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6 METODOLOGIA

6.4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

6.4.1 Análise documental

Preliminarmente, se procedeu à análise documental das informações constantes na secretaria das unidades escolares relativas a quantidades de alunos, Projeto Político Pedagógico e outros documentos pertinentes para a compreensão do organismo vivo que é a escola. Para Contandriopoulos (1997), a atividade humana sempre deixa vestígios, sejam eles mudos, sonoros, visuais ou escritos. Assim, por “documento” entendemos toda fonte de informações já existente, à qual um pesquisador pode ter acesso. Lakatos e Marconi (1991) consideram a pesquisa documental como uma fonte de coleta de dados restrita a documentos, escritos ou não, isto é, fontes primárias.

Pedron (2003) já apresenta uma série de vantagens da pesquisa documental, dentre elas: os documentos constituem uma fonte rica de informações; a sua análise exige, muitas vezes, somente tempo e capacidade do pesquisador; não requer contato com os sujeitos da pesquisa, conservando sua isenção.

6.4.2 Entrevista Semi-Estruturada

De acordo com Cervo e Bervian (1996), a entrevista tornou-se, nos últimos anos, um instrumento do qual se servem constantemente os pesquisadores das Ciências Sociais. Recorrem estes à entrevista sempre que têm necessidade de obter dados que não podem ser encontrados em registros e fontes documentais e que podem ser fornecidos por pessoas.

Para Bauer e Gaskell (2002), o objetivo da entrevista é a compreensão detalhada de crenças, valores, atitudes e motivações em relação ao comportamento das pessoas em contextos sociais específicos. Ela pode ser estruturada, semi-estruturada, narrativa, etc.

A opção pela entrevista semi-estruturada se deve ao fato de ela não ter um roteiro rígido a ser seguido. Assim, o informante tem a possibilidade de discorrer sobre o tema proposto e o pesquisador, embora tenha um conjunto de questões previamente definidas, atua em um contexto muito semelhante ao de uma conversa informal, podendo ficar atento para, no momento em que achar oportuno, dirigir a discussão para o assunto que lhe interessa, fazer perguntas adicionais para esclarecer questões que não ficaram claras ou ajudar a recompor o contexto da entrevista, caso o informante tenha “fugido” ao tema ou tenha dificuldades com ele.

Esta técnica de coleta de dados é útil à presente pesquisa também porque dá conta do ponto de vista dos atores sociais para compreender e interpretar as suas realidades, sendo o melhor meio para apreender o sentido que os atores dão às suas condutas.

Se cada pessoa interpreta o mundo à sua forma, é possível unir várias interpretações de uma mesma realidade e saber que crédito atribuir a essas diferentes versões da realidade. As interpretações que os atores sociais dão de sua própria realidade não são as mesmas que nós damos à realidade deles.

Assim, a entrevista semi-estruturada, cujo roteiro se encontra no Apêndice A, foi realizada com os gestores da escola, visando obter informações quanto à organização e política da escola:

• Aspectos materiais da escola (recursos);

• Linha pedagógica, orientação educacional;

• Expectativas em relação aos professores e alunos;

• Distribuição de responsabilidades;

• Envolvimento da comunidade escolar nos processos de tomada de decisões;

• Grau de autonomia.

Além disso, obtiveram informações sobre perfil profissional:

• Qualificações profissionais;

• Experiência;

6.4.3 Questionário

Amplamente utilizado como instrumento de coleta de dados nas Ciências Sociais, o questionário é um conjunto de perguntas a que o indivíduo responde sem a presença de um entrevistador. Ele pode ser enviado via correio, fax, internet ou ser entregue pessoalmente.

Chagas (2000) propõe alguns passos para a elaboração de um bom questionário. São eles: conter informações como identificação do respondente, solicitação de cooperação, instruções, informações solicitadas; estabelecer relações entre as questões do questionário e os objetivos da pesquisa; atentar para o conteúdo, formato, layout, apresentação e sequência das perguntas; fazer o pré-teste ou estudo-piloto que serve para desfazer problemas com a interpretação textual e julga o instrumento, adequando-o à realidade semântica dos respondentes.

Para Günther (1999, p. 237), é necessário estabelecer confiança entre o aplicador e o respondente. Para isso, é interessante que o aplicador apresente seu instrumento, falando de sua importância e tente envolver o respondente para que ele se importe também.

As vantagens do uso do método do questionário em relação às entrevistas são: facilidade de aplicação e objetividade de análise (estatística), utilização de menos pessoas para ser aplicado, proporcionando economia de custo, tempo, viagens, ainda com obtenção de uma amostra maior, e não sofrer maior influência do entrevistador.

O questionário, (que se encontra no Apêndice B), foi aplicado aos professores. Quanto aos professores, buscou-se conhecer:

• Entrosamento com a gestão e projetos da escola;

• Títulos acadêmicos;

• Experiência;

• Expectativas com relação aos alunos;

• Satisfação com o trabalho;

• Envolvimento na tomada de decisões;

• Clima escolar;

6.4.4 Grupo focal

Para se conhecer a perspectiva dos estudantes a respeito do tema tratado pela pesquisa, optou-se pelos grupos focais, cujo roteiro se encontra no Apêndice C. Primeiro, porque por se tratarem de alunos no período da adolescência (na faixa de 12 a 16 anos), a questão do “estar em grupo” tem grande importância para a vida deles, gerando assim a expectativa de ajudar também na coleta de mais dados. Segundo, porque, como relata Gatti (2005), o trabalho com grupos focais permite compreender processos de construção da realidade por determinados grupos sociais, compreender práticas cotidianas, ações e reações. É uma técnica importante para o conhecimento das interpretações, percepções, crenças, hábitos, valores, restrições, preconceitos, linguagens e simbologias.

Os grupos focais de cada escola foram formados da seguinte maneira: três grupos de 6 a 12 alunos do 8º e 9º anos do ensino fundamental, escolhidos de acordo com a disponibilidade dos mesmos em participarem da pesquisa, para que o grupo ficasse o mais heterogêneo possível.

Abramovay e Rua (2002) nos lembram que os participantes do grupo focal devem ser escolhidos por características comuns, no caso específico, todos estudantes de determinada série da mesma escola, com o objetivo de se conhecer, as suas percepções, atitudes e comportamentos.

6.4.5 Observação

Segundo Pedron (2003) devemos considerar a observação como o ponto de partida para todo estudo científico e meio para verificar e validar os conhecimentos adquiridos. Porém, a condição fundamental da observação é limitar e definir com precisão o que se deseja observar.

A fim de obter uma visão geral das duas escolas pesquisadas, bem como ver e ouvir situações capazes de tentar explicar o objeto de estudo, foi escolhido como uma das técnicas de coleta de dados a observação.

A observação foi realizada em ambas as escolas, em aproximadamente cinco períodos de 3 horas em cada uma, verificando o intervalo dos alunos, a movimentação na sala de direção, a sala de coordenação e inclusive em uma das escolas pode-se participar de uma

coordenação coletiva. Durante a realização dos grupos focais a observação ocorria de forma mais efetiva, pois era necessário passar um turno inteiro na escola.

O observador procurou não participar dos eventos observados e utilizando seu caderno de campo anotou tudo que julgou ser relevante naquele momento. Após as observações, o pesquisador incluiu as notas do caderno de campo na análise dos dados para serem analisados de acordo com os objetivos específicos.