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4. CAMINHO METODOLÓGICO: MÉTODO, CONTEXTO,

4.2. OS SUJEITOS DA PESQUISA

A interação escolar entre os adultos profissionais ali participantes é uma relação complexa o que dificulta o trabalho compartilhado e em equipe. De fato, a cultura do trabalho na escola provoca entre os professores, na maioria das vezes, uma prática soli3tária. O professor, quando está com as crianças, trava uma relação entre ele e os alunos. Anteriormente a isso, planeja suas aulas sozinho. Em sequência, verifica os sucessos ou fracassos da aprendizagem, também num processo solitário. Esse sentimento de solidão torna as relações estabelecidas no ambiente escolar complexas.

Além dessa ausência de parceria, a profissão docente é regulada por legislações e normas e a escola se constitui num espaço rigoroso, onde os atores se sentem constantemente vigiados e julgados por diversas instâncias: família, comunidade, órgãos gestores, os pares e, inclusive, os alunos. Como lembra Marcelo Garcia (1999, 2009), as exigências impostas aos professores são muitas e de diferentes ordens. Pode-se estender essas cobranças feitas às escolas, aos diretores e aos professores, principalmente nesse período de incertezas que a pandemia trouxe. A escola tem uma estrutura rígida e de difícil transformação e se encontra neste momento numa situação sem antecedentes e sem modelos. E é nesse contexto em que se encontram os sujeitos da pesquisa.

mudanças num período de incertezas e conflitos, como já descrito anteriormente, não tinha possibilidades nem condições favoráveis de promover formações, o que demandou um afastamento.

Ao fim do ano letivo de 2020, buscou-se novamente as escolas selecionadas e se acertou retomar as ações no ano seguinte. No início do ano de 2021, o município em questão, foi acometido por uma nova variante do vírus e o pouco de normalidade estabelecido ao fim do ano anterior retrocedeu ao isolamento mais radical.

Nesse intervalo de tempo, em março de 2021, houve o XII Seminário de Dissertações e Teses, no qual os projetos de pesquisa são apresentados e analisados por uma comissão de debatedores externos à Universidade, um dos quais indagou o motivo da escolha de professores iniciantes, já que todos os professores seriam acometidos pelos efeitos da nova legislação. Essa pergunta provocou reflexões e foi de vital importância para mudar a seleção dos participantes:

não mais os professores iniciantes, e sim grupos que tivessem a oportunidade de discutir juntos sobre a BNCC, contando com possibilidades próximas de troca de informações e materiais comuns para reflexão. Já que todos sofreram os impactos da BNCC.

No fim do primeiro semestre de 2021, com uma situação sanitária mais favorável, ainda que com restrições sociais e sem atendimento presencial nas escolas, foi feito outro esforço em contatar os participantes. Voltou-se as escolas para apresentar a proposta de pesquisa e solicitar o contato dos professores para encaminhar o questionário, agora eletrônico. As escolas atenderam prontamente a solicitação e colocaram imediatamente à disposição os contatos dos professores. Nesse momento, a rede estava entrando no recesso escolar, o qual foi mantido na rede municipal e ocasionou um atraso na devolutiva dos questionários de, aproximadamente, trinta dias.

Dentre as cinco escolas que participaram do processo de apresentação da pesquisa, foram selecionadas três escolas que atenderam aos seguintes critérios de inclusão que: i) contemplassem um certo número de professores que concordassem em fazer parte da pesquisa;

ii) tivessem a presença de coordenadores; e iii) um grupo de professores o mais estável33 possível na unidade escolar.

Esses critérios foram estabelecidos por serem considerados elementos de estabilidade para a constância e a progressão das discussões sobre a BNCC. Assim como a constituição de um grupo de professores na mesma escola que concordassem em participar da pesquisa

33 Entende-se aqui estável como um grupo de professores que permanecem na escola por mais tempo, sem grande número de remoções ou mudanças ao longo dos últimos quatro anos.

garantiria a possibilidade de discussões mediadas no grupo pela presença dos coordenadores, o que indicaria que esse grupo, mesmo que em diferentes escolas e em diferentes condições, teria possibilidades de discussão a respeito do tema. Essa preocupação existia, pois, parte das escolas estava sem a presença do professor coordenador, que não tinha sido reposto com a saída do titular.

