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Ciberespaço e Cibercultura: estrutura técnica e cultural de nosso tempo

3 EDUCAÇÃO ONLINE: UM NOVO PARADIGMA

3.1 Ciberespaço e Cibercultura: estrutura técnica e cultural de nosso tempo

Os dispositivos tecnológicos na atualidade estão presentes em todos os espaços sociais, “são incorporados à vida humana como uma segunda natureza” (SANTAELLA, 2013, p. 33). Ainda segundo esta autora, a banda larga aliada aos dispositivos móveis transformou o estar conectado em ser conectado. As tecnologias digitais de informação e comunicação

[…] transformam as linguagens, os ritmos e modalidades da comunicação, da percepção e do pensamento, operam com proposições, exteriorizam, objetivam, virtualizam funções cognitivas e atividades mentais, [e por isso] devem ser vistas como possibilidades de criação, de pesquisa, de cultura, de re-invenção (BONILLA, 2005, p. 79).

Esta mudança oriunda da virtualização da informação e da ampliação das possibilidades de comunicação mundial, é possível a partir da rede, com o emergir do ciberespaço pela produção humana, que se define como

[…] novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores. O termo especifica não apenas a infraestrutura material da comunicação digital, mas também o universo oceânico de informações que ela abriga, assim como seres humanos que navegam e alimentam este universo (LÉVY, 2010, p. 17).

Deste modo, podemos inferir que as tecnologias não apenas modificam nossa forma de comunicação, sendo um espaço novo, o ciberespaço, que possibilita a comunicação por via digital, mas também o mar informático do qual ela é composta e que é potencializado pela ação humana, pela autoria e coautoria em rede. O cibesrepaço não é apenas a infraestrutura, mas

principalmente o lócus onde estão as pessoas, comunicando-se, dialogando, criando, cocriando neste digital em rede.

Para além do comunicar, este novo momento que estamos vivenciando se inicia a partir do século XIX, década de 70 com o convergir das telecomunicações imbricada com a informática, também traz uma nova forma de ser e estar no âmbito sócio-histórico-cultural, e isto pode ser análogo ao processo de Revolução Industrial do século XVIII inicialmente na Inglaterra e, no XIX, em outros países incluindo neste o nosso cenário brasileiro, no sentido de uma mudança conjuntural em todas as instâncias sociais.

Este novo social se denomina Cibercultura, que “especifica aqui o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço” (LÉVY, 2010, p. 17). O retrato da Cibercultura para o autor se dá no sentido de

[…] uma nova forma de universalidade que inventa, o movimento social que a fez nascer, seus gêneros artísticos e musicais, as perturbações que suscita na relação com o saber, as reformas educacionais necessárias que ela pede, sua contribuição com o urbanismo e o pensamento da cidade, as questões que coloca para a filosofia política (2010, p. 17).

Podemos perceber que a Cibercultura se concretiza por uma mudança universal do humano em todas as suas áreas, desde o urbano, arte, música, economia, entre outras, e principalmente no que nos compete discutir, a educação, uma vez que esta se reconfigura e ganha novo potencial a partir do ciberespaço. Caminhando neste olhar de imbricação da sociedade, cultura e tecnologias, um dos autores que se destaca na discussão do termo no Brasil compreende Cibercultura a partir da

[…] análise da sociabilidade contemporânea proposta por Michel Maffessoli, a cibercultura como uma cibersocialidade, ou seja, uma estética social alimentada pelo que poderíamos chamar de tecnologias do ciberespaço (redes informáticas, realidade virtual, multimídia). A cibercultura, forma-se precisamente, da convergência entre o social e o tecnológico, sendo através da inclusão da sociabilidade na prática diária da tecnologia que ela adquire seu contorno mais nítidos. Não se trata, obviamente, de um determinismo social ou tecnológico, e sim de um processo simbiótico, onde nenhuma das partes determina impiedosamente a outra (LEMOS, 2013, p. 90)

A Cibercultura então é a cultura da contemporaneidade, portanto estamos imersos nela, que se estabelece e ressignifica a partir do digital, constituindo uma cibersocialidade, fruto da simbiose que falamos anteriormente do social e tecnológico, a qual necessita que compreendamos como se aplica em nossa atualidade, que é na

[…]emergência de cibercidades (cidade e espaço de fluxo), as novas práticas comunicacionais no ciberespaço (e-mail, listas, weblogs, jornalismo online), as novas relações sociais eletrônicas e as práticas comunicacionais pessoais (weblogs, webcams, chats, icq, listas), as questões artísticas (arte eletrônica) e políticas (cibercidadania, ciberativismo, hackers), as transformações culturais e éticas (softwares livres, "napsterização", privacidade) e a nova configuração comunicacional (liberação do pólo da emissão) da cibercultura (LEMOS, 2003, p. 11, grifo do autor).

