• Nenhum resultado encontrado

CARACTERIZAÇÃO DAS ESCOLAS, DOCENTES, DISCENTES E CORPO

7 ANÁLISE DOS RESULTADOS

7.1 CARACTERIZAÇÃO DAS ESCOLAS, DOCENTES, DISCENTES E CORPO

Segundo PPP da Escola A, a mesma localizada em área central de Brasília, foi fundada em 1972, ano em que também deu início às suas atividades escolares. Este estabelecimento de ensino, em princípio, foi criado com a denominação de Escola Classe, portanto, atendia somente às séries iniciais do ensino fundamental.

Em 1999, o Conselho Escolar de tal escola solicitou à Fundação Educacional do Distrito Federal, atual Secretaria de Estado e de Educação do Distrito Federal (SEDF), a sua transformação em Centro de Ensino, devido à escassez de vagas para alunos das séries finais do Ensino Fundamental na região. A solicitação foi atendida prontamente pela SEDF.

A escola possuía uma Associação de Pais e Mestres (A.P.M.), entidade civil sem fins lucrativos e com personalidade jurídica própria, desde o ano de 1975. A função principal de tal associação era colaborar para o aperfeiçoamento do processo educacional e realizar a integração comunidade-escola. No entanto, percebeu-se que havia uma grande dificuldade no que se referia à participação da comunidade escolar na composição da chapa da APM, gerando alguns obstáculos à realização de ações na instituição.

A fim de assegurar a participação efetiva dos diversos segmentos da comunidade escolar, a escola A implementou no ano de 1996 o Conselho Escolar, composto por representantes de pais, alunos, auxiliares de educação e professores. Seu caráter era deliberativo e consultivo, isto é, o Conselho tinha poder de decisão final e ainda funcionava como assessoria e acompanhamento, sugerindo ações para o pleno desenvolvimento da escola e proporcionando uma participação mais efetiva da comunidade no cotidiano escolar. Especificamente, no que se refere a esta instituição, 2007 e 2008 foram anos de participação relevante do Conselho Escolar, mesmo contando com um número reduzido de representantes. Relatos deram conta que alguns conflitos surgidos durante o ano escolar fizeram com que discussões de qualidade ocorressem, oportunizando reflexões e novas práticas.

Mesmo assim, ao final de 2008, a instituição não contou com a participação da comunidade escolar no processo eleitoral, realizando, então, novo processo para escolha do Conselho Escolar, em maio de 2009. A justificativa apresentada pelos sujeitos da pesquisa foi

que não houve tempo suficiente para realização de reuniões e palestras para conscientizar a comunidade escolar da importância de tal pleito.

No que se referia aos cargos de direção da escola, ao final do ano de 2007, realizou-se eleição para diretor e vice-diretor, a partir das diretrizes da Gestão Compartilhada, que foi instituída em janeiro de 2008, com a posse da chapa eleita.

A gestão compartilhada (Lei 4.036/07) era o modelo de gerenciamento das escolas da Rede Pública do Distrito Federal, implantado a partir de 2007. Em tal modelo, as equipes dirigentes das instituições educacionais, compostas por diretor e vice-diretor, eram escolhidas com base em critérios técnicos e com a participação da comunidade escolar por meio de eleições (Disponível em: http://www.se.df.gov.br).

Os candidatos a diretor e vice-diretor ainda passavam por uma avaliação de que constavam uma prova objetiva e análise de títulos, além disso, deviam elaborar um plano de trabalho, alinhado à proposta, que é submetido à aprovação da comunidade escolar.

Ressalta-se que, de acordo com o Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola, o que se esperava de uma gestão compartilhada não era o que ocorria de fato, já que vários projetos definidos pela Secretaria de Educação para serem aplicados nas escolas sequer passaram por uma discussão na instituição e na comunidade escolar, negligenciando o aspecto democrático, que é essencial a qualquer modelo de gestão escolar que pretenda ser eficaz.

De acordo com entrevista realizada na escola A, mudanças na estratégia de matrícula em 2008, feitas de forma unilateral pela Direção Regional de Ensino, tiveram um impacto negativo no cotidiano da instituição, que até então atendia a alunos do 6º ao 9º ano. A partir de tal mudança a escola passou a atender somente a alunos de 8º e o 9º ano. O PPP da instituição também ressaltou que tal decisão foi tomada por instâncias superiores, sem a participação da comunidade escolar, e então, ocorreu que nos anos de 2008 e 2009, somente os alunos de 7ª e 8ª séries foram atendidos por essa escola. Foi ressaltado o quanto esta medida comprometeu a qualidade do ensino-aprendizagem da escola, que até então já havia conquistado o segundo lugar no IDEB referente aos anos de 2005 e 2007, pois a escola estava recebendo estudantes cada vez mais defasados, com relação a conteúdos, e tinha somente dois anos para prepará-los para o ensino médio.

