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5.2. RESULTADOS QUALITATIVOS DOS QUESTIONÁRIOS E DAS

5.2.1. CATEGORIA 1: A BNCC E AS FONTES DE INFORMAÇÕES

Como já definido anteriormente, fontes de informação são todas as publicações, ferramentas e recursos que disponibilizam informação a pessoa que dela necessita. Na pesquisa em questão, as fontes de informações apareceram sob a distinção de diferentes fatores que se considerou como as unidades de registro dessa determinada categoria: fontes oficiais, fontes de busca pessoal e ausência de fontes ou sua falta de credibilidade.

A importância e o peso das palavras na significação já foi exaltado em poemas e obras literárias, fato não menos poético, mas propriamente científico temos as afirmações de Larrosa Bondía (2002)

As palavras produzem sentido, criam realidades e, às vezes, funcionam como mecanismos potentes de subjetivação. Eu creio no poder das palavras, na força das palavras, creio que fazemos coisas com as palavras e, também, que as palavras fazem coisas conosco. As palavras determinam nosso pensamento porque não pensamos com pensamentos, mas com palavras, não pensamos a partir de uma suposta genialidade ou inteligência, mas a partir de nossas palavras. E pensar não é somente raciocinar” ou “calcular” ou “argumentar”, como nos tem sido ensinado algumas vezes, mas é sobretudo dar sentido ao que somos e ao que nos acontece. E isto, o sentido ou o sem-sentido, é algo que tem a ver com as palavras. E, portanto, também tem a ver com as palavras o modo como nos colocamos diante de nós mesmos, diante dos outros e diante do mundo em que vivemos. E o modo como agimos em relação a tudo isso. (LARROSA BONDÍA, 2002, p.02)

Considerando a importância das palavras na composição do pensamento e de como estabelecemos um princípio de tomada de conhecimento para constituição de uma ideia, questiona-se até que ponto a forma com que se recebe uma informação impacta na construção da concepção sobre esse determinado tema.

O conceito de informação, no sentido de conhecimento comunicado, desempenha papel fundamental na apropriação desse conhecimento. Existem diferentes conceitos de informação.

A distinção mais importante é a que diferencia como um objeto ou coisa (por exemplo: um número) e a informação como um conceito subjetivo, um significado dependente da interpretação cognitiva. Significado esse que é determinado pelo contexto social e cultural (CAPURRO, 2007)

Entendendo que informação é a reunião ou o conjunto de dados e conhecimentos organizados, que ajudam a constituir referências sobre um determinado acontecimento, fato ou

conceito. E também se configura em um recurso que atribui significado a realidade mediante seus códigos e o conjunto de dados. A informação é a origem da formação do conceito ou do pensamento. Contribuindo para resolver problemas e tomar decisões, com base no uso racional deste conhecimento adquirido através dela.

Para captar este dinamismo do fenômeno estudado, Bruner sugere uma interpretação, que busque "as regras que os seres humanos aplicam para a produção de significado em contextos culturais" (BRUNER, 1997, p. 102).

A construção da identidade profissional é um processo de significação e de ressignificação em que o sujeito situado se constrói historicamente. E a identidade profissional do professor diz respeito a informação recebida e a significação que esta desperta em sua profissionalidade.

De acordo com Tardif (2014, p. 230):

[...] um professor de profissão não é somente alguém que aplica conhecimentos produzidos por outros, não é somente um agente determinado por mecanismos sociais: é um ator no sentido forte do termo, isto é, um sujeito que assume sua pratica a partir dos significados que ele mesmo lhe dá, um sujeito que possui conhecimentos e um saber-fazer provenientes de sua própria atividade e a partir dos quais ele estrutura e a orienta.

Em relação às fontes oficiais de informação sobre a BNCC, a maioria dos professores teve sua primeira fonte de informação e o seu primeiro contato com a BNCC pela escola onde atua. Nesse sentido, destaca- se o papel do coordenador e do momento do HTPC e sua possibilidade de reflexão coletiva como o informante oficial; tanto das organizações propostas pela BNCC, como da sua obrigatoriedade. Alguns trechos das entrevistas que resgatam essas evidências foram destacados, como da professora Tinha e da professora Bruna, na primeira e segunda rodadas de entrevistas. É importante citar a frequência com que aparece a ação dos professores coordenadores, citados em quase todas as entrevistas.

