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CENÁRIO BRASILEIRO DA POLUIÇÃO ELETRÔNICA A realidade brasileira não difere do cenário internacional Não

Os think tanks, portanto, faz muito sentido nas sociedades modernas que por

4 GESTÃO DO E-WASTE: ORIGENS E CENÁRIOS,

4.4 CENÁRIO BRASILEIRO DA POLUIÇÃO ELETRÔNICA A realidade brasileira não difere do cenário internacional Não

existem lixões e aterros exclusivos de entulho eletrônico nas proporções

79 cf. <http://www.statista.com/statistics/263393/global-pc-shipments-since-

dos países africanos e asiáticos. Mesmo assim, o e-waste nacional se configura como um grande problema de saúde pública e ambiental. Muitos dos resíduos são despejados sem qualquer tratamento junto com o lixo urbano. O trabalho de reciclagem informal de catadores, na grande maioria das cidades brasileiras, representa talvez uma das forças ativas para resolver o problema, o que os tornam verdadeiros “heróis do front ambiental” por enfrentar um trabalho insalubre sem a utilização de equipamentos de proteção individual.

A Figura 21, retirada da apresentação da pesquisa intitulada “Resíduos Eletroeletrônicos na Região Metropolitana do Recife (RMR): Gestão socioambiental da cadeia produtiva” realizada pela Fundaj (Fundação Joaquim Nabuco) no Recife e liderada pela pesquisadora Lúcia Helena Xavier, ilustra de maneira bastante significativa as relações socioambientais dos impactos gerados pela falta de gestão do e- waste em um grande centro urbano, no caso específico a RMR (Região Metropolitana do Recife).

Figura 21 – Retratos dos impactos socioambientais de e-waste no Recife.

Fonte: O autor a partir de Xavier et al. (2013).

Nas imagens é possível verificar o descarte do e-waste em vias públicas; carroças de catadores informais lotadas de resíduos sólidos e entre elas, nota-se também a presença de e-waste; trabalhadores de cooperativas de catadores em meio a montanhas de resíduos realizando a triagem de materiais; e, no centro uma imagem muito forte porque

retrata o drama humano de um menino80 nadando no Canal do Arruda tomado pela poluição de resíduos sólidos em busca de materiais recicláveis. No detalhe circulado na imagem é possível notar a presença de e-waste.

Informações oficiais sobre a quantidade de e-waste gerada no Brasil e proveniente, exclusivamente de produtos da indústria das TIC, não foram encontradas, nem em termos gerais ou estratificadas por região ou tipo de produto. Não existem informações publicadas pelo Ministério de Meio de Ambiente, pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (ABINEE) ou pela Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (ELETROS). A ABINEE e ELETROS são associações representativas de centenas de empresas do segmento eletroeletrônico, cujas projeções para 2013 indicam uma correspondência de faturamento daquele setor mais de 3% em relação ao PIB nacional81.

Os produtos fabricados seguem as classificações do setor e são divididos em quatro categorias amplas:

Linha Branca – refrigeradores e congeladores, fogões, lavadoras de roupa e louça, secadoras, condicionadores de ar;

Linha Marrom – monitores e televisores de tubo, plasma, LCD e LED, aparelhos de DVD e VHS, equipamentos de áudio, filmadoras;

Linha Azul – batedeiras, liquidificadores, ferros elétricos, furadeiras, secadores de cabelo, espremedores de frutas, aspiradores de pó, cafeteiras;

Linha Verde – computadores desktop e laptops, acessórios de informática, tablets e telefones celulares.

A referência mais citada em relação ao volume do entulho eletrônico nacional classificado como Linha Verde é aquela que consta no relatório da UNEP (2011) e foi apresentado na Tabela 1. Ou seja,

80 As fotos de Paulo Henrique Félix da Silveira, ou simplesmente Paulinho, 9

anos, catando lixo no Canal do Arruda ganharam o mundo. A imagem do menino quase submerso no rio de lixo do Canal do Arruda, na Zona Norte do Recife, só a cabeça para o lado de fora, correu o Brasil e atravessou fronteiras. Disponível em: <http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/cidades/ noticia/2013/11/06/fotos-e-materia-de-criancas-catando-lixo-no-canal-do-arru da-ganham-omund o-104349.php>. Acesso em: 14 jan. 2014.

81 Um panorama econômico mais completo do setor está disponível em: < http://

uma estimativa do ano 2005 muito desatualizada quando comparada à velocidade de desenvolvimento das TIC.

