para os pesquisadores da personalidade.
A psicologia moderna experimental e cognitiva c a linguística oferecem novas explicações sobre os fenómenos freudianos.
d é c a d a d e 6 0 à d c 90
Grandes avanços nas ciências do cérebro; progresso nas avaliações e na psicologia do desenvolvimento.
As idéias dc Freud são reinterproladas a luz do conhecimento moderno.
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Técnica cientifica de formação dc imagem do cérebro; a complexidade das patologias sociais é reconhecida.
Na psicanálise, a difícil tarefa de comprovar memórias da infância normalmente náo é sequer experimentada. Porém, sob a perspectiva de compreender a memória humana, é questão de importância crucial. No dia-a-dia. as pessoas, na maioria das vezes, relatam memórias vívidas que acabam se revelando imprecisas à luz de informações factuais obje tivas. Por exemplo, a testemunha ocular de um crime tem certeza de que reconheceu o suspeito, que. tempos depois, veio a se saber, estava fora do país; u m estudante relata vivi damente que estava tendo aula de espanhol no momento em que ouviu a explosão do
ônibus espacial Challenger, mas seu histórico escolar mostra que ele não teve aula de espa nhol nesse ano; e assim por diante (Harsch & Neisser, 1989).
Várias são as fontes de imprecisão e distorção na memória e todas elas podem influen ciar de maneira independente, tanto o que é a princípio codificado de experiência quanto o que posteriormente é recuperado da memória a respeito dessa experiência. A sensação subjetiva de certeza nem sempre é correlacionada com a precisão verdadeira do que é lem brado. A técnica psicanalítica é apresentada como método de revelação das memórias re primidas que estão interferindo na boa saúde psicológica, mas, se as informações que sur gem com a terapia não forem precisas (no sentido dc serem pelo menos o que a pessoa original mente experimentou, quando não o que objetivamente ocorreu), toda essa linha de argumentação vai por água abaixo. A investigação científica séria sobre essa questão está apenas começando (Conway. 1996: Pezdek & Banks. 1996). Esse tema ainda é inade quadamente compreendido.
A segunda dúvida decisiva — se as informações foram recém-lembradas ou recém-re- iatadas — é uma das questões que têm sido investigadas no experimento de memória. Uma descoberta de peso é a dc que a quantidade de informações recuperadas varia de acordo com os diferentes métodos usados para investigar a memória de uma pessoa sobre um acontecimento (Baddeley. 1990). Por exemplo, suponhamos que dois grupos dc parti cipantes estudem uma relação de palavras. Os participantes de um grupo recebem, em se guida, folhas de papel em branco e são solicitados a escrever o máximo possível de palavras dessa relação que se lembrarem (procedimento conhecido como recordação liv re ). Os participantes do outro grupo recebem pares de palavras e têm de responder qual palavra dc cada par aparece na relação (procedimento conhecido como re co nh e cim e n to p o r esco lha fo rça d a ). Não surpreendentemente, as respostas dos participantes são mais precisas nas situações em que são forçados a escolher; é mais fácil selecionar correiamente a pala vra estudada em um par apresentado do que descrevê-la sem nenhuma sugestão. Pode isso significar que a intensidade ou precisão das memórias subjacentes diferem entre os g ru pos? Na medida cm que os grupos não foram diferenciados até o momento do teste, so mente o método de avaliação pode ser a causa da aparente diferença dc memória. A dispo nibilidade ou acessibilidade de uma memória pode ser melhorada |x>r meio de sugestões, dicas c perguntas apropriadas (Tulving. 1968). No cenário psicanalítico, interrogatórios fei tos diretamente pelo terapeuta ou conversas sobre eventos relacionados com a memória, antes inacessível, podem permitir ou induzir a recuperação dessa memória. Nesse sentido, a psicologia cognitiva validou esse aspecto dc recordação do método psicanalítico.
