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Terminada a gestão da então petista Luiza Erundina na prefeitura de São Paulo, em 1993 assume como prefeito Paulo Maluf e, posteriormente, em 1997, Celso Pitta, na qual suas administrações se caracterizaram pela centralização das ações da administração municipal e o cerceamento da participação popular, conseqüentemente, estagnando o processo democrático participativo iniciado na administração municipal anterior.

Nesse período administrativo, com fortes linhas conservadoras, não foi dada continuidade às audiências públicas orçamentárias que tinham sido implementadas pelo governo petista anterior, 1989/1992, já visto no primeiro capítulo, ficando caracterizado que as decisões e elaboração da peça orçamentária ficasse sob a responsabilidade dos Poderes Executivo e do Legislativo sem a participação da população.

A criação das subprefeituras também não foi concretizada conforme estava determinado pela LOM (Lei Orgânica do Município), embora tenha sido elaborado no governo Pitta, em seu último ano de gestão, um projeto nesse sentido, mas não foi aprovado pela Câmara Municipal.

Em 2000, o cenário para as eleições municipais foi muito propício à candidatura de Marta Suplicy, que tinha tido um desempenho muito bom em 1998 ao disputar o Governo do Estado, chegando bem perto de passar para o segundo turno.

A cidade de São Paulo passava por um processo de esgotamento da opinião pública a respeito das recentes histórias de corrupção que assolaram a administração municipal do Governo Celso Pitta e a Câmara Municipal, motivando, em 1998, a criação da CPI (Comissão parlamentar de Inquérito) denominada “Máfia dos Fiscais”, amplamente divulgada pela imprensa, que

ocasionou na cassação dos mandatos e, também, decretada a prisão dos vereadores Vicente Viscome, Maeli Vergniano e o deputado estadual Hanna Garib, todos do PPB26 (Partido Progressista Brasileiro), sendo que Viscome ainda cumpre pena. Nesse período eleitoral, a população passou a exigir maior transparência da gestão pública e ética na política. 27

Em agosto de 1999, o Diretório Municipal do PT tomou a iniciativa de criar o Instituto Florestan Fernandes (IFF) com a finalidade de elaborar estudos e propostas em políticas públicas através do amplo debate aberto a todos que desejassem contribuir com idéias e experiências para subsidiar a campanha de Marta Suplicy a prefeitura de São Paulo.

Entre 1999 e 2000, a casa da Rua Catalão nº 67, sede do IFF naquela época, passou a ser um centro de produção de idéias, realização de reuniões, debates, seminários todos os dias da semana, se tornando o principal ponto de referência da campanha.

O IFF tinha como presidenta a própria Marta Suplicy, Vice-Presidente - Aziz Ab’ Saber, Secretário Geral - Félix Sánchez, Coordenador de Projetos - Sérgio Amadeu e como Secretária Executiva - Maria Teresa Augusti.

Também tiveram grande contribuição, a urbanista Raquel Rolnik, a educadora Rose Pavan, Brani Kontic, Amir Kair entre outros.28

A estrutura organizacional do IFF estava dividida em seis áreas temáticas: Política Urbana e Metrópole; Gestão Pública, Participação e Cidadania; Desenvolvimento Econômico; Financiamento Público e Orçamento Municipal; Políticas Sociais; Cultura e Comunicação.

26 Posteriormente mudou o nome para PP (Partido Progressista).

27 Em julho de 2006, Celso Pitta foi indiciado na 2º Vara Criminal Federal de São Paulo pelos crimes:

lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, evasão de divisas e corrupção. Fonte: Jornal Folha de São Paulo, 20 de julho 2006, pg. A 15

28 Nesse período o autor dessa dissertação coordenou a área de pesquisa do Instituto e o grupo de discussão

O IFF desenvolveu as principais propostas do plano de governo da então candidata Marta Suplicy à prefeitura paulistana, podendo destacar, o OP, projeto das Subprefeituras, Renda Mínima, Inclusão Digital, esse último através da iniciativa inovadora do Projeto SAMPA.org implantado no distrito de Campo Limpo, além das áreas de educação, urbanismo, finanças, saúde entre outras, que contribuíram para melhorar qualitativamente os debates sobre as eleições municipais naquele ano.

As principais bandeiras de campanha do PT acenavam para a democratização da gestão pública, podendo citar, a descentralização de diversas funções para as subprefeituras, a criação de novos Conselhos Setoriais, conforme já visto no primeiro capítulo, os tele centros como proposta de inclusão digital a partir da concepção participativa da sociedade civil, o Programa de Renda Mínima, o Orçamento Participativo e o Plano Diretor29.

Em 2001, Marta Suplicy é eleita prefeita da cidade de São Paulo pelo PT em coligação com os partidos PC do B (Partido Comunista do Brasil), PCB (Partido Comunista Brasileiro) e PHS (Partido Humanista da Solidariedade), ao concorrer no segundo turno com Paulo Maluf, candidato do PP (Partido Progressista).

Na Câmara Municipal a coligação que apoiou Marta Suplicy elegeu 19 vereadores, sendo 16 pelo PT e 3 do PC do B, tornando assim, a maior bancada de parlamentares para dar uma base de sustentação a prefeita.

No decorrer do Governo Marta Suplicy foram ampliadas as alianças com outros partidos, principalmente o PSB (Partido Socialista Brasileiro) da ex prefeita Luiza Erundina que conseguiu eleger 2 vereadores, totalizando então, 21 parlamentares da base de apoio a prefeita, ficando abaixo dos 28 necessários para a votação de projetos sem a prévia negociação entre Executivo e

29 A Lei do Plano Diretor foi aprovada em 13 de setembro de 2002, conforme o Estatuto da Cidade (2000),

que determina a sua realização em todos os municípios com mais de 20 mil habitantes (Teixeira e Tatagiba: 2006, 63).

Legislativo. No quadro 1 está ilustrada a composição da Câmara Municipal em 2001. QUADRO 1 VEREADORES ELEITOS EM 2001 VEREADOR VEREADOR

PT

Nabil Georges Bonduki Jose Laurindo de Oliveira Antonio Augusto O. Campos João Antônio da Silva Filho Lucila Pizani Gonçalves Adalberto Angelo Custodio Aldaiza de Oliveira Sposati Adriano Diogo

Jose Eduardo M. Cardozo Arselino Roque Tatto Devanir Ribeiro

Carlos Alberto Pletz Neder Vicente Cândido da Silva José Mentor

Italo Cardoso de Araujo Carlos Alberto Giannazi

PC do B

Alcides Amazonas

Anna Maria Martins Soares

PL

José Viviani Ferraz

Vanderlei Ricardo Jangrossi Antonio Carlos Rodrigues

PMDB

Milton Leite da Silva Jose Olimpio Silveira Moraes Carlos A. Eugênio Apolinário Antonio Goulart dos Reis Miriam Athie

Jooji Hato

PPS

Raul Siqueira Cortez Júnior Roger Lin

PRONA

Havanir T. de Almeida Nimtz Antonio Paes da Cruz

PSB

Rubens Wagner Calvo Antonio Lauro Campanha

PSD

José Rogério Shkair Farhat

PTB