Um relatório anterior também da ONU já havia criticado a falta de dados oficiais sobre o assunto, inclusive, porque o Brasil foi classificado como o maior produtor de e-waste entre os emergentes e é considerado o 5º maior mercado de eletrônicos depois da China, Estados Unidos, Japão e Rússia. Neste relatório, intitulado “Recycling: from E- Waste to Resources”, o problema do e-waste no Brasil foi apresentado como uma questão de pouca importância em virtude da escassez de informações e avaliações abrangentes dos impactos socioambientais (UNEP, 2009). Dados preliminares e incompletos desse relatório apurados até outubro de 2008 apontavam em três direções: a primeira questão, dizia respeito à falta de uma regulação estatal abrangente para gestão de resíduos e, portanto, estaria sendo um obstáculo ao desenvolvimento de regulação específica para o e-waste; em segundo lugar, figuravam a limitação tecnológica e competência técnica para o processamento do e-waste, ficando reduzida a reciclagem a frações de materiais com mais valor agregado (como placas de circuito impresso, aço inoxidável, componentes contendo cobre); e por último, falta de investimentos para alavancar o negócio da reciclagem do e-waste. A questão não recebia nem mesmo prioridade por parte das associações da indústria de eletroeletrônico (UNEP, 2009, p. 65). A nosso ver, o principal fator gerador para o descaso de alavancar de formar sustentável a indústria de reciclagem do e-waste nacional reside principalmente na falta de uma regulação estatal. As empresas estariam aguardando esta imposição para assumir com as suas responsabilidade socioambientais.

As observações contidas nesse relatório apontam para algumas necessidades urgentes, entre elas uma legislação nacional que até então não existia. A promulgação da Lei Nº 12.305 de 2 de agosto de 2010 que instituiu a PNRS (Política Nacional de Resíduos Sólidos) pode ser considerada um fator chave para enfrentamento do problema e resposta direta à ONU sobre aquelas cobranças.

A ONU também aponta para existência do trabalho de reciclagem informal que seletivamente opta prioritariamente por itens de maior valor agregado e, neste sentido, não haveria preocupação em atender princípios de sustentabilidade como, por exemplo, não estaria adotando tecnologias seguras do ponto de vista socioambiental. Critica ainda, a indústria de TIC instalada no País por não estar fazendo a parte que lhe cabe na gestão dos resíduos eletrônicos, chegando sugerir um

imposto adicional destinado à reciclagem do e-waste mesmo diante de um quadro tributário impopular no País.

Faltam dados oficiais sobre a quantidade de resíduo eletrônico gerado no Brasil, especificamente, o resultante da obsolescência82 dos equipamentos do setor das TIC. Esse tipo de informação não foi publicado por órgãos públicos, como no caso do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), que recebeu a incumbência de montar um Grupo Técnico de Trabalho de Eletroeletrônicos, na âmbito dos acordos setoriais, para preparar um estudo e propor uma modelagem para subsidiar a implantação da logística reversa, prevista na PNRS cujas premissas serão discutidas no próximo capítulo. Ou ainda, pelas associações civis do setor como a ABINEE e a ELETROS.

A realização de uma estimativa do e-waste nacional representa uma tarefa sensível que deve levar em consideração alguns cuidados por razões como as expostas pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI): i) volumes subestimados poderiam sobrecarregar arranjos implantados, sufocar os sistemas de forma não prevista e gerar sobrecarga na disposição final; ii) volumes superestimados poderiam desorientar a cadeia de reciclagem, diminuir a ocupação da estrutura montada, aumentando custos e desestimulando agentes envolvidos (ABDI, 2012).

Algumas metodologias como as apresentadas no Quadro 21 podem ajudar no cálculo do volume do e-waste nacional. Um cálculo preciso deste volume representa um requisito básico e muito relevante para uma análise ampla da problemática e sua representatividade teria a

82 Recurso estratégico da administração desenvolvido a partir da década de

1930 pelo então presidente da General Motors Alfred Sloan. Sloan criou um mecanismo que atraía consumidores para trocar de carro com frequência, tendo como apelo a mudança anual de modelos e acessórios (NEPOMUCENO, 2015). Para Semler (2015, p. 240) a obsolescência programada é um crime contra o consumidor. Entretanto, nesta tese optou-se em não explorar a perspectiva da obsolescência programada pela crença de que a evolução do processador Intel (Quadro 19) exigiu o desenvolvimento de toda a indústria da TIC para dar vazão ao avanço da capacidade de processamento. Assim, as atualizações do Windows, o onipresente Sistema Operacional da Microsoft, não seria uma operação de obsolescência mas antes o desenvolvimento de um sistema com capacidade de gerenciamento compatível com a disponibilidade de novos processadores.

capacidade de prever o impacto ambiental, além de influenciar todo um planejamento de implantação de um padrão de logística reversa.

