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definir objetivos de fechamento, incluindo uso futuro da área, juntamente com a análise das alternativas de projeto

É amplamente reconhecido que todo plano ou projeto deve ter seu objetivo bem definido e não poderia ser diferente com o planejamento do fechamento de uma mina. Há diferentes maneiras de se expressar objetivos, podendo-se diferenciar entre aqueles possivelmente aplicáveis a toda e qualquer mina e aqueles individualizados para cada mina ou mesmo para cada estrutura de uma mina, como uma pilha de estéril ou uma barragem de rejeitos.

Planejamento é um processo de definição de objetivos e dos meios para alcançá-los.

Um objetivo amplo de fechamento poderia ser apresentado como “atingir uma situação pós-fechamento que represente um legado positivo e traga benefícios duradouros para a comunidade” que possam ser mantidos sem aportes da companhia.

Para definir os objetivos a serem adotados para o planejamento do fecha- mento de mina, é útil partir de um conjunto de princípios que representem o entendimento atual da questão. Os três princípios a seguir podem represen- tar o estado atual do debate sobre planejamento do fechamento de mina e servir de fundamento sobre os quais os objetivos poderão ser estabelecidos:

1. Proteção da qualidade ambiental, a segurança e a saúde públicas; 2. Garantia da recuperação das áreas degradadas, possibilitando um

uso futuro compatível com suas aptidões e restrições e com as de- mandas locais e regionais;

3. Alcançar uma situação pós-fechamento que constitua um legado benéfico e duradouro para a comunidade.

Estes princípios podem nortear a definição de objetivos do planejamento de fechamento de uma mina. Os objetivos - gerais e específicos - definem “onde se pretende chegar após o fechamento”. Desta forma, orientam as ações e medidas apropriadas a serem tomadas em cada etapa de vida de uma mina. Durante os estudos de viabilidade de uma nova mina, são toma- das decisões que influenciarão todas as etapas subsequentes e são relativos à (i) área de responsabilidade direta da empresa (propriedade, concessão ou servidão) e (ii) à área de entorno. Os objetivos específicos se referem às ações a serem adotadas acerca das (i) estruturas da área e (ii) o conjunto de partes interessadas internas e externas. O Quadro 3 apresenta os princípios e alguns exemplos de objetivos gerais de fechamento de mina, que devem se desdobrar em objetivos específicos. Esses princípios e objetivos gerais se aplicam à maioria das situações, ao passo que os objetivos específicos devem ser formulados mediante a análise de cada caso - uma mina ou mesmo uma estrutura de uma mina. Embora a responsabilidade principal de estabelecer objetivos claros de fechamento seja da empresa, será sempre necessário validá-los juntos às partes interessadas (Diretriz 3).

Quadro 3: princípios e exemplos de objetivos de fechamento princípios objetivos gerais 1. Proteção da qualidade ambiental, da

segurança e a saúde pública Garantir a estabilidade física da área 2. Garantia da recuperação das áreas

degradadas, possibilitando um uso compatível com suas aptidões e restrições e com as demandas locais e regionais

Atingir o uso futuro preestabelecido na área de responsabilidade direta da empresa (propriedade, concessão ou servidão)

3. Alcançar uma situação pós-fechamento que constitua um legado benéfico e duradouro para a comunidade

Reduzir os impactos socioeconômicos negativos advindos do fechamento

Manter o nível de desenvolvimento econômico e social da comunidade

Em especial, para definição do uso da área após o encerramento da ati- vidade mineira, é importante que se estudem diferentes alternativas de

uso para cada estrutura da unidade mínero-industrial (cava, barragem de rejeitos, pilha de estéreis, áreas industriais e de apoio etc.), levando em conta as aptidões e potencialidades de cada estrutura (por exemplo, a existência de edificações que podem ser reaproveitadas e de áreas com vegetação nativa que podem desempenhar funções ecológicas, paisa- gísticas e recreativas), assim como as restrições impostas pela presença dessas estruturas (por exemplo, uma bacia de rejeitos). Um estudo de alternativas de uso futuro deveria considerar os custos, benefícios, van- tagens, desvantagens e riscos de cada alternativa estudada e indicar a alternativa preferida (Boa Prática 4.5). Os critérios empregados para análise e escolha dependerão de vários fatores, como requisitos legais e política da empresa, entre outros, mas devem ser claramente descritos e documentados, de forma a facilitar revisões futuras, as quais, em certos casos, ocorrerão somente décadas depois, quando as pessoas responsá- veis pelas escolhas não mais farão parte dos quadros da empresa (con- forme Boa Prática 7.5).

