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4. CAMINHO METODOLÓGICO: MÉTODO, CONTEXTO,

4.3. INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS DE PESQUISA: QUESTIONÁRIOS

5. Lian Escola 1 0 - 5 anos M 31 anos 5 anos

Graduação em Educação Física, Pedagogia e Nutrição,

Especialização em Fisiologia do exercício e

Metodologia da educação escolar 6. AC Escola 1 0 - 3 anos F 44 anos 8 anos

Graduação em Pedagogia, Especialista em Educação Infantil e

Alfabetização e Psicopedagogia 7. Isadora Escola 1 0 - 5 anos F 51 anos 32 anos

Graduação em Pedagogia, Especialização em

Psicopedagogia 8. Laura Escola 2 0 - 3 anos F 29 anos 7 anos

Graduação em Pedagogia, e Mestrado

em Educação Escolar (Unesp – Araraquara) 9. Olivia Escola 2 0 - 3 anos F 31 anos 6 anos

Graduação em Pedagogia e Mestrado em Educação (Unesp –

Rio Claro)

10. Alicia Escola 2 4 – 5 anos F 37 anos 2 anos

Graduação em Pedagogia.

Especialização em Educação Especial,

Alfabetização e Letramento 11. Girassol Escola 2 0 - 3 anos F 47 anos 28 anos

Graduação em Pedagogia, Especialização em

Educação Infantil 12. Julia Escola 3 4 – 5 anos F 41 anos 12 anos Graduação em

Pedagogia 13. Mi Escola 3 0 - 3 anos F 39 anos 15 anos Graduação em

Pedagogia 14. Tinha Escola 2 0 - 5 anos F 51 anos 14 anos

Graduação em Pedagogia, Especialização em

Psicopedagogia Fonte: Dados da pesquisa organizados pelo autor.

aplicação de questionários presenciais, dois momentos de entrevistas narrativas e discussões grupais nos moldes de grupos focais. Foi necessário adaptar o questionário para o modelo online e subtrair os momentos de entrevistas coletivas por absoluta falta de tempo e de condições nas escolas, pois o período de finalização das entrevistas coincidiu com o fim de ano letivo, e as condições de discussão coletiva seriam drasticamente influenciadas pelo momento e pela preocupação dos professores com o período de remoção de classes e escolas que se aproxima.

A partir do apresentado, se qualificou como material de pesquisa: os questionários e os registros das duas entrevistas individuais com cada um dos professores das escolas selecionadas, transcritas na íntegra. Também poderia ser utilizado como documento final as possíveis modificações, supressões ou complementações dos professores no momento de revisarem as próprias entrevistas, porém não houve alteração feita pelos professores.

Para a coleta inicial de informações e definição dos participantes, foi utilizado um questionário composto por perguntas abertas e fechadas, construído para o estudo. O questionário, segundo Gil (2008), pode ser definido

Como a técnica de investigação composta por um número mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo por objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações vivenciadas etc. (GIL, 2008, p. 121).

A opção por associar dois tipos de instrumentos na coleta de dados, o questionário e as entrevistas narrativas, se deu pela preocupação em aprofundar os dados captados. Enquanto os questionários propiciaram uma visão geral do tema e da abrangência, as entrevistas narrativas trataram dos aspectos mais pessoais e relevantes, abordando aspectos específicos de como os professores significavam o tema. Esse também foi o motivo parta realizar duas entrevistas com os professores sujeitos da pesquisa. Uma preocupação em observar se os dados relatados permaneciam ou se haveria alterações e até possíveis contradições.

A decisão de aplicar inicialmente o questionário deu-se por entendê-lo como um instrumento que possibilitaria, na fase exploratória da pesquisa, buscar o entendimento geral e a abrangência da política educacional - a BNCC, por parte dos professores de educação infantil da referida rede municipal. Um instrumento, portanto, não numérico que oferece a oportunidade de refletir as concepções gerais sobre a BNCC e de auxiliar na análise dos critérios para seleção e identificação do grupo de professores, participantes da etapa de entrevistas, trazendo alguns indicadores para analisar as fontes de informações dos professores de educação infantil sobre a

BNCC, as interferências desta na prática educativa de forma geral e suas influências na ampliação de saberes docentes.