Quadro 21 – Metodologias para dimensionamento do volume de resíduos. Descrição Vantagens Desvantagens

B as ea do e m v en da

s O método adota que toda venda é uma reposição e gera

um resíduo equivalente em peso. Ou seja, se em um ano foi vendido “x” toneladas de um produto, neste mesmo ano será gerado o mesmo “x” em toneladas de resíduo do mesmo produto. Simplicidade porque utilizam dados precisos, as vendas. Representa uma aproximação relativamente grosseira do que acontece na realidade. Mercados não saturados e em crescimento, os erros vinculados à metodologia podem ser tanto no volume de e- waste quanto no período que eles serão gerados.

C on su m o e U so

O método consegue calcular

o volume de e-waste sem os dados de vendas. Apesar dessa simplificação, baseia-se nas duas variáveis de maior imprecisão: vida útil e nível de saturação do mercado. Calcula o volume de e- waste sem considerar o volume de vendas. Utiliza as variáveis de maior imprecisão: vida útil e nível de saturação do mercado. M et od ol og ia s T im e S te p

Com princípios semelhantes ao do “Baseado em Vendas”, corrige o crescimento do mercado. Nele as vendas são transformadas em resíduos subtraindo o crescimento do mercado. Consegue um volume relativamente preciso sem utilizar a vida útil do produto. O método se baseia na saturação do mercado. Além de não ser um dado preciso, ele não existe para alguns produtos e é difícil de ser estimado. C a rn eg ie M el lo n

Usa princípios semelhantes

ao do “Suprimento do mercado”, mas faz um cálculo mais detalhado da vida útil do produto. Ele considera que a vida útil do produto pode ser calculada.

Muito preciso e minimiza todos os erros do cálculo do volume de e- waste. A quantidade de dados estimados para calcular a vida útil pode gerar uma falsa precisão no processo. Caso os dados fossem medidos, essa precisão poderia ser mais bem justificada.

(Continuação - Quadro 21)

Descrição Vantagens Desvantagens

M et od ol og ia s Su pr im en to d o m er ca do Busca simular os acontecimentos reais do mercado. Para isso, ele desloca as vendas de um período para calcular o seu resíduo.

Proximidade com a realidade faz o método obter valores confiáveis. O problema é o uso da variável “vida útil”.

Medir a vida útil é complexo e muito variável. O modelo se baseia nessa variável e pode sofrer imprecisões. No entanto, considerando que a geração de resíduo é perene, essas imprecisões serão relativas ao ano em que as vendas virarão resíduos e não no volume total gerado. Fonte: O autor a partir de ABDI (2012, p.123-126).

Todas as metodologias (Quadro 21) apresentam vantagens e desvantagens que acabam gerando erros de volume e erros temporais. Para estimar a quantidade com maior precisão de volume do e-waste, em tese, faz-se necessário adotar um modelo que falhe menos no quesito erro de volume. Assim, utilizando o critério de menos “erro de volume” e visando minimizar o nível de incertezas na aferição o estudo da ABDI, de novembro de 2012, adotou a metodologia de “Suprimento de Mercado” para produzir uma estimativa de geração do volume de e- waste até o ano 2020. O volume calculado e apresentado no Gráfico 6 considera as quatro categorias (linha branca, linha marron, linha azul e linha verde) de produtos eletroeletrônicos.

Gráfico 6 – Estimativa de geração de e-waste no Brasil.

No estudo os dados foram classificados como e-waste de grande e pequeno porte. São considerados de grande porte os resíduos oriundos de linha branca tais como: refrigeradores, fogões, máquinas de lavar roupa e ar-condicionado. Enquanto os de pequeno porte são os resíduos das demais linhas de produtos e contemplam itens como: televisor/monitor, LCD/plasma, DVD/VHS, produtos de áudio, desktop, notebooks, impressoras, celulares, batedeira, liquidificador, ferro elétrico, furadeira, por exemplo.

