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7 ANÁLISE DOS RESULTADOS

7.2 CARACTERÍSTICAS FAVORÁVEIS QUE SE APRESENTAM COMO AS MAIS

7.2.7 Outras características

Outras características que também aparecem na pesquisa, porém, com um grau aparentemente menor de influência na aprendizagem dos estudantes são:

Os docentes e gestores das duas instituições pesquisadas demonstraram acreditar muito no potencial de seus estudantes.

Em questionário respondido, a maioria dos professores afirmou que a maioria dos seus alunos terá êxito ao final do ano.

Os gestores, em entrevista, também afirmaram acreditar tanto no corpo docente, quanto nos estudantes, ressaltando que as altas expectativas nas instituições parecem compor um clima de otimismo que demonstrou ser eficaz para a aprendizagem.

7.2.7.2 Baixa Rotatividade de Docentes e Gestores

Ficou claro na pesquisa realizada, tanto por meio de relatos dos participantes quanto por meio de observações da pesquisadora, o quanto um grupo de trabalho que permanece junto por muito tempo pode ter bons resultados. Mudanças demasiadas e abruptas de gestores e docentes interferem no andamento pedagógico da escola, sobretudo porque tendem a ser feitas por instâncias superiores, que não estão diretamente envolvidas no processo. A escola B possuía um corpo docente e diretivo coeso, já constituído há muito tempo. Relatos demonstraram que esse entrosamento era fundamental para o sucesso da instituição. Em contrapartida, a escola A perdeu boa parte de seus docentes e passou a trabalhar com docentes temporários, o que, segundo declarações, comprometeu o trabalho que reconhecidamente a escola vinha fazendo.

7.2.7.3 Escolas Pequenas

As duas instituições relatadas na pesquisa possuíam uma quantidade pequena de alunos, quando comparado com grandes centros de Ensino Fundamental existentes na rede.

Enquanto a escola A tinha em média somente 590 alunos, divididos em dois turnos, a Escola B contava com aproximadamente 1000 alunos, sendo que no turno vespertino atendia somente às séries iniciais do Ensino Fundamental.

Tal característica salientou-se como essencial para a organização e conservação do clima escolar nas instituições e o trabalho pedagógico bem-sucedido. Este fator também contribuía para que estas escolas fossem escolhidas pelos pais dos alunos, tornando-as escolas

com prestígio social, o que consequentemente elevava o background familiar dos alunos que nelas ingressavam.

7.3 COMPARARAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS FAVORÁVEIS AO RENDIMENTO ESCOLAR PRESENTES, SOBRETUDO, NAS PESQUISAS REALIZADAS NA AMÉRICA LATINA COM AQUELAS IDENTIFICADAS NESTA PESQUISA

7.3.1 Corpo docente

Os docentes foram destacados pelos estudos de Castro e Sanguinetty (1984), pois estes

concluíram que eles constituíam elementos centrais para o processo de ensino-aprendizagem. Porém, na contramão dos dados encontrados nessa pesquisa, os autores verificaram que as

qualificações acadêmicas e os graus de escolaridade adicionais do professor não influenciam no aproveitamento escolar dos alunos. No entanto, a experiência no magistério, já constatada por Castro e Sanguinetty (1984) pareceu ser fator favorável ao maior rendimento dos alunos na presente pesquisa Murillo (2008) cita que o desenvolvimento profissional dos docentes, isto é, a formação continuada necessária para enfrentar os novos desafios educacionais, também se constitui como fator associado ao desempenho dos estudantes.

Na pesquisa de Casassus (2007) os docentes também são citados como fator interno para a melhoria do desempenho escolar. O autor ressalta neste estudo a quantidade de alunos por turma; a formação inicial, a experiência e a capacitação docente; o salário e as estratégias de aula.

Mesmo sendo esparsos e estatisticamente pouco significativas, os efeitos da formação e do salário docente são citados por Brooke (2008) como promotores da eficácia escolar.

Além das constatações das pesquisas citadas acima, realizadas na América Latina e que foram encontradas também nesta pesquisa, vale ressaltar o papel da afetividade entre professor e aluno, que se evidenciou como essencial para a construção de uma relação de confiança entre ambos, facilitando o processo de ensino. Este fator fora observado por pesquisa da UNESCO (2002) nas escolas que se destacam pelo rendimento discente. Observa-se, assim, a necessidade de um tipo novo ou esquecido de relações entre docentes e alunos, baseado na confiança e na afetividade.

7.3.2 Gestão comprometida

A direção escolar, segundo Murillo (2008) em estudo organizado pela OREALC\UNESCO, é considerada como fator chave para alcançar e manter a eficácia, desde que comprometida e colegiada.

Casassus (2007), em seu estudo sobre aspectos internos que contribuem para a melhoria do desempenho escolar, cita o âmbito do diretor e da escola, que segundo ele, são pontos principais para a aprendizagem eficaz. O autor ressalta, ainda, a autonomia do gestor, a infraestrutura e os recursos da escola.

Brooke (2008) cita, em sua compilação, a partir de vários estudos sobre eficácia escolar na literatura brasileira que utilizam dados do SAEB, que professores reconheceram ser a liderança do diretor uma característica associada à eficácia escolar.

Tais estudos tratam da gestão escolar como fator associado ao rendimento dos alunos. No entanto, todos ressaltam a liderança e a autonomia como qualidades inerentes a tais gestões. A pesquisa em questão corrobora tais teorias ao verificar a importância da gestão das escolas pesquisadas para o sucesso das mesmas.

7.3.3 Clima escolar

Em pesquisa da OREALC\UNESCO (2008), o clima escolar e de aula aparecem como fator associado ao desempenho escolar dos alunos. Murillo (2008) esclarece que este clima perpassa a harmonia da escola, caracterizado pelas boas relações entre todos os membros da comunidade escolar, até as boas relações dentro de sala de aula, que puderam ser observadas nas duas instituições.

Estudos realizados no Brasil, reunidos por Brooke (2008) dão conta que fatores como passar e corrigir dever de casa, cumprir o conteúdo escolar e o clima positivo em sala de aula, são promotores da eficácia escolar ligados à ênfase acadêmica.