• Nenhum resultado encontrado

Segundo Santos (2007), a pesquisa científica pode ser caracterizada a partir de três critérios, são eles: os objetivos, as fontes de pesquisa e os procedimentos de coleta. Assim, em relação aos objetivos a pesquisa é exploratória, visto que explorar "é tipicamente fazer a primeira aproximação de um tema e visa criar maior familiaridade em ralação a um fato, fenômeno ou processo" (SANTOS, 2007, p. 28), sendo assim, exploramos o conceito de Análise de Domínio sob a óptica do agenciamento de Deleuze.

Com relação às fontes de informação e dos procedimentos de coleta de dados empregados, caracterizamos a pesquisa como bibliográfica, já que trabalhamos sobre livros e artigos científicos. Sobre a bibliografia e a pesquisa bibliográfica, Santos (2007, p. 30) relata:

Bibliografia é o conjunto de materiais escritos (gráfica ou eletronicamente) a respeito de um assunto. Constitui-se uma preciosa fonte de informações, com dados já organizados e analisados com informações e ideias prontas. [...] a pesquisa com base numa bibliografia deve encabeçar qualquer processo de busca científica que se inicie.

Além disso, esta pesquisa é de natureza qualitativa, pois seu problema exige soluções reflexivas por meio de comparações de conceitos relativos à Análise de Domínio, advinda das Ciências Sociais Aplicadas, e daFilosofia de Deleuze, importante pensador para o século XXI. Para Creswell (2010 p. 25) a pesquisa qualitativa é um meio que

possibilita compreender o significado que um indivíduo ou grupo atribuem a um problema social, sendo que ela envolve:

as questões e os procedimentos que emergem, os dados tipicamente coletados no ambiente do participante, a análise dos dados indutivamente construída a partir das particularidades para os temas gerais e as interpretações feitas pelo pesquisador acerca do significado dos dados. [...] Aqueles que se envolvem nessa forma de investigação apoiam uma maneira de encarar a pesquisa que honra um estilo indutivo, um foco no significado individual e na importância da interpretação da complexidade de uma situação. Com isso, estainvestigação se utiliza da indução11 como modo de

construir inferências. A indução se dá a partir de dados ou eventos particulares para, então, se inferir uma noção geral não incluída nas partes isoladas. (LAKATOS; MARCONI, 1991). Para Lakatos e Marconi (1991), o método indutivo não conduz a conclusões verdadeiras, mas a conclusões prováveis, se confirmando por meio de três etapas: a observação (e a análise) dos fenômenos; a descoberta da relação entre os fenômenos por meio de comparações; e a generalização da relação de forma a considerar as relações identificadas à fenômenos não observados. Assim, para aplicarmos esse método:

observamos atentamente certos fatos ou fenômenos. Passamos, a seguir, à classificação, isto é, agrupamento dos fatos ou fenômenos da mesma espécie, segundo uma relação constante que se nota entre eles. Finalmente, chegamos a uma classificação, fruto da generalização da relação observada. (LAKATOS; MARCONI, 1991, p. 87).

De modo geral, pretendemos consolidar inferências em uma noção ampla, de modo a identificar traços paralelos entre a teoria da

11A dedução também é utilizada, sobretudo na construção dos índices responsáveis pela orientação inicial da análise sobre os textos selecionados. A dedução é método fundamental da primeira etapa da Análise de Conteúdo, a qual é utilizada neste trabalho. Todavia, a construção dos resultados e do trabalho se fundamenta sobretudo em processos indutivos.

Análise de Domínio hjørlandiana e a Filosofia de Deleuze, partindo de recortes textuais de artigos e livros desses autores. Para tanto, utilizamos a Análise de Conteúdo para construção dessas inferências.

Creswell (2010) descreve concepções filosóficas que norteiam a pesquisa científica. Assim, dentro das possibilidades elencadas por esse autor, nossapesquisa está baseado numa concepção construtivista social. Nessa orientação, os significados são produzidos nas experiências que temos com o mundo. Dado a complexidade da relação que se estabelece entre o indivíduo-indivíduo e o indivíduo-realidade, os significados são sempre múltiplos e variados. Nessa concepção de mundo, ―A intenção do pesquisador é extrair sentidos dos (ou interpretar) significados que os outros atribuem ao mundo. [...] os investigadores geram ou indutivamente desenvolvem uma teoria ou um padrão de significados‖. (CRESWELL, 2010, p. 31).

Nessa conjuntura, pautamo-nosna estratégia qualitativa de pesquisa designada como teoria fundamentada (CRESWELL, 2010). Nessa estratégia é importante atentar-se para o processo de coleta de dados, pois esta é essencial para a posterior construção de relacionamento entre categorias de informação, da qual derivará uma teoria geral e abstrata. ―Duas características principais deste modelo são a constante comparação dos dados com as categorias emergentes e a amostragem teórica de diferentes grupos para maximizar as semelhanças e diferenças entre informações‖ (CRESWELL, 2010, p. 37).

Ademais, nos falta descrever o método de pesquisa, o qual envolve as formas de coleta, análise e interpretação dos dados. Segundo Creswell (2010, p. 206), ―os procedimentos qualitativos baseiam-se em dados de texto e imagens, têm passos singulares na análise dos dados e se valem de diferentes estratégias de investigação.‖ Como já afirmamos anteriormente, utilizamos a Análise de Conteúdo para alcançar nossos objetivos.

