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Os think tanks, portanto, faz muito sentido nas sociedades modernas que por

4 GESTÃO DO E-WASTE: ORIGENS E CENÁRIOS,

4.6 TECNOLOGIAS DE RECICLAGEM DO E-WASTE.

Como vimos anteriormente, a gestão do e-waste tanto pode evitar sérios danos ambientais como também promover a recuperação de recursos naturais. No relatório UNEP (2009) é apresentado o processo de reciclagem do lixo eletrônico, sendo ele composto por três etapas principais e subsequentes (Figura 22):

i) coleta do e-waste: processo de fundamental importância para o estabelecimento de uma cadeia de reciclagem, é desse processo que nasce todo o sistema de reciclagem, ele é o motor que determina a quantidade de material que está realmente disponível para a recuperação. Se não forem coletados dispositivos simplesmente não existirá a matéria- prima para a desmontagem, para o pré-processamento e para as instalações de processamento final. Além disso, outras atividades como a identificação de fontes geradoras, para tornar o processo de aquisição da matéria-prima perene, e a existência de espaços apropriados para armazenamento dos resíduos fazem parte desta fase. ii) triagem, desmontagem e pré-processamento: têm por

objetivos a separação de materiais ao encaminhamento dos mesmos para os processos de tratamento subsequenciais adequados. As substâncias perigosas são identificadas e removidas para receberem o tratamento necessário de maneira ambientalmente segura. O material valioso precisa ser retirado para reutilização ou para ser encaminhado a processos de recuperação eficientes. Por exemplo, placas

de circuito impressos (PCI) presentes em equipamentos de TIC contêm a maior parte dos metais preciosos e especiais. Eles podem ser removidos dos dispositivos no processo de desmontagem manual, trituração ou uma combinação de ambos. Mas a remoção manual das PCI dos equipamentos antes de trituração pode evitar perdas de metais preciosos e especiais, o que pode vir a favorecer a obtenção de vantagens econômicas. Entretanto, alguns dispositivos eletrônicos, por serem pequenos e muito complexos, inviabilizam sua desmontagem, como telefones celulares por exemplo. Neste caso, devem seguir diretamente para a próxima etapa – o processamento final – para recuperação dos metais. Segundo Conde, Xavier e Frade (2014) a triagem objetiva também identifica equipamentos que podem ser encaminhados para reuso ou remanufatura. Nesta etapa é possível identificar equipamentos passíveis de recondicionamento e reutilização que submetidos à remanufatura com a substituição de peças podem ter seu tempo de vida útil estendido. Para realizar a triagem é exigida a mão de obra de um profissional técnico em informática ou eletrônica que avaliará a funcionalidade do equipamento, definindo as necessidades do reparo ou manutenção

iii) o processamento final (refinação e eliminação) de metais a partir dos resíduos vindos da etapa de pré-processamento são separados em três processos principais. As frações de resíduos ferrosos são destinadas às usinas siderúrgicas para recuperação do ferro. As frações contendo alumínio têm destino semelhante, fundições de alumínio. Os demais resíduos contendo frações, por exemplo, cobre, chumbo e PCIs seguem para fundições especializadas em metais integrados que recuperam os metais, inclusive, os preciosos e outros metais não ferrosos.

Figura 22 – Processo de reciclagem do e-waste.

Fonte: UNEP (2009, p.13).

Para cada uma das etapas se faz necessária a existência de recursos especializados, sejam eles humanos ou tecnológicos, para que seja atingida eficiência em toda a cadeia, e a eficiência final fica dependente de cada etapa e da forma como as interfaces de gestão entre os passos tornem-se interdependentes.

Quadro 23 – Tecnologias de reciclagem do e-waste.

Desmontagem

Triagem

Remoção de componentes tóxicos ou valorizados

Separação por tipos de resíduos Descaracterização Caracterização de materiais Pr é- Pr oc es sa m en to Beneficiamento (concentração de materiais)

Processamento Físico: moagem; separação granulométrica; separação magnética; separação eletrostática; separação por meio denso; flotação; atrição e elutriação. Processamento Metalúrgico: hidrometalurgia

ou lixiviação; pirometalurgia; biohidrometalurgia ou biolixiviação. T ec no lo gi as in ov ad or as d e re ci cl ae m d o e- w as te Pr oc es sa m en to F in al Refino (concentração de minérios) Processamento eletroquímico Processamento eletrometalúrgico Extração por solvente

Metalurgia integrada (processamento state-of- the-art)

Fonte: O autor a partir de Unep (2009); Moraes et. al. (2014) e Conde, Xavier e Frade (2014).