A Cibercultura possibilita uma amplitude de vozes na comunicação, abertura da mensagem, nossas formas de viver, ser e estar social, dependendo do modo que nos encaramos esta, não sendo, portanto, reféns da tecnologia e muito menos do social, devemos nos perceber como os atores que constroem e reconstroem esta cultura cotidianamente. Nesse âmbito, Lemos (2003) tratra o olhar atento que devemos ter para os positivos e negativos deste momento social, mas salienta a necessidade de nos apoderarmos dos meios sócio-técnicos da Cibercultura, pois isto nos garantirá a sobrevivência no sentido cultural, estético, social e político para além do controle da máquina. Isto significa, ao nosso olhar, que na nossa atualidade, e muitos teóricos já apontam esta questão, a inclusão digital é também social e vice-versa, e se resolvermos evadir da mesma estaremos excluídos de certa forma do social.

De acordo com Lemos (2003), há três leis na constituição da Cibercultura: 1) Reconfiguração: onde as mídias anteriores não são aniquiladas, mas remixadas, tornando-se um ambiente comunicativo mais rico, tanto pela possibilidade de uso das tecnologias de massa (televisão, rádio, texto etc.), como das mídias pós massiva, que potencializam a comunicação em rede, a interatividade, e assim, não a destruição das mídias antigas, mas uma bricolagem de mídias gerando novo olhar cultural. 2) Liberação do polo da Emissão: onde nos possibilita a capacidade de escrever, de autoria em rede, de partilhar nossas opiniões para além do consumir informação por leitura, com as mídias de massa, ou de simplesmente a criticar, em seus diversos formatos, e não poder compartilhar isto de forma mais ampla, ou seja, para que todos no planeta tenham acesso, gerando uma potência política, social e econômica. Assim, chats, weblogs, sites, listas, comunidades virtuais entre outras formas de sociabilidade são inerentes a esta segunda lei; 3) Conectividade Generalizada: que se concretiza como o poder se juntar em rede primeiro fixa e depois móvel, ou seja, a ubiquidade se generaliza aumentando a possibilidade de mobilidade, sendo a rede tudo e tudo estando em rede, saindo do PC (computador pessoal) ao CC (computador conectado), a rede como máquina de comunicar dionísica13.

13 O autor faz uma analogia à ideia de Nietzsche sobre a origem da tragédia trazendo que o verdadeiro computador é a rede.

Todas estas leis colocadas convergem, para o autor, simplesmente de uma mudança paradigmática de uma sociedade baseada não mais em leitura das mídias de massa, anterior à digital, e agora se amplia a leitura e potencializa a escrita, ambas em rede, e agora com a possibilidade de criação devido à liberação do polo emissor.

A Cibercultura não é um momento de dominação das tecnologias da informação e comunicação do homem, mas um novo modo de viver construído pelo homem a partir destas. Concordamos com Lemos (2003, p. 22) que “há vida na técnica e não o deserto técnico do real”, o humano está presente, vivo, atuante nesta cultura de maneira não mais simplista, linear, passiva, mas de forma ativa, mas por meio destas tecnologias que permitem uma potencialização da comunicação e sociabilidade humana, de modo hipertextual, caótico e complexo. Portanto, estamos a vivenciar um novo estágio da evolução humana que se constrói com a Cibercultura, que se coloca como Sociedade em Rede, a qual

[...] é constituída por redes em todas as dimensões fundamentais da organização e da prática social. Além disto, embora as redes seja uma antiga forma de organização na experiência humana, as tecnologias digitais de formação de redes, características da Era da Informação, alimentaram as redes sociais e organizacionais, possibilitando sua infinita expansão e reconfiguração, superando as limitações tradicionais dos modelos organizacionais de formação de redes quanto à gestão da complexidade de rede acima de uma certa dimensão. Como as redes não param nas fronteiras do Estado-nação, a sociedade em rede se constitui como um sistema global, prenunciando a nova forma de globalização característica do nosso tempo (CASTELLS, 2017, p. 12).

