SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVAS
APA IGARAPÉ Linha imaginária
4.3. Contextualização dos RSU em Igarapé
4.3.3. Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PMGIRS) (2013)
O Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PMGIRS) de Igarapé foi elaborado pela SEMA em 2013. Em 30 de setembro do mesmo ano, em audiência pública na Câmara dos Vereadores (FIG. 25), foi realizada a validação do documento.
Figura 25: Audiência Pública do PMGIRS
Fonte: adaptada de Prefeitura Municipal de Igarapé (2013).
O PMGIRS de Igarapé teve como objetivo atender à PNRS, estabelecendo diretrizes municipais para a gestão e o manejo adequado de resíduos, garantindo, assim, a proteção da saúde pública e a qualidade ambiental, para a não geração, a redução, a reutilização, a reciclagem e a disposição final adequada somente dos rejeitos. Basicamente, o plano foi desenvolvido em quatro momentos: 1) diagnóstico da situação dos RS; 2) prognóstico tratando o provável desenvolvimento futuro ou o resultado do processo; 3) objetivos e metas; e 4) projetos e ações. O Plano foi elaborado por meio de 2 grupos de trabalho e a elaboração do documento se deu em etapas, que nortearam o planejamento desde o conhecimento da situação atual, por meio do diagnóstico, até a consolidação e a formalização do plano.
Um dos principais instrumentos apresentados no Plano se deu por meio da análise da composição gravimétrica de RSU, que gerou dados abrangentes de todo o município e que mostrou que 58,4% dos RSU no período, em peso, eram compostos por resíduos orgânicos.
Durante a execução do plano foi encontrada limitação em muitos dos levantamentos de dados na fase de diagnóstico realizados pela SEMA, e muitos desses dados inclusive se mostraram incipientes, sobretudo acerca da realidade da parcela orgânica dos RSU. Em âmbito geral, as questões acerca dos resíduos orgânicos foram pouco tratadas no plano, exceto por expor o encaminhamento dos mesmos. Naquele período os resíduos domiciliares em geral eram destinados para AS e os resíduos de poda, supressão de vegetação, roçada, capina, bem como os de construção civil e dentre outros eram destinados para o lixão municipal.
No Formulário de Cadastro do PMGIRS de Igarapé apresentado à FEAM-MG, estão os principais dados levantados e as articulações que seriam tomadas a partir da construção do plano. No âmbito da presente pesquisa, alguns desses dados no que concerne aos RSU serviram de balizadores dos cenários que serão apresentados na seção resultados e discussão, conforme (TAB. 17 a 22) e (QUADROS 12 a 15) a seguir:
Tabela 17: Diagnóstico apresentado à FEAM dobre os RSU em 2013 Total de RSU coletados
(t/dia):
Quantidade (t/dia) Destinação (%) em relação a quantidade coletada
Matéria orgânica 11,6 t/dia Foi informado que 100% eram destinados para AS. Metais 0,166 t/dia Foi declarado que 50% dos metais eram encaminhados à reciclagem e outros 50% para AS. Papel/Papelão 1,55 t/dia Segundo formulário enviado a FEAM 35,4%
desses RS eram reciclados e 64,6% eram destinados para AS.
Plástico 1,86 t/dia Segundo formulário enviado a FEAM 10,75% eram reciclados; e 89,25% eram destinados para AS. Vidro 0,086 t/dia Foi declarado que 23% eram destinados a
reciclagem e 77% eram encaminhados p/ AS. Outros resíduos: alumínio 4 kg dia A APAIG recolhia por dia cerca de 4 kg de
alumínio no período, porém eram evidenciados diversos catadores avulsos.
Fonte: adaptada pelo autor de Formulário FEAM (2013) e SEMA Igarapé (2013).
Tabela 18: Resíduos da construção civil, conforme disposição da Resolução do Conama no 307
Total de Resíduos da Construção Civil Coletados (t/mês):
Característica Quantidade (t/mês) Destinação
Grupo A 660 m3/mês Antigo lixão (Margens da Avenida Norte Sul).
Grupo B - A quantificação identificada como Grupo A foi referente ao controle de entrada de veículos no lixão. Foi informado que não havia balança para pesagem no local e que o controle de entrada e saída dos veículos era realizado considerando a quantificação em m³ aproximada. A maioria dos RS era constituída de RCC; contudo, dados da SEMA indicava que os RSO originários de poda, roçada e capina também eram dispostos no local e que muitos RS com características de recicláveis originários dos RSD estavam chegando ao lixão no período analisado.
