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envolver as partes interessadas no monitoramento pós-fechamento

No documento Guia para Planejamento do Fechamento de Mina (páginas 125-130)

Em muitos casos, mesmo após o fechamento de uma mina a empresa terá a responsabilidade de desenvolver e gerenciar algum tipo de monitoramen- to ambiental e social no local. No planejamento de fechamento da mina deve-se avaliar se esses futuros sistemas de gerenciamento serão capazes de manter o processo de envolvimento das partes interessadas. O envol- vimento e a participação das partes interessadas no monitoramento da implementação de medidas mitigadoras e programas socioambientais, es- pecialmente desenhados para a fase pós-fechamento da mina, contribuem para tornar esse processo mais transparente, possibilitam uma partilha de responsabilidades e podem favorecer um processo de empoderamento da comunidade (empowerment), no sentido de que ela tenha influência e ca- pacidade de ação e decisão sobre os temas que a afetem diretamente. No processo de planejamento de fechamento os objetivos e os aspectos que serão monitorados com a participação das partes interessadas de- vem ser claramente definidos, assim como os meios de armazenamento e divulgação dos dados e informações obtidas nesse processo. Quando os objetivos do monitoramento são claramente definidos, torna-se mais fá- cil determinar quais indicadores poderão ser utilizados como ferramenta para acompanhar e avaliar as ações executadas.

É importante identificar e avaliar a capacidade da comunidade, lideran- ças e instituições locais para participar de forma ativa do acompanha- mento da situação da área após o fechamento da mina.

Há situações em que a comunidade local apresenta pouca capacidade para participar de forma efetiva de processos de monitoramento. Nesses casos, o planejamento de fechamento deveria considerar a implementação de programas voltados ao desenvolvimento de certas habilidades e capacida- des para que membros da comunidade local ou de ONGs atuantes na área possam participar do monitoramento, sobretudo no que se refere à imple- mentação de novos usos na área da mina após transferência de custódia. É possível, ainda, em casos de maior complexidade, constituir um comitê de monitoramento com participação de outros grupos interessados, do governo local, representantes de conselhos profissionais, da universidade, com a responsabilidade de produzir relatórios e comunicados com infor- mação relevante sobre os aspectos monitorados.

O período de acompanhamento pós-fechamento, por parte da empresa, pode ser bastante longo, em certas circunstâncias, a depender das carac- terísticas e dos impactos decorrentes do fechamento, esse período pode ser até mais longo do que o tempo de vida útil da mina. Durante esse período, os objetivos, metas e resultados devem ser regularmente reava- liados e revistos sempre que necessário.

caSo: AÇõES PÓS-FEChAMENTO NA MINERAÇÃO MANATI E PRESENÇA DA EMPRESA

A mina de ouro Cabaçal, localizada no Mato Grosso, funcionou entre 1987 e 1991, extraindo um total de cerca de 1 milhão de toneladas de minério (run of mine) com teor médio de 5 g Au/t de uma mina subterrânea que atingiu 200 m de profundidade. As instalações de superfície incluíam usina de beneficiamento, fundição, pilha de estéril, barragens de rejeitos e de água. O minério, sulfetado, era gerador de drenagem ácida.

De propriedade da Rio Tinto, as medidas tomadas para o fechamento incluíram recuperação de áreas degradadas, desmontagem de todas as instalações industriais e de apoio, suporte aos empregados (280 quando do encerramento da produção) e à comunidade e um progra- ma de longo prazo de acompanhamento pós-fechamento.

Embora a empresa tenha obtido do órgão ambiental estadual um certificado de “descomis- sionamento”, emitido em novembro de 1992, sua presença constante na área foi funda- mental para corrigir um problema ocorrido depois da transferência de custódia para uma empresa agropecuária.