Para orientação na leitura, foram adicionadas as seguintes indicações para esclarecer de qual entrevista o excerto foi retirado: PE (excerto primeira entrevista) e SE (excerto segunda entrevista).

A minha lembrança foi de ouvir a respeito em encontros na escola, que haveria para conhecer um pouco dessa construção desse documento, né. Mas, não sabia o que era e não me recordo se eu participei ou não de alguma discussão, mas eu acredito que que não... (TINHA PE)

Na escola onde eu trabalhava. Porque... a gente veio cumprir a determinação no limite, né do prazo, que foi aonde a gente começou a ter mais contato mesmo. (BRUN PE)

Foi através de HTPC né? Que é a professora coordenadora falou ..., mas também já tinha tido na rede um movimento né? De... de encontros pra falar sobre, mas parece que isso já tinha ficado tão lá atrás que já nem lembrava mais né? (TINHA SE)

Na escola, em que eu trabalhava foi a primeira informação que eu tive.

Primeira vez que eu ouvi essa sigla. (BRUN SE)

Foi dentro da escola foi em HTPC na época nós tínhamos uma coordenadora já e, foi ela que começou a trazer as discussões para gente. Não me recordo se foi 17 ou 2018. Acredito que 2018..., ela começou a trazer essas discussões ainda que a rede não tivesse colocado como obrigatório trabalhar com a com a Base já fazíamos esse exercício de pensar. Sobre a BNCC. (LAURA PE)

Aqui se destaca a liderança institucional articulada pelos professores coordenadores

propiciando uma rede interna de discussão entre os professores, que funcione como motivadora das reflexões e mudanças necessárias, gerando uma rede de colaboração.

Rossetti-Ferreira et al (2004, p. 33) indicam que para explicar o caráter complexo da busca de diferentes significações que ocorrem no processo de desenvolvimento, o desenvolvimento profissional. os autores utilizam a metáfora de ‘rede’, na perspectiva de “dar conta das múltiplas articulações, aprendendo a complexidade em que as pessoas e seus processos de desenvolvimento encontram-se imersos”, e essa definição corresponde com o observado, sendo possível perceber que os processos de discussão e troca de entendimentos, proporcionaram um pouco mais de confiança e tranquilidade neste período de transição.

Freire já destacava que (1996, p. 27) “aprender ... é construir, reconstruir, constatar para mudar, o que não se faz sem abertura ao risco e a aventura do espírito”. E essa aventura quando compartilhada no coletivo traz segurança e sustentação.

Reconhecer a importância da discussão coletiva é reconhecer que os professores se formam em múltiplos espaços, tempos e interações, em movimentos diversos e de natureza complexa permeados por relações dialógicas. A parceria também fortalece o profissional professor e enriquece a prática pedagógica.

Assim, é importante aprofundar os estudos sobre como as redes de discussão colaborativas docentes se formam, sobrevivem e como têm contribuído para a formação continuada de professoras da escola básica.

Também se destaca, na narrativa dos professores, o papel das secretarias de educação como promotora de informações ao organizar reflexões e discussões por meio de cursos e subsídios como documentos e textos informativos, a fim de sustentar as discussões com seus representantes ou com a preocupação em buscar fontes confiáveis como a Universidade em seus Grupos de Pesquisa e o LAPEI – Laboratório de Práticas Pedagógicas da Educação

Infantil38. Além disso, destaca-se o próprio documento e o fortalecimento das teorias conhecidas:

Naquelas rodas de formação da secretaria, da Unesp, que veio o pessoal do GEPIFE39, né? Vieram falando sobre a BNCC. Lógico que, anteriormente, no meio do pessoal da educação, entre a gente já se falava sobre a BNCC, o LAPEI também falou alguma coisa... Tem que buscar sites seguros, como as informações que a Unesp trouxe na semana da pedagogia foi falando... para você ver se vai complementando. E tem muita pouca fonte sobre a BNCC.