Em junho de 2009, a escola realizou um encontro com representantes de seu Conselho Escolar e do Conselho Escolar da escola classe mais próxima, além de síndicos de prédios da redondeza, para a discussão sobre o retorno do 6º e 7º anos a partir de 2010, medida que foi totalmente aprovada pelos participantes de tal encontro. Então, em 2010, a instituição iniciou o ano com turmas de 7º, 8º e 9º anos. E, enfim, iniciou o ano de 2011 com turmas de 6º, 7º e

8º e 9º anos. Para a escola tal feito representou uma grande conquista de toda a comunidade escolar, que pôde retomar e realizar um trabalho processual e dinâmico, a partir de um acompanhamento de seus alunos de maneira mais próxima e efetiva, além da presença mais sistemática das famílias.

O alunado atendido pela escola A abrangia 62% de alunos de bairros próximos e somente 38% de alunos da própria região central em que a mesma estava localizada, conforme descrito anteriormente. Portanto, tratava-se de uma escola com realidade plural, isto é, diversos níveis socioeconômicos e culturais.

Os alunos ouvidos durante os grupos focais, pertencentes ao 8º e 9º anos, em sua maioria moravam com os pais e contavam com incentivo aos estudos. Eram pré-adolescentes, com características peculiares à idade, mas com um nível elevado de entendimento e crítica. Eles tinham consciência da importância dos estudos, consideravam a escola de qualidade e já apresentavam planos para o futuro.

De acordo com o PPP da instituição, ao se considerar que a escola não pode ser entendida unicamente como um “serviço”, reforça-se a concepção de que, para além de ensinar a ler e escrever, outros princípios estão envolvidos. Sendo assim, a escola tinha como missão:

Garantir a educação de qualidade a todas as crianças de forma equitativa, com a oferta de boa escola e bons professores – acesso e permanência, com qualidade, a partir de um ambiente sustentado em princípios democráticos. As ações conduzidas de forma democrática levam, como fim, a uma sociedade democrática. Não é possível desejar uma sociedade democrática se suas instituições não praticam a democracia no cotidiano (fonte: PPP da escola A)

A missão da escola A era bastante audaciosa, pois prezava a democracia, que muitas vezes depende de instâncias superiores para ser exercida em sua plenitude e garantia a oferta de bons professores.

Os professores da escola A ofereceram certa resistência para responder ao questionário de pesquisa proposto. Os docentes de Língua Portuguesa e Matemática da escola A que responderam ao questionário da presente pesquisa tinham entre 30 e 63 anos. Metade deles era do sexo feminino e a outra metade do sexo masculino. O tempo de atuação desses professores variava entre três e vinte anos, sendo que a maioria tinha mais de dez anos de experiência docente.

Com relação à formação acadêmica, a minoria dos docentes cursou magistério, e todos tinham a Educação Superior completa. Dentre estes docentes, um possuía Mestrado e Doutorado e outro, possuía Mestrado, sendo que todos possuíam especialização lato sensu.

Tratava-se, portanto de um corpo docente muito qualificado em termos de formação continuada. Um fator relevante que vale ser ressaltado é que somente um docente relatou trabalhar em outra instituição de ensino além da escola A.

Caracterizando a gestão da escola A, ela contava com o diretor, vice-diretor, supervisor pedagógico e supervisor administrativo. O diretor e o vice-diretor já atuavam juntos na gestão desta instituição há seis anos, sendo que, em entrevista, o diretor relatou que só foi gestor de tal instituição. Ele tinha como área de formação a Educação Física, mas fez vários cursos específicos na área de gestão, nem se lembrando de quantos havia feito e que o último foi no segundo semestre do ano de 2011, em São Paulo. Dentre os vários cursos realizados, o gestor afirmou que somente dois foram oferecidos pela SEDF. O mesmo demonstrou imenso interesse pelo tema gestão, tanto na teoria quanto na prática, e tentava acompanhar as inovações que envolviam o assunto.

Quanto às concepções e tendências educacionais, o gestor deixou claro que é contra qualquer terminologia, pois cada tendência tem seu lado positivo e negativo, portanto, o mesmo ressaltou que se deve saber todas, como e em que momento utilizá-las, pois elas serão úteis para o trabalho se usadas de acordo com cada situação.

A escola B, embora situada em região socioeconômica e geograficamente oposta à da escola A, não apresentou muitas diferenças em termos de dinâmica educacional. Ela foi criada em1998 e suas atuais instalações inauguradas em 1999. Estava localizada em um condomínio fechado construído para atender inicialmente aos familiares de membros da Força Aérea, mas o projeto cresceu e os imóveis foram vendidos também para civis.