Destaca-se aqui a importância da aplicação de pré-testes do questionário, que foram dois. Diversos autores de livros de metodologia científica indicam a realização de um ou mais testes-piloto antes da aplicação de qualquer técnica de pesquisa, a fim de testar e validar se as questões estão claras aos participantes, da maneira esperada pelo pesquisador. O pré-teste foi aplicado num grupo de quatro professores e houve alteração nas questões inicialmente propostas. Esses questionários experienciais não foram considerados no corpus da análise, pois foram exercícios de aprimoramento do instrumento, embora tenham sido de extrema validade para adequar as questões à pesquisa.

Com a preocupação de um instrumento de entendimento preciso, o questionário foi construído e composto por questões agrupadas por objetivos: dados pessoais, tempo de atuação na educação infantil, fontes iniciais de conhecimento sobre a BNCC e informações sobre a elaboração do documento BNCC. Também foram coletadas respostas sobre questões que envolviam a clareza do documento BNCC e as possíveis influências de informações ou normatizações deste documento nos saberes docentes dos professores da educação infantil.

Inicialmente no pré-teste, o questionário era composto por: três questões abertas, que possibilitam ao participante a liberdade de expressão; e vinte questões fechadas, com um roteiro preestabelecido, no qual poderia se assinalar as respostas em cinco colunas, numa escala de

“Concordo totalmente” a “Discordo totalmente”, de forma a priorizar a maior quantidade de perguntas em formato fechado, já que estas favorecem a tabulação e análise das respostas apontadas. Esses critérios foram abandonados depois da aplicação do piloto, por reflexão e análise dos professores que participaram desse primeiro instrumento pré-teste. Eles consideraram que o instrumento oferecia poucas oportunidades variáveis de respostas, sugerindo que houvesse mais opções em suas alternativas. Foram apontadas também algumas dificuldades de interpretação. Esse piloto mostrou a necessidade de colocar mais questões abertas para garantir a característica de percepção mais qualitativa das respostas.

Como Gil (2008, p. 121) enuncia, “Construir um questionário consiste basicamente em traduzir objetivos da pesquisa em questões específicas”, e essa relação direta entre a pergunta e o que se quer pesquisar necessita de atenta observação, uma vez que exige a construção das perguntas dentro de regras para garantir sua legitimidade. Segundo o posicionamento do mesmo autor, essa é a técnica mais rápida e que garante maior anonimato ou distanciamento do participante, apesar de ser reconhecidamente um instrumento de menor detalhamento nas respostas abertas: ele é de livre redação do participante; demanda tempo e elaboração do texto;

é dependente da livre interpretação; sem auxílio de informação quando o participante tem dúvidas e com pouca garantia de devolução depois de preenchido, implicando a diminuição da representatividade da amostra.

Foi proposto, então, uma segunda aplicação de questionário-piloto com o conteúdo reorganizado adequadamente. Para tanto, buscou-se um outro grupo de professores, que também muito contribuíram para a adequação do instrumento, com liberdade de sugerir e comentar as questões propostas e, depois de responderem, reavaliar e apontar as áreas de ambiguidade ou de dificuldade. Com isso, as questões foram organizadas em quatro dimensões:

as pessoais, as profissionais, as relacionadas com a BNCC e as relativas aos saberes docentes.

O exercício dos questionários-piloto foi muito satisfatório. Destaca-se que esses questionários da segunda aplicação piloto, também não foram usados para análise.

Logo, foram reelaboradas algumas poucas questões, com o intuito de possibilitar um futuro levantamento de dados que permitisse a identificação dos professores, seu tempo de profissionalização, as concepções sobre a BNCC e informações sobre a ampliação e reestruturação dos saberes docentes. Como o quadro, a seguir, mostra.

QUADRO 7. QUESTÕES DO QUESTIONÁRIO SEÇÕES OBJETIVOS QUESTÕES

Questão inicial 1. Concordância em participar da pesquisa?

1 Identificação 2. CER (escola) em que trabalha 3. E-mail

4. Telefone

2 Tempo de

atuação

5. Tempo de atuação na educação infantil municipal

3 BNCC 6. Como ficou conhecendo a BNCC?

7. O que mais chamou a atenção quando ouviu falar sobre a BNCC pela primeira vez?

8. Conhecimento sobre a obrigatoriedade da BNCC 9. Conhecimento do conteúdo da BNCC

10. Interferência da BNCC no planejamento

11. Interferência da BNCC na própria prática educativa 12. Interpretação do documento

13. BNCC como referência nacional para formulação de currículos para educação infantil

14. Interferência da BNCC na organização curricular da educação infantil

4 15. Influencia na própria prática pedagógica

Saberes docentes

16. Contribui com os conhecimentos profissionais pessoais

17. Quais saberes foram ampliados?

18. Quais as contribuições para a prática educativa na educação infantil?

19. Quais conhecimentos gostaria de aprofundar?

Fonte: Elaborado pelo autor.