Hoje a única coisa segura que tem é o MEC, se tá no MEC é oficial, é deles, é do governo ... mas é muito pouco. (LUCIA PE)

Então também recordo foi a nossa coordenadora a LLLLLL ela falou pra nós, ela trouxe já uns documentos da secretaria e na... na época foi a coordenadora mesmo. (MI SE)

A primeira fonte de informação foi a própria Secretaria Municipal de Educação tive alguma outra informação, sabe? Muito vago, ..., mas aonde a gente teve mais contato, onde foi apresentado, né. Foi na Secretaria Municipal de Educação. (LIAN SE)

Foi através dos documentos que a Secretaria enviou, ... (LUMA PE)

Então nós recebemos aquele... aquele papel do LAPEI, que tinha os objetivos de aprendizagem que é os conteúdos e separado por etapas40, né? Que agora não é mais etapa, agora é crianças pequenas, muito pequenas, né? Primeira vez que eu ouvi foi quando recebi foi isso. (OLIVIA PE)

Mas quando eu preciso eu tento sempre olhar o site do MEC e o documento oficial da BNCC quando eu tenho dúvidas, e também na teoria com a qual eu trabalho e a qual eu estudo pra ver como eu posso fazer, né? Quais são as minhas possibilidades assim. (LAURA SE)

Só no documento mandado pela SME; (OLÍVIA SE)

38LAPEI é a sigla do Laboratório de Práticas Pedagógicas da Educação Infantil, um grupo de apoio técnico de formação continuada. Esse laboratório foi criado ao se desenvolver um trabalho de formação continuada em parceria com a UNESP. Ele conta com a presença de professores de educação infantil, com assistentes educacionais da creche e da recreação, como formadores. Tendo inicialmente como base a THC (Psicologia histórico-cultural e Pedagogia histórico-critica), atua também no levantamento e na avaliação das práticas educativas desenvolvidas nas instituições de educação infantil da rede municipal, com o desenvolvimento e a elaboração de atividades a serem realizadas com crianças nas instituições educativas, desenvolvendo novas práticas orientadas pelo princípio da intencionalidade, com orientações e formações continuadas para os profissionais e educadores da rede.

39 O Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Infância, Família e Escolarização (GEPIFE) atua junto aos três eixos basilares da Universidade, ensino, pesquisa e extensão, respondendo às mais diversas demandas e exigências acadêmicas científicas e sociais. Ele é coordenado pela Professora Doutora Márcia Cristina Argenti Perez, sediada no departamento de psicologia da educação da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp de Araraquara - SP (UNESP-CNPq), que em fevereiro de 2019 propôs discussões com a rede municipal de educação sobre “O Planejamento como necessidade na ação docente: propósitos formativos e processos de aprendizagem”.

40 Etapas era o nome dado para as divisões e faixas etárias da rede municipal, iniciando por Classe Intermediária (CI): para crianças de 2 anos com atendimento intermediário entre o berçário e as classes de pré-escola; 3ª etapa:

crianças de 3 anos; 4ª etapa: crianças de 4 anos; e 5ª etapa: crianças de 5 anos.

A proposta de uma Base Nacional Comum Curricular para as escolas brasileiras é um empreendimento difícil e desafiador, justamente por adentrar no tema currículo da educação infantil, que conforme já citado é um tema ainda em discussão. Outro dificultador é o componente político da BNCC que, de acordo com Correia e Morgado (2018, p. 1) a construção da BNCC é “uma construção com uma forte componente política, não surpreende que tenha sido alvo de muitos conflitos e tenha estado sujeita a muitas tensões”.

A iniciativa da Secretaria de Educação do Município foi necessária e vista como organizadora de um marco referencial, embora se percebeu que as orientações e informações gerais foram dadas num primeiro momento e depois ficaram a cargo das coordenadoras.

Entende-se que havia uma linha geral que traduzia as poucas informações trazidas pelo site do MEC.