Desta maneira, a Sociedade em Rede configura, de acordo com o autor, uma nova forma de globalização na atualidade, tendo por base a internet e a comunicação sem fio, não como novas mídias, mas meios que dão suporte a comunicação interativa. Uma nova cultura se forma, a da virtualidade real, onde “as redes digitalizadas de comunicação multimodal passaram a incluir de tal maneira todas as expressões culturais e pessoais a ponto de terem transformado a virtualidade em uma dimensão fundamental da nossa realidade” (CASTELLS, 2017, p. 23-24). Assim, podemos perceber que o avanço progressivo das tecnologias e principalmente o emergir da internet, da comunicação sem fio e novas configurações sociais oriundas dessa realidade nos direcionam para o universo da Web 2.0 (Cultura Participativa) e também da Web 3.0 (Web Semântica) que já se prenuncia, faz emergir um conceito fundamental que caracteriza e dá base a esta mudança de paradigma comunicativo, a interatividade. Tal termo, mediante o olhar de Mattar (2009, p. 112), é novo na história das línguas, surgindo nas décadas de 60 e 70 “com as artes, as mídias de massa e as novas Tics, passando a ser amplamente utilizada pela informática”. Já no olhar de Silva (2014a), o surgir da interatividade se dá nos anos de 1970,

mas é apenas a partir do iniciar dos anos de 1980 que vem ganhar notoriedade entre os informatas e teóricos que com ele buscaram expressar a novidade comunicacional de que o computador “conversacional” é marco paradigmático, diferente da televisão monológica e emissora” (p. 17).

Contudo, a discussão não é de todo inovadora, uma vez que já se encontrava nos meios acadêmicos o debate sobre comunicação interativa, que “expressava bidirecionalidade entre emissores e receptores, expressando troca e conversação livre e criativa entre os pólos do processo comunicacional” (SILVA, 2014, p. 83). O mesmo autor nos fala ainda de duas curiosidades quanto ao termo interatividade: a primeira, do mesmo não aparecer nas publicações referentes às telecomunicações e sim da telemática, o que o liga ao domínio da informática e do diálogo homem-máquina, e a segunda, de como ele se expandiu, a partir da noção de interação; a interatividade entrou no campo das telecomunicações de modo a atender à demanda de manipulações mais complexas e sofisticadas neste contexto. Vale salientar que a ideia de interatividade, segundo Silva (2014a), existia desde o ano de 1932, onde o dramaturgo alemão Bertold Bretch colocava a necessidade de comunicação interativa no contexto do sistema radiofônico.

Nos escritos sobre a interatividade, há duas tendências de caracterização do termo: uma de cunho mais tecnicista e que se refere à capacidade da máquina, e outra que centra no aspecto relacional, focada no agente humano, na relação estabelecida entre estes. Adentrando ao cunho mais tecnicista temos a interatividade colocada por Lemos (2013) simultaneamente como uma interação técnica e social, onde faz uma analogia do trânsito para explicitar na prática tal conceito

O fluxo de automóveis depende de um sistema interativo, auto-organizante e participativo. No trânsito o motorista participa de um processo duplamente interativo: de um lado uma interação com a máquina, que chamaremos de analógico-eletromecânica, e de outro, uma interação com os carros (motoristas) que chamaremos simplesmente de interação social (LEMOS, 2013, p. 111).

Assim, para o autor a interatividade nada mais é do que uma nova maneira de interagir do humano, agora no âmbito eletrônico-digital, que é diferente do modelo analógico que caracteriza os medias tradicionais. Com os novos media digitais14, essa nova qualidade de

interação, denominada de interatividade digital é vista como

14 Associados às novas tecnologias que surgem a partir de 1975 com a imbricação das telecomunicações analógicas com a informática, sendo possível veicular todas os medias tradicionais por um mesmo suporte, o computador.

A interatividade digital caminha para superação das barreiras físicas entre os agentes (homens e máquinas) e para uma interação cada vez maior do usuário com as informações, e não com os objetos. [...] Essa nova qualidade da interatividade (eletrônico-digital), com os computadores e o ciberespaço, vai afetar de forma radical a relação entre o sujeito e o objeto na contemporaneidade…A interatividade, seja analógica ou digital, é baseada numa ordem mental, simbólica, imaginária, que estrutura a própria relação do homem com o mundo. O imaginário alimenta nossa relação com a técnica e vai impregnar a própria forma de concepção das interfaces e interatividade. Daí a utilização de metáforas como forma de interface. É a interface que possibilita a interatividade[...] (LEMOS, 2013, p. 113-114).