Grupo C -
Grupo D -
Tabela 19: Resíduos de limpeza pública (varrição, poda, capina, entre outros) Total de Resíduos de Limpeza Pública Coletados:
Característica Quantidade Destinação
Entulho Misto 6.864 m3/ano A quantificação identificada é referente ao controle de entrada de veículos no antigo lixão. Conforme mencionado no local não havia balança. Era realizado no local um controle de entrada e saída dos veículos, onde eram identificadas suas características levando em consideração a quantificação m³ aproximada. Varrição 4.800 m3/ano
Poda/Capina 12.240 m3/ano
Fonte: adaptada pelo autor de Formulário FEAM (2013) e SEMA Igarapé (2013).
O PMGIRS indicou a área onde funciona atualmente o aterro de inertes (TAB. 20) como local favorável à disposição de RCC; apesar disso, o início de operação do aterro não seguiu os indicativos do PMGIRS, sendo aberto em novembro de 2013, sem licenciamento ambiental e sem seguir critérios de operação e construção, fato esse que permanece até tempos da presente pesquisa (2019/2020).
Tabela 20: Áreas favoráveis para disposição final ambientalmente adequada de rejeitos
Área
Potencial Endereço
Coordenadas Geográficas
Distância média até o núcleo populacional / transbordo / tratamento Características favoráveis Aterro para materiais inertes Classe IIB Resíduos da Construção Civil Avenida Cristiano Chaves de Oliveira Bairro: Veterinária Coordenada Geográfica (em grau, minuto e
segundo DMS Latitude:20°04‘05. 67‖S Longitude: 44º20‘17.42‖O 3 km (x) Área erosiva ( ) Área cárstica ( ) APP
( ) Área sujeita a inundação (x) Distância de curso d‘água maior que 300m
(x) Distância do núcleo populacional maior que 500m
( ) Distância maior que 100m de rodovias e estradas
(x) Distância de aeroporto maior que 20 km
Fonte: adaptada pelo autor de Formulário FEAM (2013) e SEMA Igarapé (2013).
Dados do PMGIRS mencionam que os gestores do município declararam ter interesse no consorciamento ou na solução compartilhada, por meio da parceria público-privada (PPP), do Colar Metropolitano (CMBH) e da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) (IGARAPÉ, 2013). Foram apresentados indicadores de desempenho operacional e ambiental dos serviços de limpeza urbana e manejo de RS, como: índice de reclamações e protocolos, análise e coleta de dados, percentual de reciclagem e abrangência de rotas de coleta. Os RSO foram pouco tratados no PMGIRS; contudo, o Programa Municipal de Educação Ambiental (PROMEA) poderia subsidiar ações a respeito da coleta seletiva, em especial dos RSO em escolas e creches, de forma a estimular a compostagem e hortas escolares.
Essas ações no município sempre foram muito ―pulverizadas‖ e desarticuladas. No PMGIRS, houve interesse em movimentar ações de educação ambiental de forma contínua, porém, ao longo dos anos, considerando o período 2013-2019, não houve ações do programa (QUADRO 12).
Quadro 12: Programa de Educação Ambiental
Nome Publico-Alvo Período do Treinamento
PROMEA Comunidade Escolar Contínuo Fonte: adaptado pelo autor de Formulário FEAM (2013) e SEMA Igarapé (2013).
No formulário enviado a FEAM, os gestores do município declararam que em 2013 havia uma organização de catadores e grupos interessados na coleta e comercialização de resíduos recicláveis (QUADRO 13). Foi informado no PMGIRS (2013) grande dificuldade em ações e propostas de melhorias nas atividades realizadas pela Associação dos Catadores Parceiros do Meio Ambiente de Igarapé (APAIG) devido grande parte dos associados não querer modificar mecanismos de gerenciamento, imperando velhos paradigmas impostos pelos associados. Foi informado que apesar da prefeitura oportunizar espaço físico, veículos, combustível e suporte técnico, os índices de coleta de recicláveis secos ao longo dos anos se mostraram abaixo das expectativas.
Quadro 13: Programa de coleta seletiva Nome Situação em relação à formalização
(Formal/informal)
Descrever a forma de participação na gestão dos resíduos
APAIG Formal Coleta Seletiva Fonte: adaptado pelo autor de Formulário FEAM (2013) e SEMA Igarapé (2013).