Nota-se um crescimento maior no volume de resíduos provenientes do grupo de equipamentos de menor porte, ou seja, aquele do qual fazem parte os produtos da indústria das TIC. Entretanto, não foi realizada uma estratificação para mostrar a estimativa do volume dos resíduos especifico da indústria das TIC.

Uma estimativa com foco nos produtos de informática mais comum (desktop, notebooks) poderia ser desenvolvida utilizando metodologias semelhantes ao caso anterior devido à disponibilidade da informação e pelas características específicas desses produtos em termos de crescimento acelerado da venda e do tempo de vida útil em comparação com outros eletroeletrônicos.

Estima-se que em média a partir do terceiro ano de utilização os computadores atingem o início da janela de obsolescência e por volta do quinto ano já não apresentariam condições operacionais produtivas pelos motivos antes apresentados no Quadro 19. Ou seja, evolução da velocidade de processamento do microprocessador e compatibilidade deste com a arquitetura do PC, entre as quais se pode destacar o aumento da capacidade de processamento e armazenamento em memórias voláteis e não voláteis; atualização de softwares básicos e aplicativos, com destaque para o sistema operacional e o conjunto de sistemas compatíveis do qual dependem para um perfeito funcionamento.

Com esta orientação seria possível simular cenários de obsolescência desses equipamentos de informática que se diferenciam dos demais eletrodomésticos justamente pela rápida percepção de obsolescência por parte de seus usuários. Neste sentido e sem considerar o desgaste natural dos equipamentos por oxidação ou outras forma de uso, projetamos dois cenários de obsolescência: no primeiro, cenário “A”, os microcomputadores se tornariam obsoletos quando completassem três anos de utilização. No segundo, cenário “B”, a obsolescência se daria a partir do quinto ano. Acredita-se que a partir do quinto ano de uso um computador padrão, que não recebeu qualquer atualização em seu hardware, torna-se um equipamento improdutivo

para seus usuários, independentemente do sistema operacional em uso, seja ele proprietário ou livre.

Na Tabela 4 são apresentados os cenários. No cenário “A” um computador (Desktop ou Notebook) vendido no ano de 2004 estaria obsoleto após três anos de uso, ou seja, no ano de 2007. Com base neste cenário e nas vendas do período, conforme esta mesma tabela, o ano de 2014 se inicia com um passivo de entulho eletrônico estimado em 66 milhões de máquinas obsoletas. No cenário “B” o montante apesar de menor continua sendo motivo de preocupações diante do desafio que se lança para a gestão daquele e-waste que aumenta ano após ano, neste cenário está previsto um montante que alcança os 40 milhões de unidades obsoletas em 2014.

Tabela 4 – Vendas e estimativas de PCs obsoletos no Brasil (em milhares de unidades).

Período anual de vendas Descrições &Projeções 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Venda Total 4.074 6.274 7.755 10.673 11.893 11.482 14.189 15.853 15.513 13.996 Desktop 3.880 5.997 7.143 9.123 8.673 7.687 7.981 7.500 6.582 5.715 Notebook 194 277 612 1.551 3.219 3.795 6.208 8.353 8.931 8.251 Venda Acumu- lada 4.07410.348 18.103 28.776 40.669 52.151 66.340 82.193 97.706 111.702 PCs Obsoletos (Cenário A) 4.074 10.348 18.103 28.776 40.669 52.151 66.340 PCs Obsoletos (Cenário B) 4.074 10.348 18.103 28.776 40.669 Fonte: O autor a partir de ABINEE 83.

Notas: (1) As vendas do ano 2013 correspondem a estimativas preliminares. (2) Os quantitativos de vendas incluem apenas desktops, estações de trabalho, notebooks, mini notebooks e não incluem os handhelds, servidores x86 e tablets.

Com esse volume de computadores obsoletos no país, a problemática dos resíduos eletrônicos está na pauta de preocupações ambientais porque não existem dados oficiais nem se sabe ao certo o

destino desses resíduos. Segundo IJgosse (2012) a preocupação faz sentido porque não existem no Brasil registros que indiquem: i) quantos computadores obsoletos continuam em uso; ii) quantos desses estão sendo guardados em casa, escritórios, empresas, órgãos públicos, etc; iii) quantos desses computadores foram doados a um segundo usuário (objetivando prolongar a sua vida útil; iv) quantos foram descartados junto com o lixo urbano ou no meio ambiente; v) quantos foram descartados através de sistema de coleta de resíduos sólidos adequados; vi) quantos foram desmontados parcialmente ou completamente para aproveitamento dos seus componentes ou dos materiais contidos neles.