Uma outra descoberta no campo da memória humana está particularmente relacio nada com o ceticismo acerca do poder da técnica psicanalítica de que a probabilidade de recuperação de uma memória varia não apenas de acordo com a disponibilidade ou inten sidade da própria memória, mas também segundo as recompensas c punições de um relato preciso e impreciso. Essas influências foram ostensivamente estudadas sob o conceito de nominado teoria de detecção de sinal (Swets, 1996; Comm ons, N cvin & Davison. 1991). Vejamos uma vez mais um exemplo dc estudo controlado sobre o processo de aprendizagem em uma relação de palavras. Podemos investigar a memória apresentando uma palavra de cada ve/ a um participante; para cada palavra, ele deve responder sim, se a palavra estiver na lista, e não. se não estiver. As palavras que de fato estavam na lista po dem ser acertos (o participante responde sim ao detectar corretamente uma palavra estu dada) ou erros (o participante responde incorretamente não para uma palavra estudada). As palavras que não estavam na relação podem ser rejeições corretas <o participante res-
ponde não para uma palavra não estudada) ou alarmes íalsos (o participante responde in corretamente sim para uma palavra não estudada). O nível aparente de memória de um participante nessas tarefas vem a ser sensível à estrutura de recompensa e punição da tare fa. Se eles receberem uma grande recompensa pelos acertos, com pequenas punições para erros e alarmes lalsos, e pequenas recompensas por rejeições corretas, responderão sim para mais itens. Se a punição por alarmes falsos for alta tem relação ãs consequências dos outros três resultados possíveis), eles responderão não para mais itens. Quando houver al guma dúvida sobre a lembrança de algum item, os participantes 'adivinharão' de acordo com a matriz de compensação: quanto mais alarmes falsos, mais alto o nível de acertos, c quanto mais rejeições corretas, maior a quantidade de erros.
Quais são as implicações para a psicanálise? É possível conjccturar que os pacientes em psicoterapia que estão tentando recuperar memórias significativas encontram-se nessa situação de detecção de sinal. Para cada pensamento que lhes vem ã mente, eles têm de decidir (não necessariamente de maneira consciente) se devem ou não relatá-lo. Na psica
nálise. pode dizer-se que a recompensa por acertos é grande (tanto o paciente quanto o terapeuta podem constatar um 'progresso'), com poucas punições para alarmes falsos (as memórias falsas podem ser um 'm aterial' tão bom para a terapia quanto as memórias ver dadeiras). grande punição para erros (as memórias verdadeiras não são investigadas) c pouca recompensa para rejeições corretas. Nessas circunstâncias, os pacientes tendem a ser menos críticos para fa/er a distinção entre memória e confabulação. Os erros na me
mória relatada, que resultam nessa entrevista acrítica. são uma fragilidade significativa da psicanálise aplicada.
A hipnose pode ajudar? Os interrogadores da polícia deveriam usar hipnotizadores para ajudar a cliciar memórias há muito tempo reprimidas no caso de molcstamcnto cri minoso? Quando começou a desenvolver a psicanálise, Freud e seu colega Josef Breuer usaram a hipnose — sugestões intensas do terapeuta — para tentar acessar memórias en cobertas em seus pacientes. Na moderna pesquisa da psicologia experimental, isso seria chamado de hipermnésia hipnótica (Kihlstrom, 1998). Experimentos feitos em laboratório demonstram que a hipermnésia hipnótica às vezes ocorre — a hipnose algumas vezes é eficaz — , mas não é mais eficaz do que outros efeitos de intensificação da memória, como o uso de sugestões relevantes para eliciá-la. Na realidade, a hipnose parece um pouco m e
nos eficaz (Kihlstrom & Bamhardt. 199)); em outras palavras, a pesquisa experimental apóia a supremacia da associação livre e de outros processos relacionados de investigação c sugestão além da hipnose. Freud agiu corretamente ao abandonar a hipnose logo no início do desenvolvimento da psicanálise.