O olhar sobre a interatividade dele se coloca muito no aspecto homem-técnica, mas do que o cunho social, que é o que achamos com maior importância nos determos, não desconsiderando, é claro, o seu olhar da relação cada vez maior do homem e os objetos tecnológicos, e, portanto,

Diante de uma obra multimídia em CD-ROM, ou diante das homepages da internet, não nos colocamos mais como leitores de um livro ou espectadores das formas clássicas do espetáculo. Agora, devemos, para que haja acontecimento, ver e interagir, simultaneamente, com a obra. Este agir se dá através da interatividade digital. [...] Podemos, também, manipular cada uma das formas mediáticas à vontade, e de forma independente (som, imagens e texto). Tornamo-nos não mais leitores, no sentido estrito, mas atores, exploradores e navegadores (LEMOS, 2013, p. 70-71).

Consideraremos o olhar da interatividade no segundo prisma, que é com o foco na comunicação entre os agentes humanos por este ser em nossa concepção o mais significativo e importante para definir o conceito de interatividade. É importante destacar também que conforme Silva (2014a) o conceito de interatividade é oriundo da comunicação e não da informática, pois tal área bem como o Marketing tem se apropriado do termo de uma forma que até confunde a essência do conceito de interatividade.

A interatividade, por tal viés, é vista como a disponibilização consciente de um mais comunicacional de modo expressivamente complexo, promovendo mais e melhores interações (SILVA, 2014a), possibilita “abertura para mais comunicação, mais trocas, mais participação, predisposição do sujeito a falar, ouvir, e argumentar, é cooperação” (NETTO, 2006, p. 58).

O conceito de interatividade é construído de maneira mais minuciosa por Silva (2014b), o qual coloca três binômios como sendo basilares para construir o termo: Participação- Intervenção, Bidirecionalidade-Hibridação e Potencialidade-Permutabilidade. Em relação ao primeiro, que é a Participação-intervenção, há um significado de uma participação no sentido interventivo na mensagem, não apenas de uma simples resposta, mas de autoria, estando assim

o receptor em um processo novo de comunicação, a qual a mensagem é aberta, deformável, deslocável, enfim, o emissor dar amplitude para o receptor atuar. Em relação ao binômio Bidirecionalidade-hibridação se relaciona com os dois polos, emissão e recepção, codificando e decodificando a mensagem, há cocriação, cada um contribui com a mensagem de maneira a uma participação coletiva, colaborativa. Por fim, o binômio Potencialidade-permutabilidade tem como elemento central o ato comunicativo por múltiplas redes articulatórias de conexões e liberdade de trocas, associações e significações, o hipertexto sendo possibilitado por meio de mensagens repletas de textos, sons, imagens, vídeos entre outros, ligados entre si por elos probabilísticos e móveis, podendo ser reconfigurados pelo receptor de múltiplas maneiras, e assim a mensagem/obra esta aberta a possibilidades instáveis em quantidades infinitas, o que é a hipermídia convidando a hibridação.

De acordo com o autor, a interatividade é colocada primeiramente como a possibilidade de autoria, coautoria bem como potenciais de comunicação por teias abertas e múltiplas (SILVA, 2014a). Ele ainda destaca 5 pontos propositivos para a docência online, de modo a favorecer expressão livre e plural para o aprender colaborativo, conforme podemos ver no quadro abaixo:

Quadro 7 - Indicadores de Interatividade para ambientes de docência e aprendizagem colaborativos

Indicadores de Interatividade Ações docentes no AVA

1.Propiciar oportunidades de múltiplas experimentações e expressões:

-Promover oportunidades de trabalho em grupos colaborativos.

-Desenvolver o cenário das atividades de aprendizagem a fim de possibilitar a participação livre, o diálogo, a troca e a

articulação de experiências.

-Utilizar recursos cênicos para despertar e manter o interesse e a motivação do grupo envolvido.

-Favorecer a participação coletiva em debates presenciais e online.

-Garantir a exposição de argumentos e o questionamento das afirmações.

2.Disponibilizar uma montagem de conexões em rede que permita múltiplas

ocorrências:

-Fazer uso de diferentes suportes e linguagens midiáticos (texto, som, vídeo, computador, internet) em mixagens e em

multimídia, presenciais e online.

-Garantir um território de expressão e aprendizagem labiríntico, com sinalizações que ajudem o aprendiz a não se

perder, mas que, ao mesmo tempo, não o impeçam de se perder.

-Desenvolver, com a colaboração de profissionais específicos, um ambiente intuitivo, funcional, de fácil navegação e que poderá ser aperfeiçoado na medida da

atuação do aprendiz.

