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Fonte: Santos (2002 : 468) (quadro desenvolvido pelo autor da Dissertação).

Gabinete do Prefeito Secretarias Municipais GAPLAN Gabinete de Planejamento CRC Coordenação das Relações com as comunidades Conselho do OP Comunidade

No caso da cidade de São Paulo, a Secretaria de Planejamento (SEMPLA) poderia fazer a articulação que o Gabinete de Planejamento (GAPLAN) da cidade de Porto Alegre, quadro 5, faz com os demais órgãos de governo.

Sánchez (Rizek, 2003: 12) afirmou que a SEMPLA não tinha condições de viabilizar as demandas da população e, tão pouco, a articulação direta com as demais Secretarias Municipais, como é feito pelo GAPALN de Porto Alegre, porque sua estrutura foi modificada pelos governos anteriores e que a Secretaria de Finanças também não estava preparada para desempenhar essa função.

De acordo com a autora, Sanches enfatizou que a SEMPLA “teve, ao longo das gestões Maluf e Pitta, suas funções alteradas, tornando-se mais uma secretaria de política urbana do que de planejamento da ação governamental”, tornando-se inviável (Rizeck, 2003: 12).

Dessa maneira, toda a articulação intergoverno foi costurada no decorrer dos quatro anos pela COP, ao incluir gradativamente no Conselho do OP novos atores que serão abordados mais adiante.

A ausência da reforma administrativa na administração municipal paulistana, apontada por Vitale, pode ser explicada pelos conflitos políticos encontrados no decorrer da formação do Governo Marta Suplicy que não soube delinear claramente qual deveria ser o papel da participação popular na sua gestão, destacados anteriormente. Trazer a tona do debate os motivos dessa problemática levantada pela autora foi essencial para compreender como o OP transitou nesse circuito de poder, sendo possível afirmar então, que tanto as mudanças estruturais do organograma municipal como o consenso político da gestão em torno do OP eram fundamentais para sua funcionalidade na cidade.

Uma indagação, pertinente no momento, é por que o OP ficou restrito a uma Coordenadoria em vez da criação de uma Secretaria exclusiva para esse programa de governo?

Caberia problematizar se o status de Secretaria poderia trazer uma maior visibilidade política, com funções autônomas de planejar e executar suas ações, além de toda a estrutura técnica, materiais, recursos humanos em maior número e um orçamento mais robusto, ou seja, tornar o OP independente de uma outra estrutura de Governo, ou de outra Secretaria.

Mas nem sempre isso é verdadeiro, pois a estrutura de uma Secretaria não significa que ela terá mais recursos financeiros, humanos e materiais. Isso irá depender da estratégia do Governo Central Municipal, caso o projeto seja de interesse do governante, certamente essa Secretaria terá um orçamento e visibilidade política maior do que outras.

Uma Coordenadoria tem a atribuição de pensar, elaborar, propor, articular políticas públicas para determinado segmento ou setor, raramente com a função de execução de projetos, além, da falta de toda a estrutura física, material e humana que uma Secretaria possui, e, também, o baixo orçamento que lhe é destinado.

Contudo, é importante ressaltar que o valor da dotação orçamentária, depende muito mais das prerrogativas de projeto do Governo Central Municipal.

De acordo com Sánchez45, embora não tivessem a estrutura de uma Secretaria, o orçamento da COP era de quase 2,5 milhões de reais por ano, sem contar a folha de pagamento.

Conforme relato do entrevistado, foi decidido que o OP ficasse com o status de Coordenadoria, porque a criação de uma Secretaria levaria muito tempo o que dificultaria sua implantação, além do que, era necessário incorporar um conjunto de funções administrativas.

Sanches ainda enfatizou que se fosse criada uma Secretaria para o OP existiriam mais funções técnicas e políticas do que em uma Coordenadoria, mas ao optar pela segunda foi facilitada a implantação do OP já no primeiro semestre de governo o que não seria possível caso escolhessem a primeira opção.

