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realizar ou atualizar diagnóstico socioambiental acurado

Um diagnóstico socioambiental acurado e focado para as questões re- levantes pode oferecer elementos essenciais para o planejamento do fechamento da mina. Em geral, estudos e diagnósticos socioambientais são elaborados nas fases iniciais do projeto, como parte dos estudos de avaliação de impactos. Nas situações em que minas em funcionamento não dispõem de estudos desse tipo, será necessário desenvolvê-los ou atu- alizá-los, no caso de terem sido elaborados ainda no início do projeto. O diagnóstico socioambiental deve ser preparado ou atualizado por equipe multidisciplinar, sem perder de vista o objetivo de levantar informações necessárias ao planejamento do fechamento da mina. Por isso, o diagnós- tico deve ser focado na coleta e interpretação de informações relevantes.

O diagnóstico socioambiental necessário para planejar o fechamento de uma mina em atividade é muito diferente dos diagnósticos usualmente encontrados em estudos de impacto ambiental no Brasil: deve ser sucinto e descrever somente as questões relevantes. Não é útil que estes diagnósticos contenham levantamentos de dados primários como fauna, flora ou qualidade da água. Quando informações sobre tais temas forem necessárias, é mais conveniente apresentá-las e tratá-las em estudos específicos (Boa Prática 7.5). Para um Plano de Fechamento, basta uma síntese dos aspectos relevantes apresentada em um capítulo de caracterização da área da mina e entorno (Apêndice V).

Não se trata de desenvolver uma abordagem exaustiva de componentes ou processos do meio ambiente em geral, mas realizar levantamentos e estudos de aspectos selecionados que poderão fundamentar o plane- jamento do fechamento, envolvendo o meio físico, biótico e antrópico.

Tendo como perspectiva o fechamento da mina, o diagnóstico socio- ambiental deve produzir dados e informações que permitam formular cenários futuros e compreender a dinâmica ambiental e social da região onde se insere o empreendimento.

O objetivo deste diagnóstico não é meramente descrever as caracterís- ticas da área. O diagnóstico serve, fundamentalmente, para identificar:

1. Questões que requeiram ações de gestão para o fechamento; 2. Questões que possam elevar o risco de que os objetivos de fecha-

mento não sejam atingidos; e

3. Lacunas de informação e conhecimento que devam ser preenchi- das para reduzir incertezas.

Embora estes três tipos de questões se sobreponham, formulá-las de di- ferentes maneiras quando da preparação do diagnóstico pode ajudar a identificação dos problemas. Por exemplo, se o plano de lavra requer o rebaixamento do aquífero, o uso futuro da área poderá estar relaciona- do à existência de uma cava inundada; neste caso, (1) uma questão que deverá ser gerenciada durante a fase de desativação será a velocidade de enchimento da cava, (2) poderá haver risco de que a qualidade da água da futura cava seja inadequada para certos usos, e (3) possivelmente o estágio de conhecimento hidrogeológico, hidroquímico e geotécnico no momento da realização do diagnóstico não permita responder satisfa- toriamente a estas questões e um programa de estudos seja necessário. Em casos como estes, não raros quando se começa a planejar o fecha- mento de uma mina, o diagnóstico socioambiental não é uma tarefa a ser executada em um determinado momento e à qual, uma vez termi- nada, não é preciso retornar. O aprofundamento de certos estudos de diagnóstico poderá reduzir incertezas e fundamentar as futuras revisões do plano de fechamento (Boa Prática 7.6)

O diagnóstico também auxilia na análise do contexto socioeconômico local e regional (Boa Prática 6.1), recomendada como forma da empre-

sa acompanhar sua contribuição para o desenvolvimento da comunida- de local, e na atualização da avaliação de impactos ambientais e sociais (Boa Prática 7.1).

A distinção entre dados, informação e conhecimento (Quadro 4) é útil para compreender as funções do diagnóstico socioambiental. Embora estes conceitos se distribuam em um contínuo e não em categorias discretas, geralmente considera-se que dados correspondem a sinais brutos, que só fazem sentido quando interpretados em seu contexto, transformando-se em informação. Já conhecimento significa capacida- de de agir e de compreender determinado fenômeno ou situação.

Quadro 4: conceito de dados, informação e conhecimento

termo conceito exemplos

Dados • símbolos capturados e leituras de sinais (registrados e armazenados) • fatos objetivos (números,

símbolos, figuras) sem contexto ou interpretação

• descrições de eventos

• resultados brutos de monitoramento • resultados de pesquisas de opinião • registros de reclamações das partes

interessadas

Informação • mensagem que contém significado relevante para decisão ou ação • dados em contexto

• significação ou sentido de dados decorrente de sua interpretação

• qualidade da água em determinado local e momento ou período

• causas das reclamações das partes interessadas

• evolução dos indicadores socioeconômicos do município Conhecimento • cognição (know-what)

• capacidade de agir (know-how) • compreensão (know-why, know-

where)

• eficácia das medidas de recuperação de áreas degradadas

• variação sazonal da qualidade da água • contribuição da empresa para a melhoria

da qualidade de vida na comunidade anfitriã

A gestão da informação e a gestão do conhecimento estão embutidas em várias boas práticas recomendadas neste Guia. Trata-se de atividades pertinentes a várias funções de uma empresa e da maior importância para o planejamento do fechamento, dados os longos períodos de tempo envolvidos e a inevitável sucessão de técnicos e gerentes, que são algumas das razões básicas que motivam as empresas a adotar práticas de gestão de conhecimento.

A participação de uma equipe multidisciplinar na elaboração do diag- nóstico socioambiental frequentemente gera um documento extenso com diferentes e conflituosos entendimentos do meio, o que pode prejudicar a qualidade das informações que fundamentarão as tomadas de decisões relativas ao fechamento. Para evitar tal resultado, a equipe deveria integrar os diferentes entendimentos do meio estudado por meio de práticas ade- quadas (Boa Prática 3.3 – Consulta às partes interessadas externas e inter- nas) visando integrar pontos de vistas distintos de forma que seja avaliada, conjuntamente, a qualidade do conhecimento técnico, e produzir outros entendimentos relevantes às questões relativas ao fechamento.

Para saber mais:

de Jesus, C.K.C.; Sánchez, L.E. 2013. The long post-closure period of a kaolin mine. REM: Revista Escola de Minas 66(3): 363-368.

ICMM, International Council on Mining & Metals. 2008. Planejamento para o

Fechamento Integrado de Mina: Kit de ferramentas. London. Ver Ferramenta 5:

Mapeamento da Plataforma de Conhecimento.

heikkinen, P.M.; Noras, P.; Salminen, R. (org.). 2008. Mine Closure Handbook. Geological Survey of Finland, Espoo.

Boa prática 2.5

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