O questionário foi elaborado sob a forma de formulário online. Ele iniciou-se com a apresentação do termo de consentimento de pesquisa como pergunta obrigatória, o que possibilitava a continuidade das respostas ou sua finalização se a resposta fosse negativa. Foi composto por questões abertas e fechadas; as questões fechadas tinham intervalos de respostas com escalas crescentes (não conheço, conheço muito pouco, conheço pouco, conheço bem e conheço muito bem). E em algumas das questões fechadas ou como finalização dos temas foi incluída uma questão aberta explicativa, propondo a justificativa das respostas. Ao todo, foram vinte e seis perguntas, sendo que sete delas eram justificativas das respostas anteriores.

A primeira etapa do levantamento de dados foi a escolha do questionário e serviu para melhor direcionar a condução da pesquisa, tanto na escolha de questões, quanto na de universo dos participantes. Como já destacado acima, um ponto de extrema relevância é que os questionários possibilitaram a seleção e definição dos participantes, oferecendo também um aspecto geral da concepção sobre a BNCC e suas fontes primárias de informação sobre o tema.

As perguntas abertas foram importantes nesse processo de pesquisa qualitativa, pois permitiram a liberdade de respostas do participante. Nelas foi possível perceber a linguagem própria do professor respondente e trouxeram a vantagem de não haver influência das perguntas preestabelecidas pelo pesquisador, pois o professor escreveu aquilo que lhe foi mais significativo e, assim, pôde dimensionar e relativizar sua resposta. Um obstáculo que dificultou as perguntas abertas foi o fato de haver liberdade de escrita: o participante teve que ter tempo para o raciocínio, formatação e construção da escrita.

Após os questionários serem recebidos, consultou-se os critérios de inclusão para delimitar o grupo para a aplicação das entrevistas. Nas entrevistas narrativas buscou-se com mais detalhes as ideias dos professores sobre a fonte de informação sobre a BNCC e os impactos imediatos em sua concepção sobre a prática educativa e sua profissionalidade, especificamente no desenvolvimento dos saberes docentes.

Entrevistas têm sido muito utilizadas como técnica de coleta de dados. Autores como Marconi; Lakatos (2003), Minayo (2000a, 2000b) e Szymanski (2018) defendem sua utilização como uma das boas estratégias investigativas da pesquisa qualitativa pela possibilidade de

abrangência do significado e da articulação de temas complexos. Essa abordagem possibilita a investigação dos fatos e dos sentimentos e percepções sobre os fatos; sensações, opiniões, desejos e críticas são passíveis de identificação, proporcionando ao investigador a informação necessária.

De forma geral a entrevista tem sido considerada como “um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha informações a respeito de determinado assunto, mediante uma conversação de natureza profissional” (MARCONI; LAKATOS, 2003, p. 195). Isso possibilitou ao pesquisador observar o objeto de estudo pela dimensão do participante, entender por meio de sua fala e da fala de outros professores a significação do objeto de estudo, a BNCC.

Ainda segundo os mesmos autores, a preparação da entrevista é uma das etapas importantes no processo da pesquisa, exigindo tempo e alguns cuidados: a elaboração de roteiros com questões relativas ao tema pesquisado que necessitam ser previamente testados; o planejamento da entrevista, que deve ter em vista o objetivo a ser alcançado; as possibilidades da entrevista, ou seja, a disponibilidade do entrevistado em fornecer a entrevista, que deverá ser marcada com antecedência, de acordo com a possibilidade e disponibilidade do participante; as condições éticas que possam garantir ao entrevistado o sigilo de suas informações e identidade;

e, por fim, a preparação específica que consiste em organizar o roteiro ou formulário com as questões importantes (MARCONI; LAKATOS, 2003).

Nesse sentido, a preparação da entrevista requereu atenção e no roteiro da entrevista semiestruturada foram feitas perguntas para contextualizar o tema e compreender o objeto de análise. Optou-se por entrevistas narrativas, em que o todo narrado é algo que se constrói pelas partes escolhidas do tema proposto. Essa relação entre a narrativa e o que nela se revela faz com que suscitem interpretações e não explicações – não é o que explica que conta, mas o que a partir dela se pode interpretar (PRADO; SOLIGO, 2005). Quando se utilizou nesta proposta as entrevistas, foi privilegiada a realidade do que é experienciado, do que é vivido e sentido.

