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Capítulo III Relato da investigação-ação: experiências de ensino-

2. Fase de diagnose – identificação do problema

A descrição do modo como se realizaram as atividades de revisão (diagnóstico) será acompanhada de uma análise comentada sobre o desempenho dos alunos de cada turma, durante essas atividades.

A aula lecionada no 9.º E foi preparada com base nos temas abordados, nas duas aulas anteriores: “A importância das palavras” e “A importância dos conectores para a comunicação”. Neste seguimento, considerámos que seria pertinente, nesta aula, refletir sobre a seguinte temática: “As conjunções como um subconjunto dos conectores”, destacando, sobretudo, dois aspetos: a importância do seu uso interfrásico para uma melhor articulação do discurso e a sua função como elementos de ligação de orações. Assim, depois de introduzirmos a temática da aula, a partir da leitura e comentário de um excerto da crónica Pessoas de Verbo Complicado, de Maria Judite de Carvalho, relembrámos a função das conjunções, transitando, de seguida, para as atividades de revisão da frase complexa, que se realizou através da resolução de uma ficha de trabalho52.

Esta ficha (recurso didático totalmente produzido por nós) subdividia-se em dois grupos. O primeiro era constituído por exercícios que procuravam estabelecer a distinção entre os conceitos de coordenação e de subordinação e continha, também, vários exercícios sobre os diferentes tipos de orações coordenadas e subordinadas adverbiais. Quanto ao segundo, este era constituído por dois exercícios: o exercício 1 incidia sobre as orações subordinadas adjetivas relativas e o exercício 2 recaía sobre as orações subordinadas substantivas completivas. Durante a realização da ficha, verificámos que os alunos demonstraram muito mais dificuldades em resolver os exercícios do Grupo II, do que os exercícios do Grupo I. Nas questões do segundo grupo, embora fossem capazes de dividir as orações presentes nas frases, não as classificavam corretamente, confundindo os dois tipos de orações. No mesmo sentido, não reconheciam os elementos que as introduziam, ou seja, não distinguiam o “que” conjunção subordinativa substantiva completiva do “que” pronome relativo.

52 Ver Anexo VI.

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A revisão da subordinação na turma do 11.º F surge como último momento da aula zero, na qual se deu início ao estudo do capítulo V do Sermão de Santo António aos

Peixes, de Padre António Vieira. Durante a leitura e análise dos dois primeiros tipos de peixes, procurámos demonstrar aos alunos a importância dos conhecimentos gramaticais, para uma melhor compreensão e análise dos textos literários.

Para terminar, entregámos à turma uma ficha de trabalho53 (também produzida por

nós, na íntegra) com dois exercícios sobre as orações subordinadas, para que fosse resolvida na aula, juntamente com a professora, em jeito de diálogo com os alunos. No exercício 1, de escolha múltipla, pretendíamos atestar se a turma era capaz de identificar o tipo de subordinação adverbial presente na frase apresentada. No exercício 2, pretendíamos apurar os conhecimentos dos alunos relativamente às orações subordinadas substantivas e às orações subordinadas adjetivas, procurando aferir se eram capazes de reconhecer tais orações nas frases apresentadas, assim como os elementos que introduzem cada uma delas.

Durante a resolução dos exercícios, verificámos o seguinte: no exercício 1, ao reconhecerem a ideia de consequência presente na frase, os estudantes não tiveram dificuldades em identificar e classificar a oração subordinada adverbial consecutiva. Pelo contrário, no exercício 2, os alunos não classificaram corretamente as orações subordinadas presentes nas frases, tendo confundido a oração subordinada adjetiva relativa com a oração subordinada substantiva completiva e, por sua vez, os elementos que as introduzem. Resumindo, tal como aconteceu com o 9.º E, os alunos do 11.º F revelaram muitas lacunas no que toca aos conhecimentos sobre estes dois tipos de orações subordinadas.

Relativamente à turma do décimo primeiro ano, houve ainda outro fator que confirmou o diagnóstico inicial – o resultado das respostas dadas pelos alunos, a uma questão de gramática54, no segundo teste do primeiro período. Nessa questão, o nosso

objetivo era tentar perceber o seguinte: por um lado, se os alunos eram capazes de classificar corretamente a oração subordinada adjetiva relativa restritiva; por outro lado, se, porventura, voltavam a confundi-la com uma oração substantiva completiva. Analisando as respostas dadas, os resultados foram os seguintes: duas respostas certas e doze respostas erradas - seis alunos classificaram-na como “oração subordinada

53 Ver Anexo VII.

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substantiva completiva” e dois alunos designaram-na por “oração subordinada adjetiva completiva”.

Os resultados obtidos levaram a constatar, efetivamente, a elevada dificuldade que os alunos sentem em compreender e distinguir estes dois tipos de orações, quando introduzidos pela palavra homónima “que”. No entanto, alguns factos apurados durante a observação direta e a resolução dos exercícios permitiram-nos chegar a outras conclusões. Verificámos que os discentes não compreendiam o conceito de “antecedente”, pois não eram capazes de o reconhecer na frase complexa nem de o relacionar com a função do pronome relativo. Além disso, demonstravam imensas dúvidas quanto à distinção semântica entre os dois subtipos de orações subordinadas adjetivas – as relativas restritivas e as relativas explicativas. Logo, pudemos concluir que as dificuldades dos alunos não se estendiam, somente, à distinção entre as orações supramencionadas (quando introduzidas por um “que”), mas também se manifestavam noutros aspetos relacionados com o funcionamento morfossintático dos dois grupos de orações.

3. Descrição do plano de ação em português e em latim e análise dos resultados