Ainda se considerou como fonte oficial a informação divulgada pela mídia, como a propaganda do próprio MEC em 2017 e 2018, na época da homologação da BNCC. Essa fonte apareceu inicialmente no questionário piloto, por esse motivo entrou como uma das alternativas de resposta do questionário oficial, na questão sobre fontes de informação. No questionário oficial, poucos escolheram essa alternativa, entretanto, essa informação voltou a aparecer nas entrevistas:

Pelas redes... pela televisão Eu me recordo de ter visto muito pela TV. ...eu acho que o que mais foi divulgado…, eu me recordo bem, foi a questão da mudança do ensino no médio. (TINHA PE)

Foi mais através de mídia, de jornal..., mas assim, eu não me aprofundei nesse sentido. Foi mais superficial, foi através da mídia mesmo. (LIAN PE)

Mídia, primeiramente foi mídia. E as mudanças estavam sendo anunciadas com as mudanças do MEC aquelas coisas... foi na Mídia. (LUMA SE)

Foi possível perceber que poucos professores se afetam com as propagandas divulgadas, alguns não deram muita importância e outros acreditaram que o proposto não atingiria a educação infantil, com a percepção de que seria destinado às outras etapas educativas. Indaga-se, a partir de tal observação, até que ponto os professores da educação infantil se veem como parte integrante do processo educativo.

Quanto às informações relacionadas à busca pessoal tem-se também quase unanimidade no quesito “busca na internet”. É recorrente na fala dos professores a busca de informações na Internet e isso se observa em constantes mecanismos de busca que facilitam o acesso rápido a

informações, como o site Nova Escola41, que é consultado desde o início até os dias atuais quando surgem dúvidas. Note-se que parte dos professores, nos questionários e nas entrevistas, colocou a Nova Escola como instrumento e informação, ajuda e inspiração, além de outros sites ou grupos:

Hoje, através de internet. (LUCIA PE)

Foi na internet. O site da Nova Escola gosto bastante, do que ele queria fala da BNCC, acho que ele deixa a gente..., clareia as ideias pela maneira como ele coloca as coisas novas da BNCC. Alguns livros, até os livros atuais..., (LUMA PE)

TV, site da Nova Escola. (LUMA SE)

Ah normalmente, quando me surgia alguma dúvida específica eu acabava buscando na Internet. (BRUN PE)

Eu tenho um grupo de WhatsApp sobre a BNCC, então nesse grupo … Nesse grupo tem professores que fazem parte de vários lugares, vários cantos do Brasil, eles publicam artigo tudo….E eu tô lendo. Eu vou lendo, e eu vou lendo… Então eu gosto … Até do grupo eu quis participar para me inteirar.

(MI PE)

- Olha, eu tenho um linkzinho aqui no meu celular que é da BNCC, então é isso aí que eu vou então pelo link um aplicativo de celular que eu tenho da BNCC42. (LUCIA SE)

Outra fonte acessada é o próprio grupo de colegas e os livros disponibilizados:

A gente vai aprendendo na lida, no dia a dia, a gente foi trocando mais informações assim a LLLi me ajuda muito, a ÁAA, a gente vai trocando figurinhas para conseguir acertar e fazer. (Professora cita algumas das colegas de trabalho) (LUMA PE)

Ah! Eu li alguma coisa e, eu troquei bastante ideia com os outros profissionais da área. Que eu acho que a gente conversando é a forma mais fácil dá a gente entender as coisas. (BRUN PE)

...tem sempre alguma professora que é mais antenada que vê e traz pra gente, né? (BRUN SE)

Eu acho que a troca de experiências entre os professores é muito… é muito importante também. Então eu acho que é nessa experiência de cada uma, que

41 A Nova Escola é um negócio social de Educação, sob a forma de site educacional, e a marca mais reconhecida por professores de educação básica no Brasil, desenvolvendo produtos, serviços e conteúdo que valorizam os professores. O principal mantenedor é a Fundação Lemann, além de parcerias com diversas organizações como Google.org, Facebook, Fundação Itaú Social, Imaginable Futures, Governo Britânico, secretarias de educação e outras organizações.

