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CONSELHO DO ORÇAMENTO PARTICIPATIVO DE S.PAULO BALANÇO DO PROCESSO DO ORÇAMENTO PARTICIPATIVO

Relatório: Diagnóstico do Ciclo Temático 2004 do OP de São Paulo

CONSELHO DO ORÇAMENTO PARTICIPATIVO DE S.PAULO BALANÇO DO PROCESSO DO ORÇAMENTO PARTICIPATIVO

25 de agosto de 2001 Secretaria Municipal da Saúde

Orçamento Participativo

Considerações sobre o Orçamento da Secretaria Municipal da Saúde

Receitas Orçamentárias: 0 orçamento estimado da Secretaria para 2002 é de R$ 1.350.000,00 (um bilhão trezentos e cinqüenta milhões de reais). Este total corresponde a basicamente duas fontes de receitas: as do Tesouro Municipal e as de Transferências Federais. 0 Tesouro Municipal deve por lei repassar 15% da receita de impostos (Emenda Constitucional no; 29), o que corresponde, no caso de São Paulo, a R$ 1.100.000,00 (um bilhão e cem milhões de reais). Os outros R$ 250 milhões correspondem a transferências federais realizadas por conta do Sistema único de Saúde - SUS.

O SUS, instituído pela Constituição de 1988, organiza as ações de saúde do ponto de vista do quê cada esfera de governo (federal, estadual OU municipal) deve fazer em termos de ações de saúde e de quais são as fontes de financiamento destas ações. Uma das principais diretrizes do SUS é a descentralização, ou seja, a determinação de que os governos locais assumam a gestão das ações de saúde. Apesar de o SUS já estar em vigência há alguns anos, São Paulo estava fora do SUS, porque tinha optado por um outro modelo de atenção à saúde, o PAS, contrariando inclusive a Constituição. Estando fora do SUS, o Município deixou de receber um grande volume de dinheiro ao longo dos anos. Mas já a partir deste ano, São Paulo pleiteou sua admissão no Sistema (aprovada em fevereiro de 2.001), e passou a receber recursos. Conforme a cidade se organiza e amplia suas responsabilidades como gestor do SUS, ela passa a receber mais recursos, e é nesse sentido que o Governo Municipal tem orientado sua ação.

Despesas Orçamentárias: A forma como os recursos são gastos na Saúde é definida por uma série de regras e também pelas próprias características da Secretaria. Em primeiro lugar, uma vez que a saúde se resume basicamente a serviços prestados na rede, é natural que o número de funcionários seja grande, e conseqüentemente o gasto com os salários. A Secretaria Municipal da Saúde conta hoje com 32 mil funcionários, número considerado baixo para o tamanho da cidade. Destes, a maior parte encontra-se prestando serviços na rede, que demandam muita mão de obra. Assim, dos R$ 1.350.000,00 de recursos do Orçamento, cerca de R$ 550 milhões (mais de 40%) correspondem a despesas de pessoal, e se considerarmos as despesas com vale-transporte e vale-refeição, este valor salta para R$ 600 milhões, atingindo quase 45% do Orçamento.

Outro item que apresenta rigidez é o de despesas de custeio, porque a atividade de fornecer serviços de saúde demanda uma série de gastos com material médico-hospitalar, medicamentos, compras de kits para exames etc. Só na manutenção dos 14 hospitais (incluindo aí o Hospital do Servidor Público Municipal), a Prefeitura deverá gastar cerca de R$ 228 milhões (17% do Orçamento), sem contar aí os gastos com pessoal que trabalha nos Hospitais. De material médico hospitalar, prevê-se um gasto de R$ 155 milhões (11% do Orçamento), que deverá abastecer Hospitais e demais unidades de saúde.

Com relação às transferências federais pela nossa participação no SUS, contamos com alguns recursos que vêm na forma de convênios, ou seja, o Município se compromete a implantar determinado programa, que contém uma série de ações e atividades. É assim no caso do Programa de Saúde da Mulher e no Programa de DST/AIDS, nas ações de Vigilância Epidemiológica (combate à dengue etc.) e outros convênios que deverão ser firmados com o Ministério da Saúde, sempre prevendo ações repasses federais em contrapartida a ações desenvolvidas pela Secretaria Municipal da Saúde. Os recursos que vêm sob a forma de convênios foram

orçados em cerca de R$ 50 milhões para 2.002.

