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definir os objetivos de fechamento, incluindo uso futuro da área

No documento Guia para Planejamento do Fechamento de Mina (páginas 100-105)

De maneira similar à definição de objetivos de fechamento no caso de desenvolvimento de novos projetos (Boa Prática 1.2), para minas em ope- ração que iniciem o processo de planejamento do fechamento, a definição dos objetivos e do uso futuro pretendido é o ponto de partida para o planejamento. Uma diferença, obviamente, é que diversas estruturas já terão sido implantadas, de modo que a escolha do uso futuro deverá, necessariamente, partir da situação atual da mina.

As Boas Práticas 2.3, 2.4 e 2.5 fornecem informações de grande importância para definir os objetivos de fechamento, ao lado dos mesmos procedimentos e ferramentas empregados para definir tais objetivos no caso de novos projetos.

caSo: RECUPERAÇÃO AMBIENTAL PARA FEChAMENTO DA MINA DE CALCÁRIO FELICÍSSIMO

As atividades da Holcim em Iperó, Estado de São Paulo, cidade onde estão localizadas as minas de calcário Ipanema e Felicíssimo, iniciaram-se em 1951. Em 1992, foi criada a Floresta Nacional de Ipanema, englobando as minas. No final dessa década, uma das pilhas de estéril (Pilha A) começou a demonstrar instabilidade, o que impulsionou o de- senvolvimento de um projeto de recuperação ambiental objetivando reintegrar as pilhas à função de conservação ambiental da Floresta. Esta pilha havia sido formada entre 1979 e 1982, alcançava quase 70 metros de altura, volume aproximado de 500.000 m3 e um único

talude, onde se instalaram processos erosivos e processos de instabilização geotécnica. O projeto de recuperação foi realizado em sete etapas: (1) Avaliação das condições iniciais; (2) Levantamento topográfico; (3) Sondagem SPT (Standard Penetration Test); (4) Análise de estabilidade da pilha; (5) Projeto de estabilização da pilha; (6) Projeto de revegetação da pilha; (7) Programa de monitoramento. A empresa avaliou que três fatores diferenciais foram decisivos para o sucesso do projeto: “investir na expertise de uma consultoria especializada;

participar diretamente de todo o processo de execução; e estabelecer procedimentos de monitoramento e manutenção.”

A recuperação ambiental das pilhas de estéril foi um dos objetivos definidos no Plano de Fechamento, aprovado pelo Ibama e com conclusão prevista para meados de 2012. O objetivo do plano é a reintegração das áreas à Floresta de Ipanema e inclui outras ações como reabilitação da área de britagem, construção de um observatório (mirante) de fauna e flora. Em 2009, a empresa concluiu a desmontagem de toda a infraestrutura (escritórios, oficina e residências) e removeu os equipamentos fixos ainda presentes na área (britadores, transformadores, compressores de ar e ou- tros). Os materiais inertes, oriundos das demolições, foram removidos da área e levados para aterros licenciados e os recicláveis foram doados e/ou vendidos. A etapa de revegetação foi concluída em fevereiro de 2011 e desde 2010 ocorrem a manutenção das áreas reflorestadas - com reposição de mudas -, o monitoramento de vegetação e fauna, do sistema de drenagem, estabilidade dos taludes e da qualidade da água do Ribeirão do Ferro. A conclusão de todas as etapas do Plano de Fechamento está programada para meados de 2014, quando as áreas reabilitadas serão entregues ao ICMBio, organismo responsável pela gestão da Floresta Nacional de Ipanema.

Situação da Pilha de Estéril A em dezembro de 2002. Situação da Pilha A em março de 2012.

Fonte: preparado a partir de documentação fornecida pela Holcim Brasil S.A.

caSo: DESCARACTERIzAÇÃO DE BARRAGEM DE REJEITOS NA MINA DE MANGANÊS CAChOEIRA

A mina de manganês de Cachoeira, situada em Ritápolis, Minas Gerais, era composta por três cavas a céu aberto e três barragens de rejeitos construídas em cascata no mesmo córrego. Ao encerramento da produção, a mina era de propriedade da Vale, que implementou diversas medidas de reabilitação, destacando-se aqui a descaracterização das barragens de rejeito e a instalação de alagados artificiais (wetlands).

Situação da estrutura da instalação de britagem primária antes da demolição (2008). Mirante construído usando a base da instalação de britagem primária (2012).

Descaracterização é um termo que vem sendo utilizado para designar intervenções em bar- ragens de rejeitos tornadas disfuncionais devido ao esgotamento de sua capacidade de armazenamento. Envolvendo principalmente medidas de controle do escoamento de águas superficiais, uma estrutura é “descaracterizada” como barragem, sendo transformada em uma feição integrada ao relevo do entorno. Esta alternativa de uso pós-fechamento se con- trapõe a uma alternativa clássica de manter as barragens como obras de engenharia funcio- nais, reforçando os extravasores para dar vazão a cheias máximas com período de retorno de mil ou dez mil anos.

No caso desta mina, as principais medidas empregadas foram o abatimento dos ângulos dos taludes das barragens (todas de pequena altura) do ângulo operacional de 1V:1,5H para 1V:10H, a obturação de extravasores de superfície para que as barragens possam ser totalmente galgadas (ou seja, toda a água passa sobre a estrutura, situação que, por razões de segurança, não pode ser permitida em barragens em operação) e formação de uma lâmina d’água permanente de profundidade de 20 a 30 cm, permitindo o estabelecimento de vegetação adaptada a ambientes alagados.

Para assegurar a estabilidade física, o projeto considerou a necessidade de garantir que a água que flui sobre as barragens tenha baixa velocidade, prevenindo erosão. Embora o uso de toda a crista das barragens para o fluxo de água tenha esta finalidade, foi também preciso realizar estudos hidrológicos para estimar as vazões e as velocidades da água, assim como simular a erodibilidade de diferentes materiais de revestimento do talude de jusante. Como resultado, selecionou-se a argila compactada para duas das barragens, com recobrimento de vegetação (gramíneas e macrófitas plantadas de forma homogênea para evitar a concen- tração do fluxo de água). O critério hidrológico de projeto foi o da vazão média para período de retorno de mil anos.

Para a barragem intermediária foi adotada uma solução diferente, com um talude mais incli- nado, uma vez que um talude como os outros seria demasiado longo e preencheria metade da bacia de retenção de jusante. Assim, foi adotado um talude de 1V:4H e revestimento por enrocamento. As velocidades de fluxo sobre o talude também foram estudadas para garantir que não seriam superiores àquelas que poderiam deslocar os blocos de rocha.

fonte: preparado a partir de documentação fornecida pelo Departamento de Manganês e Ligas da Vale e Namba et al. (2010)

Vista aérea do conjunto de barragens, destacando-se, em tonalidade clara, ao centro, a barragem intermediária de enrocamento (agosto de 2011). Vista geral da área, observando- se o conjunto de barragens e as áreas alagadiças, em tonalidade escura, a montante de cada barragem (agosto de 2011).

Boa prática 2.7

No documento Guia para Planejamento do Fechamento de Mina (páginas 100-105)

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