Tabela 21: Custos da prestação de serviço limpeza urbana e manejo de RSU
Tipo Custo/per capita (ano) Forma de Cobrança dos Serviços
Limpeza Urbana R$ 99,619 Não há cobranças Manejo de RSU R$ 40,072 Não há cobranças Fonte: adaptada pelo autor de Formulário FEAM (2013) e SEMA Igarapé (2013).
Quadro 14: Ações e indicadores para acompanhamento, controle e fiscalização
Ação Indicador Responsável
Fiscalização da disposição de RS Índice de limpeza
Departamento de Limpeza Urbana e Gestão de Resíduos Rastreamento de rota Cumprimento de horário e rota
Atendimento ao público Monitoramento de solicitações e reclamações
Acerca do QUADRO 14, os dados apresentados foram devidamente realizados e se mostram como um dos melhores instrumentos de gerenciamento de RSU na municipalidade. A tempo do PMGIRS, foram levantados principais pontos de descarte inadequado de RSU no ano de 2013 realizada na etapa de Diagnóstico (TAB. 22). A tempo dessa pesquisa esses pontos não se encontram mais com disposição de resíduos:
Tabela 22: Identificação de áreas de disposição inadequada de RS e áreas contaminadas Área Endereço Coordenadas Tipo Características gerais da área (2013)
5,4 ha Avenida Norte Sul S/N° - Bairro Ouro Velho Antigo Lixão Latitude: 20°46‘15.09‖ Longitude: 44°19‘19.1772‖ RSU
Quando o lixão iniciou suas atividades, em 1989, eram dispostos todos os tipos de RS. A partir de 2007 os RSU começaram a ser destinados ao AS. Desde então a área passou a receber: entulho, poda, capina e varrição. Em 2013, havia o controle de entrada e saída de veículos e verificação dos materiais que estavam sendo dispostos, sendo registrados número de descargas. Não havia o controle de pesagem. Outra característica importante é que a área encontrava-se em processo de desativação. Uma nova área estava sendo viabilizada para disposição de inertes da RCC. Foi informado que o local contaria com toda a infraestrutura e seria de acordo pelas normas ambientais e de engenharia vigentes. Fato que não ocorreu.
0,2 ha Rua Vinte Bairro: Veterinária Latitude: 20°05‘13.0‖ Longitude: 44°20‘49.2‖ RSU
A área situada em Zona de Chacreamento com bota-fora em propriedade particular isenta de muros e sem cercamento. No período eram evidenciados RSU e da RCC em grande quantidade.
0,0009 ha
Av. Airton Senna esquina com Rua Carola, Cidade Nova Latitude: 20°04‘59.6‖ Longitude: 44°17‘43.5‖ RSU
Eram evidenciados alguns pequenos pontos de bota-fora com características de RSU. Como ponto de referência a Área da Rede de Furnas, próximo ao campo de futebol. 0,0006 ha Avenida Airton Senna Bairro Cidade Nova Latitude: 20°05‘05.5‖ Longitude: 44°17‘52.5‖
RSU Pontos de bota-fora com características de RSU.
Fonte: adaptada de formulário FEAM (2013) e SEMA (2013).
Em relação à periodicidade de revisão do PMGIRS, a SEMA, por meio do Grupo Gestor, decidiu revisar o plano de quatro em quatro anos, o que vem ocorrendo de maneira interna na junto ao Departamento de Resíduos da SEMA.
Quadro 15: Metas do PMGIRS e seu status a tempo da pesquisa (2019)
Metas No Metas Específicas Ação/Projeto Execução Prazo Status
(2019)
Resíduos Sólidos de Saúde 1
Gerenciamento de RS
Tornar obrigatório o PGRSS, com renovação anual. Exigir no licenciamento ambiental o sistema de gerenciamento de RS dos empreendimentos.
Secretaria Municipal de Saúde
Emerg. imediato Parcial
Aperfeiçoamento da Logística
Criação de DTR devidamente dimensionamento para recebimento dos resíduos dos geradores do município. Sugestão criar o DTR no Hospital Oftalmológico. Secretaria Municipal de Saúde Curto 0 até 3 anos Parcial
Responsabilizar o gerador do resíduo da saúde pela destinação conforme lei
Secretaria Municipal de Saúde
Curto 0 até 3
anos Parcial Adequação da coleta dos RSS do
serviço público
Secretaria Municipal de Saúde
Emerg. imediato Parcial
Treinamento Servidor Público da Saúde
Realização de treinamento com funcionários da saúde, com o objetivo de promover a boa segregação dos resíduos perigosos e dos recicláveis.