Depois de coletados (logística ativa) ou recebidos (logística passiva) (CONDE; XAVIER; FRADE, 2014) são empregadas diversas tecnologias para o tratamento dos resíduos eletroeletrônicos. Para cada uma das etapas (Figura 22) foram organizadas e apresentadas as tecnologias de reciclagem (Quadro 23) divididas em dois estágios: tecnologias de pré-processamento e processamento final.

As técnicas utilizadas no tratamento para recuperação de materiais dos resíduos eletroeletrônicos precisam cuidar para que componentes tóxicos sejam processados sem comprometer o meio ambiente e, também, que haja no processo a recuperação econômica de recursos materiais. Trata-se da interligação de duas dimensões importantes, a ambiental e a econômica tendo por finalidade a ecoeficiência.

Tecnologias aplicadas aos resíduos eletroeletrônicos que se propõem a alcançar o objetivo da ecoeficiência foram esboçadas no Quadro 24. São tecnologias que englobam as etapas de pré- processamento e até as tecnologias de processamento final de resíduos. Entendemos que o Brasil, um país emergente que já possui uma indústria em estágio de desenvolvimento, já teria capacidade técnica e econômica para desenvolver uma indústria que envolve tecnologias de pré-processamento de resíduos eletroeletrônicos. E na sequencia poderia dar início às análises para o desenvolvimento de usinas de processamento integrado do e-waste, estas empregando tecnologias avançadas de processamento final.

Quadro 24 – Tecnologias aplicadas a reciclagem do e-waste.

Moagem – método de ação mecânica de redução de tamanho ou cominuição para promover a liberação de materiais presentes em minérios, resíduos e sucata.

Separação Granulométrica – tecnologia utilizada para separar populações de partículas com tamanhos diferentes mediante a passagem dos resíduos pós cominuição por uma série de gabaritos com aberturas fixas e pré- determinadas. Conhecidas como peneiras essas estruturas podem ser fixas, vibratórias inclinadas e horizontais.

Separação Magnética – método que reage por ação de campo magnético aplicado às frações magnéticas dos resíduos. Os materiais podem ser classificados em três categorias de acordo com a reação ao campo magnético: os que são repelidos pelo campo magnético; os que são atraídos fortemente e os que são atraídos levemente pelo campo magnético.

(Continuação Quadro 24).

Separação Eletrostática – método que se utiliza de algumas das propriedades dos minérios como: condutividade elétrica; susceptibilidade em adquirir cargas elétricas superficiais; forma geométrica e densidade. Os resíduos são separados em material condutor e não condutor de eletricidade, além de uma fração mista devido a deficiências na liberação do material. Processo Hidrometalúrgico – conhecido também como lixiviação é a

dissolução de metais pela ação de soluções ácidas, alcalinas e salinas que é seguida de métodos de refino. São processos operados a partir da interface entre uma fase sólida com uma fase líquida, sofrendo variações de temperaturas entre 10 ºC a 300 ºC.

Processo Pirometalúrgico – caracterizado pelo uso de altas temperaturas no processamento dos resíduos e transformação dos metais. Na fase metálica os metais estarão em maior concentração, diferentemente dos resíduos cerâmicos que ficam concentrados na escória e os polímeros são degradados termicamente por meio da quebra de ligações químicas das cadeias orgânicas através do calor.

Processo Biohidrometalúrgico – conhecido também como biolixiviação opera a lixiviação dos metais a partir da ação de micro-organismos por meio de reações de oxirredução. Vantagens são elencadas em relação à hidrometalugia convencinal como: economia de insumos; simplicidade nas instalações e não exigência de operadores especializados. Técnica considerada eficiente para o tratamento de minérios como ouro e cobre contidos em e-waste como as PCIs, também recebe o crédito de ser um processo ecologicamente limpo quando comparado com processos pirometalúrgico por prevenir emissões gasosas de dioxinas e furanos, que são substâncias tóxicas e cancerígenas (XAVIER et al. 2012). Entretanto, a UNEP avalia esse processo como imaturo, estaria ainda em fase de pesquisas e ainda não é aplicado na cadeia de produtiva de reciclagem do e-waste (UNEP, 2009).

Processo Eletroquímico – precipitação ou cementação, envolve reações químicas de dupla troca entre um metal na forma solúvel e uma substância óxida formando um sólido desse metal.

Processo Eletrometalúrgico – técnica de eletro-obtenção, é aplicada à purificação metálica na qual um sal metálico em solução sofre redução através de um catodo usando corrente contínua. Nesta técnica são utilizados catodos e anodos, na qual um deles é inerte e o outro é feito do metal a ser recuperado, que pode ser derivado de um processo de lixiviação preliminar ou pela adição de sais metálicos na solução de eletro-obtenção.

Extração por solvente – é um processo de separação líquido-líquido que utiliza solventes orgânicos possibilitando a recuperação de metais a partir de compostos com os sais de alguns metais.