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OP, Secretaria do Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade e os Programas Sociais

A SDTS foi implantada em meados de julho de 2001 tendo como principais objetivos, dar continuidade aos programas sociais Renda Mínima, Bolsa Trabalho e Começar de Novo, que foram iniciados em abril daquele ano, como também, fomentar e articular ações alternativas para a população de baixa renda excluídas do mercado de trabalho.

72 A reunião aconteceu na Associação Casa da Cidade, entidade voltada para o debate crítico com maior

O projeto estabelecido por essa secretaria estava dividido em três etapas interligadas entre si, que eram:

• Programas redistributivos – Renda Mínima, Bolsa Trabalho e Começar de Novo

• Emancipatórios – Oportunidade Solidária, Banco do Povo • Apoio ao desenvolvimento local

Os programas redistributivos eram a porta de entrada para os demais. Nesse sentido, a proposta estabelecida pela SDTS era de implementar nos 4 anos de Governo Marta Suplicy os três programas sociais em todos os distritos da cidade, o que acabou não ocorrendo.

No primeiro ano da gestão petista os programas sociais redistributivos foram implantados em 13 distritos da cidade, e no segundo ano, em 37 distritos, sobrando então, 46 regiões que não foram atendidas nos dois anos seguintes.

A partir do segundo ano de existência do OP foi incluída no seu Ciclo Territorial, além das áreas de Educação e Saúde, uma terceira opção para a população participante escolher, sendo que, as mais votadas foram: Habitação, Melhoria de Bairros e Programas Sociais. Com essa medida, foi possível então que a população pudesse deliberar pela implantação dos Programas Sociais Renda Mínima, Bolsa Trabalho e Começar de Novo em seus distritos a serem implementados a partir de 2003.

Como os referidos programas estavam alocados na SDTS e, com a inclusão deles como opção de escolha do cidadão paulistano nas assembléias deliberativas do OP, criou-se um conflito entre essa Secretaria e a COP.

A SDTS alegava que tinha um cronograma rígido de implantação dos programas sociais onde os critérios não se compatibilizavam com as demandas do OP. Essa Secretaria considerava os critérios de renda, violência e desemprego como prioritários para a implantação de seus programas sociais e,

dessa forma, apesar da população ter votado neles em alguns distritos, não foi atendida pela SDTS.

O único caso em que ocorreu a inclusão desses programas como demanda do OP foi no distrito da Penha, pelo fato dos mesmos estarem incluídos no cronograma da SDTS e não por vontade da população da região.

No ano de 2003, a COP realizou diversas reuniões com a SDTS solicitando que fosse cumprida essa demanda naquele ano conforme estabelecido pelo Plano de Obras e Serviços elaborado pelo CONOP e o Governo Municipal, porém não teve êxito completo, conseguindo apenas que fosse realizado o cadastro das famílias em 2004, mas sem a efetivação dos programas.

No Jabaquara os programas sociais foram implantados no início de 2002 de acordo com o planejamento já estabelecido pela SDTS no ano de 2001, não sendo então demanda do OP, embora grande parte da população tenha se manifestado na abertura de novos cadastros73.

A participação dessa secretaria nas assembléias do OP restringiu-se apenas ao empenho de seu coordenador representante no Governo Local da Subprefeitura do Jabaquara, que disponibilizou seus estagiários para ajudarem na parte administrativa, visto que ele não se sentia “à vontade” de fazer uma apresentação dos referidos programas, pois estaria apenas gerando uma expectativa na população de algo que não seria possível se concretizar74.

Também foi possível detectar a falta de interesse pelos demais técnicos da SDTS, que eram responsáveis por outras regiões, em participar e contribuir de alguma forma com as assembléias do OP.

73 Nota: A SDTS tinha traçado uma estratégia de implantação dos programas sociais, na qual ficou

determinada que ao terminar a etapa dos cadastros em cada distrito, não seriam permitidas a inclusão de novas famílias.

74 Nas Assembléia do OP, as Secretarias responsáveis pelas áreas de Educação, Saúde, Habitação, Melhoria

de Bairros e Programas Sociais tinham que fazer uma apresentação de seus projetos para a população antes da votação.

Em uma reunião, realizada em 2002 na SDTS, envolvendo os assessores técnicos que coordenavam os programas sociais nos Governos Locais e a então chefe de gabinete desta secretaria, foi questionado, por dois deles, a posição centralizadora que a SDTS estava adotando em relação ao OP .

A então chefe de gabinete lhes respondeu que, se em algum distrito fosse priorizado, como demanda do OP, a inclusão dos programas sociais, eles só seriam atendidos caso estivessem no cronograma já estabelecido pela SDTS e, caso algum distrito que já estivesse contemplado deliberasse, por meio do OP, novos cadastros, também não seriam acatados por aquela pasta75.

O fato destes dois assessores estarem muito envolvidos com seus governos locais e o OP, naquele momento a relação com a os demais colegas passou a ser muito conflituosa, tendo em vista que, estes representantes da SDTS nos governos locais não estavam afinados com a concepção participativa que a gestão petista estava implantando no governo municipal. Para eles, participar das negociações locais do OP significava mais trabalho a acumular no seu dia a dia, sendo muito mais fácil descaracterizar o OP.

A Coordenação dos três programas sociais76 colocou vários obstáculos para o assessor responsável pela coordenação dos mesmos na Subprefeitura Jabaquara, no sentido de que ele não participasse das reuniões daquele Governo Local. Em um certo momento, as coordenadoras decidiram nomeá-lo também como representante da Subprefeitura Vila Maria -Vila Guilherme, na Zona Leste, mesmo sabendo que as reuniões desses dois governos locais eram realizadas as segundas feiras na parte da manhã.

Por diversas vezes na reunião do Governo Local do Jabaquara, esse coordenador foi cobrado pelo subprefeito Odilon Guedes sobre a posição da SDTS. Guedes chegou a enviar um ofício para o Secretario da SDTS solicitando

75 O presente pesquisador era responsável por representar a SDTS na Subprefeitura do Jabaquara e foi um dos

dois coordenadores que posicionou essa preocupação na reunião.

76 Para cada programa social existia uma Coordenadora responsável, sendo que os coordenadores que

que o coordenador representante daquela secretaria no Governo Local do Jabaquara pudesse participar das reuniões sem os obstáculos que vinha sofrendo.

Este relato dos bastidores da SDTS traz informações bastante esclarecedoras a respeito de como o OP não tinha um caráter prioritário de participação cidadã deliberativa dentro de uma secretaria, ficando refém das diretrizes já estabelecidas dentro do governo, dessa forma, sugere que muito pouco era realmente decidido pela população, e, neste caso, nada era feito por deliberação popular.

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