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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVAS

RSU Levantamento de

4.2. Caracterização da Área de Estudo

4.2.1. Dados gerais

O município de Igarapé localiza-se na região sudeste da Zona Metalúrgica e Campos das Vertentes de Minas Gerais, sendo um dos 34 municípios que compõem a Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), estando a aproximadamente 45 km da capital BH. É limitado pelos municípios de São Joaquim de Bicas, Brumadinho, Itatiaiuçu, Juatuba, Mateus Leme e Betim (FIG. 20). Sua área territorial é de 110,942 km², sendo que 64% de seu território (~7.000 ha) integra uma Unidade de Conservação (UC) denominada Área de Proteção Ambiental (APA Igarapé), cujo objetivo, dentre outros é o de preservar os recursos hídricos contribuintes do Sistema Serra Azul. Igarapé localiza-se na Bacia Hidrográfica do Rio Paraopeba. Sua população no último censo IBGE em 2010 era de 34.851 pessoas. Dados do IBGE estimam que a população para 2019 é de 43.045 pessoas.

Figura 20: Localização do município de Igarapé (MG), representação de hachura da APA Igarapé e verificação

espacial de localização em relação à Belo Horizonte e municípios circunvizinhos

De acordo com a Página institucional da Prefeitura a história de Igarapé está ligada à história de Minas Gerais. Seus primórdios remontam ao século XVII, com as Entradas e Bandeiras. No ano de 1710, iniciou-se a formação do povoado primitivo de Igarapé21.

Emancipou-se de Mateus Leme e tornou-se município somente em 1962, sendo a emancipação oficializada em 1o de março de 1963. Até 1948, o transporte de Igarapé a outros municípios era feito por meio de animais, ou mesmo a pé, pois não havia estradas próprias para o tráfego de veículos motorizados. Com o desenvolvimento do povoado, após sua elevação a distrito, estradas de rodagem foram construídas, permitindo o acesso de veículos motorizados. Mais tarde, com a construção da Rodovia BR-381 às margens do distrito, que faz a ligação entre o Nordeste e o Sudeste do Brasil, a economia de Igarapé dinamizou-se ainda mais, devido à importância estratégica da rodovia para todo o País (IGARAPÉ, 2015).

Até a década de 1970, Igarapé era um município predominantemente rural, sendo um dos principais fornecedores de produtos hortifrutigranjeiros para o Ceasa Minas (IGARAPÉ, 2013). A partir desse período, o município passou a receber as primeiras indústrias de autopeças, em razão da instalação da montadora Fiat em Betim (1973), seguidas do desenvolvimento do setor imobiliário, do comércio, da prestação de serviços, do transporte e da mineração.

A ocupação é recente e teve dois momentos de crescimento da malha urbana. O primeiro, na década de 1970 a 1980, coincidiu com o processo de crescimento da RMBH, e o segundo foi no final da década de 1990, quando BH deixou de ser o principal receptor de população. Nesse período iniciou-se o processo de migração interna na RMBH, que aumentou as taxas de crescimento dos municípios vizinhos. Sua maior mancha urbana está concentrada na zona central, às margens da Rodovia Federal BR 381. Seu traçado urbano segue a forma de quadrícula, em especial na zona central; na zona periférica observa-se o traçado urbano em forma de leque. No centro, as casas foram construídas por quadras e seus principais pontos de comércio foram instalados ao longo das principais vias de circulação.

Segundo o Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil, entre 1991 e 2000 a população de Igarapé cresceu a uma taxa média anual de 5,04%. Entre 2000 e 2010, a taxa média anual de crescimento da população foi de 3,45%, enquanto no Brasil foi de 1,17%, no

21

Ver detalhes da história e da formação administrativa em: https://www.igarape.mg.gov.br/detalhe-da- materia/info/historia-do-municipio-de-igarape/6672

mesmo período. Nessa década, a taxa de urbanização passou de 75,48% para 94,44% (PNUD; IPEA; FJP, 2015). A TAB. 14apresenta dados da população total, rural e urbana e por gênero.

Tabela 14: População total, rural e urbana e por gênero. Igarapé, MG

População População (1991) (%) do Total (1991) População (2000) (%) de Total (2000) População (2010) (%) de Total (2010) População total 15.957 100,000 24.838 100,000 34.851 100,00 Urbana 11.005 68,970 22.977 92,510 32.661 93,720 Rural 4.952 31,030 1.861 7,490 2.190 6,280 Homens 8.071 50,580 12.608 50,760 17.520 50,270 Mulheres 7.886 49,420 12.230 49,240 17.331 49,730 Fonte: adaptada de PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, IPEA - Instituto de Pesquisa

Econômica Aplicada e FJP - Fundação João Pinheiro (2015).

