• Nenhum resultado encontrado

CENÁrIOS DE FEChAMENTO E PóS-FEChAMENTO A Figura 2 indica uma sequência linear de etapas e marcos de vida

de uma mina. Entretanto, em muitos casos a sequência é inter- rompida durante a operação ou mesmo durante a etapa de im- plantação. A Figura 3 ilustra sequências distintas observadas em algumas minas. À esquerda, o cenário base, que é aqui denominado de fechamento programado, no qual a mina tem atividade ininterrupta, de acordo com o plano de lavra, devidamente atualizado quando necessário.

figura 3: etapas do ciclo de vida de uma mina e cenários de fechamento programado, suspensão temporária e fechamento prematuro. estudo de viabilidade

implantação

operação suspensão temporária

uso futuro desativação

pós-fechamento

Fechamento prematuro

A suspensão temporária ocorre quando, por algum motivo, a empre- sa decide paralisar a produção, com expectativa de retomá-la em um futuro previsível. As razões que levam uma empresa de mineração a suspender a produção em uma mina são várias e podem ser de nature- za econômica, mercadológica, logística ou técnica. Havendo retomada da operação, o encerramento ocorrerá em algum momento futuro de acordo com um plano de fechamento. Durante o período de suspensão, a empresa continua cuidando da área, motivo pelo qual esta etapa tam- bém é descrita como “monitoramento e manutenção”.

À direita da Figura 3 é representado o cenário de fechamento prema- turo, no qual o encerramento da produção acontece antes do progra- mado. Neste cenário, a empresa não tem mais interesse em manter suas atividades e deverá proceder à desativação da mina. Raramente o fecha- mento prematuro é uma decisão tomada durante a fase de operação. Na maior parte das vezes, a empresa decidirá pela suspensão das atividades e avaliará as condições de mercado e outras antes de decidir pelo fecha- mento definitivo.

O fechamento prematuro é muito frequente na mineração. Os moti- vos que conduzem a esta situação são diversos e nem todos estão sob controle ou influência da empresa, conforme sugerido no Quadro 1. O fechamento prematuro deve ser entendido como aquele que ocorre antes da data prevista no Plano de Fechamento (conforme definição do capítulo 4). Os profissionais da mineração convivem com o aumento da vida útil de uma mina, o que, via de regra, ocorre como consequência de investimentos em exploração realizados durante a fase de opera- ção. Como se trata de uma atividade de risco (risco econômico de que os investimentos em exploração não tenham retorno), é prática usual investir o suficiente para identificar uma reserva mineral que garanta a viabilidade econômica de uma mina. Mas o aumento das reservas e a continuidade da vida útil de uma mina não eliminam nem mesmo reduzem os riscos de fechamento prematuro, cujas causas são diversas (Quadro 1).

Quadro 1: principais causas do fechamento prematuro de minas (i) Queda dos preços das matérias-primas minerais

(ii) Redução do mercado para determinados bens minerais por razões de saúde (como o amianto), por competição com outros materiais ou mudanças tecnológicas que levem à obsolescência dos processos industriais que utilizavam certos bens minerais

(iii) Acidentes ou incidentes de operação, como rupturas de barragens de rejeitos rupturas de taludes ou desmoronamento de escavações subterrâneas

(iv) Decisões empresariais decorrentes de venda de ativos, fusões ou aquisições ou mudança de composição acionária

(v) Eventos externos extremos decorrentes de processos geológicos, atmosféricos ou mudanças climáticas

(vi) Mudanças de políticas governamentais, como aumento de impostos, mudanças de legislação ambiental, decisões administrativas motivadas por pressão da comunidade ou decisões judiciais

(vii) Conhecimento geológico insuficiente acerca da jazida

(viii) Erros de projeto que causem dificuldades operacionais ou custos elevados (ix) Fraude ou outras práticas comerciais ilícitas

(x) custos do plano de contingência e das medidas de monitoramento e manutenção durante a suspensão temporára.

fonte: Sánchez (2011)

A prorrogação da vida útil de uma mina leva a atualizações do plano de fechamento, mas se o planejamento de fechamento de uma mina não considerar a possibilidade de fechamento prematuro, estará debilitado. Há dificuldades adicionais na preparação das empresas para o fechamen- to prematuro de minas, como o curto período para implementação de programas de desativação, a necessidade de se adiantarem medidas de reabilitação ambiental e os problemas socioeconômicos para a comuni- dade local. O fechamento prematuro de uma mina sem que a empresa esteja devidamente preparada pode trazer consequências negativas para a comunidade, para o ambiente e para a própria empresa.

O planejamento também deve considerar os cenários para o período pós-fechamento. Nessa etapa são executadas ações como monitoramen- to, manutenção da área, vigilância e programas sociais, visando atingir os objetivos de fechamento. Os principais cenários pós-fechamento são dois:

Cuidado permanente, quando se requer a presença da empresa para executar as ações necessárias para se atingir os objetivos de fechamento e que podem perdurar por vários anos, sendo a situ- ação mais citada a operação de sistemas de tratamento de águas ácidas proveniente de pilhas, barragens e lagos de cavas. Este cená- rio também é conhecido como de “cuidado ativo”;

Cuidado temporário ou transitório, quando as ações necessárias se restringem a tarefas como inspeções, monitoramento ambiental e geotécnico, serviços de reparação de sistemas de drenagem, de manutenção de áreas revegetadas e outros, e podem ser inteira- mente conduzidos durante a etapa pós-fechamento. Este cenário usualmente requer ações episódicas ou poucas visitas à área, mas pode requerer vigilância contínua. Os sistemas conhecidos como de “tratamento passivo” – a exemplo de alagados para controle de drenagem ácida e de atenuação natural, barreiras reativas e outras medidas de remediação de áreas contaminadas são muitas vezes denominadas de “cuidado passivo”.

O cenário de cuidado permanente deve resultar em compromisso con- tratual ou legal de transferência de responsabilidade pela continui- dade das ações requeridas para o novo responsável pela área, após a transferência de custódia. Já o cenário de cuidado temporário facilita a transferência de custódia, uma vez que o novo responsável não herdará obrigações significativas de cuidado da área. Por isso, é importante es- tabelecer critérios que permitam diferenciar as situações que necessitam de cuidado permanente daquelas que podem ser gerenciadas mediante cuidados temporários.

RECOMENDAÇõES DE

Documentos relacionados