Destaca-se que a modelagem das entrevistas como narrativas não se deu enfocando a autobiografia ou de pesquisa na perspectiva fenomenológica. Mas sim articulando a narrativa como um princípio “pelo qual as pessoas organizam sua experiência no mundo social, seu conhecimento sobre ele e as trocas que com ele mantêm” (BRUNER, 1997, p. 41).

Desse modo, esse tipo de entrevista colaborou muito na investigação dos aspectos afetivos e avaliativos dos participantes que determinaram significados pessoais de suas concepções e comportamentos. As respostas espontâneas dos participantes e a maior liberdade que estes tiveram pode fazer surgir questões inesperadas ao entrevistador que foram de grande utilidade na pesquisa.

Os conceitos de narrativa, são cada vez mais usados por investigações das ciências sociais e em educação. A investigação pela narrativa está, em todas as suas diferentes manifestações, profundamente implicada em conflitos contemporâneos relacionados com teoria, metodologia e política educativa (GALVÃO, 2005).

Reafirmando o potencial das narrativas como processo de investigação, Galvão (2005) destaca que por meio dessas é possível chegar ao significado que o professor dá às respectivas práticas, assim como nos possibilitam a compreensão dos contextos vividos por esses sujeitos.

As narrativas foram ricas em indícios, porque se referem à experiência pessoal e tendem a ser detalhadas, com foco em acontecimentos e ações.

Striano (2012) define a relação das narrativas com a subjetividade pessoal:

Dentro desta perspectiva, o produto da narrativa é um quadro de sentido que organiza diferentes experiências que compõem a vida individual e coletiva em um continum que visa ordenando-os de acordo com um formulário definido.

As narrativas podem, portanto, ser analisadas levando em consideração os clusters (grupos) e padrões usados para ordenar a experiência individual e coletiva em um artefato consistente, que pode ser o material a partir do qual outros artefatos podem ser criados e usados (p. 147).

Essa perspectiva instigou a pensar a narrativa como um produto social e cultural, considerando os múltiplos contextos. Isso acarreta a necessidade de entender como tal processo foi constituído e sua posição dentro de um contexto social e pessoal.

A autora apresenta também os dilemas éticos da utilização das narrativas, descrevendo o seu poder de “oferecer a possibilidade de nos colocarmos na vida de outras pessoas e (virtualmente) jogando com as cartas que a vida lhes deu” (STRIANO, 2012, p. 150). O rigor na utilização das narrativas é justificado por algumas práticas e interpretações serem capazes de distorcer, de ser parciais, de ser inexatas, não levando em consideração uma ou mais perspectivas ou omitindo alguns fatos e eventos

As entrevistas neste estudo foram organizadas em dois momentos para cada professor entrevistado, com o objetivo de destacar e apreender possíveis confirmações e coerência nas respostas. Um recurso para reafirmar as posições. Os roteiros foram preestabelecidos e aplicados com flexibilidade de modo a encorajar a emergência das significações pessoais.

Houve também uma aplicação piloto dos roteiros das entrevistas, as entrevistas decorrentes desse pré-teste não foram elencadas como dados da pesquisa, mas foram fundamentais para o ajuste e aprimoramento das questões do roteiro de entrevistas.

Inicialmente, tínhamos 20 professores para entrevistar. Na primeira etapa as entrevistas foram gravadas pelo celular e transcritas manualmente. Essa forma de transcrição foi definida por insatisfação com os resultados obtidos nas primeiras tentativas de usar diferentes aplicativos, porém, o processo foi muito demorado e não havia tempo hábil. E foi pesquisado outro tipo de aplicativo de transcrição.

Na segunda etapa das entrevistas foram usados como recursos dois celulares e um software de transcrição online, Transkriptor34, um aplicativo da Internet que faz upload de arquivos de áudio de qualquer dispositivo para o site da Transkriptor, transcrevendo e marcando o tempo de intervalo de, aproximadamente, trinta segundos entre as partes de uma transcrição, se assim o for desejado. Embora o aplicativo tenha sido muito eficiente, foram necessárias várias correções nas transcrições.

Na primeira etapa de entrevistas foram feitas 18 entrevistas – pois dois dos professores estavam afastados, um por doença e o outro foi encaminhado para ser professor coordenador, contabilizando 6h e 57m de duração. Na segunda etapa de entrevistas, 16 foram feitas e descartadas duas, formando um conjunto de 14 entrevistas válidas com duração de 3h e 38m.

No total contou-se com, aproximadamente, 10 horas de entrevistas válidas.