-Propor a aprendizagem e conhecimento como espaços abertos a navegação, colaboração e criação, permitindo que

3.Provocar situações de inquietação criadora:

-Promover ocasiões que despertem a coragem do enfrentamento em público diante de situações que

provoquem reações individuais e grupais. -Encorajar esforços no sentido de troca entre todos os envolvidos, juntamente com a definição conjunta de atitudes

de respeito à diversidade e à solidariedade. -Incentivar a participação dos estudantes na resolução de problemas apresentados, de forma autônoma e cooperativa.

-Elaborar problemas que convoquem os estudantes a apresentar, defender e, se necessário, reformular seus pontos

de vista constantemente.

-Formular problemas voltados para o desenvolvimento de competências que possibilitem ao aprendiz ressignificar

ideias, conceitos e procedimentos.

4.Arquitetar colaborativamente percursos hipertextuais:

-Articular o percuso de aprendizagem em caminhos diferentes, multidisciplinaridades e transdisciplinaridades,

em teias, em vários atalhos, reconectáveis a qualquer instante por mecanismos de associação.

-Explorar vantagens do hipertexto: disponibilizar os dados de conhecimento exuberadamente conectados e em múltiplas camadas ligadas a pontos que facilitem o acesso e

o cruzamento de informações e participações. -Implementar no roteiro do curso diferentes desenhos e

múltiplas combinações de linguagens e recursos educacionais retirados do universo cultural do estudante,

atento aos seus eixos de interesse.

5.Mobilizar a experiência do conhecimento:

-Modelar os domínios do conhecimento como espaços conceituais, nos quais os aprendizes possam construir seus próprios mapas e conduzir suas explorações, considerando os conteúdos como ponto de partida e não como ponto de

chegada no processo de construção do conhecimento. -Desenvolver atividades que propiciem não só a livre expressão, o confronto de ideias e a colaboraçãoo entre os

estudantes, mas que permitam, também, o argumento da observação e da interpretação das atitudes dos atores

envolvidos.

-Implementar situações de aprendizagem que considerem as experiências, os conhecimentos e as expectativas que os

estudantes trazem consigo. Fonte: Silva (2014b, p. 257-259).

A interatividade traz um universo de possibilidades a partir do ciberespaço, abrange potência na forma como podemos nos comunicar, onde não importa mais o espaço tempo, possibilita a cocriação, a interação em rede, criação de comunidades, de ambientes virtuais de aprendizagem, enfim, concretiza o tempo da Geração Net, dos nativos digitais. Assim, estamos a vislumbrar um movimento novo de autoria e coautoria em rede, onde

À medida que se apropriaram de novas formas de comunicação, as pessoas construíram seus próprios sistemas de comunicação em massa, via SMS, blogs, vlogs, podcasts, wikis e coisas do gênero. O compartilhamento de arquivos e as redes peer-to-peer (p2p) tornam possível a circulação, mistura e reformatação de qualquer conteúdo digital. Novas formas de auto- comunicação em massa surgiram da engenhosidade de jovens usuários que se transformaram em produtores. [...]Os espaços sociais na internet, dando

prosseguimento à tradição pioneira das comunidades virtuais da década de 1980 e superando as míopes formas comerciais iniciais do espaço social introduzidas pela AOL, multiplicaram seu conteúdo e dispararam em número para formar uma sociedade virtual diversificada e difusa.

Sendo um dos fenômenos mais importantes da atualidade, a interatividade configura uma revolução na educação (MATTAR, 2009), e mesmo anterior ao processo educativo online, é vista por outro prisma a partir do desenvolvimento das tecnologias digitais de informação e comunicação, que possibilitaram a criação da rede das redes, a internet. É a partir de então que a interatividade se torna central na atualidade e transforma a sociedade como um todo, e principalmente a maneira como se faz educação, porque traz um virtual potente com as possibilidades das tecnologias digitais de informação e comunicação que concretizam a Educação Online, que abordaremos em detalhes no subcapítulo seguinte.

As diversas tecnologias, como os serviços da web, correios eletrônicos, vídeo, teleconferência (FARIA, 2006, p. 21), que são o suporte para a existência da interatividade, são denominadas por Lemos (1993) como tecnologias inteligentes, por ser a fonte de novos modos de pensar e construir conhecimento, dentro de uma nova lógica, que é a das redes, a partir do hipertexto, ou seja, “o ‘aporte técnico’ que define a informática amigável e conversacional (SILVA, 2014, p. 164), o qual possibilita estabelecer de forma livre conexões múltiplas.

O lócus de aprender e ensinar não mais está delimitado pelo tempo espaço, mas redimensionado, ampliado a partir de diversas interfaces de comunicação síncrona e assíncrona