4.2.2. Clima

O clima em Igarapé é classificado como tropical de altitude. As médias climatológicas são valores calculados a partir de uma série de dados de 30 anos, podendo identificar as épocas mais chuvosas/secas e quentes/frias de uma região. A estação chuvosa concentra-se entre os meses de novembro e março e o período de seca entre junho e agosto (IGARAPÉ, 2015). A FIG. 21 exibe o comportamento da chuva e temperatura ao longo do ano:

Figura 21: Máxima, mínima e precipitação em Igarapé, MG

4.2.3. Relevo, geologia, geomorfologia e pedologia

Igarapé está inserido no Quadrilátero Ferrífero, região caracterizada por relevos esculpidos pela influência da estrutura geológica, exibindo claramente as feições dúcteis e rúpteis produzidas pelos ventos tectônicos ao qual foram submetidas às diversas litologias existentes, identificadas por meio de alinhamentos de cristais, interceptores por vales profundos e vetores tectônicos, ou por planaltos atingidos por ciclos de erosão (FILHO, 2008

apud IGARAPE, 2015, p. 21).

O relevo da região é plano a ondulado, sendo as elevações bastante acentuadas na região sul, onde está localizado o Pico do Itatiaiuçu (IGARAPÉ, 2015), estando 75% de seu relevo entre ondulada (25%) e montanhosa (50%). O restante (25%) é composto de áreas planas, normalmente associadas às planícies aluviais dos corpos d‘água (IGARAPÉ, 2015). O ponto mais alto é o Pico do Itatiaiuçu, a 1.434 m de altitude (IGARAPÉ, 2008).

O Plano Municipal de Saneamento Básico de Igarapé (2015) reproduz que o município encontra-se entre dois tipos de geologia a Depressão Franciscana e o Quadrilátero Ferrífero: a primeira é caracterizada pelas baixas altitudes, com pontos localizados abaixo do nível do mar; e a segunda respectivamente, região de maior concentração urbana de Minas Gerais, área de fundamental importância para o desenvolvimento econômico estadual, impulsionando, inclusive, o setor industrial, principalmente o segmento siderúrgico.

Em relação aos solos, no município são encontrados os seguintes tipos: Cambissolo, localizado na região norte do município; Neossolo litólico, na região sul; e Latossolo, que ocupa a maior parte do município (IGARAPÉ, 2015).

4.2.4. Vegetação e das áreas protegidas

Igarapé incide sobre um ecótone entre Cerrado e Mata Atlântica. A vegetação é característica do Cerrado e de Floresta Estacional Semidecidual Montana, sendo sua maior concentração na região noroeste do município. A maior parte de seu terrotório (64%), o equivalente a 7.100 ha, incide sobre uma Unidade de Conservação de Uso Sustentável, denominada Área de Proteção Ambiental de Igarapé (APA Igarapé), criada pela Lei no 1.306, de 16 de maio de 2003, e regulamentada pelo Decreto n o 1.104, de 16 de maio de 2003.

A APA Igarapé incide sobre Área de Proteção Especial Serra Azul, (APE Serra Azul) regulamentada pelo Decreto Estadual no 20.792/1980.

A região faz parte da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, sub-bacia do Rio Paraopeba, e seus principais cursos d‘água são o Córrego da Estiva, o Córrego Igarapé e o Córrego Machado. Outra área relevante em nível municipal é a Pedra Grande (FIG. 22), localizada precisamente na Serra de Itatiaia, em altitudes que variam de 1.250 m a 1.434 m, que está referida em carta topográfica como Pico do Itatiaiuçu, cujo acidente geográfico situa- se na junção dos limites municipais de Igarapé, Itatiaiuçu, Brumadinho e Matheus Leme. Pedra Grande foi tombada pelo patrimônio municipal, por meio do Decreto no 1.318/2008, como Conjunto Natural e Paisagístico, estando ainda localizada dentro da APA.

Figura 22: Conjunto Natural e Paisagístico da Pedra Grande – Igarapé, MG. Em (a) vista parcial da estrada

municipal (conhecida como Estrada Usiminas); (b) vista parcial da Pedra Grande vista de sobre Serra de Itatiaia

Fonte: registro fotográfico do autor (2018).

4.2.5 Atividades econômicas

A economia de Igarapé baseia-se, na produção de hortifrutigranjeiros, no comércio, serviços e transportes. A exploração dos recursos hídricos e as atividades minerárias também se apresentam como importante campo econômico. Além disso, Igarapé encontra-se em processo de desenvolvimento, somando um considerável número de empresas instaladas, sobretudo após uma alteração no seu Plano Diretor, (Lei Complementar no 03, de 03 de janeiro de 2007), alterado por meio da Lei Complementar no 52, publicada em 26 de abril de 2013, que criou em seu macrozoneamento a Zona de Empreendimentos Sustentáveis (ZES) em uma área de mais de 2.000 ha na região conhecida como Curralinho.

Figura 23: Mapa com macrozoneamento do Plano Diretor municipal – Igarapé, MG

Fonte: Prefeitura Municipal de Igarapé (2018)

Zona de Empreendimentos Sustentáveis - ZES LC 52/2013 APA IGARAPÉ