42 Um App chamado BNCC Consult. Disponível em:

https://play.google.com/store/apps/details?id=br.com.mobimark.bnccconsult&hl=pt_BR&gl=US

a gente vai estar conseguindo caminhar e melhorar cada vez mais… E nas reuniões também, assim conversar com os colegas … esses HTPC também são um ganho para a educação infantil. É um momento muito importante para reflexão, mas não poderia ficar só nisso. (ISADORA PE)

...a gente está sempre trocando experiências e, ... é com os próprios professores mesmo né, que eu tenho contato, que a gente tá... que a gente conversa ahm e tem... tem essa troca de experiência. (ISADORA SE)

Informação. Ah, eu tenho livros, às vezes eu procuro autores que como eu estudei pra concurso, às vezes eu me lembro do que aquele autor fala sobre isso. (ALICIA SE)

Falar de educação e não reconhecer o papel do professor no processo das discussões sobre como melhorar o ensino empobrece o debate e causa dúvidas e desconfianças. Os professores de educação infantil parecem permanecer distantes do debate público e raramente são ouvidos embora conheçam de perto as demandas e desafios da área, seus conhecimentos nem sempre são levados em conta pelos formuladores de políticas públicas.

Nesse contexto, os indicadores de confiabilidade das propostas ficam fragilizados. Os professores se sentindo desvalorizados e alijados dos processos de discussão podem criar mecanismos de rejeição ou desvalorização da proposta em questão.

Aguiar e Dourado (2019, p.18) colocam que:

Um tema dessa importância exigiria mais discussão e participação, sobretudo dos mais de dois milhões de professores que atuam na educação básica e demais modalidades de educação. Não adianta decretar um currículo, é preciso que os professores participem, desde sua concepção e formulação, pois, só assim se garantiria o envolvimento pedagógico necessário, com alterações significativas na prática escolar.

Ainda a nota da ANPED (2019), que discorre a Posição da entidade sobre o Texto Referência – “Diretrizes Curriculares Nacionais e Base Nacional Comum para a Formação Inicial e Continuada de Professores da Educação Básica43", trata a BNCC como um documento que distanciou-se da necessária participação dos professores e das escolas. Esse distanciamento e desconsideração gerou a descrença dos professores.

Observou-se nas narrativas dos professores colocações que expressam desconfiança pela fonte, indignação ou ceticismo pelas propostas:

43“Texto Referência – Diretrizes Curriculares Nacionais e Base Comum para a Formação Inicial e continuada de Professores da Educação Básica”, documento disponibilizado pelo Ministério da educação (MEC) em sua página oficial no dia 23 de setembro de 2018,para análise e debate O texto objetiva a terceira versão do Parecer do CNE que revisa, de forma aligeirada, as DCNs de 2015,. ANPEd é favorável ao ARQUIVAMENTO do Texto Referência BNCC.

Naquele momento nada.... Porque não senti que aquilo era tão próximo né, não achei… Sei lá! Não achei que chegaria aqui para mim, dentro da sala de aula. Que isso (a BNCC) refletiria no meu trabalho (TINHA PE)

Como no início parecia ser apenas uma conversa, não era uma coisa que estava próxima, isso não mexeu muito comigo.... (TINHA PE)

BNCC? De novo vai mudar a estrutura?

Teve a formação na secretaria, que eles colocaram lá o LAPEI, dando informação... Acho que nem sei se era mesmo a BNCC. Tinha outro título...

Falava sobre... era sobre a BNCC mesmo ..., mas dentro da minha realidade do meu dia a dia, não se falava o que era a BNCC. (LUCIA PE)

A sensação é de que: quando a gente tá dominando uma forma de trabalhar, muda. E aí a gente tem que reaprender tudo de novo. Então é uma insegurança na verdade (BRUN PE)

A medida que eu fui conhecendo a BNCC eu fui desanimando muito. (LAURA PE)

Pra educação infantil na época eu não cheguei nem a pensar, pensava que nem ia chegar não. Eu não imaginava, porque quando veio a notícia pra educação infantil eu num ... eu num ..., num tinha nem imaginado que também fosse uma coisa assim que pegasse o Brasil todo. (AC SE)