As instalações foram construídas com recursos do FNDE – Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, e estava, desde sua construção, em processo de doação para a SEDF. O prédio da escola B era de propriedade do Ministério da Aeronáutica e era cedido à SEDF por meio de convênio renovado por biênios.

A escola, que era a única pública do condomínio, atendia aos anos iniciais do Ensino Fundamental no período vespertino, e aos anos finais do Ensino Fundamental no horário matutino. Portanto, contava com duas realidades distintas, embora em turnos separados.

A comunidade escolar era bem heterogênea do ponto de vista social, atendendo a alunos do próprio condomínio, do bairro mais próximo e da região do entorno de Brasília. Cerca de 50% dos alunos matriculados não moravam nas proximidades da escola. Os mesmos relataram, durante os grupos focais, histórias de colegas que se deslocavam de locais distantes para estudarem em tal escola, demonstrando assim, o prestígio social da mesma.

Os alunos entrevistados, pertencentes ao 8º e 9º ano, demonstraram bastante maturidade e preocupação com o futuro, alguns, inclusive, relataram já estarem fazendo provas de seleção para cursarem o Ensino Médio em escolas conceituadas do Distrito Federal. Os discentes também participaram ativamente dos debates nos grupos focais, relevando conhecimento dos aspectos pedagógicos da escola e demonstrando autonomia e originalidade nas opiniões proferidas.

Segundo o seu PPP, a escola B adotava como base norteadora para o desenvolvimento integral do seu educando, práticas pedagógicas que se articulavam com o ambiente social de todos os atores envolvidos na educação e daqueles beneficiados por ela, tendo como finalidade a aprendizagem significativa e a formação do cidadão.

Desta forma, seguindo os princípios e fins norteadores estabelecidos pela SEDF para orientar a prática educativa, em consonância com as diretrizes emanadas da Constituição Federal, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Parâmetros Curriculares Nacionais e Currículo da Educação Básica do Distrito Federal, foram definidos como missão e objetivos institucionais, os itens que se seguem (PPP da escola B):

• Educação de qualidade é o objetivo que norteia a escola B, a fim de proporcionar ao educando uma formação cidadã, com capacidade e potencialidade totais.

• O desenvolvimento da aprendizagem tem por objetivo a dotação de meios ao estudante, proporcionando a aquisição de conhecimentos significativos, habilidades, competências, atitudes e valores necessários à compreensão da realidade e a responder efetivamente aos questionamentos e obstáculos que a vida apresenta.

• Desenvolvimento pleno da criança e do adolescente em suas potencialidades para a auto-realização e o exercício da cidadania.

• Desenvolvimento da sua autonomia intelectual e seu pensamento crítico.

Tornou-se claro que não era só em seu Projeto Político Pedagógico que a instituição referia-se à educação cidadã e à aprendizagem significativa, pois se observou que, por meio de várias ações educativas, a mesma tentava colocar seus objetivos institucionais em prática, e os docentes contribuíam muito para esta empreitada.

Os professores de Língua Portuguesa e Matemática que responderam ao questionário da pesquisa pertenciam, em sua maioria, ao sexo feminino e se encontravam na faixa etária de 34 a 47 anos. Eles tinham de cinco a 27 anos de experiência docente, e todos haviam completado um curso de graduação. Apenas um professor não havia cursado pós-graduação

O corpo diretivo da escola B era formado pelo diretor, vice-diretor, supervisor administrativo e supervisor pedagógico. Um dos gestores, em entrevista realizada, expôs que não procurava seguir nenhuma tendência educacional de forma fixa, mas que procurava atender ao aluno com um trabalho pedagógico mais diversificado, voltado para as exigências da modernidade, como as novas tecnologias, por exemplo. O gestor relatou, ainda, que integrava a direção da escola B havia nove anos e que, assim como o corpo diretivo, os docentes também atuavam há muito tempo no estabelecimento e pertenciam à própria comunidade, pois residiam nas redondezas da instituição. Foi revelado também, que o gestor tem formação em Artes e fez dois cursos de pós-graduação lato sensu em gestão, sendo um ofertado pela SEDF e outro, realizado a partir de interesses particulares do gestor pelo tema.

Na escola B, ficou evidente a relação afetiva entre os seus membros. Havia um clima de companheirismo na escola tanto entre gestores e professores, quanto entre alunos e professores.

Tanto a escola A quanto a escola B possuíam uma estrutura física muito precária. A escola A sequer contava com uma quadra de esportes para a realização das aulas de Educação Física, tendo os alunos que se deslocarem para outra escola, em turno contrário, para cursarem Educação Física, Artes e Teatro, o que não agradava a todos. A escola B contava com uma pequena quadra de esportes, no entanto, não havia salas para montagem de laboratórios e realização de atividades extra-classe.

7.2 CARACTERÍSTICAS FAVORÁVEIS QUE SE APRESENTAM COMO AS MAIS