O objetivo de fechamento foi reabilitar a área para uso agropecuário, o que levou ao desen- volvimento de ações relativas a (i) reconformação da paisagem para torná-la conforme ao terreno natural adjacente, (ii) controle dos efeitos de potencial drenagem ácida de rocha, (iii) medidas para garantir a qualidade das águas dentro dos limites legais e (iv) assegurar a estabilidade de longo prazo dos trabalhos de reabilitação, sem necessidade de manutenção. O acesso às escavações subterrâneas foi obturado com resíduos de demolição das ins- talações de superfície. Na bacia de rejeitos foram plantadas gramíneas apropriadas para pastagem e um canal periférico desviava as águas superficiais. Os trabalhadores tiveram a opção de serem transferidos para outra unidade da empresa. As ações pós-fechamento tinham como elemento principal o monitoramento da qualidade das águas, mas incluíam outros itens, como a realização de inspeções visuais por toda a área.

Porém, durante uma inspeção em 2001, foi constatado que o novo proprietário havia fei- to modificações incompatíveis com a estabilidade a longo prazo da área, construindo um açude sobre a bacia de rejeitos. A empresa havia tomado o cuidado de incluir, no contrato de venda do imóvel, cláusulas que estipulavam livre acesso para fins de monitoramento ambiental e impunham certas restrições às atividades e intervenções que poderiam ser realizadas na área. Deste modo, o açude foi desfeito, enquanto a empresa continuava a realizar monitoramento.

Este caso ilustra vários dos problemas que precisam ser tratados no fechamento de mina, em particular na fase pós-fechamento.

fonte: preparado a partir de trabalhos apresentados no Seminário “Encerramento de Mina”, promovido pelo IBRAM em 2008, na ExposIBRAM Amazônia, 2010 e de entrevista

Para saber mais:

IFC, International Finance Corporation. 2007. Stakeholder Engagement: A Good

Practice Handbook for Companies Doing Business in Emerging Markets.

ICMM, International Council on Mining & Metals. 2008. Planejamento para o

Fechamento Integrado de Mina: Kit de ferramentas. London.

Antiga barragem de rejeitos, área com novo uso agropecuário, porém apresentando restrições. Placa de advertência indicando restrições ao uso da área mesmo após a transferência de responsabilidade.

DIRETRIz 4

oS reSuLtaDoS Do pLanejamento Devem Ser

regiStraDoS em pLanoS De FeChamento e outroS

DoCumentoS CorreLatoS

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Plano de Fechamento é um documento que consolida e sintetiza a

estratégia e a visão da empresa face ao fechamento de uma mina, apresentando, também, uma descrição suficientemente detalhada das medidas ou programas a serem implementados para que se- jam atingidos os objetivos de fechamento.

Ainda perdura o entendimento errôneo de que o objetivo de planejar o fe- chamento é produzir um documento denominado Plano de Fechamento. Este plano nada mais é que um meio, não o fim. É um documento, uma referência datada, que reúne as intenções e compromissos da empresa diante nas necessidades e desafios decorrentes da inevitabilidade do fe- chamento de toda mina.

O registro das informações permite explorar e reutilizar a experiên- cia adquirida em projetos passados para evitar a repetição de erros, melhorar a circulação e comunicação da informação na empresa e melhorar o processo de aprendizagem individual e organizacional. Ademais, o registro evita perda de capital intelectual quando o res- ponsável pelo planejamento de fechamento deixa a empresa ou é transferido de cargo.

Mas o Plano de Fechamento não é o único documento que guarda informação relativa ou de interesse ao planejamento do fechamento, que também pode ser registrada em outros documentos e bases de dados. Naturalmente, informação e conhecimento residem primor- dialmente nos indivíduos que fazem parte de uma organização, mas a rotatividade e a longa vida útil de muitas minas tornam obrigatório seu registro em documentos.

A implementação desta diretriz é facilitada pela adoção das seguintes práticas:

No documento Guia para Planejamento do Fechamento de Mina (páginas 125-130)

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