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Capítulo III Relato da investigação-ação: experiências de ensino-

1. Contextualização da investigação-ação

1.1. Caracterização da escola e das turmas

A nossa experiência letiva (iniciação à prática profissional) decorreu, no ano letivo de 2016/2017, na Escola Básica e Secundária Rodrigues de Freitas, em duas turmas de Português (9.º E e 11.º F) e uma de Latim A (11.º D).

Relativamente à escola, esta situa-se na Praça Pedro Nunes, no Porto, começou a ser construída em 1927 e iniciou atividade em 1933. Atualmente, é uma escola pública, onde são lecionados o 2.º e 3.º ciclos do ensino básico e o ensino secundário.

Esta instituição é, também, um Território Educativo de Intervenção Prioritária (TEIP) com contrato de autonomia. O projeto TEIP consiste numa iniciativa governamental, implementada em cento e trinta e sete agrupamentos de escolas que se localizam em territórios económica e socialmente desfavorecidos. São objetivos centrais do programa a prevenção e a redução do abandono escolar precoce e do absentismo, a redução da indisciplina e a promoção do sucesso educativo de todos os alunos.48

Outro elemento que caracteriza este espaço escolar é o facto de o mesmo trabalhar em conjunto com a Associação de Apoio e Informação a Cegos e Amblíopes. Integra, portanto, a rede de escolas de referência para a educação de alunos cegos e de baixa visão em Portugal. O trabalho dos docentes conta com o apoio de um gabinete destinado à educação especial, do qual fazem parte professores especializados, que se encontram na posse de todos os meios necessários para oferecer boas condições de aprendizagem aos alunos com necessidades educativas especiais.

Além de tudo isto, graças à iniciativa dos professores Alexandra Azevedo e Jorge Moranguinho, a Escola Básica e Secundária Rodrigues de Freitas foi pioneira do projeto

Pari Passu. Este projeto, que se aplica ao 2.º ciclo do ensino básico, visa a concretização da componente curricular designada por Introdução à Cultura e Línguas Clássicas. Essencialmente, o que se pretende é despertar, nos alunos, o interesse pelos estudos clássicos e prepará-los, de certa forma, para o estudo do latim no ensino secundário. Também nós tivemos oportunidade de participar nesse projeto, chegando a lecionar algumas aulas da disciplina de Iniciação à Cultura Clássica.

48 Sobre este tema consulte-se a informação disponível da página do Ministério da Educação: http://www.dge.mec.pt/teip.

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Por último, importa salientar que, durante todo o ano letivo, nos sentimos muito bem acolhidos pela comunidade escolar, o que motivou e facilitou o desenvolvimento de todo o nosso trabalho. Atentemos, de seguida, no perfil de cada turma.49

Começando pela turma do 9.º E, esta é constituída por um total de 21 alunos, cuja média de idades ronda os catorze anos. Os alunos desta turma possuem um nível de aproveitamento, interesse e participação razoáveis. Porém, apesar de serem bastante interessados e participativos, as intervenções nem sempre são realizadas de modo ordeiro e pertinente. De uma forma geral, o comportamento da turma é razoável, embora haja a necessidade de ter em atenção alguns casos particulares de alunos com elevado défice de atenção e que perturbam o resto da turma. Mesmo assim, nunca chegam a ultrapassar os limites da insolência e da má educação, pois basta a professora impor-se de uma forma mais assertiva, para que tudo volte à normalidade. A turma manifesta algumas dificuldades em quase todos os domínios da disciplina (compreensão de textos, expressão oral e escrita), mas, principalmente, na área da Gramática – nesta vertente da disciplina, revela, essencialmente, desinteresse pelos conteúdos e, por sua vez, uma grande falta de estudo.

A turma do 11.º F, da qual fazem parte 14 alunos, pertence ao curso de Ciências Socioeconómicas. A média de idades dos discentes ronda os 16 anos. O facto de se tratar de uma turma pequena acarreta vantagens e desvantagens: por um lado, torna-se mais fácil e eficaz cumprir um plano em que se introduzem conteúdos novos, já que, devido ao reduzido número de alunos, sobra mais tempo para dedicar a cada tarefa prevista; por outro lado, por se criar, dentro da sala de aula, um ambiente mais descontraído, os alunos distraem-se facilmente, conversando entre eles, sobre assuntos não relacionados com o conteúdo da aula. Ainda assim, a professora consegue facilmente chamá-los à razão e pedir-lhes que voltem a estar atentos e concentrados, ao que eles atendem sem grande esforço. Ainda que possam existir alguns momentos de distração, os discentes não demonstram problemas de mau comportamento ou má educação. São, em geral, bastante empenhados e interessados, apresentando um nível de aproveitamento e de participação bastante satisfatório. Alguns deles revelam um elevado nível de cultura geral. A maioria da turma não revela dificuldades significativas na compreensão de textos e na produção escrita; contudo, quanto à gramática, as dificuldades já são mais visíveis, apresentando, também, a ideia pré-concebida de que os conteúdos relativos a este domínio são algo muito difícil de se aprender.

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Por fim, a turma do 11.º D, pertencente ao curso de Línguas e Humanidades, é constituída apenas por cinco alunas. Como mencionamos anteriormente, uma turma pequena traz algumas vantagens. Visto que esta turma apresenta um número bastante reduzido de alunas, a nosso ver, é possível ir mais facilmente ao encontro das dificuldades de cada uma delas, oferecendo um apoio mais individualizado. No entanto, este facto muitas vezes não é suficiente para que as aulas sejam produtivas e evoluam favoravelmente. Embora as discentes pareçam bastante interessadas, revelam um nível de aproveitamento pouco satisfatório, devido à falta de estudo. Trabalhando pouco em casa, atrasam o cumprimento dos planos de aula, não contribuindo para que a aula progrida a uma velocidade aceitável; as aulas tornam-se lentas e pouco produtivas. Isto exige um grande esforço por parte da docente, que se vê obrigada a estar constantemente a encontrar estratégias que façam com que as aulas avancem sem deixar nenhuma matéria por dar e que tornem a aula mais dinâmica, a fim de despertar, nas alunas, um maior interesse pela matéria.