Ah eu lembro não muita coisa porque eu achei que... eles apenas assim ..., posso falar, eles apenas anunciaram. Não teve nada assim, como um… uma explicação então.... Eu num ... num tenho assim, um... um pensamento pra te falar porque foi uma coisa bem imediata, de repente. Eles falaram só e aí depois a gente foi discutir na escola. Aí eu pensei que ia ter algumas mudanças, mas nesse momento eu não soube quais eram as mudanças, eu só tive a expectativa que ia mudar algumas coisas. Aí, eu me preocupei no sentido assim, que ia ter a mudança, mas sem um preparo? Sem a preparação pra gente, né? Então por isso que... por isso que eu fiquei preocupada. Eu pensei “ela vai mudar tudo, né?”. Eu sou favorável a mudança mas teria que ter preparado o terreno antes... (GIRASSOL SE)

De forma contraditória, os professores também expressaram um sentimento inicial de esperança trazido pelo início da divulgação da BNCC, como o maior reconhecimento da educação infantil dentro da política e do cenário educacional:

Primeiramente eu… A gente comentava que seria para melhor, um Norte melhor, uma maneira né de organizar muito… De... de uma maneira mais profissional, mais nesse sentido de toda educação estar... e as faixas etárias estarem trabalhando da mesma forma, o mesmo currículo, o mesmo direcionamento, então a criança não teria perdas se ela está num lugar e ela pede uma transferência ela não vai estar perdendo o conteúdo nem nada. E isso eu achei sensacional. Mas foi no início. (ANDREIA PE)

Aí falou assim né..., eu fiquei até com uma impressão romântica quando eu ouvi pela primeira vez, por que fiquei imaginando: “Nossa quer dizer que a partir de agora acabou a bagunça. Então do norte do Brasil no Nordeste ou

no Sul todo mundo vai falar a mesma língua, não importa se eu tenho um filho que vai estudar numa aldeia ou dentro de uma sala de aula, ou no outro estado, eles vão aprender a mesma coisa, a base é a mesma, o que vai mudar é a parte regional”. Eu fiquei encantada com a proposta. Mas, foi assim... 15 minutinhos e só. (AC PE)

[...] eu até cheguei a pensar por esse lado assim, dessa maravilha de unificar porque ... porquê ... eu já estava muito feliz trabalhando aqui em AAAA (se referindo a rede municipal). Eu acredito muito na educação infantil daqui que eu acho que o trabalho feito, principalmente nas prefeituras, é perfeito. (AC SE)

Finaliza-se essa categoria de fontes de informação sobre a BNCC, que destacou como as fontes, a origem e as possibilidades de informações impactam os professores, na tentativa de esclarecer e envolver os professores no processo de transformação da estrutura curricular da educação infantil, proposto pela BNCC.

As fontes de informações, utilizadas como recurso para atender às necessidades que a nova demanda da BNCC traz, demonstram os distintos caminhos utilizados pelos professores.

Deu-se destaque aqui aos diferentes tipos de busca e as repercussões dessas informações nos professores a fim de estabelecer estratégias com possibilidade de converter as necessidades em resultados práticos por meio de diferentes formas de conhecimentos.

Como resumo da categoria descrita, apresenta-se o quadro abaixo:

QUADRO 9. CATEGORIA 1: A BNCC E AS FONTES DE INFORMAÇÕES. CATEGORIA UNIDADES DE REGISTRO RESULTADOS PARCIAIS

1. BNCC:

FONTES DE INFORMAÇÕES

1.1) Fontes oficiais de

informações sobre a BNCC

- A própria BNCC;

- A escola/ Coordenadores;

- Documentos /Formação da SME/LAPEI;

- Universidade/GEPIFE;

- Mídia.

1.2) Fontes pessoais: a busca pela informação

- Internet;

- Nova Escola;

- Grupos/ amigos;

- Livros (material didático).

1.3) Repercussões que as fontes de informações iniciais

provocaram

- “Tudo igual”;

- Desconfiança da origem da informação;

- Desconsideração/ Ceticismo;

- Esperança.

Fonte: Elaborado pelo próprio autor, 2022.

Esse conjunto de informações nos remete a seguinte conclusão. A busca de informações sobre a BNCC seguiu dois caminhos. O individual de pesquisa própria de cada professor, na