A finalidade básica da Análise de Conteúdo é ―a busca do significado de materiais textuais‖, e tem como resultado de análise um tipo de ―interpretação teórica das categorias que emergem do material pesquisado‖ (APPOLINÁRIO, 2006, p. 161).

A Análise de Conteúdo, proposta por Laurence Bardin (2003), é uma metodologia que abrangede forma sistemática o tratamento e análise dos dados, compreendendo etapas que vão desde o levantamento e seleção de bibliografias e estruturação do corpus de análise, até a etapa de tratamento de resultados, construção de inferências e interpretação. Seu intuito é analisar conteúdos comunicados, de modo a trazer às claras um conteúdo relativo aos objetivos do pesquisador por meio de

categorizações do texto. Embora não seja um instrumento em específico, a Análise de Conteúdo se propõe como meio para se afastar ―dos perigos da compreensão espontânea‖, manifestando assim uma postura de vigilância crítica. Todavia, Bardin (2003) destaca a importância de não nos esquecermos da razão da sua aplicação, em detrimento de uma aplicação sem intenções comprometidas com os objetivos do trabalho.

É um conjunto de métodos que lida com mensagens comunicadas, pretendendo ir além dos significados imediatos, assim apresenta dois objetivos: a ultrapassagem da incerteza (elevando a significação do texto da dimensão do individual ao consenso); e o enriquecimento da leitura (pela descoberta de conteúdos ou estruturas que demonstram um fato ou pelo esclarecimento de elementos de significações). (BARDIN, 2003).

Bardin (2003) também relata as duas funções da Análise de Conteúdo, lembrando que elas podem existir complementarmente: função heurística (pois aumenta as possibilidades de exploração do material); e função de administração de provas (confirmação ou infirmação de afirmações provisórias). Assim, podemos dizer junto a Bardin (2003) que a Análise de Conteúdo não é uma unidade, mas é um conjunto diverso de técnicas de análise empírica relativas ao tipo de fala e ao tipo de interpretação que se objetiva, por isso é um instrumento altamente adaptável as diferentes maneiras e meios das mensagens, visando tratar as informações dessas mensagens, mas sem abrir mão da objetividade científica. Dessa forma, não há uma ―receita‖ para aplicar esse método analítico, o que implica na customização de um instrumento que melhor auxilie no cumprimento dos objetivos finais do trabalho.

A intenção da Análise de Conteúdo é a ―inferência de conhecimentos‖ recorrendo a indicadores, dessa forma o analista manipula as mensagens buscando inferir a partir de índices que ele mesmo evidencia. A inferência é um procedimento intermediário na Análise de Conteúdo, ligando a descrição (resumida após passar pelo tratamento) do texto à etapa de interpretação (BARDIN, 2003).

Bardin (2003) relata que a Análise de Conteúdo é composta por três fases: a pré-análise, a exploração do material e o tratamento dos resultados, inferências e interpretações.

A pré-análise é o momento em que se realiza a seleção de documentos que constituirão o corpus de pesquisa, a formulação de hipótese e objetivos da análise e, por fim, a elaboração de indicadores cuja função será a de sustentar a interpretação dos resultados (BARDIN, 2003).

Na etapa de exploração do material se realiza a gestão das decisões tomadas na fase anterior, por intermédio da operacionalização do processo de leitura do corpus de análise almejando a extração e descrição de elementos, os quais permitirão analisar as variáveis. Para esta análise de variáveis, podem-se gerar categorias, que facilitem a inferência (BARDIN, 2003).

Por fim, o tratamento dos resultados, inferências e interpretações se realiza por meio do estabelecimento de ―polo de análise‖ e ―variáveis de inferência‖. Polos de análise remetem aos entes sobre os quais podemos realizar a análise, como a mensagem (significação e código), o suporte (canal), e o interlocutor (emissor e receptor). Focamos nossa análise na mensagem, ao nível de significação. (BARDIN, 2003).

A cada artigo de autoria de Hjørland, retirou-se a unidade de contexto, inserindo-as nas fichas de coleta de dados (ver apêndice B). Há uma ficha de coleta para cada texto analisado. Na útima linha de cada ficha, foi consolidada uma síntese de cada índice (comunidade discursiva, domínio e linguagem). Por fim, os resultados de cada ficha de coleta foram transferidos para a ficha de consolidação (ver apêndice C), utilizada para construir a definição final exposta nos resultados deste trabaho.

Como já dito, há diversos tipos de análise que compõe o repertório da Análise de Conteúdo. Assim, desenvolvemos nosso instrumento de análise a partir do que Bardin (2003) designou como análise das relações, considerando que este auxiliará na compreensão dos significados das unidades de registros definidas e que serão explicitadas na subseção a seguir.

Destacamos ainda a concepção de González de Gómez (2000), quem afirma que a metodologia que legitima as condições de produção do conhecimento. Segundo a pesquisadora, a BCI apresenta um caráter poliepistemológico, o que interfere na variedade e flexibilidade metodológica do campo. Ainda a autora afirma que é papel da área a produção de estratégias que articule aspectos ―macro‖ e ―micro‖ da informação, estabelecendo uma continuidade entre discursos mais teóricos e práticos.

Assim, na última seção de resultados, produzimos uma reflexão sobre o referencial teórico, não mais obedecendo a metodologias rígidas, mas nos guiado pela dupla-hermenêutica (GONZÁLEZ DE GÓMEZ, 2000), de modo a transpor os resultados nessa refexão.