Secretaria Municipal de Saúde
Emerg imediato Feito
Melhorias na Coleta Seletiva 2 Fortalecer a instituição e administração da APAIG Qualificar e aperfeiçoamento da administração. SEMA APAIG Curto 0 até 3 anos Não realizado Promover a transparência. Emerg. imediato Não
realizado
Adequações físicas. Médio 4 a 8
anos
Não realizado Adequações de layout do galpão. SEMA
APAIG Curto
0 até 3 anos
Não realizado Remuneração de catadores. PMI Médio 4 a 8
anos Não realizado Aperfeiçoamento da Coleta Seletiva Melhorias de logística.
SEMA Emerg. imediato
Parcial Expansão da cobertura de área
pavimentada. Parcial
Gerenciamento de Resíduos
Exigir, no licenciamento ambiental, o sistema de gerenciamento de RS dos empreendimentos.
SEMA Curto 0 até 3 anos
Não realizado
Mobilização
Identificação visual, personalização de veículos, uniformes para funcionários, distribuição de sacolas retornáveis para coleta seletiva e campanhas diversas. SEMA E APAIG Curto 0 até 3 anos Parcial Capacitação
Treinamento do operacional APAIG.
SEMA/ INSEA APAIG
Emerg. imediato Parcial Treinamento dos coletores da
prefeitura. Emerg. imediato Feito
Treinamento da equipe administrativa
da Sema. Emerg. imediato
Feito
Melhorias na Coleta Seletiva 2 Envolvimento dos catadores avulsos Cadastramento de catadores, associações e/ou intermediadores que realizam, formal ou informalmente, a coleta seletiva do município.
SEMA E
APAIG Emerg. imediato Não realizado
Indicadores
Realização de Estudo da Composição Gravimétrica do material reciclável pelo menos uma vez no ano.
SEMA E
APAIG Emerg. imediato Parcial
Gerenciamento de RSU
3
Aperfeiçoamento da Logística
Ampliação e otimização das rotas, treinamento, criar mapas e reprogramar rotas.
SEMA Médio 4 a 8
anos Feito
Reduzir em 90% os
recicláveis misturados Mobilização e fiscalização. SEMA Médio
4 a 8 anos
Não realizado
Mobilização
Criar programas contínuos de educação ambiental, intensificar a fiscalização e incentivar a compostagem domiciliar. SEMA Médio 4 a 8 anos Não realizado Indicadores
Aperfeiçoamento da coleta e análise
de dados. SEMA Emerg. imediato Feito
Estudo periódico da gravimétria imediato Parcial
Consórcio
Parceria público-privada (PPP) com o estado, referente à destinação final dos RSU, visando à diminuição de custos do município.
SEMA Curto 0 até 3 anos Não realizado Serviço de Varrição 4 Aperfeiçoamento do Serviço de Varrição
Melhorias de logística, expansão da cobertura de área pavimentada, transporte da equipe de varrição e treinamento.
SEMA Emerg. imediato Feito
Mecanização do sistema de varrição. SEMA Curto 0 até 3
anos Parcial RS Especiais 5 Controle e destinação Fomentar a logística reversa. SEMA Emerg. imediato Parcial
Gerenciamento e disposição de
RCC
6
Nova área para aterro de
materiais inertes Projeto; licenciamento operação. SEMA Emerg. imediato Não realizado Encerramento das
atividades do antigo lixão
Elaboração de projeto conforme a legislação, item 5.1.2. Recuperação simples, descrita no caderno técnico de reabilitação de áreas degradadas por RSU – Minas Sem Lixões.
SEMA Emerg imediato Parcial
Implantar a
usina de beneficiamento Projeto, licenciamento e operação. SEMA Médio
4 a 8 anos
Não realizado Plano Municipal de RCC Criar plano municipal e exigir dos
grandes geradores o plano. SEMA Médio
4 a 8 anos Não realizado Educação Ambiental 7 PROMEA
Elaborar e implantar programa de
educação ambiental. SEMA Emerg imediato Não realizado Saneamento Básico 8 Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB)
Elaborar e implantar. OBRAS Emerg imediato Feito