Finalmente, outro item importante de gasto é o Programa Saúde da Família (PSF). A implantação do PSF também recebe algum apoio financeiro no âmbito do Sistema único de Saúde, implicando em transferências federais. No entanto, seu custeio tem de ser complementado com recursos do Tesouro Municipal. Para o PSF prevê-se uma alocação de recursos da ordem de R$ 140 milhões (cerca de 10% do Orçamento), mas este dinheiro depende de quantas equipes de Saúde da Família o Município conseguirá implantar. A meta é que até o final de 2002 estejam atuando 800 equipes de saúde da família (seriam 300 equipes até o final de 2001 e mais 500 equipes em 2002). Um volume adicional de recursos da folha de pagamento também acabará -

custeando o PSF, porque parte dos médicos, enfermeiros e auxiliares de enfermagem que compõem as equipes deverá sair do próprio quadro hoje existente na saúde.

Com relação aos recursos de investimento, uma vez que as despesas de pessoal e custeio são rígidas, acaba sobrando muito pouco para investir. No Orçamento de 2002, prevê-se investimentos da ordem de R$ 40 milhões. Isto inclui R$ 17 milhões para construção de unidades (R$ 10 milhões para o início da construção de 2 hospitais mais R$ 9 milhões para a construção de 12 unidades de saúde, sendo que, destas, 2 são correspondentes a empréstimos do Banco Mundial cujos repasses estavam interrompidos, uma vez que - requeriam uma série de ações por parte do Município. A Secretaria está retomando estes trabalhos e estará -

habilitada em 2.002 a receber os recursos correspondentes à construção destas unidades. É importante perceber que há limites para construir novas unidades não apenas no sentido de que “não há dinheiro para investir”, mas também porque construir unidades implica em equipá-las, colocar recursos humanos para trabalhar nelas e mantê-las do ponto de vista de limpeza e vigilância. Uma unidade básica equipada custa em torno de R$ 1 milhão. Do ponto de vista de pessoal, uma vez que é uma diretriz fundamental da Secretaria implantar o Programa Saúde da Família, podemos supor que todas as novas). unidades deverão abrigar equipes de Saúde da Família. Cada unidade pode ter de 6 a 7 equipes (cada equipe tem um médico, um enfermeiro, 2 auxiliares de enfermagem e de 5 a 6 agentes comunitários), mais algum pessoal de apoio. Tudo isso tem um custo para a Prefeitura, que varia muito em função do salário base de cada um desses Servidores (além disso, caso os médicos e enfermeiros da rede não sejam suficientes para implantar a quantidade de equipes que a Secretaria pretende - 800 até o final de 2002), existe a possibilidade de contratação de pessoal de fora, (o que implica um custo adicional superior).

Informações sobre os critérios de carência das 3 prioridades da cidade, escolhidas nas assembléias do Orçamento Participativo:

1) Posto de Saúde, Unidade de Saúde, Unidade de PSF

O critério de carência foi construído da seguinte forma (ver tabela ao final do texto):

Para cada Distrito Administrativo, construímos o indicador de População por UBS (dividindo a população pelo -,úmero de unidades) para ver quantas são atendidas por unidade em cada Distrito. Em seguida,

construímos o indicador "carência considerando exclusão por renda", que indicaria a necessidade de construção de UBS comparando a quantidade de pessoas atendidas por UBS com um número ideal de atendimento por UBS de 30 mil habitantes, mas considerando-se Distritos carentes apenas aqueles com índice de exclusão por renda superior a 0,4, sob o entendimento de que é preciso privilegiar a parcela da população mais carente de -recursos financeiros. Isto foi necessário porque, do contrário, regiões como Lapa e Pinheiros, que não contam = grande número de equipamentos públicos de saúde, acabariam indicando uma elevada carência de serviços, quando na realidade se sabe que a grande maioria da população destas regiões não se utiliza do serviço público de saúde.

É importante notar que, apesar de o volume de recursos que está sendo destinado à construção de unidades ser muito pequeno face às demandas que surgiram nas plenárias do orçamento participativo, do ponto de vista das necessidades cidade, o número de equipamentos de saúde não é tão pequeno. Além disso, do ponto de vista técnico, dado que há poucos recursos para investir, a prioridade é reformar as unidades existentes.

Uma última observação: no caso da Administração Regional de Ermelino Matarazzo, não foram atribuídos indicadores de carência, uma vez que os Distritos foram considerados em outras regionais. Caberá ao Conselho do Orçamento Participativo decidir em quais locais serão alocados os recursos para as prioridades destes Distritos, se for o caso.

2) Implantação ou Ampliação de Serviços/Especialidades e Programa Saúde da Família

Neste caso consideramos a exclusão por renda para determinar a carência do serviço. Muitas propostas que pediam simplesmente "mais médicos nas unidades" foram agregadas aqui, e é importante notar que com a implantação do Programa Saúde da Família e a transformação de várias unidades básicas em unidades de saúde da família, uma série de médicos (inclusive médicos especialistas, ou seja, cardiologistas, etc.) que hoje atuam na rede como clínicos serão liberados para prestarem serviços de atendimento de especialidades.

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