Outro agravante era o fato de que caso o OP possuísse sua própria Secretaria poderia gerar uma ação de confronto com as demais, porque provavelmente não seria acolhido como ação central do Governo Municipal.46

Sendo assim, é possível constatar que apesar de toda a estrutura de funcionamento arquitetada por Sánchez e sua equipe não estivesse prevista nos limites de uma Coordenadoria, resolveu-se implementar o OP, assim mesmo, e a partir daí exigir recursos e condições de execução do programa do que brigar e se desgastar politicamente pela criação de uma Secretaria.

De acordo com Márcia R. Victoriano,47 a cerca do OP, “esse

programa acabou não assumindo um caráter prioritário entre as políticas públicas municipais, como parecia ser sua promessa no início do governo de Marta Suplicy”.

Na sua opinião, ainda, se o OP de São Paulo fosse uma prioridade do “núcleo duro do governo”, como ocorreu em Porto Alegre, o debate sobre a criação de uma Secretaria ou de uma estrutura institucional mais robusta para a COP se imporia com mais facilidade, como decorrência da necessidade de

46 Essa hipótese pôde ser testada ao fazer uma reflexão da implementação dos Programas, Renda Mínima

(PRM) Bolsa Trabalho (BT) e Começar de Novo (CN) na Cidade de São Paulo, que em seu primeiro

momento não estavam alocados em nenhuma Secretaria e foi bem aceito pelos Governos Locais para a cessão de funcionários e toda estrutura tecnológica existente para a realização das várias etapas do processo que eram: Cadastro, Convocação dos aprovados para assinatura dos termos de compromisso com o programa, entrega dos cartões magnéticos pelo Banco do Brasil. A medida em que foi criada a Secretaria

Desenvolvimento Trabalho e Solidariedade (SDTS) e o referidos programas passaram a fazer parte dessa Secretaria, muitos Governos Locais deixaram de dar o apoio necessário á eles. A Secretaria de Assistência Social (SAS) em diversas oportunidades através de seus técnicos e até de seu Gabinete passaram a não dar prioridade nessa ação de Governo visto que não pertencia a sua alçada. No terceiro ano de Governo essa Secretaria passa a apoiar o Programa Renda Cidadã do Governo do Estado de São Paulo, um programa similar mas menos efetivo do que o PRM, ao realizar o cadastro das famílias pela cidade, ficando evidente a sobreposição dos dois programas.

47 Entrevista realizada pelo autor da dissertação em fevereiro de 2006. (Márcia R. Victoriano é Socióloga e foi

aprimorar o processo de participação e de deliberação cidadã, além do reforço à atribuição de negociação intersecretarial e intersetorial para a elaboração orçamentária participativa.

Sánchez48 afirmou que o Gabinete da Prefeita “deu pouco apoiou a COP”, se preocupando mais com a “parte mais política da gestão do governo”, e põe em dúvidas até que ponto o compromisso desse núcleo de poder conseguia se colocar de uma forma mais clara e de apóio a proposta do OP.

Victoriano 49 afirmou que “internamente à gestão (secretarias e

subprefeituras) não havia quem se posicionasse contra o OP – salvo algumas diferenças metodológicas -, mas era perceptível que esse programa não tinha o mesmo apelo à maioria dos gestores que os Programas Sociais, principalmente, o Renda Mínima”.

Essa afirmação é importante, pois de fato o Programa de Renda Mínima em seu desenho inicial, elaborado pelo Instituto Florestan Fernandes, tinha como ponto de partida não estar alocado a nenhuma Secretaria para que fosse implantado como um projeto estratégico e prioritário do Governo Central Municipal.

Porém, com o início dos cadastros foi constatada a importância de alocar o referido programa em uma Secretaria, sendo então criada e implantada, já no mês de agosto de 2001, primeiro ano de governo, a Secretaria de Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade, tendo como seu Secretário, o economista e pesquisador da UNICAMP Marcio Pochman.

48 Entrevista realizada pelo autor da dissertação em 20 de abril de 2006. 49 Entrevista realizada pelo autor da dissertação em fevereiro de 2006.

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