Os objetivos de fechamento devem ser os mais específicos possíveis. Em um Plano de Fechamento conceitual, a possibilidade de especificar os objetivos de fechamento está limitada à quantidade de informação dispo- nível e ao nível de comprometimento obtido com a comunidade e outras partes interessadas. Assim, os objetivos deveriam ser revistos e atualiza- dos periodicamente, começando desde os estudos de viabilidade até a fase de implantação, já que, normalmente, a quantidade de informação disponível para a tomada de decisões cresce rapidamente durante este período de desenvolvimento do projeto.

Na fase operacional os objetivos podem ser revistos (Boa Prática 2.4) de- vido a alterações significativas no plano de lavra, mudanças relacionadas às expectativas da comunidade, novas propostas de uso futuro da área e mesmo devido ao surgimento de novas tecnologias ou práticas diferencia- das. As alternativas de uso futuro da área devem ser propostas e analisadas de forma realista, alinhadas aos objetivos das políticas de desenvolvimento e uso do solo locais e regionais e às expectativas da comunidade, capta- das mediante processos estruturados de consulta (Boa Prática 3.3). Planos

diretores municipais, legislação urbanística de disciplinamento do solo e planos de bacia hidrográfica devem ser cuidadosamente considerados. A importância de se definir os objetivos de fechamento decorre de sua grande influência no próprio projeto da mina, como a escolha das alter- nativas tecnológicas e de localização das principais estruturas do pro- jeto. O alinhamento dos objetivos de fechamento com o projeto tem a importante função de permitir que os custos da aplicação do plano de desativação, incluindo os programas socioambientais, sejam reduzidos, como apresentado na Boa Prática 1.3.

A remoção e o desmonte de edifícios, instalações e infraestrutura uti- lizada pela mineração devem estar previstos no Plano de Fechamento. Contudo, é importante avaliar se essas instalações ou parte delas podem ter algum uso produtivo e sustentável pela comunidade local. O plane- jamento de fechamento deverá, assim, identificar e avaliar a possibilida- de de transferir instalações e alguma infraestrutura para a comunidade. Um inventário detalhado desses ativos e um conhecimento acurado dos projetos e necessidades locais são fundamentais, assim como uma adequada interlocução com o poder público local. O planejamento do fechamento deve avaliar se há viabilidade de manutenção dessa infra- estrutura sem a presença da empresa. Exemplos de instalações e infra- estrutura que possam ter alguma utilidade para a comunidade incluem estruturas de captação, armazenamento, tratamento e distribuição de água, pistas, oficinas, escritórios, campos de pouso, instalações recrea- tivas, áreas recuperadas.

Os investimentos das empresas de mineração em compensações ambien- tais e recuperação de áreas degradadas podem ser valorizados se houver uma perspectiva de longo prazo e objetivos de conservação de biodiversi- dade bem definidos, preferencialmente em parceria com entidades gover- namentais e não governamentais. Um dos objetivos de fechamento pode estar relacionado à conservação e melhoria de hábitats de vida selvagem - mediante, por exemplo, ações de proteção de áreas, enriquecimento com espécies nativas ou repovoamento vegetal -, cujos resultados somente se-

rão colhidos a longo prazo e, por esse motivo, requerem ações de caráter estratégico e compromissos sustentados ao longo de vários anos.

Embora nos processos de licenciamento ambiental de novos projetos seja cada vez mais frequente a busca de alternativas que busquem chegar a ganhos líquidos em termos de biodiversidade - um passo além da meta de equilibrar perdas e ganhos, por sua vez já mais avançada que a mini- mização das perdas -, a erosão crescente da biodiversidade requer ações mais proativas por parte das empresas, principalmente das grandes, que dispõem de mais recursos, mas também das pequenas e médias, que po- dem ter papel importante nas escalas local e regional.

Para saber mais:

BBOP, Business and Biodiversity Offsets Programme. 2013. To No Net Loss and Beyond An Overview of the Business and Biodiversity Offsets Programme (BBOP). Forest Trends, Washington.

ICMM, International Council on Mining & Metals. 2008. Planning for Integrated Mine Closure: Toolkit. London. Traduzido e publicado em português pelo IBRAM.

Pearman, G. 2009. 101 Things to Do with a Hole in the Ground. Post-Mining Alliance, Bodelva (UK).

Australia. 2011. Guidelines for Preparing Mine Closure Plans. Department of Mines and Petroleum, Environmental Protection Authority, sem lugar.

Boa prática 1.3

considerar os objetivos de fechamento na elaboração do

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