Foi recebido o total de 42 questionários, dos quais foram selecionados 20 professores, pertencentes a três escolas que atenderam aos critérios de inclusão, para a fase de entrevistas.

Os outros questionários descartados eram de professores de escolas que não foram incluídas por falta dos critérios, ou por serem de professores que haviam se removido ou estavam em função atividade fora da escola ou afastados por outros motivos (greve, licenças gestante ou que assumiriam função administrativa na SME)

Os sujeitos selecionados foram 20 professores com diferentes tempos de serviço e que atuavam em diferentes faixas etárias, experientes e com sólida formação. Dos 20 participantes, dois não participaram das primeiras entrevistas por motivo de licença de saúde. Restou, assim, 18 professores para as primeiras entrevistas. Destas 18 entrevistas, quatro foram retiradas do corpus da pesquisa por não se enquadrarem nas premissas: algumas por serem de professores coordenadores, outras por interferência na entrevista ou ainda por dificuldade de coincidir a disponibilidade na coleta da segunda amostra de entrevistas.

Aos professores foi proposto o uso de um nome fictício de escolha pessoal. As duas professoras que não escolheram o nome fictício foram atribuídas um nome para garantir o sigilo ético da pesquisa.

QUADRO 6. PARTICIPANTES DA PESQUISA.

NOME FICTÍCI

O

ESCOLA

FAIXA ETÁRIA EM

QUE ATUA GÊNERO IDADE

TEMPO DE ATUAÇÃO na Rede Municipal

FORMAÇÃO DOS PROFESSORES

1. Andreia Escola 1 4 – 5 anos F 51 anos 8 anos Graduação em Pedagogia 2. Brun Escola 1 0 - 3 anos F 34 anos 10 anos

Graduação em Pedagogia, Especialização em Psicopedagogia Clinica

e Institucional

3. Lucia Escola 1 0 - 3 anos F 52 anos 18 anos

Graduação em Pedagogia, Especialização em Gestão e Educação

Empreendedora 4. Luma Escola 1 0 - 5 anos F 45 anos 15 anos

Curso Normal de Nível Médio

5. Lian Escola 1 0 - 5 anos M 31 anos 5 anos

Graduação em Educação Física, Pedagogia e Nutrição,

Especialização em Fisiologia do exercício e

Metodologia da educação escolar 6. AC Escola 1 0 - 3 anos F 44 anos 8 anos

Graduação em Pedagogia, Especialista em Educação Infantil e

Alfabetização e Psicopedagogia 7. Isadora Escola 1 0 - 5 anos F 51 anos 32 anos

Graduação em Pedagogia, Especialização em

Psicopedagogia 8. Laura Escola 2 0 - 3 anos F 29 anos 7 anos

Graduação em Pedagogia, e Mestrado

em Educação Escolar (Unesp – Araraquara) 9. Olivia Escola 2 0 - 3 anos F 31 anos 6 anos

Graduação em Pedagogia e Mestrado em Educação (Unesp –

Rio Claro)

10. Alicia Escola 2 4 – 5 anos F 37 anos 2 anos

Graduação em Pedagogia.

Especialização em Educação Especial,

Alfabetização e Letramento 11. Girassol Escola 2 0 - 3 anos F 47 anos 28 anos

Graduação em Pedagogia, Especialização em

Educação Infantil 12. Julia Escola 3 4 – 5 anos F 41 anos 12 anos Graduação em

Pedagogia 13. Mi Escola 3 0 - 3 anos F 39 anos 15 anos Graduação em

Pedagogia 14. Tinha Escola 2 0 - 5 anos F 51 anos 14 anos

Graduação em Pedagogia, Especialização em

Psicopedagogia Fonte: Dados da pesquisa organizados pelo autor.