Construir uma estimativa da quantidade em toneladas de todo esse e-waste é uma tarefa relativamente simples, como o peso individual de um desktop com monitor Cathodic Ray Tube (CRT) ou Liquid Crystal Display (LCD) em média corresponde a 26 e 6 quilos respectivamente, e um notebook em média pesa 3 quilos de acordo com Ijgosse (2012) e Unep (2009).

Utilizando como base para cálculo o peso de um desktop com LCD, característica predominante da configuração de um microcomputador do período de vendas apurado nesta amostra e de um notebook, seria possível estimar que o País inicia 2014 com uma montanha entre 226.000 (considerando o cenário “B” de geração de computadores obsoletos) e 350.000 (cenário “A”) toneladas de resíduos sólidos oriundos exclusivamente de computadores.

4.5 SUBSTÂNCIAS TÓXICAS E RECUPERAÇÃO DE

RECURSOS NO E-WASTE.

Globalmente, o Unep (2011) estima que entre 20 e 50 milhões de toneladas de e-waste são descartados a cada ano, isso representaria 5% de todos os resíduos sólidos urbanos. Estes 5% são formados de várias categorias de produtos elétricos e eletrônicos, tais como: equipamentos informáticos e de telecomunicações; eletrodomésticos diversos, grandes e pequenos; produtos de iluminação; brinquedos e equipamentos de esporte e lazer; instrumentos de monitoramento e controle; ferramentas elétricas e eletrônicas, entre outros. Considerando os cálculos das estimativas de toneladas de e-waste do País para início de 2014, apresentadas antes, os equipamentos informáticos (desktop e notebook) corresponderiam a algo em torno dos 26% a 35% do total da composição do e-waste gerado no Brasil, conforme apresentado no Gráfico 6.

De acordo com o IPEA (2012) entre o período de 2000 e 2008 a geração de resíduos sólidos per capita do brasileiro se manteve estável em 401,5 kg. As nossas projeções de cálculos de e-waste demonstradas antes (considerando apenas desktop e notebook) apontam para uma geração desse tipo de resíduo em torno das 350.000 toneladas no ano de 2013. Isso significa uma geração per capita de pouco mais de 1,84 kg de e-waste, considerando o último Censo Demográfico do IBGE84 que totalizou 190 milhões de brasileiros.

Em uma primeira análise pode parecer um valor baixo que não merece maiores preocupações, mas essa impressão deve ser logo descartada. Como foi dito antes, existe uma tendência de crescimento muito forte no consumo de eletrônicos nos próximos 10 anos, principalmente, em países emergentes e populosos como a China, Índia e Brasil. Também não é pouco quando se trata apenas de um tipo de resíduo sólido em meio a uma montanha diversa de outros itens eletroeletrônicos. Além disso, é um grande problema de gestão pelos seguintes motivos: representa um grande volume de dispositivos indesejados que está presente em todos os lugares; tem uma composição complexa e carregada de elementos e toxinas perigosas; envolve dispendiosos processos para desmontar ou destruir com segurança; flexibilidade ou até ausência de normas que regulem os fluxos transfonteiriços dos resíduos; adoção de exportações irregulares como solução mais rentável, ainda que violem leis e tratados ambientais internacionais; presença de substâncias tóxicas com potencialidade para contaminação humana e do meio ambiente.

Discussões sobre tecnologias de reciclagem devem incluir o tratamento adequado dos elementos perigosos contidos no e-waste para evitar impactos ao meio ambiente e à saúde das populações. A aplicação de tecnologias inovadoras, limpas, não perigosas e sustentáveis no processamento do e-waste deve ser avaliada como um fator crítico de sucesso, uma vez que seu uso poderia minimizar a liberação de substâncias ainda mais tóxicas no meio ambiente. Logo, operações como a reciclagem ambientalmente correta poderia representar uma contribuição valiosa para garantir o equilíbrio ambiental, principalmente em épocas de diminuição dos estoques de recursos naturais como a que se apresenta no cenário da sociedade moderna. A reciclagem formal, sem dúvida, é uma atitude positiva por ter a capacidade de minimizar a